Michel Richard Delalande (1657-1726): Simphonies pour les Soupers du Roy (Paillard)

Michel Richard Delalande (1657-1726): Simphonies pour les Soupers du Roy (Paillard)

Na boa, sabem aquelas músicas que são usadas no cinema para a entrada de reis e rainhas? Pois bem, Delalande é o autor da maioria. É um especialista em babar ovos, ao que parece. Bem, é um emprego. Quantos de nós não poderíamos ser considerados perfeitos baba-ovos? Escuta, você é empregado? Admira seu chefe? Faz tudo o que ele quer só para que ele não fique na sua cola? Bem, este é o caminho. As “Sinfonias para os Sopros do Rei” são um blow job de primeira linha. Música boa para colocar quando da primeira visita do sogro em casa ou quando aquele sujeito com um ego imenso entra no recinto. No mais, Paillard e sua turma estão muito bem.

Michel Richard Delalande (1657-1726): Simphonies pour les Soupers du Roy (Paillard)

Concert De Trompettes Pour Les Festes Sur Le Canal De Versailles
1 Premier Air 1:33
2 Deuxième Air 0:56
3 Troisième Air : Chaconne En Écho 2:15
4 Quatrième Air : 1er Menuet, Cinquième Air : 2ème Menuet (Trio De Hautbois) 2:05
5 Sixième Air : Air En Écho, Fanfare 1:24

Premier Caprice Ou Caprice De Villers-Cotterets
6 Fièrement Et Détaché ; Gracieusement. Un Peu Plus Gay ; Viste 4:29
7 Augmentation, 1er Air Neuf : Gracieusement Sans Lenteur – Vif, Suitte De L’Ancien 3:04
8 Trio : Doucement – Augmentation, 2e Air Neuf (Fièrement) 5:31
9 Suitte De L’Ancien : Vivement, Doucement, Vivement 2:05

Deuxième Fantaisie Ou Caprice Que Le Roy Demandoit Souvent
10 Un Peu Lent : Vite : Doucement 6:19
11 Gracieusement : Gayement : Vivement 3:36

Troisième Caprice
12 1er Air : Gracieusement 2:30
13 2e Air : Mineur 2:14
14 3e Air : Presto 1:32
15 4e Air : Gigue (Gracieusement) 1:54
16 5e Air : Quator (Doucement) – Prélude 3:59
17 6e Air : Vif 1:38

Concert de trompettes pour les Festes sur le canal de Versailles
Premier Caprice ou Caprice de Villers-Cotterets
Deuxième Fantaisie ou Caprice que le Roy demandoit souvent
Troisième Caprice

Orchestre de Chambre Jean-Francois Paillard
Jean-Francois Paillard

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Delalande: sonhando com Reis e Rainhas
Delalande: ai, vem cá, meu Rei…

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Girolamo Frescobaldi (1583-1643) e Louis Couperin (1626-1661): Peças para Cravo

Girolamo Frescobaldi (1583-1643) e Louis Couperin (1626-1661): Peças para Cravo

Girolamo Frescobaldi é considerado um dos maiores compositores de música para cravo do século XVII. Foi também um organista reconhecido. Foi cantor e virtuoso de diversos instrumentos, entre os quais o órgão. São famosos os seus livros de tocatas publicados entre 1615 e 1627], em cujo prefácio antecipa a maneira de tocar com efeitos cantáveis que será, depois, típica do subsequente melodrama. Tendo-se transferido a Roma durante a juventude, frequentou a Accademia Nazionale di Santa Cecilia e foi organista na igreja de Santa Maria em Trastevere. Durante vinte anos foi organista em São Pedro. Teve cinco filhos de Orsola del Pino, com quem se casou em 1613.

Louis Couperin foi um compositor francês do barroco que contribuiu significativamente para o desenvolvimento da música para teclado naquele período. Sendo um excelente cravista, organista e gambista, foi um dos fundadores da escola francesa do cravo, tendo inventado o gênero de prelúdio non mesuré (sem compasso) para o cravo. Ele e seu sobrinho François Couperin, o Grande, foram os mais renomados membros da família Couperin.

Mas, ali no CD, ouvindo o extraordinário Gustav Leonhardt trabalhar, Couperin parece-nos muito mais compositor.

Girolamo Frescobaldi (1583-1643) e Louis Couperin (1626-1661): Peças para Cravo

1 Il primo libro d’intavolatura di toccate di cimbalo et organo, No.2, Toccata seconda – Girolamo Frescobaldi (4:45)
2 Ricercari, et canzoni franzese, Vol.1 No.15, Canzon Quinta. Nono Tono, for keyboard – Girolamo Frescobaldi (2:26)
3 Fantasie a quattro, No.4 “Fantasia quarta, sopra un due soggietti” – Girolamo Frescobaldi (6:14)
4 Capricci … et arie in partitura, Vol.1 No.5, Capriccio Quinto sopra la bassa fiammenga, for keyboard – Girolamo Frescobaldi (5:35)
5 Il secondo libro de toccate, canzone…di cimbalo et organo, No.7, Toccata Settima – Girolamo Frescobaldi (3:04)
6 Ricercari, et canzoni franzese, Vol.1 No.1, Recercar Primo, for keyboard – Girolamo Frescobaldi (4:58)
7 Il secondo libro de toccate, canzone…di cimbalo et organo, No.15, Canzona Terza – Girolamo Frescobaldi (3:55)
8 Il primo libro d’intavolatura di toccate di cimbalo et organo, No.8, Toccata otova – Girolamo Frescobaldi (4:18)

9 Prélude for harpsichord in D major (Pièces de clavecin, No. 2) – Louis Couperin (3:28)
10 Allemande for harpsichord in D major (Pièces de clavecin, No. 58) – Louis Couperin (3:30)
11 Courante for harpsichord in D major (Pièces de clavecin, No. 59) – Louis Couperin (1:08)
12 Sarabande for harpsichord in D major (Pièces de clavecin, No. 60) – Louis Couperin (1:46)
13 Gaillarde for harpsichord in D major (Pièces de clavecin, No. 61) – Louis Couperin (1:54)
14 Chaconne for harpsichord in D major (Pièces de clavecin, No. 62) – Louis Couperin (2:03)
15 Passacaille for harpsichord in G minor (Pièces de clavecin, No. 98) – Louis Couperin (5:07)
16 Prélude for harpsichord in E minor (Pièces de clavecin, No. 14) – Louis Couperin (1:19)
17 Allemade de la Paix, for harpsichord in E minor (Pièces de clavecin, No. 63) – Louis Couperin (3:02)
18 Courante for harpsichord in E minor (Pièces de clavecin, No. 64) – Louis Couperin (1:18)
19 Sarabande for harpsichord in E minor (Pièces de clavecin, No. 65) – Louis Couperin (1:54)
20 Pavane for harpsichord in F sharp minor (Pièces de clavecin, No. 120) – Louis Couperin (4:34)

Gustav Leonhardt, cravo

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Louis Couperin, mais interessante do que Frescobaldi
Louis Couperin, mais interessante do que Frescobaldi

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Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Pièces de clavecin (completas) (Esfahani)

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Pièces de clavecin (completas) (Esfahani)

Jean-Philippe Rameau escreveu três livros de Pièces de Clavecin. A primeira, Premier Livre de Pièces de Clavecin , foi publicado em 1706 ; o segundo , Pièces de Clavessin, em 1724 ; e o terceiro, Nouvelles Suites de Pièces de Clavecin, em 1726 ou 1727. Eles foram seguidos em 1741 pelo Pièces de Clavecin en concerts, em que o cravo pode ser acompanhado por violino e viola da gamba ou tocar sozinho. Uma parte isolada, “La Dauphine”, sobrevive de 1747. Tudo é bom, mas as peças finais da coleção são esplêndidas.

Mahan Esfahani é um jovem e grande mestre do cravo, alguém cujo aparecimento nos enche de alegria. Tem 38 anos e esperamos que grave a obra completa de Bach para o instrumento. Pode-se dizer que é um talento do tamanho de Gustav Leonhardt. Ou maior. Que amadureça!

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Pièces de clavecin

1. Suite No 1 in A minor | Prélude [2’04]
2. Suite No 1 in A minor | Allemande I [4’08]
3. Suite No 1 in A minor | Allemande II [1’55]
4. Suite No 1 in A minor | Courante [1’52]
5. Suite No 1 in A minor | Gigue [2’23]
6. Suite No 1 in A minor | Sarabandes I & II [2’58]
7. Suite No 1 in A minor | Vénitienne [1’29]
8. Suite No 1 in A minor | Gavotte [1’28]
9. Suite No 1 in A minor | Menuet [1’06]
10. Suite in E minor | Allemande [3’47]
11. Suite in E minor | Courante [1’36]
12. Suite in E minor | Gigues en rondeau I & II [3’36]
13. Suite in E minor | Le rappel des oiseaux [2’57]
14. Suite in E minor | Rigaudons I, II & double [2’07]
15. Suite in E minor | Musette en rondeau [2’14]
16. Suite in E minor | Tambourin [1’17]
17. Suite in E minor | La villageoise (rondeau) [2’31]
18. Suite in D major | Les tendres plaintes (rondeau) [2’58]
19. Suite in D major | Les niais de Sologne [5’15]
20. Suite in D major | Les soupirs [3’57]
21. Suite in D major | La joyeuse (rondeau) [1’16]
22. Suite in D major | La follette (rondeau) [1’27]
23. Suite in D major | Lentretien des Muses [5’49]
24. Suite in D major | Les tourbillons (rondeau) [2’11]
25. Suite in D major | Les cyclopes (rondeau) [3’05]
26. Suite in D major | Le lardon (menuet) [0’48]
27. Suite in D major | La boiteuse [1’01]
28. Menuet en rondeau in C major [0’35]

Disc: 2
1. Suite No 2 in A minor | Allemande [6’37]
2. Suite No 2 in A minor | Courante [3’51]
3. Suite No 2 in A minor | Sarabande [2’40]
4. Suite No 2 in A minor | Les trois mains [4’38]
5. Suite No 2 in A minor | Fanfarinette [2’37]
6. Suite No 2 in A minor | Le triomphante [1’28]
7. Suite No 2 in A minor |Gavotte [7’26]
8. Suite in G minor |Les tricotets (rondeau) [1’40]
9. Suite in G minor | Lindifferente [1’41]
10. Suite in G minor | Menuets I & II [3’02]
11. Suite in G minor | La poule [4’42]
12. Suite in G minor | Les triolets [3’59]
13. Suite in G minor | Les sauvages [2’18]
14. Suite in G minor | Lenharmonique [5’41]
15. Suite in G minor | Legiptienne [3’41]
16. La Dauphine [2’49]
17. Les petits marteaux [1’42]

Mahan Esfahani, cravo

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Mahan Esfahani, um monstro
Mahan Esfahani, um monstro

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Mr Couperin – Louis (1626-1661) François (1631-1701) e Charles (1639-1679) – Suítes para cravo (Pièces de clavecin) (Sailly)

Este CD do cravista francês Brice Sailly ganhou o cobiçado prêmio Diapason d’Or de l’année 2021 na categoria Barroco Instrumental. É evidente a intimidade do intérprete com o instrumento – réplica de um cravo por Tibaut de Toulouse, com som polido, redondo, aveludado como um bom vinho Bordeaux – e com as obras, que ele gravou após uma sessão intensa de estudos em casa devido ao isolamento social de 2020. Mas além disso, grande parte do charme do CD se dá, desde a capa, pelo fato de desconstruir o mito do genial Louis Couperin, grande nome do barroco francês do século 17 e tio de François Couperin, sendo este último um representante do barroco tardio como Rameau e J.S. Bach. Esses dois seriam os grandes compositores e os outros vários membros da família ocupariam notas de rodapé na história, com cargos de organistas de igreja, professores de cravo, cantoras e cravistas da corte em Versailles… Isso é o que achávamos que sabíamos, mas será verdade?

O manuscrito Bauyn é provavelmente a principal fonte conservada de música instrumental francesa da segunda metade do século 17. Ele contém peças de compositores como Chambonnières, Couperin (que aparece sem seu primeiro nome), Lebègue, La Barre, além do alemão Froberger e do italiano Frescobaldi. Desde o século 19, todas as obras desse manuscrito atribuídas a “Mr Couperin” (Monsieur Couperin, ou seja, Senhor Couperin) têm sido consideradas como de autoria de Louis Couperin (circa 1626-1661). Mais recentemente, pesquisadores têm encontrado boas razões para acreditar que parte das peças desse Couperin são de seus irmãos François Couperin (circa 1631-1701) e Charles Couperin (1638-1679).

