In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 8 de 11: Volumes 20, 27, 30 & 35 (Música Popular Brasileira, Radamés Gnattali, Brazílio Itiberê & Valsas Brasileiras)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a oitava das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |   X   |   XI

A relativa linearidade da trajetória de Arthur como estudante e pianista de concerto – da juventude no Rio nos anos 40 e 50, passando pelos períodos formativos em Paris e Moscou nos 60, até a década de 70, vivida mormente em turnês com bases em Viena e Barcelona – até que tornou fácil minha tarefa de contar suas muitas proezas ao longo das sete postagens anteriores. Como se diz nas conversas de boteco:

– Até aqui, tudo bem.

O que, sim, me tirou o sono desde que comecei essa série foi a perspectiva de ter que lhes explicar como um multilaureado pianista de concerto, que praticamente tinha cosidas a si a casaca e a gravata-borboleta, mergulhou num mundo povoado por chorões e bardos nordestinos, fardado da inseparável jaqueta de couro de alce finlandês, que usou quase até a desintegração completa.

Ei-la.

Esse longo arco, que começou com o horror de uma mestra – Lúcia Branco, mortificada com o conjunto “Filhos da Pauta”, que tinha Arthur como pianeiro e seus colegas de Colégio Militar a animarem aniversários com boleros e sambas-canção -, terminou com o muxoxo de outro mestre: Rudolf Kehrer, um ardente fã do ex-pupilo que, não obstante, fez saber através de amigos em comum da decepção com os rumos que sua carreira tomara.

Foto totalmente fora de contexto, mas não perderíamos a oportunidade de compartilhar esse registro maravilhoso de Arthurzinho e Nelsim tocando a quatro mãos e, parece, num concurso de semblante mais blasé.

Não que Arthur se importasse: morando na Europa e exasperado pela rotina de turnês, contemplou longamente a ideia de dar um cavalo de pau na sua vida. Sua guinada foi catalisada pela morte precoce de um grande amigo, Cláudio Mauriz, seu colega no Liceu Francês e ex-goleiro do Santos Futebol Clube, que mal conseguira rever entre as andanças de ambos pelo globo. De que lhe valiam suas conquistas, pensava, se não conseguia estar perto dos que mais lhe importavam? Enfim decidira: não só voltaria ao Brasil, como também começaria, aos poucos, a deixar a doideira da rotina de concertista internacional para embarcar em outras doideiras.

E põe doideira nisso.

Em pouco tempo, enquanto colhia sucessos plantados com a jaqueta de alce e a calçar mocassins, já tinha que se defender assim da previsível chuva de tomates críticos:

O músico não pode ficar restrito a um instrumento, a um gênero musical. Ele tem de errar. Tem de ensaiar, tentar atingir novos universos. O essencial não é brilhar, mas tentar e fazer”

Não faltaram tentativas, e a elas – tomates à parte – tampouco faltou brilho. Arthur estreou no choro em grandíssimo estilo, com o Época de Ouro, conjunto fundado por seu ídolo, Jacob do Bandolim. Mario de Aratanha, fundador da Kuarup Discos, assim nos conta em suas notas ao LP “Chorando Baixinho”:

O envolvimento de Arthur Moreira Lima com a música popular carioca foi gradual, e partiu de seu amor pelo choro e de seus antológicos álbuns dedicados a Ernesto Nazareth. O sucesso que se seguiu levou Albino Pinheiro [um dos fundadores da Banda de Ipanema] a convidá-lo para o famoso Seis e Meia, em setembro de 77. Lá, no [Teatro] João Caetano, Arthur tocou pela primeira vez com um regional: duas músicas com o conjunto do Dadinho, que ele mesmo havia trazido de Santos para a Praça Tiradentes.

Em maio de 78, recém chegado da Europa, Arthur topou fazer seu primeiro show só de música popular, ao lado do conjunto Galo Preto, reforçado na época pelo [violão de] 7 cordas de Raphael Rabello, o Rafa. Foi no MAM do Rio, sob a direção do Paulo Moura, quando ele lançou o Choro de Mãe do Wagner Tiso, tocou Tom e Luizinho Eça, e ‘chorou’ à vontade durante cinco noites. Numa esticada na Churrascaria Jardim, Arthur desabafou seu grande sonho: tocar com os maiores cobrões do choro:

– Imagina eu tocando com o Abel Ferreira? E com o Copinha? E o Época de Ouro em peso lá atrás, com o Dino na baixaria? Hein? Hein? – e voltou a atacar uma nova fatia de maminha de alcatra.

[…]  E tudo deu certo. Além de Abel, Copinha e o Época de Ouro, chamou-se o Zé da Velha. No último momento, o Ronaldo do Época de Ouro ficou com hepatite, e o Jorginho então chamou o Joel Nascimento para os solos de bandolim. O Airton Barbosa reuniu o pessoal na casa da Maliza, tia do Arthur, na Avenida Atlântica, e os ensaios viraram roda de choro em volta do piano de sarau. Foi um espetáculo só […] E o sonho virou disco.”

