Esprit d’Arménie – Armenian Spirit – Jordi Savall

Esprit d’Arménie – Armenian Spirit – Jordi Savall

ALBUM23z-aaPoucos músicos me impressionam tanto quanto Jordi Savall: sua extensa discografia parece não ter pontos baixos, e, mesmo quando ele flerta com tradições musicais distantes de suas praias gambísticas, barrocas e clássicas, os resultados são sensacionais.

Neste “Espírito da Armênia”, Savall mergulha na rica tradição musical de uma das mais antigas nações do mundo. A pequenina Armênia de hoje é apenas uma fração da Armênia histórica (que inclui partes da Turquia, Síria e Irã), e há mais armênios espalhados pelo mundo do que na combalida república rodeada de inimigos históricos. Seja nessa vasta diáspora que se seguiu ao horror do genocídio perpetrado por forças otomanas, ou no minúsculo e montanhoso país encravado no Cáucaso, a sobrevivência da cultura armênia é um impressionante caso de resiliência.

O sagrado Monte Ararat, visto da capital Yerevan. Símbolo onipresente da Armênia, da mitologia ao brasão de armas, ergue-se de forma imponente e melancólica desde... o território da arqui-inimiga Turquia (foto do autor)
O sagrado Monte Ararat, visto da capital Yerevan. Símbolo onipresente da Armênia, da mitologia ao brasão de armas, ergue-se de forma imponente e melancólica desde… o território da arqui-inimiga Turquia (foto do autor)

A viela de Savall e os demais instrumentos do Hespèrion XXI harmonizam lindamente com suas contrapartes armênias, entre as quais destacam-se a zurna (instrumento de sopro de palheta dupla, semelhante a um oboé), o kamancheh (com três cordas de seda tocadas com arco) e, particularmente, o duduk, também de palheta dupla – uma palheta enorme, aliás – e belíssimo timbre pungente. Se vocês se lembram da abertura de “A Última Tentação de Cristo” de Martin Scorsese e do mesmerizante instrumento solista, então já escutaram um duduk.

A musicalidade de Savall, mais uma vez, dá amálgama a uma combinação improvável que, sob mãos menos sensíveis, daria chabu. O resultado é uma gravação poderosa e, graças às fartas doses de duduk, cala fundo no ouvinte.

Como tudo o que o catalão toca vira ouro, espero que desfrutem, amigos, mais este pomo de seu toque de Midas.

ESPRIT D’ARMÉNIE – ARMENIAN SPIRIT
JORDI SAVALL

1 – Menk kadj tohmi (duduk, vielas, kamantcha, percussão)
2 – Akna krunk (duduks)
3 – Kani vur djan im (rabeca, duduk, viela e percussão)
4 – Chant et Danse (duduk e percussão)
5 – O’h intsh anush (vielas, duduk e percussão)
6 – Matshkal (duduks)
7 – Dun en glkhen (kamantcha)
8 – Garun a (vielas, duduk, percussão)
9 – Chants de mariage (duduks, kamantcha e percussão)
10 – Al aylukhs (duduk, kamantcha, vielas e percussão)
11 – Plainte: en sarer (duduks)
12 – Azat astvatsn & Ter kedzo (viela e percussão)
13 – Sirt im sasani (duduks)
14 – Hayastan yerkir (viola, duduk e órgão)
15 – Hey djan (duduks)
16 – Hov arek (duduk, vielas, percussão)
17 – Lamento : sev mut amper (duduks)

Haig Sarikouyoumdjian e Georgi Minassyan, duduks
Gaguik Mouradian, kamantcha
Hespèrion XXI
Jordi Savall, viela, viola e regência

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Mestres do duduk a gillespiar
Mestres do duduk, que, pelo jeito, não se toca – se gillespia!

Vassily Genrikhovich

.: interlúdio :. Jan Garbarek / The Hilliard Ensemble: Officium Novum

.: interlúdio :. Jan Garbarek / The Hilliard Ensemble: Officium Novum

Terceiro álbum de uma das combinações de som mais curiosas da música atual: a do saxofonista norueguês Jan Garbarek mais o principal grupo vocal da Grã-Bretanha, The Hilliard Ensemble. O primeiro álbum, Officium, vendeu cerca de 1 milhão de cópias, e foi um dos 20 álbuns clássicos / jazz mais vendidos da primeira década deste século. O saxofone de Garbarek faz uma “quinta voz livre”. O Hilliard é especialista em música sacra barroca e pré-barroca. Com Garbarek, o conjunto não perde seu estilo, mas ganha em alcance musical e emocional. Neste CD, eles vão mais a Oriente. O foco central é a música da Armênia com base em adaptações de Komitas Vardapet, baseando-se tanto na música sacra medieval quanto na tradição do Cáucaso. O Hilliard estudou essas peças durante visitas à Armênia e suas características encoraja alguns voos apaixonados de Garbarek. Também estão incluídas Most Holy Mother Of God de Arvo Pärt em uma leitura a cappella, cantos bizantinos, duas peças de Jan Garbarek, incluindo uma nova versão de We are the stars, além do Alleluia, Nativitas de Perotin. Sou indiferente ao disco, mas tem gente que fica louca por ele.

Jan Garbarek / The Hilliard Ensemble: Officium Novum

01 – Ov zarmanali [Komitas] 04:11
02 – Svjete tihij [Byzantine chant] 04:14
03 – Allting finns [Jan Garbarek] 04:18
04 – Litany 13:06
05 – Surb, surb [Komitas] 06:40
06 – Most Holy Mother of God [Arvo Pärt] 04:34
07 – Tres morillas m’enamoran [Spanish anonymous] 03:32
08 – Sirt im sasani [Komitas] 04:06
09 – Hays hark nviranats ukhti [Komitas] 06:25
10 – Alleluia. Nativitas [Pérotin] 05:20
11 – We are the stars [Jan Garbarek] 04:09
12 – Nur ein Weniges noch [Giorgos Seferis] 00:19 Read By – Bruno Ganz 0:19

Jan Garbarek (sax soprano e tenor)
The Hilliard Ensemble (David James, contra-tenor, Rogers Covey-Crump, tenor, Steven Harrold, tenor, Gordon Jones, barítono)

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Não sabemos se deus os salvará.
Não sabemos se deus os salvará.

PQP