As chaconas e passacailles tão característicos da obra de Couperin só se tornaram comuns na França nas obras de Lully no final da década de 1660. Da mesma forma, os minuetos só entraram nos balés de corte em uma data relativamente tardia: eles apareceram pela primeira vez em uma das obras de Lully para o palco em 1664. Devemos notar também que os únicos minuetos que aparecem no manuscrito de Bauyn são assinados por Couperin. Além disso, no prefácio de Les Gouts Réunis (1724), François Couperin o jovem (1668-1733), filho de Charles e sobrinho de Louis, fala das “obras dos meus antepassados” (“les ouvrages de mes ancêtres”), sem atribuir toda a autoria ao seu tio Louis, que aliás já tinha morrido quando ele nasceu, o que não impediu a transmissão dos conhecimentos para François, cuja música para cravo, por sua vez, dá continuidade à tradição das suítes francesas mas se distancia das danças e vai povoando suas suítes com miniaturas de títulos curiosos como “O rouxinol apaixonado” ou “As barricadas misteriosas”, que expressam diferentes atmosferas, muitas vezes com humor.

As pesquisas recentes de especialistas, principalmente a de Glen Wilson, nos obrigam a aceitar que este corpus de peças para cravo do velho Couperin (de novo: não confundir com o jovem François!) não podem consistir exclusivamente em composições de Louis Couperin, o mais velho dos irmãos e o que morreu mais jovem, antes dos 40 anos. Recentemente, a editora Breitkopf & Härtel fez uma nova publicação dos Prélúdios non mésurés, indicando na autoria a menção “Charles & Louis Couperin”. Esta editora não se arrisca a atribuir as peças individuais a um ou outro dos irmãos. É o mesmo questionamento que Brice Sailly e o selo Ricercar tiveram para este álbum. Eles admitem que foi grande a tentação, analisando vários elementos estilísticos e formais, de atribuir as peças selecionadas a um ou outro destes irmãos, Louis e Charles, e mesmo ao mais novo, François. Para certas peças, há evidências bastante precisas, por exemplo, a impossibilidade de um compositor francês falecido em 1661 ter composto um minueto…

Mas a busca pelo primeiro nome parece, no fundo, querer impor uma noção relativamente recente de identidade do autor (o gênio, o indivíduo inimitável), noção à qual os antigos não atribuíam importância tão grande. Como em todas as corporações do Antigo Regime, a profissão de músico também costumava ser um assunto de família, como vemos nas famílias Gabrieli, Couperin, Bach, Scarlatti, etc.

Charles Couperin ao órgão, retrato de Claude Lefebvre com a filha do pintor, possivelmente aluna do retratado

Uma das principais características das suítes de Louis Couperin e de seus irmãos é o Prélude non mésuré, ou prelúdio sem medidas, no sentido de sem compassos. O compasso, vocês sabem, divide a música em trechos com a mesma duração. Segundo os especialistas, compassos começaram a ser usados na notação musical no século 16, ou seja, a música anterior, como por exemplo, o canto gregoriano, era escrita sem compassos. No século 17 o compasso já era usual, mas não estritamente obrigatório como se tornaria no século 18. Jean-Henry d’Anglebert (1629-1691), Jean-Philippe Rameau (1683-1764) e Elisabeth Jacquet de la Guerre (c. 1664-1729) também foram mestres nessa arte libertária do Prelúdio sem medidas, que soam como improvisos livres, leves e soltos, sem o tempo bem marcado das danças que formam o miolo das suítes francesas. As obras para cravo de Jacquet de la Guerre, a principal compositora mulher da corte de Luís XIV, aparecerão em breve em um PQPBach perto de você.

Mr. Couperin – Obras do manuscrito Bauyn
Pièces en ré
1. Prélude (1) 5’43
2. Allemande (36) 3’44
3. Courante (42) 1’18
4. Courante (43) 1’37
5. Sarabande (51) 3’23
6. Canaries (52) 1’36
7. La Pastourelle (54) 1’33
8. Chaconne (55) 2’42
9. Volte (53) 1’03

10. Pavanne en fa # mineur (121) 9’15

Pièces en mi-la
11. Prélude (14) 1’40
12. Allemande de la Paix (63) 3’15
13. Courante (64) 1’36
14. Sarabande (65) 3’35
15. La Piémontoise (103) 1’53

Pièces en ut
16. Prélude (9) 3’05
17. Allemande la Précieuse (30) 3’19
18. Courante (31) 1’48
19. Courante (16) 1’27
20. Sarabande (32) 3’09
21. Sarabande (25) 1’12
22. Gigue (33) 1’58
23. Passacaille (27) 5’45
24. Menuet (29) 1’16
Brice Sailly – cravo por E.Jobin, cópia de cravo por Tibaut de Tolose (nasc. circa 1647)

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Ao contrário dos irmãos Couperin, Tibaut de Tolose fez questão de assinar seu nome completo nos cravos que fez

Pleyel

 

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Louis-Nicolas Clérambault (1676-1749), Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Cantatas

Nos tempos de Rameau e Clérambault, o cravista muitas vezes era o equivalente ao maestro nos concertos de música de câmara ou orquestral. Fazia o continuo, a “cama” sonora que dava a deixa para os outros instrumentos se expressarem. Naquela época, muitas vezes o que estava escrito na partitura era muitas vezes um esboço, com linhas gerais que o cravista devia preencher com improvisos, arpejos, ornamentos…

A partitura, portanto, era um guia inicial, a ser complementado pela inspiração do intérprete. Outro aspecto dessa liberdade que tinham os cravistas para aplicar sua inspiração sobre a partitura são os Prelúdios sem compasso (em francês: Prélude non mésuré), comuns na França mais ou menos entre 1650 e 1720. O prelúdio em lá menor de Rameau, que aparece neste CD, começa desse jeito sem compassos, e apenas no finzinho o compositor bota ordem na parada com um compasso 12/8.

Início, sem compasso, do Prelúdio

A cravista aqui é a jovem Akiko Sato. Seguindo a moda barroca, ela comanda do cravo o conjunto Les Bostonades, baseado em Boston, EUA. Nas cantatas, como já expliquei, o cravo dá o tom inicial de cada movimento em curtos recitativos, para em seguida entrarem os poucos instrumentos: uma viola da gamba, um violino, uma flauta barroca (traverso). É pouca gente, afinal a cantata francesa era assim mais intimista, para plateias seletas de amigos, ao contrário das óperas-ballets e tragédias líricas de Rameau que, naquele tempo, já arrastavam pequenas multidões.

O tenor Zachary Wilder é outro jovem talento que tem se destacado na música de Monteverdi, Bach e dos franceses que aparecem aqui. Ele brilha sobretudo na virtuosa cantata Orphée, de Clérambault. Todas as cantatas deste disco têm como tema o amor romântico e fazem referências à antiguidade clássica. Podemos supor que os membros da alta sociedade francesa conheciam bem a história de Orfeu e Eurídice, seja a partir de leituras, ou de espetáculos musicais como:

⋅ Orphée descendant aux Enfers (1683), cantata de Marc-Anoine Charpentier
⋅ Poi che riseppe Orfeo (circa 1680), L’Orfeo (circa 1702), cantatas de Alessandro Scarlatti
⋅ Orphée (circa 1720), cantata de Jean-Philippe Rameau
⋅ La mort d’Orphée (1827), cantata de Hector Berlioz composta para o Prix de Rome. Aliás, o Prix de Rome era um concurso que dava ao laureado a oportunidade de viver um ano ou mais na Itália, e apenas cantatas concorriam nesse prêmio, o que significou uma certa sobrevida artificial para esse gênero da cantata francesa. Enquanto o prêmio durou (até 1968), grandes compositores escreveram cantatas especificamente para esse concurso, embora seus interesses pessoais fossem bem distantes, mais próximos da ópera (Bizet, Massenet), da chanson com piano e da música orquestral (Debussy, Ravel, Dutilleux). Desses listados, apenas Ravel não ganhou o 1º prêmio e a viagem a Roma. Para fechar esses parênteses, cabe lembrar que Lili Boulanger foi a primeira mulher a vencer o prêmio em 1913.

A cantata de Rameau tem menos referências greco-romanas que as de Clérambault. Apenas uma menção (“enfant de Cythère”) à ilha de Citera, próxima a Esparta, e que seria o local de nascimento de Afrodite, a deusa do amor. A metáfora mais importante dessa cantata é mais próxima, mais da roça: pássaros no ninho, cantando em casal. Rameau, naquele período, vivia em Clermont-Ferrand, cidade no sul da França. É do dialeto do sul da França, aliás, a palavra “trovador”, que se refere aos poetas que, no fim da Idade Média, deram origem em prosa e verso – sobretudo verso – a essa ideia de amor romântico que tem ocupado esse imenso espaço no imaginário ocidental desde então.

Louis-Nicolas Clérambault: Pirame Et Tisbé, 4e Cantata du 2e Livre (1713)
1 Récitatif: Pirame, pour Tisbé, dès la plus tendre enfance Air: Si votre tendresse est extrême
2 Récitatif: Tisbé, pour résister à l’ardeur de ses vœux; Lentement et marqué: Aux pieds de ces tombeaux sacrés; Récitatif: Bientôt au gré de leur impatience
3 Air: Vole, vole, dit-elle amour
4 Récitatif: Elle cherchoit l’amant qui la tient asservie; Plainte: Quoi? Tisbé tu n’es plus?
5 Vivement: Venez monstres affreux; Lent: Aimable et cher objet, ton trépas est mon crime
6 Air: Amour, qui voudra désormais s’empresser à porter tes chaînes?
7 Jean-Philippe Rameau: Prélude en la mineur. Premier Livre de Pièces de Clavecin, RCT 1 (1706)
Jean-Philippe Rameau: L’ Impatience, RCT 26 Cantate pour une voix et une viole avec basse continue
8 Récitatif: Ces lieux brillent déjà d’une vive clarté; Air gai: Ce n’est plus le poids de ma chaîne
9 Récitatif: Les oiseaux d’alentour chantent dans ce bocage; Air tendre: Pourquoi leur envier leur juste récompense?
10 Récitatif: Mais Corine paraît, je vois enfin les charmes; Air léger: Tu te plais, enfant de Cythère
Jean-Philippe Rameau: Cinquième Concert, Rct 11. Pièces de Clavecin en Concert
11 I. La Forqueray
12 II. La Cupis
13 III. La Marais
Louis-Nicolas Clérambault: Orphée, 3e Cantata du 1er Livre (1710)
14 Récitatif: Le fameux chantre de la Thrace; Air tendre et piqué: Fidèles échos de ces bois
15 Récitatif: Mais que sert à mon désespoir
16 Air gai: Allez Orphée, allez, allez
17 Récitatif: Cependant le héros arrive sur l’infernale rive; Air fort lent et fort tendre: Monarque redouté de ces royaumes sombres
18 Récitatif: Pluton surpris d’entendre des accords; Air gai: Chantez la victoire éclatante

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A capa do 1º Livro de Peças para Cravo de Rameau (1706) – desisti de contar o nº de instrumentos

Pleyel

A French Baroque Diva – Carolyn Sampson & Ex Cathedra, Jeffrey Skidmore

A French Baroque Diva –  Arias for Marie Fel, by Lacoste, Lalande, Rameau, Rousseau, Fiocco & Mondonville

Carolyn Sampson, soprano

Ex Cathedra, Jeffrey Skidmore

2014

 

Esta gravação, extremamente bem pesquisada, é cativante. Baseada no repertório de Marie Fel, a ‘Jenny Lind’ (1) da corte de Luís XV, varia da elegância contida de De Lalande à emoção italiana de Mondonville. 
Chegando à capital francesa em 1734, Fel tornou-se soprano principal na Ópera de Paris – muitas vezes criando papéis principais nas óperas de Rameau – enquanto também desempenha papéis importantes nos Concerts Spirituels.  Em um momento de mudança musical, ela teria cantado em muitos estilos diferentes, desde o tradicional “Lulliano” até a música de influência italiana dos anos 1730 e posteriores.
Ao substituir Fel, Carolyn Sampson é bastante notável. Ela tem a capacidade de suavizar a linha vocal com um vibrato cuidadosamente controlado, mas também emprega um tom de clareza cristalina. Há muitos destaques, mas o trecho caracteristicamente colorido de Daphnis et Alcimadure, de Mondonville, é particularmente agradável, assim como o La lyre enchantée de Rameau.
Ao longo da obra, Jeffrey Skidmore e a orquestra oferecem apoio confiável como o coral, mas, apesar do acústico ser um pouco excessivo, o que brilha é o canto de Sampson: brilhante, vibrante, responsivo e totalmente em sintonia com a linguagem expressiva e as demandas virtuosistas do período.
Crítica por Jan Smaczny, BBC Music Magazine
(1) Johanna Maria Lind, mais conhecida como Jenny Lind, foi uma soprano sueca, também conhecida como “Rouxinol Sueca”. Uma das mais famosas cantoras do século XIX, ela ficou conhecida por suas performances como soprano em óperas por toda a Europa e por uma turnê de concertos extraordinariamente popular na América em 1850. (Wikipédia)
Louis Lacoste (c1675-c1750)
01. Philomèle – Prologue Sc. 1 Ah! quand reviendront nos beaux jours? 
Michel-Richard de Lalande (1657-1726)