Treinado, dir-se-ia adestrado, desde os tempos de calças curtas a seguir estritamente a música depositada em pautas, Arthur via-se compelido a reinventar-se fora delas, tanto para acompanhar músicos que nunca as precisaram seguir, como para também improvisar com eles. Nesse afã de encontrar um caminho do meio entre a música posta em papel e ouvida em teatros e tudo o mais que havia fora deles, ele soube exatamente a quem recorrer.

Radamés Gnattali, um dos músicos brasileiros mais versáteis de todos os tempos, era dotado duma capacidade única de transitar entre universos e de aproximá-los, com harmonia e orquestração refinadíssimas, de forma sofisticada e inovadora. Tremendo pianista, que Arthur sempre colocou na lista dos maiores que conheceu, Gnattali tivera planos de se tornar concertista, mas foi premido a ganhar o pão como operário da Música. Despendeu décadas como maestro, pianista e prolífico arranjador para rádio e televisão e mostrou que o samba e o choro podiam ser material de música de concerto cheia de verve e elegância.

Para aquela traiçoeira navegação por universos musicais ditos dicotômicos não poderia haver farol melhor. O veterano, por sua vez, ao ver achegar-se aquele virtuose que conhecia desde menino e se enfadara com a vida que ele sonhara para si mesmo, viu a oportunidade de realizar através dele muito do melhor que imaginou para o piano. Sabendo do imenso amor do ex-moscovita por Noel Rosa (ele chegou a declarar ao Pasquim que, se fosse mulher e vivesse no tempo dele, estariam feitos), dedicou-lhe um concerto baseado em seus temas favoritos do mestre de Vila Isabel, que já lhes oferecemos aqui. A morte de Radamés, em 1988, reviveu em Arthur os sentimentos de orfandade que tanto lhe marcaram a infância. Crendo firmemente que jamais fora grato o bastante ao falecido, e sabedor do quão rapidamente o Brasil esquecia seus gênios, teve urgência em lhe fazer um tributo. Em tempo recorde, sob os auspícios da então pujante Varig, viria a público a homenagem ao demiurgo recém-chegado ao céu:

O improvável encontro com Marcus Pereira, que levou à gravação dos álbuns nazarethianos e todos seus desdobramentos, levaria a outro, ainda menos plausível. Dessa vez, foi Marcus quem fez as honras e lhe apresentou o bardo Elomar, o raríssimo combo de músico, poeta e criador de bodes de quem, obviamente, tornou-se instantaneamente amigo. Logo no primeiro encontro, Elomar – doravante “Bodão”, que era como todos amigos o chamavam – assegurou ao pianista que sua música não tinha “nada dessa suvaqueira de bossa nova”. E não tinha mesmo: Arthur achou-a quase medieval e teve a sacada de acompanhá-la ao cravo, que tomou emprestado ao cravista e luthier Roberto de Regina. Não tardou para a parceria, que tantos diriam esdrúxula como siri com Toddy, virasse show e álbum:

Arthur e Bodão planejavam algo ainda maior e, antes que pudessem acionar seu mentor, viram-se devastados pela morte de Marcus Pereira. Enquanto secavam o choro, uniram-se a dois outros virtuoses – Paulo Moura e Heraldo do Monte – e lançaram seu tributo a Marcus na forma do ConSertão, que virou show e também um álbum que vocês já ouviram aqui no PQP.

 

Arthur é ótimo; o que estraga são os amigos.

Se até críticos que normalmente o reverenciavam, como José Tinhorão, autor do aforismo acima, torciam o nariz ao verem o Arthur de Jaqueta Velha a tocar “André de Sapato Novo“, que diriam aqueles que desde sempre o desancaram? Mesmo alguns fãs rezavam segundo o adágio corrente, o de que Arthur era tão só um ex-pianista que buscara refúgio no ecletismo para disfarçar sua incapacidade de atender aos rigores do pianismo de concerto.

Deixarei que o defenda Luis Fernando Veríssimo, que assim escreveu para o álbum-tributo a Radamés Gnattali:


O eclético, coitado, seria o cara obrigado a se diminuir, dispersando o seu talento. A versatilidade seria a marca da concessão, da rendição ao mercado, do abandono da seriedade. Mesmo os que não são ecléticos por necessidade, mas por gosto, sofrem com este tipo de preconceito. Uma produção musical muito abrangente – segundo o preconceito – só é feita com o sacrificio do rigor que separa o verdadeiro artista do menos verdadeiro. Incrivelmente, o academicismo brasileiro ainda não decidiu se Villa-Lobos, por ter experimentado tanto com formas populares, foi um grande compositor ou apenas um bom gigolô do exótico. Nunca se ouviu discussão parecida sobre o que Béla Bartók fez com o folclore da terra dele. Até o Arthur Moreira Lima é discutido. Haveria algo de errado, de não muito respeitável, com tanta abertura para tantas formas de prazer musical. No Brasil, depois de dizer ‘eclético’ você precisa acrescentar: ‘no bom sentido. Para ficar claro que é elogio.”