02. Exsurgat Deus, S.71 – 5. Regna terrae 
Te Deum laudamus, S.32
03. 1. Sinfonie 
04. 8. Tu rex gloriae 
05. 9. Tu ad liberandum suscepturus hominem 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)

Salve regina
06. 1. Salve regina, salve mater 
07. 2. Ad te clamamus, exsules, filii Evae 
08. 3. O clemens, o pia 
Jean-Philippe Rameau (1683-1764)

09. Castor & Pollux – Act 1 Sc. 2-3 Un tendre intérêt vous appelle – Tristes apprêts 
10. Platée – Act 3 Sc. 4 Amour, lance tes traits 
Jean-Joseph Cassanéa de Mondonville
 (1711-1772)

11. Daphnis & Alcimadure – Act 1 Sc. 2 Gasouillats auzeléts 
Joseph Hector Fiocco
 (1703-1741)

12. 1. Laudate pueri 
13. 3. A solis ortu 
14. 4. Alleluia 
Jean-Joseph Cassanéa de Mondonville

15. Venite, exsultemus – 4. Venite, adoremus 
Jean-Philippe Rameau

La lyre enchantée
16. 1. Accordez vos sons & vos pas 
17. 2. Gavotte: Lyre enchanteresse 
18. 3. Écoutons … D’un doux frémissement 
19. 4. Vole, Amour, prête-moi tes armes 
20. 5. Contredanse 
Michel-Richard de Lalande

21. Cantate Domino, S.72 – 5. Viderunt omnes termini terrae 
Jean-Joseph Cassanéa de Mondonville
22. Venite, exsultemus – 6. Hodie si vocem 

 

Para degustar:

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Boa audição!

 

 

 

 

Avicenna

Patricia Petibon – Airs baroques français: Rameau, Lully, Charpentier, Grandval – 2001

Patricia Petibon

Airs baroques français

Rameau
Lully
Charpentier
Grandval

2001

 

Assim como azeitonas, alcachofras e, mais essencialmente e problemáticas, anchovas, a voz de Patricia Petibon é um gosto adquirido. Ela é uma coloratura alta (até E-flat), sua técnica é formidável, capaz de ter grande floridez e controle da respiração muito fina, ela canta principalmente sem vibrato, e o tom pode ser tão brilhante como diamante que pode irritar, embora em momentos dramáticos mais escuros, ela pode moderar o brilho. Ela se envolve completamente no que está cantando e, por isso, é muito comovente – a tristeza e o desespero de Jonathan em David et Jonathas, de Charpentier, são impressionantes, assim como a raiva lunática de Armide pela ópera de Lully (o que ela faz com a palavra “hate” é digno de Callas como Medéia). Todos os trechos de Rameau são habilmente manipulados, do silvestre ao bélico e vice-versa.

Ela também se diverte com a frivolidade e virtuosismo da obra quase inteiramente desconhecida de 15 minutos de Grandval (1676-1753), na qual o cantor tenta agradar sua platéia chamando por todos os vários estilos e temas de música de seu tempo: uma queixa de Orfeu, hinos a Baco, canções de amor fofas, árias de vingança, evocações para o inferno, um apelo a Netuno, um grito de guerra e assim por diante, tudo feito com paixão. A peça é um tour-de-force de mudança de humor – quase psicose, de fato – e Petibon me parece ser o único intérprete que eu quero ouvir cantar. Ela pode ser incrivelmente sedutora, lançando notas altas ou arrulhando como uma pomba. Ela deve ser dinamite no palco.

A maioria das músicas deste CD é rara e é quase o suficiente para querer ouvir, principalmente se o barroco francês é a sua xícara de chá. É maravilhosamente tocado por um grupo chamado Les Folies Françoises, liderado por Patrick Cohen-Akenine, com os sopros importantes presentes e tocados de maneira deslumbrante (os oboés amadeirados no primeiro número de Platee, o fagote em uma ária de Les fetes d’Hymen ), o cravo audível e comentando a voz o tempo todo, as cordas atacadas com verve, as trombetas e tambores nos trazendo de pé. Tente isso, você pode gostar. De fato, você pode adorar. – Robert Levine

Patricia Petibon – Airs baroques français
Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764)
01. “Platée” (1749) – Air de Clarine: Soleil, fuis de ces lieux”
02. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – Ariette de l’Amour: “Volez, plaisirs, célébrez ce beau jour
03. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – “Entrée des Égyptien
04. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – Ariette de l’Égyptienne: “L’amant que j’adore”
05. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – Ariette de l’Égyptienne: “Amour, lance tes traits”
06. “Platée” – Air de la Folie: “Formons les plus brillants concerts… Aux langueurs d’Apollon”
Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704)
07. “David et Jonathas” (1688) – Jonathas: “A-t-on jamais souffert une plus rude peine?”
Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687)
08. Lully, “Armide” (1686) – Prélude. Armide: “Enfin, il est en ma puissance”
09. “Armide” – Armide: “Le perfide Renaud me fuit”
Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764)
10. “Les Indes Galantes” (1735) – Air de Phani: “Viens, hymen”
11. “Les Indes Galantes” – Air de Zima: “Régnez, plaisirs et jeux”
12. “Les Indes Galantes” – Chaconne
Nicolas Racot de Grandval (França, 1676-1753)
13 Rien du tout (1755), pour soprano, simphonie et basse continue

Para degustar:

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Avicenna

Lalande: Majesté – Ensemble Aedes, Le Poème Harmonique, dir. Vincent Dumestre – 2018

Majesté – Te Deum et Grands Motets de Lalande

Michel Richard de Lalande
France, 1657-1726

Collection Château de Versailles

Le Poème Harmonique
dir. Vincent Dumestre

2018

Em 1683, Michel-Richard de Lalande entrou na Chapelle Royale como um vice-mestre (sous-maître) depois de receber o apoio de Luís XIV em um formidável concurso de recrutamento. Com apenas 25 anos, o jovem compositor rapidamente se tornou o favorito do rei e alcançou os cargos mais cobiçados da corte em uma carreira de quase quarenta anos.

Acima de tudo, Luís XIV o incluiu nas consultas para a construção da nova Chapelle Royale, adjacente ao Palácio de Versalhes. À medida que os arcos subiam gradualmente para o céu, Lalande compôs e revisou seus motetos, que expressam a grandeza então inigualável do reino, ao mesmo tempo que testemunham a acústica incomparável da capela. Suas obras – conjuntos de salmos, hinos e Te Deum – registram a atmosfera na corte na liturgia, em tempos de angústia e alegria.

Após a gravação anterior das configurações de Te Deum por Lully e Charpentier no Chapelle Royale, Vincent Dumestre e Le Poème Harmonique agora retornaram a Versailles para enfrentar a música que Lalande compôs para aquele lugar extraordinário. Juntamente com os grandes motetos Deitatis majestatem e Ecce nunc benedicite, com sua síntese da pompa real e a linguagem da ópera, eles oferecem o emocionante Miserere e o mais grandioso Te Deum realizado no reinado de Luís XIV, o Te Deum do próprio rei .(ex-internet)

Lalande: Majesté

01. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem
02. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: Hic enim misericors
03. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: Simphonie
04. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: O caro Christi vera
05. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: Te omnes angeli
06. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: O mentis jubilatio
07. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: Quam dulcis est
08. Deitatis Majestatem: Deitatis Majestatem: O bonitatis prodigium
09. Ecce Nunc Benedicite, S.8: Ecce Nunc Benedicite, S.8: Ecce nunc benedicite Dominum
10. Ecce Nunc Benedicite, S.8: Ecce Nunc Benedicite, S.8: In noctibus extollite
11. Ecce Nunc Benedicite, S.8: Ecce Nunc Benedicite, S.8: Benedicat te Dominus ex Sion
12. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Te Deum laudamus
13. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Te æternum Patrem
14. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Tibi omnes angeli
15. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Sanctus, Sanctus, Sanctus
16. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Te gloriosus Apostolorum
17. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Te per orbem terrarum
18. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Tu rex gloriæ
19. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Tu, ad liberandum
20. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Tu, devicto mortis aculeo
21. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Tu ad dexteram Dei sedes
22. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Te ergo quæsumus
23. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Æterna fac cum sanctis
24. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Salvum fac populum tuum
25. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Et rege eos
26. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Per singulos dies benedicimus te
27. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Dignare, Domine
28. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: Miserere nostri
29. Te Deum, S.32: Te Deum, S.32: In te, Domine, speravi

Para degustar:

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Gravado na Capella Cracovientis, durante o Création Festival Misteria Paschalia, Cracovia, em 2017.

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Boa audição!

 

 

 

 

Avicenna

A Família das Cordas: Playing for the World – The New Violin Family

newviolinfamilyPois a história de Grigoriy Sedukh e seus violinos miúdos não parou em sua gravação que apresentamos ontem: esses instrumentos são apenas três duma série de oito, concebidos e confeccionados pela luthier Carleen Hutchins para reproduzir, em diferentes tamanhos, as qualidades sônicas do violino.

A luthier buscava criar um conjunto de instrumentos, ao estilo dos consorts de violas do século XVII, que tivessem características sonoras homogêneas, baseadas no violino. Seu trabalho, que envolveu colaboração com físicos, resultou num octeto de instrumentos que vão do sopranino ao contrabaixo, mas que são, essencialmente, violinos.

octet horizontal

Um desses instrumentos, o violino contralto, foi usado por Yo Yo Ma para tocar o Concerto para viola de Bartók, com recepção mista. Alguns saudaram o som como “revelador”, mas muita gente estranhou. A riqueza de timbre da viola se perde em prol de mais brilho e projeção, que é… bem, justamente aquilo que a gente não espera de uma viola.

Não obstante, várias instituições dedicam-se à divulgação do legado de Hutchins, alguns com devoção quase religiosa a sua figura, e comissionando novas composições para o peculiar conjunto instrumental.

Sério: olhem o T A M A N H O do violino contrabaixo!!!
Sério: olhem o T A M A N H O do violino contrabaixo!!!

Nesse álbum, gravado no que parece ser um congresso da The New Violin Family Association, várias peças de exibição são tocadas nos diversos instrumentos do octeto. A qualidade um tanto precária da gravação deixa para a nossa imaginação muito do tão apregoado brilho desses novos instrumentos, mas ouvir a Fantasia de Vaughan Williams tocada por eles, numa massa sonora mais homogênea que uma orquestra de cordas moderna, faz pensar que o sonho de Hutchins pode ter virado realidade.

Mais sobre a The New Violin Family Association em seu sítio na grande rede.

THE NEW VIOLIN FAMILY – PLAYING FOR THE WORLD

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
01 – Suíte no. 2 em Si menor, BWV 1067 – Badinerie

Jean-Marie LECLAIR (1703-1777)
02 – Sonata em Mi maior – Adagio

Johann Sebastian BACH
03 – Concerto em Ré menor para dois violinos e orquestra, BWV 1043 – Largo

Marin MARAIS (1656-1728)
04 – L’Agréable

05 – Improvisação de Stephen Nachmonavitch e Sera Smolen

Jules Émile Frédéric MASSENET (1842-1912)
06 – Thaïs – Méditation

Diana GANNETT (1947)
07 – Simple Grace

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
08 – Evgenyi Onegin, Op. 24 – Ária de Lensky

Ottorino RESPIGHI (1879-1936)
09 – Danze ed Arie Antiche – Danza d’il Conte Orlando

George GERSHWIN (1898-1937)
10 – Porgy and Bess – Summertime

Ástor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)
11 – Libertango

Ralph VAUGHAN WILLIAMS (1872-1958)
12 – Fantasia em vinte e três partes sobre um tema de Tallis

Albert Consort
Hutchins Consort
The New Violin Family Association Festival Orchestra

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A família completa
A família completa

Vassily Genrikhovich

Tous les Matins du Monde/Todas as Manhãs do Mundo – Trilha Sonora Original

Tous les Matins du Monde/Todas as Manhãs do Mundo  – Trilha Sonora Original

47688f586426ddf3d1cd7daf3b9b4c45Anteontem postei uma ótima gravação de obras para viola da gamba, e não demorou para que, entre os comentários, este bonito filme de 1991 fosse lembrado. Para minha surpresa, sua excelente trilha sonora ainda não tinha sido postada por aqui. Por isso, eu me apressei em compartilhá-la com vocês neste domingo.