Não que nosso eclético herói, que sempre sonhou grande, se importasse com isso. Pelo contrário: adotou com orgulho o epíteto cunhado por Verissimo e, como bom gigolô do exótico, foi mostrar sua surrada jaqueta de alce para as massas.

 


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 20: CLÁSSICOS FAVORITOS IV/MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

José Gomes “ZEQUINHA” DE ABREU (1880-1935)
1 – Tico-Tico no Fubá

Eduardo José Alves SOUTO (1882-1942)
2- O Despertar da Montanha

Alfredo da Rocha Vianna Filho, dito PIXINGUINHA (1897-1973)
3 – Lamento
4 – Carinhoso

Antônio Carlos “TOM” Brasileiro de Almeida JOBIM (1927-1994)
5 – Luiza

Laércio de FREITAS (1941-2024)
6 – Teclas e Dedos

Francisco “CHICO” BUARQUE DE HOLLANDA (1944)
Marcus VINÍCIUS da Cruz de Mello MORAES (1913-1980)
7 – Valsinha

ARISTIDES Manuel BORGES (1884-1946)
8 – Subindo ao Céu

EROTIDES Jonas de CAMPOS Neves (1896-1945)
9 – Ave Maria

Joaquim Antônio da Silva CALLADO (1848-1880)
10 – Flor Amorosa

Henrique Alves de MESQUITA (1830-1906)
11 – La Brésilienne

Francisca Edviges Neves “CHIQUINHA” GONZAGA (1847-1935)
12 – Gaúcho

Paulo MOURA (1932-2010)
13 – Mão Esquerda

Heraldo do MONTE (1935)
14 – Chuva Morna

Arthur Moreira Lima, piano

Faixas 1, 6, 7 & 9:
Gravações: American Institute of Music, Nova York, Estados Unidos, 1984.
Produção e engenharia de som: Judith Sherman
Coordenação geral: Jay K. Hoffman
Coordenação da produção: Manuel Luiz da Silva
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Faixas 2, 8 & 10-14:
Gravações: Sala Cecília Meirelles, Rio de Janeiro, Brasil, 1980 e 1982
Piano: Steinway & Sons, Nova York

Faixa 3:
Gravação: Multistudios, Rio de Janeiro, Brasil, 1983.
Piano: Steinway & Sons, Nova York.

Faixas 4 & 5:
Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998.
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


 

Volume 27: RADAMÉS GNATTALI

Radamés GNATTALI (1906-1988)

1 – Uma Rosa para o Pixinguinha

Oito Estudos em Ritmo de Choro
2 – Alma Brasileira
3 – Noturno (com Joel Nascimento, bandolim)
4 – Capoeirando
5 – Duas Contas (com Zeca Assumpção, contrabaixo)
6 – Encontro com a Saudade (com Zeca Assumpção, contrabaixo)
7 – Guriatan de Coqueiro
8 – Por Quê?
9 – Nova Ilusão

10 – Homenagem A Ernesto Nazareth
11 – Canhoto
12 – Vaidosa nº 1

Brasiliana nº 8 para dois pianos
13 – Schottisch
14 – Valsa
15 – Choro

Arthur Moreira Lima, piano
(nas faixas 13-15, Arthur toca as partes dos dois pianos)

Gravação: Master Studios, Rio de Janeiro, Brasil, janeiro de 1989.
Produção musical: João Pedro Borges

Engenheiro de som: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão)
Técnicos de gravação: Mario Roberto Doria Possollo (Leco) e Luiz Felipe (Mequinho)
Afinação, regulagem e afinação dos Pianos: Olivio Valarini
Edição musical: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão) e João Pedro Borges
Supervisão do projeto: Lúcio Ricardo Marques da Silva
Idealização, direção artística e produção executiva: Arthur Moreira Lima
Coordenação da produção: Manuel Luis da Silva
Pianos: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Volume 30: HINO NACIONAL BRASILEIRO/BRAZÍLIO ITIBERÊ

BRASÍLIO ITIBERÊ da Cunha (1846-1913)

01 – A Sertaneja, Fantasia Característica, Op. 15
02 – Poème d’Amour, Fantaisie, Op. 22
03 – Étude de Concert d’Après C.P.E. Bach
04 – Caprices à La Mazurka, Op. 32 nº 3
05 –  Une Larme, Méditation, Op. 19
06 – Grande Mazurka de Salão, Op. 41
07 – A Serrana, Fantasia Característica
08 –  La Dahabieh (La Gondole du Nil), Barcarolle de la Suite “Nuits Orientales”, Op. 27

Louis Moreau GOTTSCHALK (1829-1869)

09 – Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, para piano

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Teatro Álvaro de Carvalho, Florianópolis, Brasil, 1995
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Engenheiro de Som: Carlos Eduardo de Andrade (Carlão)
Idealização do projeto: Rafael Greca de Macedo
Direção artística e produção executiva: Arthur Moreira Lima
Produção musical e supervisão da gravação: Rosana Martins Moreira Lima
Supervisão do projeto: Geraldo Pougy de Rezende Martins
Coordenação da produção: Manuel Luis da Silva
Edição e masterização: Estúdio Visom (Rio de Janeiro) por Rosana Martins Moreira Lima e Rodrigo Lopes
Masterização final: Estúdio Mondo di Cromo (São Paulo) por Luiz Ferreira e Vanderlei Quintino

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
A edição original deste álbum já fora disponibilizada aqui pelo colega Bisnaga.


 

Volume 35: CLÁSSICOS FAVORITOS VIII – VALSAS BRASILEIRAS

Zequinha de Abreu
Arranjo de Arthur Moreira Lima

1 – Branca

Alberto MARINO (1902-1967)
Arranjo de Laércio de Freitas

2 – Rapaziada do Brás

Ernesto Júlio de NAZARETH (1863-1934)

3 – Epônina

Gravação: St. Philip’s Church, Londres, Reino Unido, 1998.
Engenharia de som: Peter Nicholls
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo, 1998.

Francisco MIGNONE (1897-1986)

Doze Valsas de Esquina, para piano

4 – Nº 1 em Dó menor: Soturno e seresteiro
5 – Nº 2 em Mi bemol menor: Lento e mavioso
6 –  Nº 3 em Lá menor: Com entusiasmo
7 – Nº 4 em Si bemol menor: Vagaroso e seresteiro
8 – Nº 5 em Mi menor: Cantando, e com naturalidade
9 – Nº 6 em Fá sustenido menor: Tempo de valsa movimentada
10 – Nº 7 em Sol menor: Moderadamente
11 –  Nº 8 em Dó sustenido menor: Tempo de valsa caipira
12 – Nº 9 em Lá bemol menor: Andantino mosso
13 – Nº 10 em Si menor: Lento, romântico e contemplativo
14 – Nº 11 em Ré menor: Moderato
15 – Nº 12 em Fá menor: Moderato – Vivo

Gravação: Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro, Brasil, julho de 1980 (valsas nos. 1, 2, 7, 8 & 12) & janeiro de 1982
Engenheiro de gravação e edição: Carlos Fontenelle
Assessoria acústica: Américo Brito
Produção musical: João Pedro Borges
Assistência da direção: Janine Houard
Assistência da gravação: Homero Moraes
Assistência da produção: Heloisa Freire, Paulo Barbosa e Grace Elizabeth
Produção executiva e direção geral: Mario de Aratanha

Arthur Moreira Lima, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
A gravação das Valsas de Esquina já aparecera no blog nesta publicação do colega Pleyel.


“8ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele abordou os seguintes tópicos: LP “Com licença”, e os shows de lançamento por várias cidades do Brasil; LP “De Repente”; sua amizade com Adolpho Bloch o programa de TV “Um toque de classe”, que ele apresentou na Manchete; sua ligação com Raphael Rabello; o show “O pescador de pérolas”, com Ney Matogrosso; os 3 discos de Villa-Lobos, de 1988; suas gravações que ele gosta reouvir; as diferenças entre as gravações de Ernesto Nazareth que ele fez em 1975 e 1982; as diferenças entre gravar um disco e tocar um recital ao vivo; os 8 Estudos em ritmo de choro, de Radamés Gnattali, que ele gravou no final da década de 1980″

Já coletou sua pérola pianística brasileira diária no Instituto Piano Brasileiro? Então vai lá e aproveita para se tornar um seu apoiador.

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952. Eis o meia-esquerda Orlando de Azevedo Viana, o Orlando Pingo de Ouro (1923-2004).

Vassily

Música na Corte Brasileira – Vol. 5 de 5: A Ópera no Antigo Teatro Imperial (Acervo PQPBach)

2cik8dyMúsica na Corte Brasileira – Vol. 5
A Ópera no Antigo Teatro Imperial
1965

 

O panorama da Ópera no Brasil, apreciado neste momento, mostra que até o presente não houve um desenvolvimento real do gênero mas apenas desdobramento processado em épocas bem próximas e que, na atualidade, é posssível reconhecer que teve repercussão positiva com relação à música vocal. O século XIX foi o momento de sua maior expansão, tendo o Rio de Janeiro como cenário. Houve naturalmente uma fase obscura de preparação revelada nas chamadas CASAS DE ÓPERA que, no século XVIII, se espalharam pelas principais cidades brasileiras, sendo que no Rio de Janeiro funcionou o Teatro do Padre Ventura, levando à cena óperas italianas e sobretudo as do brasileiro Antonio José da Silva, cognominado o Judeu.