Dirigido por Alain Corneau e estrelado por Jean-Pierre Marielle e Gérard Dépardieu, “Todas as Manhãs do Mundo” foi um inesperado sucesso para um filme que trata da relação entre dois gambistas franceses do século XVII: o célebre Marin Marais (1656-1728) e seu mestre, o enigmático Monsieur de Sainte-Colombe (ca. 1640-1700). Magnificamente interpretado, fotografado e realizado, e bastante fiel ao romance homônimo em que se baseou, é uma belíssima sucessão de tableaux-vivants acompanhados por uma trilha sonora M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A, a cargo daquele Midas da Música que é Jordi Savall.

Ei-la, pois, para vosso deleite.

TODAS AS MANHÃS DO MUNDO – TRILHA ORIGINAL DO FILME
Direção musical: JORDI SAVALL

Jean-Baptiste LULLY (1632-1687)

01 – Marche pour la Céremonie des Turcs
Le Concert des Nations
Jordi Savall, regência

Marin MARAIS (1656-1728)

02 – Improvisation sur les Folies d’Espagne (excertos)
Jordi Savall, viola da gamba baixo

Jordi SAVALL (1941)

03 – Prélude pour Mr Vauquelin
Jordi Savall, viola da gamba baixo

Monsieur de SAINTE-COLOMBE (ca. 1640-1700)

04 – Gavotte du Tendre

Jordi Savall, viola da gamba baixo

TRADICIONAL, arranjo de Jordi SAVALL

05 – Une jeune fillette
Montserrat Figueras e Maria-Cristina Kiehr, sopranos
Rolf Lislevand, teorbo
Jordi Savall, viola da gamba baixo

Monsieur de SAINTE-COLOMBE

06 – Les Pleurs (versão para viola da gamba solo por Jordi Savall)
Jordi Savall, viola da gamba baixo

07 – “Le Retour”, Concert pour deux violes
Christophe Coin e Jordi Savall, violas da gamba baixo

Marin MARAIS

08 – Pièces de viole, 4e. livre: “La Rêveuse”
Jordi Savall, viola da gamba baixo
Pierre Hantai, cravo
Rolf Lislevand, teorbo

François COUPERIN (1668-1733)

09 – Troisième Leçon de Ténèbres à 2 voix
Montserrat Figueras e Maria-Cristina Kiehr, sopranos
Rolf Lislevand, teorbo
Pierre Hantai, cravo
Jordi Savall, viola da gamba baixo

Marin MARAIS 

10 – Pièces de viole, 4e. livre: “L’Arabesque”
Jordi Savall, viola da gamba baixo
Pierre Hantai, cravo
Rolf Lislevand, teorbo

ANÔNIMO (século XVII), arranjo de Jordi SAVALL

11 – Fantaisie en Mi mineur
Jordi Savall, viola da gamba baixo

Monsieur de SAINTE-COLOMBE

12 – Les Pleurs
Christophe Coin e Jordi Savall, violas da gamba baixo

Marin MARAIS 

13 – Pièces de viole, 4e. livre: “Le Badinage”
Jordi Savall, viola da gamba baixo
Rolf Lislevand, teorbo

14 – Pièces de viole, 2e. livre: “Tombeau por Monsieur de Sainte-Colombe”
Jérôme Hantai e Jordi Savall, violas da gamba baixo
Pierre Hantai, cravo
Rolf Lislevand, teorbo

15 – Pièces de viole, 3e. livre: Muzettes I-II
Jordi Savall, viola da gamba baixo
Pierre Hantai, cravo
Rolf Lislevand, teorbo

16 – Sonnerie de Sainte Geneviève du Mont-de-Paris
Fabio Biondi, violino
Jordi Savall, viola da gamba baixo
Pierre Hantai, cravo
Rolf Lislevand, teorbo

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Shut_20up_20and_20play-thumb-380x213-28669MATINS

 

Um dos belíssimos tableaux-vivants compostos por Alain Corneau
Alguns dos tableaux-vivants criados por Alain Corneau para “Tous les Matins du Monde”


Vassily Genrikhovich

Antonio Vivaldi (1678-1741) – Gloria, RV 589, Nisi Dominus, RV 608, Nulla in Mundo Pax Sincera, RV 630 – Julia Lezhneva, Franco Fagioli, Diego Fasolis

Eis mais um discaço de Diego Fasolis, frente ao fantástico ‘Coro della Radiotelevisione svizzera ‘, e de sua querida orquestra, I Barocchisti, e novamente em parceria com Julia Lezhneva, turma que recém esteve presente aqui no PQPBach interpretando Pergolesi.

Porém aqui o parceiro de Julia Lezhneva é Franco Fagioli, outro contratenor que vem se destacando nos últimos anos. E todos eles juntos nos apresentam um Vivaldi fresco e atualizado. Sei que já trouxemos diversas versões destas mesmas obras, principalmente da ‘Gloria’, todos elas de excelente qualidade, e esta leitura de 2018 de Fasioli junta-se a elas.

A voz de Lezhneva é suave e delicada, em outros momentos intensa, e nos envolve em uma áurea de mistério e fé. E conta com a cumplicidade de um excepcional coral, com o perdão do excesso de adjetivos. Mas este é um daqueles CDs que nos deixam extasiados, e ao mesmo tempo perplexos com a qualidade e talento destes músicos. E claro, apenas reforça aquilo que temos destacado tanto por aqui: Vivaldi foi uma figura única,  um gênio do Barroco, um dos maiores compositores de todos os tempos, ao lado de Bach e Händel.

Enquant que na ‘Gloria’ Julia Lezhneva se destaca, no ‘Nisi Dominus’, é a incrível voz de Franco Fagioli que domina totalmente. Não teme as dificuldades da peça, e se joga de corpo e alma.

Se possível, novamente peço para os senhores ouvirem este CD em um bom fone de ouvido, assim como o do Pergolesi recém postado, assim não perderão aqueles detalhes que somem em caixas de som. E novamente, deixo-lhes a opção de ouvirem em MP3 ou então em FLAC.

ANTONIO VIVALDI 1678–1741
GLORIA RV 589
1 Gloria in excelsis Deo
2 Et in terra pax
3 Laudamus te
4 Gratias agimus tibi
5 Propter magnam gloriam tuam
6 Domine Deus, Rex caelestis
7 Domine Fili unigenite
8 Domine Deus, Agnus Dei
9 Qui tollis peccata mundi
10 Qui sedes ad dexteram Patris
11 Quoniam tu solus Sanctus
12 Cum Sancto Spiritu

NISI DOMINUS RV 608
13 Nisi Dominus aedificaverit domum
14 Vanum est vobis
15 Surgite postquam sederitis
16 Cum dederit dilectis suis somnum
17 Sicut sagittae in manu potentis
18 Beatus vir qui implevit
19 Gloria Patri, et Filio
20 Sicut erat in principio
21 Amen

NULLA IN MUNDO PAX SINCERA RV 630
22 Aria: Nulla in mundo pax sincera
23 Recitative: Blando colore
24 Aria: Spirat anguis inter flores
25 Alleluia

JULIA LEZHNEVA soprano
FRANCO FAGIOLI countertenor
Coro della Radiotelevisione svizzera
I Barocchisti DIEGO FASOLIS

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Les Arts Florissants: Secular Music + Sacred Music + Music & Theater, dir. William Christie

Les Arts Florissants
Edição comemorativa de 40 anos
Secular Music
Sacred Music
Music & Theater
dir. William Christie, Paul Agnew

Sandrine Piau         Michel Laplénie
Veronique Gens         Ian Honeyman
Agnès Mellon         Philippe Cantor
2019

Dedicado ao desempenho da música barroca nos últimos 40 anos, Les Arts Florissants nunca deixa de revelar um novo repertório, muitos dos quais passamos a classificar como entre as melhores realizações musicais na vida cultural da França (Lully, de Lalande, Charpentier, Rameau …), Itália (Monteverdi, Rossi …) e Inglaterra (Purcell, Handel …) – um legado que eles disponibilizaram para músicos e grupos em todo o mundo.

Quer tenham sido destinados aos cultos da igreja, aos palcos de teatro ou ao entretenimento real, aqui estão algumas das melhores jóias musicais, desde a lendária gravação de Atys até as mais recentes coleções de arias e madrigais, para listar apenas algumas. Quase todos os capítulos musicais da história do conjunto fizeram história e, juntamente com horas de puro prazer, esta retrospectiva certamente trará de volta boas recordações de seu primeiro encontro com Les Arts Florissants, que se tornou um pilar de nossa vida cultural coletiva. (do site do produtor)

CD 01 – Musique Profane
Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (Cremona, 1567- Veneza, 1643)
01 – Zefiro torna, e di soavi accenti, SV 251
02 – Madrigals, Book 8, SV 146–167 “Madrigali guerrieri et amorosi”: Lamento de la ninfa, SV 163
03 – Il combattimento di Tancredi e Clorinda, SV 153
04 – Madrigals, Book 7, SV 117–145: Lettera amorosa, SV 141 (Live)
05 – Sestina Lagrime d’Amante al Sepolcro dell’Amata, SV 107, Prima parte: I. “Incenerite spoglie”
Carlo Gesualdo, aka Gesualdo da Venosa (Italy, 1566 – 1613)
06 – Madrigals, Libro III: IX. Non t’amo, o voce ingrata
Honoré d’Ambruys (France, séc. 18)
07 – Le doux silence de nos bois
Michel Lambert (França, 1610-1696)
08 – Le repos, l’ombre, le silence
09 – Airs à une, II, III et IV parties avec la basse-continue: Sans murmurer
Michel Pignolet de Montéclair (França, 1667 – 1737)
10 – La Mort de Didon pour soprano, violon, flûte et basse continue (6e cantate, Livre I)

CD 02 – Musique Sacrée
Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704)
01. Te Deum, H. 146: I. Prélude
Georg Friedrich Händel (Alemanha, 1685 – Inglaterra, 1759)
02. Messiah, HWV 56, Part II: “Hallelujah!”
03. The Ways of Zion Do Mourn: IV. She put on righteousness. Chorus
Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704)
04. Le Reniement de Saint Pierre , H. 424
05. Antiennes “O” de l’Avent, H.36-43, Premier O: “O Sapientia”
Luigi Rossi (Italia, 1597 – 1653)
06. Un peccator pentito: “Spargete sospiri”
Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (Cremona, 1567- Veneza, 1643)
07. Selva morale e spirituale, SV 252-288: “Chi vol che m’innamori” a 3 voci e due violini
08. Selva morale e spirituale, SV 252-288: “O ciechi ciechi” a 5 voci et doi violini
Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687)
09. Salve Regina
Georg Friedrich Händel (Alemanha, 1685 – Inglaterra, 1759)
10. Il Trionfo del Tempo e del Disinganno, HWV 46a: “Lascia la spina, cogli la rosa ” (Piacere)
Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726)
11. Cantique Quatrième “sur le bonheur des justes & sur le malheur des resprouvez”: “Heureux, qui de la sagesse”
12. Te Deum, S.32: I. Simphonie
13. Te Deum, S.32: II. Te Deum laudamus
Johann Sebastian Bach (Germany, 1685-1750)
14. Mass in B Minor, BWV 232: Benedictus (Live)
Sébastien de Brossard (França 1655 – 1730)
15. Miserere mei Deus, SdB. 53 (Live)