Marcam-se dois períodos no mesmo século: o primeiro de 1808 a 1831 aproximadamente, o segundo entre 1857 e 1864.

O primeiro período foi conseqüente à vinda da Corte portuguêsa para o Brasil. Nesse momento a vida musical recebeu impulso renovador e a Ópera contou com casa própria, o Real Teatro de S. João, edificado no local em que hoje se ergue o Teatro João Caetano.

A ópera dessa época, de autoria de portuguêses e possivelmente de brasileiros, tinha libreto em português e, quando do repertório italiano, texto traduzido.

Os nomes que aparecem são os do Padre José Maurício Nunes Garcia, Marcos e Simão Portugal, Bernardo José de Souza Queiroz, Luiz Inácio Pereira, Damião Barbosa de Araújo, Eleutério Feliciano de Sena, Pedro Teixeira Seixas, Sigismond Neukomm e o do próprio Príncipe D. Pedro.

Os acontecimentos políticos, que forçaram D. João VI a se retirar do Brasil e logo em seguida a abdicação de D. Pedro I, atingiram naturalmente a vida artística, escapando, no entanto, a Ópera, que sempre contou com a predileção do público.

Com pequena diferença de 26 anos, verificou-se o segundo movimento em torno da Ópera. Um grupo de idealistas do qual faziam parte o Marquês de Abrantes, o Visconde de Uruguai, o Barão de Pilar, Francisco Manuel da Silva, Manuel de Araujo Porto-Alegre, Dionísio Vega, Isidoro Bevilacqua, Joaquim Gianini seguindo a iniciativa do espanhol Dom José Amat, fundou no Rio de Janeiro, em marco dc 1857, a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. Nesse momento o Rio de Janeiro conheceu um dos maiores movimentos em prol da Arte e dos artistas nacionais. Verificou-se realmente um surto de nacionalismo que incentivou os artistas jovens e deu ao Brasil o seu maior representante no gênero – Carlos Gomes.

Período 1808 – 1831: Teatro Imperial
Marcos Antonio Portugal da Fonseca, abreviado para Marcos Portugal (Lisboa, 24/3/1762 – Rio de Janeiro, 7/2/1830). Aluno de Borselli. Acompanhador da Ópera de Madri (1782), Mestre de Capela na Corte portuguêsa (1797); no Brasil, Mestre da Capela Real desde 1811, Diretor artístico do Teatro S. João e Inspetor das Diversões Públicas. Autor de 40 óperas, além de música de circunstâncias, operetas e obras sacras. Da obra de Marcos Portugal existem partituras no Brasil (Biblioteca da Escola Nacional de Música), entre as quais a da ópera-bufa O Basculho, literalmente O Basculho da Chaminé, levada à cena em Lisboa em 1894, em Veneza, na tradução italiana Lo Spazzacamino Principe, em 1795, e em Petersburgo em 1797.

Com justica, Marcos Portugal é considerado o maior músico português nos domínios da Ópera.

Bernardo José de Souza Queiroz ( …… – …. ) Poucas informações acompanham o seu nome e daí a impossibilidade de saber qual a sua nacionalidade. Iza de Queiroz Santos o coloca entre os compositorcs portugueses, enquanto Ernesto Vieira (“Dicionário Biográfico de Músicos Portuguêses”) o considera brasileiro, já militando no Rio de Janeiro quando aí se estabeleceu a Corte portuguêsa, em 1808.

Periodo 1857 – 1864: Ópera Nacional
Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, 31/7/1831 – 12/7/1906). Primeiro diplomado em composição e o primeiro a alcançar o “Prêmio de Viagem à Europa” pelo Conservatório do Rio de Janeiro. Estudou em Paris com F. Bazin. Foi professor de instrumentos de bocal e órgão do mesmo estabelecimento de ensino (Conservatório do Rio de Janeiro). Autor de obras cênicas: Noivado em Paquetá, Estrêla do Brasil, O Vagabundo. Preocupavam-no as características nacionais que na peça para piano Batuque realizou de maneira deveras interessante.