CD 03 – Musique & theatre
Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704)
01. Les Arts florissants, H. 487: I. Ouverture
Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687)
02. Atys, LWV 53, Prologue: Ouverture
03. Atys, LWV 53, Acte III, Scène 4: Prélude. “Dormons, dormons tous” (Le Sommeil)
Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764)
04. Castor & Pollux, RCT 32, Acte I, Scène 1: Que tout gémisse (Troupe de Spartiates)
05. Castor & Pollux, RCT 32, Acte I, Scène 3: Tristes apprêts, pâles flambeaux (Télaïre)
06. Anacréon, RCT 30: Quel Bruit? Quelle clarté vient ici se répandre? (Prétresse de Bacchus et sa suite, Anacréon, Lycoris, Suite d’Anachréon)
07. Les Indes galantes, RCT 44, Troisième Entrée, Scène 3: “Amour, Amour, quand du destin j’éprouve la rigueur…” (Zaïre, Tacmas)
Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704)
08. David et Jonathas H. 490, Prologue, Scène 1: “Où suis-je ? Qu’ai-je fait ?” (Saül)
09. David et Jonathas H. 490, Acte I, Scène 3: “Ciel ! Quel triste combat en ces lieux me rappelle ?” (David)
10. Le Malade imaginaire, H. 495, Premier intermède: “Notte e di” (Spacamond)
Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764)
11. Pygmalion, RCT 52, Acte I, Scènes 1-3: Fatal Amour, cruel vainqueur (Pygmalion)
André Campra (França, 1660-1744)
12. Idoménée, Acte I, Scène 1: “Venez, Gloire, Fierté” (Ilione)
13. Idoménée, Acte II, Scène 1 – Scène 2: “O Dieux ! ô justes Dieux” (Chœur de peuple) – “Cessez de soulever les ondes” (Neptune)
Luigi Rossi (Italia, 1597 – 1653)
14. Orfeo, Acte III, Scène 10: “Abandonnez l’Averne, ô peines, et me suivez !” (Orfeo, Giove, Mercurio, Coro Celeste)
Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764)
15. Dardanus, RCT 35: “Hâtons-nous,courons à la gloire”
Antoine Dauvergne (França, 1713 – 1797)
16. La Vénitienne: “Livrons-nous au sommeil”
Michel Pignolet de Montéclair (França, 1667 – 1737)
17. Jephté, Act II, Scène 6: Marche au son des tambourins. “Ô jour heureux” (Iphise, Elise, Troupe d’Habitants de Maspha)

Les Arts Florissants: Secular Music + Sacred Music + Music & Theater
Les Arts Florissants 
dir. William Christie

Ansiosa para saber a opinião da turma do PQP.

 

 

 

 

 

 

 
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Avicenna

Jean-Philippe Rameau (France, 1683-1764): Zaïs – Les Talens Lyriques, dir. Christophe Rousset, avec Sandrine Piau, soprano

Zaïs

Jean-Philippe Rameau
France, 1683-1764

Les Talens Lyriques
dir. Christophe Rousset

avec Sandrine Piau, soprano

2014

 

Em 1745, o rei concedeu a Jean-Philippe Rameau a posição de Composer du Cabinet du Roy, que veio com uma substancial pensão. Este novo período veria produções de uma forma mais leve, em colaboração com o libretista Louis de Cahusac e algumas das mais importantes obras-primas do músico borgonhês.

Zaïs, realizada em 1748 no palco da Académie Royale de Musique, é uma delas. Este ballet-héroïque deu à música francesa uma das suas melhores obras. A partitura inteira está à imagem de sua famosa abertura: organizar o Caos, surpreendente em seus timbres teatrais e na ousadia da harmonia. Embora o enredo seja bastante frágil – um amante (Zaïs) testando sua amada (Zélidie) para apreciá-la ainda mais – é o pretexto para inúmeros divertimentos e danças, cuja magia é um verdadeiro encanto ao ouvido.

40 anos depois de Gustav Leonhardt, é a vez de Christophe Rousset trabalhar nesta partitura em uma série contínua de gravações, concertos e escritos que fizeram dele um dos principais campeões de Rameau. (ex-internet)

As 80 faixas de Zaïs podem ser encontradas AQUI.

Palhinha: aprecie um vídeo especial para degustação:

Rameau – Zaïs – 2014
Les Talens Lyriques
dir. Christophe Rousset

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Sandrine encantada com o trabalho do Avicenna!

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Avicenna

Delalande, Couperin, Lully: Messe du Roi Soleil – Ensemble Marguerite Louise, dir. Gaétan Jarry

Messe du Roi Soleil

Michel Richard Delalande (France, 1657-1726)
François Couperin (França, 1668 – 1733)
Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687)

Ensemble Marguerite Louise
dir. Gaétan Jarry

2019

 

A Missa do Rei Sol foi sem dúvida um dos rituais privilegiados para a construção da glória do soberano, tanto pelo seu esplendor quanto pelo aspecto cerimonial que paralisa o tempo, solidificando a imagem eterna do poder real. Os maiores compositores do reino distinguiram-se fazendo do serviço sagrado um verdadeiro concerto celestial. O sino tocou, os pífanos e os tambores anunciaram a chegada do rei na galeria, o órgão explodiu os Grands Motets de Lully e Delalande, encantados sob as abóbadas douradas, os delicados e íntimos Petits Motets de Couperin aparecem com graça nas alcovas da Capela Real…

O Rei Sol ouviu vários tipos de missa em sua capela, a mais famosa a “missa baixa solene” que consistia em um grand motet, um petit motet e um Domine salvum fac regem, todos cantados enquanto o padre falava calmamente a liturgia. Em outras ocasiões, ele ouviu música de órgão e canto e aqui nós temos um pouco de tudo, às vezes um pouquinho. Assim, o efeito geral é bastante insatisfatório, embora as obras principais – configurações de salmo de Delalande e Lully – sejam peças esplêndidas, dignamente cantadas. De fato, os solos e duetos de soprano são alguns dos melhores que eu já ouvi há muito tempo. No entanto, o veredicto geral tem que ser “poderia fazer melhor”. (ex-internet)

François-André Danican Philidor (França, 1726 – 1795
01. Marche pour fifres et tambours
Jean-Adam Guilain (Alemanha, c. 1680 – after 1739)
02. Suite du troisième ton: Plein Jeu
Michel Richard Delalande (France, 1657-1726)
03. Exaltabo te Domine, S.66: I. Exaltabo te Domine
04. Exaltabo te Domine, S.66: II. Psallite Domino,
05. Exaltabo te Domine, S.66: III. Ad vesperum demorabitur
06. Exaltabo te Domine, S.66: IV. Ego autem dixi
07. Exaltabo te Domine, S.66: V. Avertisti faciem tuam
08. Exaltabo te Domine, S.66: VI. Ad te clamabo
09. Exaltabo te Domine, S.66: VII. Quae utilitas
10. Exaltabo te Domine, S.66: VIII. Audivit Dominus
François Couperin (França, 1668 – 1733)
11. Messe des couvents: Dialogue sur les grands jeux
12. Venite exultemus Domino
13. Messe des couvents: Tierce en taille
Anonyme
14. Communion de la Messe pour Saint Louis: Introibo in domum tuam Domine
Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687)
15. Exaudiat te Dominus: I. Exaudiat
16. Exaudiat te Dominus: II. Tribuat tibi secundum
17. Exaudiat te Dominus: III. Impleat Dominus
18. Exaudiat te Dominus: IV. Exaudiet ilum de Coelo Sancto Suo
19. Exaudiat te Dominus: V. Ipsi obligati sunt
20. Exaudiat te Dominus: VI. Domine salvum fac Regem
21. Exaudiat te Dominus: VII. Gloria Patri e Filio

Messe du Roi Soleil
Delalande, Couperin, Lully
Ensemble Marguerite Louise – 2019
dir. Gaétan Jarry

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Avicenna

Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704) – Histoires sacrées – Ensemble Correspondances, dir. Sébastien Daucé.

Marc-Antoine Charpentier
France, 1643-1704

Histoires sacrées

Ensemble Correspondances
dir. Sébastien Daucé

2019

 

Marc-Antoine Charpentier é o único compositor da época de Luís XIV a se distinguir tão notavelmente no gênero da “história sagrada”: escreveu mais de trinta obras desse tipo, todas compostas depois de sua residência na Itália.

Sébastien Daucé e o Ensemble Correspondances extraíram cuidadosamente desse excepcional material um número de preciosidades que refletem tanto sua experiência em Roma (provavelmente estudando com Carissimi, o mestre do oratório) quanto as preocupações humanistas de um período inteiro.

Como uma ópera em miniatura, cada peça relata um destino exemplar, incluindo várias mulheres de extraordinária força de vontade (Judith, Cecilia, Maria Madalena) e uma profunda amizade posta à prova (Mors Saülis e Jonathæ).(ex-internet)

Histoires sacrées
Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704)
Ensemble Correspondances – 2019
dir. Sébastien Daucé

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Avicenna

Michel Richard de Lalande (1657-1726) – Symphonies pour les Soupers du Roy – Integral – Ensemble La Simphonie du Marais, dir. Hugo Reyne

Michel Richard de Lalande
France, 1657-1726

Symphonies pour les Soupers du Roy
Integral

Ensemble La Simphonie du Marais
dir. Hugo Reyne

1990

 

As faixas dos 4 CDs podem ser encontradas AQUI.

A Ceia do Rei, um cerimonial.

A Ceia do Rei era servida às dez horas da noite ou na Antecâmara do Rei ou na Antecâmara do “Grand Couvert” (mesa cerimonial). O rei jantava em público. Ele sentava no meio da mesa com suas costas para a lareira. Depois dele ficavam seu médico principal, Daquin, e vários conselheiros privilegiados, como o duque de Saint-Simon, por exemplo. Mais atrás, amontoados nos vãos das portas, havia outros conselheiros e espectadores curiosos. À esquerda do rei, no final da mesa, junto às janelas que davam para o recinto de mármore, sentava Monsieur, o irmão do rei, sua esposa, Madame, ou outros membros da família real. Contra a parede voltada para o rei ficava a galeria reservada para os músicos do jantar.

Uma portaria de 1681 prescreve o cerimonial para o serviço da carne (ou seja, a refeição) do rei: “Os cavalheiros servidores trazem o primeiro prato; o segundo prato é levado pelo contrôleur (que provou a comida do rei); os officiers de la bouche (literalmente oficiais da boca) carregam os outros pratos. Nesta ordem, o chefe do cerimonial, com o bastão em sua mão, caminha à frente, precedido por alguns passos pelo contínuo da mesa levando uma tocha, acompanhado de três guarda-costas, com os rifles nos ombros … “

O menu consistia de quatro pratos: as sopas, as entradas, os assados ​​e os doces. Ao lado da fanfarra inicial (cf. Concert de Trompettes), para a entrada do Rei, que coincidia com a chegada do primeiro prato, acreditamos que a música de Delalande era tocada entre o final de um prato e a chegada do próximo, intervindo três vezes, o que explicaria a organização tripartite das suítes. O jantar terminava por volta das onze horas e sua conclusão era provavelmente pontuada por outra fanfarra. Infelizmente não temos documentação gráfica relacionada à ceia de Luís XIV, mas há uma gravura representando a corte do imperador alemão, Joseph II, em 1705, que é uma perfeita ilustração da cerimônia de Versalhes. Na galeria dos músicos podemos distinguir, entre outros, quatro violinos, duas teorbas e, especialmente, duas trombetas, que, conduzidas por um batedor de tempo, tocavam uma fanfarra pela chegada do primeiro prato da refeição.

Symphonies pour les Soupers du Roy – Integral
Michel Richard de Lalande
Ensemble La Simphonie du Marais
dir. Hugo Reyne

CD 1 – XLD RIP | FLAC | 347 MB: AQUI – HERE
CD 2 – XLD RIP | FLAC | 361 MB: AQUI – HERE
CD 3 – XLD RIP | FLAC | 355 MB: AQUI – HERE
CD 4 – XLD RIP | FLAC | 348 MB: AQUI – HERE

CD 1 – MP3 | 298 MB: AQUI – HERE
CD 2 – MP3 | 291 MB: AQUI – HERE
CD 3 – MP3 | 293 MB: AQUI – HERE
CD 4 – MP3 | 316 MB: AQUI – HERE

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Avicenna

Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726): Leçons de Ténèbres – Ensemble Correspondances, dir. Sébastien Daucé

Michel Richard de Lalande
France, 1657-1726

Leçons de Ténèbres

Ensemble Correspondances
dir. Sébastien Daucé

2015

 

Quando Delalande deixou este vale de lágrimas, sua fama estava no auge; entre 1725 e 1730, ele foi o compositor mais frequentemente ouvido em Paris. O público reunia-se para ouvir seus motetos, notavelmente os três Leçons de Ténèbres e o Miserere para voz solo, escritos para os ofícios da Semana Santa. Muitos compositores já haviam produzido arranjos desses textos na França do Rei Sol, tornando o Ofício de Tenebrae um verdadeiro evento social. Fiel à mesma estética, Delalande explorou essa arte da ambiguidade enquanto se desviava da tradição. (ex-encarte)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

.

Leçons de Ténèbres
Michel Richard de Lalande
Ensemble Correspondances – 2015
dir. Sébastien Daucé

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MP3 | 320 KBPS | 169 MB

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Avicenna

Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726): Dies Irae, Miserere – La Chapelle Royale, dir. Philippe Herreweghe – 1990

Michel Richard de Lalande
France, 1657-1726

Dies Irae
Miserere

La Chapelle Royale
dir. Philippe Herreweghe

1990

 

Originalmente composta para o funeral da delfina, Princesa Marie-Anne-Christine-Victoire da Baviera, em 1 de maio de 1690, este notável arranjo de Dies irae foi revisado em 1711, ou por causa da morte do delfim ou das duas filhas de Lalande: todos morreram de varíola dentro de um período de seis semanas.

O arranjo de Lully de Dies irae, pela morte da rainha em 1683, mostrara as possibilidades desse texto como um grande moteto para solistas, coros e orquestra. Mas foi Lalande, sete anos depois, que desenvolveu este conceito e produziu um resultado muito mais surpreendente – talvez o primeiro arranjo de Dies irae na história da música onde o compositor explorou em tal estilo dramático os contrastes inerentes às 18 estrofes rimadas deste poema do século 13.

Este trabalho demonstra a propensão de Lalande para o mais reflexivo e sombrio, provocando uma impressionante resposta musical. Seu forte senso formal é mostrado no desenho musical que é organizado de modo a agrupar as 18 estrofes em quatro grupos cada um de quatro, enquadrando um grupo central de dois. Os dois grupos maiores mais próximos do centro são atribuídos a uma voz solo (haute-contre, depois barítono), enquanto os outros empregam uma variedade de texturas solo e coral.

Dies Irae, Miserere
Michel Richard de Lalande
La Chapelle Royale – 1990
dir. Philippe Herreweghe

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Avicenna

Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726): Music for the Sun King – Ex Cathedra, dir. Jeffrey Skidmore – 2002

Michel Richard de Lalande
France, 1657-1726

Music for the Sun King
….Te Deum laudamus
….Venite, exultemus
….Panis Angelicus
….La grande pièce royale

Ex Cathedra
dir. Jeffrey Skidmore – 2002

 

Devemos agradecer que Luís XIV não gostava de missas solenes. Na verdade, era o fato de ele preferir assistir a Missa Baixa [a Missa Solene é celebrada com assistência de diácono e subdiácono; uma Missa cantata, o padre canta as partes da missa que as rubricas atribuem a ele, porém sem a assistência do diácono e subdiácono. Na missa baixa o celebrante além de rezar sua parte, reza todos os outros formulários da missa. Nela um servidor recita a parte do coro e de todos os outros ministros] na capela real que levou ao moteto, sendo a principal forma de música sacra do repertório do barroco francês.

Durante este serviço, o celebrante fala as palavras da liturgia, enquanto os músicos do rei cantam três motetos. Esse arranjo foi descrito em 1665 por Abbe Perrin no prefácio de uma coletânea de textos de seu próprio moteto: Para a missa do rei, três motetos geralmente são apresentados: um grande, um petit para a Elevação, e uma “sálvia Dentina”, fae regente (“Deus salve o rei”).

Embora o modelo para o grande moteto tenha sido criado por Henry Du Mont, que serviu na capela real durante vinte anos, de 1663 a 1683, foram dois dos seus contemporâneos mais jovens – Marc-Antoine Charpentier (1643-1704) e Michel-Richard de Lalande (1657-1726) – que levou o gênero ao seu auge.

O disco atual dá a oportunidade de ouvir dois dos motetos grandiosos de Lalande na íntegra, bem como um movimento solo extraído de outro e uma de suas peças instrumentais. Lalande tornou-se um dos quatro compositores designados para a capela de Luís XIV em 1683, após uma competição bem documentada. Muito estimado pelo rei, ele foi premiado com um número crescente de cargos oficiais nos anos seguintes, tornando-se o único compositor da capela real, bem como compositor e superintendente (diretor) da musique de la chambre (música da câmara).

Embora tenha começado a renunciar às suas responsabilidades depois da morte de Luis XIV em 1715, Lalande manteve uma posição na capela real até a sua própria morte em 1726. Ao longo dos 43 anos em que esteve associado à corte, Lalande compôs e reformulou 77 grands motets. Eles eram altamente considerados, eles eram realizados não apenas na capela real durante todo o século XVIII, mas também foram uma parte importante do repertório no Concert Spirituel, uma série de concertos estabelecidos em Paris em 1725 com o objetivo de realizar música sacra durante períodos em que a Ópera era fechada.

Quase meio século depois da morte do compositor, Jean-Jacques Rousseau descreveu os grands motets de Lalande como “obras-primas do gênero” e, em 1780, Laborde creditou o compositor como “criador de um novo gênero de música sacra”. Outra evidência da estima em que os grands motets foram mantidos é o fato de que eles eram conhecidos fora de Paris: cópias chegavam às bibliotecas em outros lugares na França e no exterior. (do livreto)

Music for the Sun King
Michel Richard de Lalande
Ex Cathedra, dir. Jeffrey Skidmore – 2002

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MP3 | 320 KBPS | 172 MB

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Avicenna

Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726): 3 Grands Motets: Te Deum + Super Flumina Babilonis + Confitebor Tibi Domine – Les Arts Florissants, dir. William Christie – 2001

Michel Richard de Lalande
France, 1657-1726

Te Deum
Super Flumina Babilonis
Confitebor Tibi Domine

Sandrine Piau, Véronique Gens, Arlette Steyer – sopranos

Les Arts Florissants – 2001
dir. William Christie

 

GRANDES MOTETOS DE MICHEL-RICHARD DELALANDE “O criador da música sacra francesa” … um “Latin Luny” … uns dos elogios a Delalande (1657-1726), que levou o moteto ao seu auge de popularidade na França. Sucessor de Lully como proeminente músico da corte sob Luís XIV e Luís XV, a criatividade dramática de Delalande foi mais poderosa em seus 75 motetos, louvando seu Deus e, é claro, seu rei.

A devoção de Delalande à corte e à música sacra começou como um estudante na igreja de Saint-Germain l’Auxerrois e seus postos de organista em quatro igrejas de Paris. Em 1683, logo após a mudança do tribunal para Versalhes, ele foi o candidato favorito de Louis para o sous maitre da capela, sua primeira das dez nomeações durante os 43 anos seguintes. Por volta de 1770, seus motetos haviam desfrutado de mais de 600 apresentações na série de concertos públicos de Paris, a Concert Spirituel. Delalande compôs um terço de seus motetos, bem como sete entretenimentos seculares, durante sua primeira década prodigiosa na corte. Ele completou a maioria dos motetos restantes em 1710 e dedicou seus últimos anos à revisão de trabalhos anteriores.
(ex-catálogo, Barbara Coeyman)

3 Grands Motets
Michel Richard de Lalande
01. Te Deum – 1. Simphonie
02. Te Deum – 2. Te Deum laudamus
03. Te Deum – 3. Tibi omnes angeli
04. Te Deum – 4. Sanctus Dominus Deus Sabaoth
05. Te Deum – 5. Te gloriosus Apostolorum chorus
06. Te Deum – 6. Tu Rex gloriae, Christe
07. Te Deum – 7. Tu ad liberandum
08. Te Deum – 8. Tu devicto mortis aculeo
09. Te Deum – 9. Te ergo, quaesumus
10. Te Deum – 10. Aeterna fac
11. Te Deum – 11. Per singulos dies
12. Te Deum – 12. Dignare Domine
13. Te Deum – 13. In te Domine speravi
14. Super Flumina Babilonis – 1. Simphonie – 2. Super flumina
15. Super Flumina Babilonis – 3. In salicibus
16. Super Flumina Babilonis – 4. Quia illic interrogaverunt nos
17. Super Flumina Babilonis – 5. Hymnum cantate nobis
18. Super Flumina Babilonis – 6. Si oblitus fueri tui
19. Super Flumina Babilonis – 7. Adhaereat lingua mea
20. Super Flumina Babilonis – 8. Memor esto, Domine
21. Super Flumina Babilonis – 9. Filia Babilonis misera (soli)
22. Super Flumina Babilonis – 10. Filia Babilonis misera (chorus)
23. Confitebor Tibi Domine – 1. Simphonie – 2. Confiterbor
24. Confitebor Tibi Domine – 3. Magna opera Domini
25. Confitebor Tibi Domine – 4. Confessio et magnificentia
26. Confitebor Tibi Domine – 5. Memoriam fecit mirabilium
27. Confitebor Tibi Domine – 6. Memor erit in saeculum
28. Confitebor Tibi Domine – 7. Fidelia omnia mandata ejus
29. Confitebor Tibi Domine – 8. Redemptionem misit populo suo
30. Confitebor Tibi Domine – 9. Sanctum et terribile
31. Confitebor Tibi Domine – 10. Intellectus bonus
32. Confitebor Tibi Domine – 11. Gloria

3 Grands Motets
Michel Richard de Lalande
Les Arts Florissants, dir. William Christie – 2001

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Avicenna

Le Concert des Nations, dir. Jordi Savall; Manfredo Kraemer, Concertino: L’ Orchestre de Louis XIII (1601 – 1643) – 2002

L’ Orchestre de Louis XIII (1601 – 1643)

Partituras recolhidas por Mssr. Philidor, na época

Le Concert des Nations
dir. Jordi Savall

Manfredo Kraemer, Concertino

2002

Tanto em termos de formas como de cores musicais, a Orquestra de Luís XIII marca a transição entre dois grandes períodos: o fim do Renascimento e a entrada no Barroco. Estas músicas da corte com sabores populares, sempre imaginativos e coloridos, estão constantemente à procura de flexibilidade e graça, grandeza e elegância. Eles são os elementos característicos do estilo tipicamente francês que irradiarão toda a Europa até o final do século XVIII. (Jordi Savall)

Musice De L’Enfance Du Dauphin:
1. Pavane Pour La Petitte Guaire, Fait Pour Les Cornetz En 1601
2. Gaillarde, En Suitte
3. Muzette “Ma Mignone”
4. Pavane Fait Au Mariage De Mr. Vandosme En 1609
5. Branle En Faubourdon
6. Gaillarde En Suitte
Musiques Pour Le Sacre Du Roy Faites Le 17 Octobre 1610:
7. Pavane Pour Les Hautbois Fait Au Sacre Du Roy
8. 2e Air En Suitte
9. 3e Air En Suitte
Musiques Pour Le Mariage Du Roy Louis XIII Faites En 1615:
10. Pavane Du Mariage De Louis XIII
11. Bourée D’Avignonez (Philidor)
12. Ballet A Cheval Pour Le Grand Carousel. Joué Par Les Grands Hautbois
13. 2e Air En Suitte
14. 3e Air En Suitte
15. 4e Air En Suitte
Concert Donné A Louis XIII En 1627 Par Les 24 Viollons Et Les 12 Grands Hautbois
16. Les Ombres
17. 2e Air Pour Les Mesmes
18. Charivaris Pour Les Hautbois
19. Gavotte En Suitte
20. Les Suisses. Air Pour Les Viollons
21. Les Suissesses
22. Les Gacons
23. Entrée De Mr. De Liancourt
24. Les Vallets De La Faiste
25. Les Nimphes De La Grenouillere
26. Les Bergers
27. Les Ameriquains 27 de 36
Les Musiques Royales De 1643 À 1650:
28. Fanfare
29. Intrada – Gavotte – Sarabande
30. Charivaris Pour Les Hautbois 1648
31. Courante De La Reine D’Angleterre 1634
32. Gavotte
33. Fantaisie “Les Pleurs D’Orphée”
34. Libertas
35.  Sarabandes & Tambourin
36. “A L’Impero D’Amore” (Sarabande)

L’ Orchestre de Louis XIII (1601 – 1643) – 2002
Le Concert des Nations
dir. Jordi Savall

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Boa audição!