Antônio Carlos Gomes (Campinas, 11/7/1836 – Belém, 16/9/1896). Em relação ao Padre José Maurício Nunes Garcia é o segundo grande músico brasileiro. No entanto, apesar das qualidades excepcionais do padre, Carlos Gomes representa para o Brasil o seu primeiro compositor de projeção mundial. Ambos figuras representativas de épocas, não tiveram continuadores até este momento. A posição de Carlos Gomes no cenário da Música Brasileira tem a mais alta significação: pela situação criada em sua época, pela posição que ocupa na atualidade como representante único da Ópera no Brasil, pela influência que exerceu nos músicos seus contemporâneos e mesmo nos que vieram depois. Carlos Gomes, que alcançou a consagração da platéia italiana com a ópera O Guarani, que atingiu o ponto mais alto de sua carreira com a Fosca, estreou na Ópera Nacional com A Noite do Castelo, apresentando logo em seguida Joana de Flandres, cantada a 15 de setembro de 1863, no Teatro Lírico Fluminense.
Helza Camêu (da Academia Brasileira de Música) (extraído da contra-capa do LP)

Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
01. Ópera bufa “O Basculho da Chaminé” – Abertura
02. Ópera bufa “O Basculho da Chaminé” – Dueto Rosina e Pierotto

Bernardo José de Souza Queiroz (Séc. XIX)
03. Ópera “Os Doidos Fingidos por Amor” – Abertura
04. Ópera “Os Doidos Fingidos por Amor” – Ária de Cacilda

Henrique Alves de Mesquita (1838-1906)
05. Ópera “O Vagabundo” – Abertura
06. Ópera “O Vagabundo” – Cena e dueto: Traído, Esquecido

Antonio Carlos Gomes (1836-1906)
07. Ópera “Joana de Flandres” – Ária de Raul

Música na Corte Brasileira – Vol. 5 de 5: A Ópera no Antigo Teatro Imperial – 1965
Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino

Selo Angel/Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre

LP digitalizado por Avicenna.

memoriaBAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 320 kbps – 82,3 MB – 39,2 min
powered by iTunes 9.1

 

 

 

 

Boa audição.

french mammoth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Música na Corte Brasileira – Vol. 4 de 5: Na Corte de D. Pedro II (Acervo PQPBach)

mua%cc%83a%cc%8asica-na-corte-brasileira-vol-4_-na-corte-de-d-pedro-iiMúsica na Corte Brasileira – Vol. 4
Na Corte de D. Pedro II
1965

 

O período de incertezas e agitação política, em que transcorreram a menoridade do Imperador-menino, D. Pedro II, e a sua mocidade, foi desfavorável à música nas suas expressões próprias. Ocorreu, então, um longo hiato, preenchido somente pelo movimento operístico, com a vinda assídua de companhias italianas. D. Pedro II, filho de musicistas, fez estudos musicais muito menos acurados do que os de seus pais. Ainda assim, criou condições para a formação de personalidades como Carlos Gomes e Pedro Américo. Assistia aos espetáculos de ópera e aos Concertos dos Clubes Mozart e Beethoven, que fazia questão de prestigiar.

Elias Álvares Lobo (1834-1901), paulista de Itu, é autor da primeira ópera composta e representada no Brasil. O libreto é de José de Alencar: A Noite de São João. Os festejos tradicionais cearenses que tinham inspirado o patriarca de nosso romance, análogos àqueles que ocorriam no interior de S. Paulo, inspiraram a primeira manifestação do nosso regionalismo no terreno da ópera. Foi representada no Rio de Janeiro (14-12-1860), e repetida seis vêzes, sob a regência do seu co-provinciano Carlos Gomes, dois anos mais môço que ele. A seguir, escreveu a ópera em 4 atos A Louca, sôbre libreto do Dr. Antonio Aquiles de Miranda Varejão. Não conseguindo levá-la à cena, vítima de maquinações insidiosas, renunciou à carreira de operista. A Abertura de A Louca é de extrema singeleza de recursos expressivos.

Nesse periodo a personalidade que se afirmou com maior relêvo foi a de Henrique Alves de Mesquita (1838-1906), compositor carioca, pistonista notável, que estudou em Paris com Francois Bazin e lá fez executar a Abertura Étoile du Brésil e a opereta Noivado em Paquetá, ali representada com o título de Une nuit au château. O seu maior êxito foi, porém, com O Vagabundo, a mais forte dentre as óperas de autores brasileiros anteriores às que Carlos Gomes escreveu a partir de O Guarani. A Abertura de A Noite no Castelo é a da antiga Noivado em Paquetá. Não confundir esta peça com a ópera juvenil de Carlos Gomes Noite do Castelo.

Pedro Teixeira de Seixas, mais conhecido por Pedro Teixeira, português, autor duma Missa em Mi Bemol ou “da Coroação“, é considerado pelo Visconde de Taunay “artista de mérito”, assinalou-se pela sua contribuição para o abastardamento da música sacra entre nós. Escreve dele Taunay: “Pedro Teixeira / …… /foi o principal propulsor da reforma da música sagrada, e o que ousou mais amplamente dramatizar os trênos sagrados, e converter a pedra d’ara dos altares no pavimento do hipocênio, onde se compassam as voluptuosas melodias da ópera italiana” … Pedro Teixeira foi proclamado o reformador da música, o homem do gosto moderno, e todos os artistas o foram imitando. Tínhamos, nas grandes festas, missa do Barbeiro, da Pêga Ladra, de Aureliano, da Cenerentola e da Italiana em Argel … No entanto, como escreve o alemão Bd. Theodor Boesch, eram aquí excelentes os bailados e dignos dos palcos da Europa. A Abertura do bailado Triunfo do Amor, de Pedro Teixeira, é bem de “ballet” pelos seus giros de índole coreográfica.