 

 

François Couperin (França, 1668 – 1733) – Leçons de ténèbres: Sandrine Piau, Véronique Gens, Les Talens Lyriques, dir. Christophe Rousset

François Couperin
França, 1668 – 1733

Leçons de ténèbres

Les Talens Lyriques
dir. Christophe Rousset

Sandrine Piau & Véronique Gens – sopranos

1997

5 DIAPASON 

Télèrama ffff

Classics Magazine – rated 10

Para aqueles que amam um soprano barroco fluido, etéreo, elegante, com dissonâncias e resoluções cuidadosamente preparadas e um som que é puro e bonito, esta versão é para você. Dois dos melhores sopranos a emergir da França nas últimas décadas, Véronique Gens e Sandrine Piau, juntaram-se ao experiente especialista musical Christophe Rousset e ao conjunto Les Talens Lyriques para cobrir Leçons de Ténèbres de François Couperin (1714) bem como três obras sagradas anteriores notáveis que não são de maneira alguma insolentes. Pensou que os textos dos Leçons descreveriam a destruição do templo de Jerusalém? Os escritos de Couperin, com voz perspicaz e persuasiva, projetam um catolicismo calmo e luxuriante e não enfatizam esse tema trágico,

Piau, com uma voz mais incomum e mais baixa que sua parceira, assume o primeiro Leçon. Gens, cuja versão extraordinária de “Nuits d’ete” de Hector Berlioz ficou na minha memória, leva a parte superior e a segunda Leçons. A conclusão da seção “Jerusalém” deste segundo Leçons, cantada por Gens, tem que ser nos destaques, graciosa e crescente. Ambas as sopranos se juntam para o 3º Leçons onde a capacidade de contraponto de Couperin está totalmente em exibição. Os executores sequenciaram os Leçons como normalmente são feitos, mas essa ordenação é feita para melhorar a coesão do conjunto e não com base em fontes históricas. De fato, vários Leçons de Couperin foram perdidos, então os três Leçons que chegaram até nós formam um fragmento. Isso pode ser ouvido musicalmente, pois a última seção do terceiro Leçons termina de forma inconclusiva, não como uma conclusão estruturada tradicional. Em contraste, a excelente versão dos Leçons no Erato liderada por Laurence Boulay reorganiza os três Leçons sem nenhum efeito negativo. Ouvir o Boulay também ressalta como os artistas deste disco conceberam e executaram seus Leçons como leves e elegantes. O continuo de Boulay é comparativamente ocupado, enquanto o Rousset usa um mínimo de notas, as linhas de soprano ao redor de um acompanhamento de órgão e baixo constante e relativamente simples. Eu também comparei o desempenho com o de William Christie e Les Arts Florissants e descobri que, embora os dois compartilhem uma abordagem semelhante, Gens e Piau injetam muito mais vida e emoção em sua interpretação, tornando-a preferível.

Dois Motets e o Magnificat, datados de estudiosos da década de 1680, representam um estilo barroco médio anterior, relacionado, mas diferente do dos Leçons que preenche o lançamento. Todos os três são lindos e valem a pena. Com uma apresentação de mais de 10 minutos, o Magnificat pode ser minha única faixa favorita aqui, mais viva e um pouco menos serena do que a outra música.

Este disco é exemplar e bonito. Eu suspeito que alguns ouvintes vão amá-lo absolutamente por seu efeito cumulativo arrebatador e exaltado. Ajudado por uma engenharia de som muito boa, é calorosamente recomendado. (ex-Amazon)

Leçons de ténèbres – 1997
Les Talens Lyriques
dir. Christophe Rousset
Sandrine Piau & Véronique Gens – sopranos

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Sandrine Piau

 

 

 

 

 

 

 

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François Couperin (França, 1668 – 1733): Concerts Royaux – Duas versões, duas visões.

François Couperin

Concert Royaux (pour 2 clavecins)

Laurence Boulay & Françoise Lengellé

1996

 

 

 

François Couperin

Concert Royaux

Robert Claire – flauta transversal
Davitt Moroney – cravo
Jaap ter Linden – viola (baixo)
Janet See – flauta transversal

1985

 

Seleção e texto do nosso amigo Eratosthenes. Convidei-o para fazer o texto dos 2 CDs que me enviara, temendo estar criando uma cobra em casa, pois ele mantém olhares lânguidos na minha doce Sandrine! Mas, enfim, alea jacta est!

..oOo..

Estes dois discos com música de François Couperin, os Concerts Royaux (Concertos Reais), nos oferecem a oportunidade de ouvir música de um período maravilhoso sob duas diferentes perspectivas. É como se olhássemos um colar de pequenas gemas sob diferentes luzes.

Couperin, assim como muitos dos compositores contemporâneos seus, era membro de uma família de músicos – compositores e intérpretes. Além disso, ele fez excelentes conexões com toda a comunidade de músicos de seu tempo, assim como com a aristocracia. Recebeu o apoio de Delalande, correspondeu-se com Bach e ganhou por vinte anos o privilégio de publicar música. É desse período, de 1713 a 1730, as publicações de suas Pieces de Clavecin, quatro coleções de peças para cravo, organizadas em suites, chamadas ordres. Faz parte dessas peças a Les Baricades mystérieuses e outras não menos famosas.

Voltando aos Concerts Royaux – coleção de quatro “concertos”, mas que têm o formato de suites: um prelúdio e uma sequência de danças, tais como allemande, sarabande, courante e assim por diante. O que distingue essa coleção das outras suites é explicado pelo próprio Couperin: “Estas peças são diferentes em natureza daquelas que já publiquei até agora. Elas são adequadas não apenas para o cravo, mas também para o violino, a flauta, o oboé, a viola e o fagote. Eu as compus para os pequenos concertos de câmara nos quais Louis XIV me fez tocar quase todos os domingos do ano. Essas peças eram tocadas pelos senhores Duval, Philidor, Alarius e Dubois. Eu tocava o cravo. Eu as arranjei pelas suas tonalidades e mantive os nomes pelas quais eram conhecidas na corte em 1714 e 1715.”

Essa prática de tocar a mesma música por diferentes instrumentos era comum neste período, como sabemos das sonatas de Handel, por exemplo.

O disco com a interpretação usando vários instrumentos é da tradicionalíssima Harmonia Mundi, ótimo selo para música antiga e barroca. Tem no seu time dois craques: Davitt Moroney ao cravo e Jaap ter Linden numa viola baixo (seja lá o que isso for).  O instrumento melódico é uma flauta, a cargo de Robert Claire, e em alguns movimentos é acompanhada também por uma segunda flauta, agora com a Janet See (de lindos concertos de Vivaldi, na mesma HM).

No outro disco, a música é interpretada por dois cravistas: Laurence Boulay e Françoise Lengellé. O selo Erato é garantia de excelente qualidade. A sonoridade dos cravos, tão singular nos nossos dias, é espandida com o uso dos dois instrumentos – uma festa para nossos ouvidos. Neste particular disco, não deixe de apreciar as três peças finais, que são das outras coleções. Eu gosto de maneira muito especial das duas musétes – de Choisi e de Taverni. Só os nomes dessa peças já desperta a nosssa curiosidade.

Entendo que a postagem já vai um pouco longa, mas queria salientar a elegância dessa música – o gesto musical – se é que você me entende, é fundamental. É música de um outro tempo, que transpira a gentileza, sobriedade, mas também contentamento e maturidade. Se você conseguir captar isso, ficarei feliz. Mas, se a música te levar ainda mais longe, que você experiencie ares de outras eras, então ficarei radiante. Não sei como você ouve música… Espero que não seja do tipo – deixo baixinho no fundo, enquanto leio, ela me acalma… Mas, sobre isso, em outra ocasião, outra postagem, caso haja! Enquanto isso, aumente o volume e deixe que os gestos desta música lhe transporte para outros tempos!

Aqui vai uma palhinha da Les Baricades mistérieuses (Sexième Ordre): 

Concert Royaux (pour 2 clavecins)
Laurence Boulay & Françoise Lengellé
01. Premier concert – Prélude, gravement
02. Premier concert – Allemande, légèrement
03. Premier concert – Sarabande, mesuré
04. Premier concert – Gavotte, notes égales et coulées
05. Premier concert – Gigue, légèrement
06. Premier concert – menuet en trio
07. Deuxième concert – Prélude
08. Deuxième concert – Allemande guguée, gayement
09. Deuxième concert – Air tendre
10. Deuxième concert – Air contrefugué, vivement
11. Deuxième concert – Echos, tendrement
12. Deuxième concert – Prélude, lentement
13. Deuxième concert – Allemande, légèrement
14. Deuxième concert – Corante
15. Deuxième concert – Sarabande, grave
16. Deuxième concert – Gavotte
17. Deuxième concert – Muzette, naïvement
18. Deuxième concert – Chaconne légère
19. Quatrième concert – Prélude, gravement
20. Quatrième concert – Allemande, légèrement
21. Quatrième concert – Courante françoise, galament
22. Quatrième concert – Courante à l’italienne, gayement
23. Quatrième concert – Sarabande, très tendrement
24. Quatrième concert – Rigaudon, légèrement et marqué
25. Quatrième concert – Foriane, rondeau, gayement
26. Neuvième ordre (2ième livre de pièces de clavecin, 1717) – Allemande à 2 clavecins
27. Quinzième ordre (3ième livre de pièces de clavecin, 1722) – Muséte de Choisi à 2 clavecins
28. Quinzième ordre (3ième livre de pièces de clavecin, 1722) – Muséte de Taverni à 2 clavecins
29. Quinzième ordre (3ième livre de pièces de clavecin, 1722) – Muséte de Taverni à 2 clavecins

Concert Royaux (pour 2 clavecins) – 1996
Laurence Boulay & Françoise Lengellé

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..oOo..

Concert Royaux

Robert Claire – flauta transversal
Davitt Moroney – cravo
Jaap ter Linden – viola (baixo)
Janet See – flauta transversal

01. Premier Concert: I. Prélude
02. Premier Concert: II. Allemande
03. Premier Concert: III. Sarabande
04. Premier Concert: IV. Gavotte
05. Premier Concert: V. Gigue
06. Premier Concert: VI. Menuet en trio (2 flûtes)
07. Second Concert: I. Prélude
08. Second Concert: II. Allemande Fuguée
09. Second Concert: III. Air Tendre
10. Second Concert: IV. Air contrefugué
11. Second Concert: V. Echos
12. Troisième Concert: I. Prélude (2 flûtes)
13. Troisième Concert: II. Allemande
14. Troisième Concert: III. Courante
15. Troisième Concert: IV. Sarabande grave (2 flûtes)
16. Troisième Concert: V. Gavotte
17. Troisième Concert: VI. Muzette
18. Troisième Concert: VII. Chaconne Legere
19. Quatrième Concert: I. Prélude
20. Quatrième Concert: II. Allemande
21. Quatrième Concert: III. Courante Françoise
22. Quatrième Concert: IV. Courante à l’italiéne
23. Quatrième Concert: V. Sarabande (2 flûtes)
24. Quatrième Concert: VI. Rigaudon
25. Quatrième Concert: VII. Forlane
 

Concert Royaux (pour 2 clavecins) – 1985
Robert Claire – flauta transversal
Davitt Moroney – cravo
Jaap ter Linden – viola (baixo)
Janet See – flauta transversal

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Segue também um retrato do François, feito enquanto ele pensava em mais uma muséte para o rei.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Seleção e texto – Eratosthenes
Lay-out & mouse operator – Avicenna

Boa audição!

 

Les Introuvables – Le baroque avant le baroque: 1937 – 1956

Les Introuvables

Le baroque avant le baroque

Um registro histórico do barroco francês
de 1937 a 1956

No início dos anos 2000 a gravadora EMI francesa resolveu lançar uma série de CDs com as primeiras gravações francesas que se conhecia. Contou com a colaboração do seu grande acervo e com o acervo de particulares, e lançou então a série “Les Introuvables”, que no entender dos scholars do PQPBach (vide aqui) significa “Os Inencontráveis”.

Lançou em 2006 um conjunto de 4 CDs chamado “Le baroque avant le baroque” que resume o ambiente, os anseios e as dificuldades de um pós-guerra. Considerando-se que as gravações aqui apresentadas foram remasterizadas de discos 78 rpm dos anos 30 e 40, havemos de dar um belo desconto para a qualidade do som obtido. Mas vale o excepcional registro histórico! Então, o que diz o encarte …

…ooOoo…

Os colecionadores de discos de uma safra mais recente podem achar difícil de acreditar, mas houve um tempo em que o barroco não existia. Existia na pintura e nas artes decorativas, mas não na música. Algumas das presenças musicais fortes e populares da atualidade mal haviam sido ouvidas. Rameau e Vivaldi pareciam tão distantes no tempo quanto Pérotin, e é pouco provável que tivessem alguma chance de reavivamento. Bach foi a exceção, mas Bach excede qualquer medida. Algo extraordinário aconteceu no bicentenário de sua morte, quando o Festival de Estrasburgo, um dos poucos que existiam na época, dedicou-lhe todo o programa: era como se o ar tivesse subitamente deixado entrar um vácuo. Bach ainda estava vivo? Sua música realmente valeu a pena ouvir? Os estudantes fizeram essa viagem em junho de 1950. Eles voltaram iluminados, espalhando as boas novas. Sim, Bach estava realmente vivo, em boa saúde, bem. Mas – demorou muito para as gravadoras acordarem – não era mais “música antiga” para tudo isso. 

CD 1
Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687)
1. Te Deum pour soli, double choeur et orchestre 1. Symphonie
2. Te Deum pour soli, double choeur et orchestre 2. Patrem Immensae Majestatis
3. Te Deum pour soli, double choeur et orchestre 3. Tu Ad Dexteram Dei Sdes
4. Te Deum pour soli, double choeur et orchestre 4. Salvum Fac Populum Tuum
5. Te Deum pour soli, double choeur et orchestre 5. Dignare Domine
6. Te Deum pour soli, double choeur et orchestre 6. In Te Domine Speravi
Ensemble Vocal de Paris
Nouvel Orchestre de Chambre de Paris
dir. Pierre Capdeville
1953

Marc-Antonie Charpentier (França, 1643-1704)
7. Messe de minuit 1. Kyrie
8. Messe de minuit 2. Gloria
9. Messe de minuit 3. Credo
10. Messe de minuit 4. Offertoire
11. Messe de minuit 5. Sanctus
12. Messe de minuit 6. Agnus Dei
Ensemble Vocal de Paris
Orchestre de la Société de Musique de Chambre de Paris
dir. André Jouve
1954

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…ooOoo…

Wanda Landowska tinha adquirido uma reputação como missionária, embora também como excêntrica, além da moda, além das maneiras, já tocando Bach, Couperin e Scarlatti por meio século em um instrumento tão anacrônico quanto um dinossauro: o cravo, que ela havia reconstruído para ser mais sonoro, mais metálico e mais barulhento do que qualquer instrumento original, porque ela tocava para platéias acostumadas com os níveis sonoros da Steinway e da orquestra wagneriana. Quem teria se importado com o que a música de outra época poderia ter soado no momento em que foi escrita? É impossível se colocar no lugar de um ouvinte de período em qualquer caso: você teria que recuperar uma inocência de ouvido e memória, acordar como outra pessoa. Se as óperas de Rameau fossem redescobertas, de que outra forma que com o ouvido de um Saint-Saëns, que o salvou editando seus trabalhos para publicação? O único Handel que era conhecido (ou menos realizado) consistia em um punhado de belas árias, em tradução, publicadas por Hettich, claramente para as blue-stockings [mulheres intelectuais da época] cantarem. Havia alguns 78s de cantores de ópera (com uma pitada da gloriosa escola do oratório inglês, como Clara Butt e Louise Kirkby-Lunn), nem muito diferente do italiano arie antiche de Carissimi e Durante, destinado ao mesmo público gentil. Ocorreu a ninguém que Handel poderia ter sido desgrenhado, frenético ou cantado por castrati.

CD 2
Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726)
De Profundis, psaume CXXIX pour soli, choeur et orchestre
1. De Profundis Clamavi
2. Fiant Aures Tuae Intendentes
3. Si Iniquitates Oservaveris
4. Quia Apud Te Propititato
5. Sustinuit Anima Mea
6. Sustinuit Anima Mea
7. A Custodia Matutina
8. Quia Apud Dominum Misericordia
9. Et Ipse Redimet Israel – Requiem Aeternam
Chorale Des Jeunesses Musicales de France
Orchestre de l’Association de Concerts Pasdeloup
dir. Louis Martini
1947

Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704)
Miserere des Jésuites (psaume L) à 6 voix, H.193
10. Miserere
11. Amplius Lava Me
12. Ecce Enim In Iniquitatibus
13. Asperges Me
14. Averte Faciem Tuam
15. No Projicias Me
16. Libera Me
17. Sacrificium Deo
Chorale Des Jeunesses Musicales de France
Orchestre de l’Association de Concerts Pasdeloup
dir. Louis Martini
1956

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…ooOoo…

As gravações já existiam, Wanda Landowska sendo a primeira a explorar seu repertório. Mas o fato de que as suítes de violoncelo de Bach deviam sua ressurreição a Casals (e os Céus sabem que ele as trouxe à vida) justificava interpretá-las grandes e vibrantes para sempre, como Casals. E ninguém teria obrigado Kathleen Ferrier a criticar a autenticidade quando ela começou a gravar árias de Bach ou mesmo de Handel (este último com acompanhamento de piano). Dificilmente havia uma questão de patrimônio nacional a ser clamado. O mundo em 1950 achou difícil sobreviver à guerra e alimentar os famintos. A França não sonhava em ressuscitar os músicos de Versalhes. Preservar, aquecer e restaurar o castelo e seus móveis já era bastante difícil.

Mas para Pathé-Marconi era uma missão. Coros amadores e estudantes começaram a trabalhar, sem subsídio ou patrocínio. Seu público não era o das grandes salas de concerto parisienses (muito burguesas na época), mas sim o das províncias, cultivadas e curiosas, mais ávidas por novas experiências do que se poderia pensar. Das gravações, eles saberiam da existência de Michel-Richard de Lalande, o primeiro grande achado. Depois dele, pouco a pouco, Marc-Antoine Charpentier, Campra e Lully deixariam de ser apenas nomes no vasto cenotáfio [memorial fúnebre erguido para homenagear alguma pessoa ou grupo de pessoas cujos restos mortais estão em outro local ou estão em local desconhecido] que na época era a música francesa antes de Berlioz.

CD 3
André Campra (França, 1660-1744)
Les Femmes
1. Dans Un Desert Inaccessible
2. Oh! Qu’un désert inaccessible
3. Oh! Qu’un Coeur Est Malheureux!
4. Il Serait La Nuit
5. Je Dors De Mes Reves
6. Que Les Amants Dans Leurs Chaines
Quintette de l’Ille de France
dir. Félix Raugel
1952

Marc-Antonie Charpentier (França, 1643-1704)
Médée (extraits)
7. Prologue/Symphonie/Air De La Victoire Et Choeur: Le Bruit Des Tambours Et Trompettes/Duo: Voir Nos Moutons
8. Acte I, Scene 3: Air De Jason: Que Je Serais Heureux Si J’etais Moins Aime
9. Acte III, Scene 5: Noires Filles Du Styx/Médée/Air Avec Choeur: L’enfer Obeit A Ta Voix/La Jalousie/Aire De Médée
10. Air De Creon: Noires Divinites
11. Acte V: Prelude/Choeur Des Corinthiens: Ah, Funeste Revers, Fortune Impitoyable/Mort De Creuse
Ensemble Vocal et Instrumental
dir. Nadia Boulanger
1952

Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764)
12. Castor et Pollux (Prologue) – Menuet: Naissez, Dons De Flore
13. Hippolyte et Aricie (Acte V) – Ariette: Rossignols Amoureux, Repondez A Mes Voix
14. Dardanus (Acte III) – Air: O Jour Affreux
15. Les Indes Galantes – Air Avec Choeur: Clair Flambeau Du Monde
16. Hippolyte et Aricie (Acte V) – O Disgrâce Cruelle
17. Les Fêtes d’Hébé (Prologue) – Duo: Volons Sur Les Bords De La Seine
18. Acanthe et Céphise – Entracte (Instr.)
19. Platé (Prologue) – Air: Chantons Bacchus
Ensemble Vocal et Instrumental
dir. Nadia Boulanger
1952

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…ooOoo…

Nossa universidade, quando éramos estudantes em Paris, tinha uma biblioteca de discos, embora muito modesta. Nós íamos lá tarde da noite, dois ou três de nós, e ouvíamos repetidas vezes os oito ou dez lados daquele primeiro, marcante De Profundis. Não nos revelava um período de música mas sim uma sensibilidade, algo impregnado de ternura e bem polido, sem a exuberância vocal da Itália ou a reticência da Inglaterra. Quia apud Dominum misericordia ficava radiante com a qualidade da misericórdia, o Sustinuit, cantado pela apropriadamente chamada Martha Angelici, com a fé luminosa que move as montanhas. Bach também, tão raramente ouvido na sala de concertos, também foi encontrado em nosso refúgio santo. Foi lá que descobrimos as coisas boas que satisfizeram a ansiedade em Esurientes de Hélène Bouvier, a ira vingativa de Jouatte no Deposuit e a maciez inefável de Noguera chamando o bom ladrão ao Paraíso no Actus Tragicus, com a voz de Yvonne Melchior lhe respondendo das profundezas.

Essas coisas foram melhoradas desde então, isso é certo. Mas nunca mais essa música será tão preenchida com o fervor militante de artistas que não tinham certeza de que eram dignos, mas certos de que um milagre estava ocorrendo. Os ouvintes mais jovens encontrarão inúmeras falhas e faltas nessas primeiras explorações, mas sua atitude não deve ser a de Beckmesser com seu quadro-negro. Não havia música barroca na época. Havia apenas músicas “antigas”, cobertas com uma enorme quantidade de poeira. Sem esses pioneiros, teria a Bela Adormecida jamais acordado? E além do Charpentier pioneiro já familiar a alguns colecionadores veteranos, há a alegria adicional de Bach – obviamente pré-barroco de Nadia Boulanger, obviamente, e outra pedra fundamental: uma cantata inteira que poderia ter sido considerada perdida, na qual ela é cercada por seu grupo de artistas e alunos. É autêntico? A grande Miss Boulanger não se importaria nem um pouco. Sua única preocupação era com o eterno, e é aí que ela nos leva. (André Tubeuf, do encarte)

CD 4

Johann Sebastian Bach (Alemanha, 1685-1750)
Magnificat en ré majeur BWV 243
1. Magnificat Anima Mea
2. Et Exsultavit
3. Qui Respexit
4. Omnes Generationes
5. Quia Fecit Mihi
6. Et Misericordia
7. Fecit Potentiam
8. Deposuit
9. Esurientes
10. Suscepit Israel
11. Sicut Locutus Est
12. Gloria
Orchestre Symphonique et Chorale de l’Université de Paris
dir. Jean Gitton
1948

Cantate – Actus Tragicus BWV 106
13. Sonatina (Instr.)
14. Gottes Zeit Ist Die Allerbeste Zeit
15. Ach Herr!…Bestelle Dein Haus
16. In Deine Hande, Befehl’ich Meinen Geist
17. Glorie, Lob, Ehr’und Herrlichkeit

Les Chanteurs de Saint-Eustache
Ensemble Instrumental
dir. R.P. (Révérend Père) Emile Martin
1950

Cantate ‘Christ lag in Todesbanden BWV 4, Martin Luther
18. Sinfonia
19. Choeur: Christ Lag In Todesbanden
20. Duo: Den Tod
21. Aria: Jesus Christus, Unser Gottes
22. Choeur: Es War Ein Wunderlicher Krieg
23. Aria: Hier Ist Das Rechte Osterlamm
24. Aria: So Feiern Wir Das Hohe Fest
25. Choral: Wir Essen Und Leben Wohl
Ensemble Vocal et Instrumental
dir. Nadia Boulanger
1937

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Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Suite Les Paladins, comédie lyrique

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Suite Les Paladins, comédie lyrique

Apesar da presença de Gustav Leonhardt, este CD é inferior (pouca coisa) ao de Rousset, postado ontem. Na verdade, o problema não é Leonhardt nem a Orchestra Of The Age Of Enlightenment, é que o repertório escolhido por Rousset era muito matador. Este é mais um CD excelente, daqueles que o pessoal que ama os barrocos vai ter que ouvir. Rameau foi um monstro, Leonhardt idem.

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Suite Les Paladins, comédie lyrique

1 Ouverture très vite 3:42
2 Menuet lent 1:41
3 Air gay 1:55
4 Entrée des Pèlerins 4:02
5 Loure 3:10
6 Pantomime 2:28
7 Air de furie 2:08
8 Sarabande 3:12
9 Menuet en rondeau 1 & 2 5:40
10 Entrée très gaye des Troubadours 2:42
11 Air très gay 1:47
12 Gavotte 0:30
13 Menuet 0:56
14 Contredanse (en rondeau) 1:12
15 Entrée des Chinois 2:33
16 Loure 3:32
17 Gigue vive 3:23
18 Air vif 1:42
19 Premiere gavotte gaye – deuxieme gavotte 2:39
20 Air très gay 4:22
21 Entrée des Paladines et ensuite Paladins 3:12
22 Air pour les Pagodes 3:07
23 Gavotte 1 & 2 2:13
24 Contredanse en rondeau 1:58

Orchestra Of The Age Of Enlightenment
Gustav Leonhardt

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O genial Gustav Leonhardt poucos meses antes de falecer
O genial Gustav Leonhardt poucos meses antes de falecer

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