A Abertura A Castanheira, atribuída a Luiz Inácio Pereira, músico português, leve e de certa graciosidade devido ao caráter popular do seu tema, levanta o problema da autoria, já que entre os 15 entrementes, burletas e farsas portuguêsas de Marcos Portugal existe uma A Castanheira. A partitura, porém, menciona Luiz Inácio Pereira.

Eleutério Feliciano de Sena é anunciado como Mestre de Música, no Rio de Janeiro, no período entre 1855 e 1867. Eml 14-3-1848, publica um Hino em Aplauso do Faustosíssimo Dia do Aniversário Natalício de S. M. a Imperatriz do Brasil, com letra de Possidônio Antônio Alves. De sua autoria êste Andante Para Grande Orquestra.

A vinda ao Brasil de Louis Moreau Gottschalk (1829-1869), em 1869, ano em que aqui faleceu, teve consequências importantes para a evolução do teor operístico de nossa música. Brilhantíssimo virtuoso (a peroração da sua celebérrima Grande Fantasia Triunfal Sôbre o Hino Nacional Brasileiro foi incorporada por lsidor Philipp ao seu tratado das oitavas), os seus programas de concertos eram constituídos de obras de sua autoria, do gênero “salão”, porém, encerrando dificuldades técnicas, principalmente na parte da mão direita. Quase nenhum pianista trouxera ao nosso público, fanatizado pela ópera, a antiga música barroca dos tempos que findaram com a morte de José Maurício; e nem Beethoven, nem Schumann ou Chopin. Gottschalk fascinou incomparavelmente. Foram, porém, as suas peças “características” que despertaram o interêsse dos nossos compositores. Gottschalk, nascido em Nova Orleans, era norte-americano sulista, portanto de região de influência africana, além de espanhola e da do clima tropical. Daí as afinidades com os que aqui buscavam os elementos de caracterização da nossa música própria. Le Banjo, Esquisse Américaine, op. 15 (assim descrito no programa de 1-9-1869: “Nesta peça o autor procura imitar os bailes crioulos das fazendas norte-americanas e o instrumento com que êles se acompanham“) foi de efeito fulminante, e está longinquamente na raiz de numerosas “danças negras” compostas no Brasil.

Bamboula, Danse de Nègres (ou Bâmbola), op. 2, ainda teve alcanse mais direto para a nossa linguagem pianística. Certas das fórmulas que ali aparecem terão influído até em Ernesto Nazareth, nos seus tangos brasileiros e nas suas valsas, estas muito afins com as de Gottschalk.

Típico de costumes sociais da época é este Exulta, Oh Brasil, de Savério Mercadante (Altamura, Bari, 1795 – Napoles, 1870). Melodramático bastante prezado no seu tempo, autor de 60 óperas, e cuja La Vestale terá tido (apud Fernando Lopes Graça) alguma influência sobre o jovem Verdi, contra quem manifestou progressivo ressentimento, Mercadante escreveu esta peça com intenção manifestadamente laudatória.
Andrade Muricy, da Academia Brasileira de Música, 1965 (extraído da contra-capa do LP)

Elias Álvares Lôbo (1834-1901)
01. Abertura da ópera “A Louca”
Henrique Alves de Mesquita (1838-1906)
02. Abertura da ópera “A Noite no Castelo”
Pedro Teixeira de Seixas (?-1832)
03. Abertura do ballet “O Triunfo do Amor”
Luiz Inácio Pereira (Séc. XIX)
04. Abertura da ópera “A Castanheira”
Eleutério Feliciano de Senna (Séc. XIX)
05. Andante para Grande Orquestra
Louis Moreau Gottschalk (1829-1869)
06. Le Banjo, Esquisse Américaine, op. 15
07. Bamboula, Danse de Nègres, op. 2

Savério Mercadante (1795-1870)
08. Exulta, Oh Brasil

Música na Corte Brasileira, Vol. 4 de 5: Na Corte de D. Pedro II – 1965
Collegium Musicum da Rádio M.E.C. Maestrina Julieta Strutt & Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino

Piano: Honorina Silva; Tenor: Mário Cesar Oliveira; Soprano: Ermelinda CoutoSelo Angel/Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre

LP digitalizado por Avicenna.

memoriaBAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 320 kbps – 80,5 MB – 38,4 min
powered by iTunes 9.1

 

 

 

 

Boa audição.

bebum geral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Banda de Música, de ontem e de sempre (3 LPs) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Fonogramas espetaculosamente enviados pelo professor musicólogo Paulo Castagna.

Minha infância está repleta de momentos felizes nos quais havia a presença de uma banda dessas de coreto. E talvez por isso eu deseje tão intensamente dividir com vocês esta beleza de LP triplo enviado pelo professor Paulo Castagna.

Nascido em Limeira que sou, cidade do interior de São Paulo que ainda se dá ao gosto de manter duas bandas marciais que se revezam todo domingo na praça Toledo de Barros, a principal da cidade, eu cresci tendo o imenso prazer de ouvir as retretas musicais naquele lugar, numa infância que poderia usar como citação o trecho da música de Braguinha: “todo domingo havia banda no coreto do jardim” (de o gato na tuba). E como eram verdadeiras delícias essas matinas dominicais! E ainda são: quando volto para minha terra natal, (cada vez com menor frequência), gosto muito de ainda vê-las, pois as duas corporações musicais da cidade ainda continuam firmes, uma octogenária, outra sesquicentenária. O mais bonito é a cena típica de uma cidade do interior que, apesar de seus 300 mil habitantes, insiste em manter nesse ambiente aprazível e aconchegante. Ainda que a praça esteja hoje cercada de edifícios de muitos andares, ela vive! E vive mais quando tem banda: as crianças brincam, correm atrás das pombas, casais de namorados se encontram, há por vezes casais de idosos que arriscam uns passos quando a banda toca uma valsa, tem pipoqueiro e algodão-doce, tem música, tem aplausos, tem alegria e confraternização entre pessoas que às vezes nem se conhecem. E tem muita, muita música. A praça, aos domingos de manhã ainda é a sala de visitas, talvez o salão de festas, da cidade!

.o0o.

Espero que este meu depoimento pessoal tenha atiçado a vontade de vocês de ouvirem um pouco mais das músicas de bandas marciais. Este álbum é especialíssimo, pois traz 34 obras de 24 autores, que vão dos mais eruditos, compositores de música de concerto, até populares.

O primeiro LP dedica-se a peças eruditas compostas ou arranjadas para banda de medalhões da nossa música, como Carlos Gomes e Francisco Braga, ao mesmo tempo em que apresenta a influência de compositores populares da virada do século, autores de lundus e choros, caso de Anacleto de Medeiros e Henrique Alves de Mesquita, evidenciando as mudanças que estavam ocorrendo na música brasileira de então.

O segundo disco apresenta composições com elementos populares bem estabelecidos, como valsas, sambas, marchas-ranchos, schottiches, de caras como o próprio Anacleto de Medeiros, que faz a ponte com o ambiente do primeiro LP, e Pixinguinha, Donga, Sinhô, Ernesto Nazareth, Bento Mossurunga, Radamés Gnattali, terminando com o clássico dos clássicos “A Banda“, de Chico Buarque (que é um dos autores que debutam hoje aqui no PQPBach).

O último volume arremata com composições feitas especificamente para bandas de coreto, num belo trabalho de recuperação da obra de muitos autores de grande qualidade, mas que ficaram desconhecidos do grande público, em grande parte dos casos por terem dedicado suas vidas a reger e compor para as corporações musicais que comandavam. Temos aí Bernardino Joaquim de Nazareth, Augusto Nunes Coelho, José Agostinho da Fonseca, José Selaysim de Souza, Cândido Lira, Eudóxio de Oliveira Coutinho, Benedicto Silva, Antônio de Freitas Toledo, e o Mestre Vavá (Osvaldo Pinto Barbosa), responsável pelos arranjos desta pequena coleção.

É lindo! Ouça, ouça! Deleite-se!

Coreto da Praça Carlos Gomes, em Campinas (SP)

Banda de Música
de ontem e de sempre

LP01
Antônio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
01. Hino Triunfal a Camões
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
02. Pavilhão Brasileiro
João Elias da Cunha (Niterói, RJ, 18?? – 1918)
03. Hino do Estado do Rio de Janeiro
Francisco Braga (Rio de Janeiro, 15 de abril de 1868 – 1945)
04. Episódio Sinfônico
05. Hino à Bandeira
Cincinato Ferreira de Souza (São Luís, MA, 1868 – Belém, PA, 1959)
06. Artística Paraense (abertura)
Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, RJ, 1830 – 1906)
07. Os Beijos-de-Frade (lundu)
Isidoro Castro Assumpção (Vigia, PA, 1858 – Belém, PA, 1925)
08. Saudades de minha Terra (dobrado)
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
09. Marcha Fúnebre N.2
Anônimo
10. Coração Santo (marcha de procissão)

LP02
Joaquim Antonio Naegele (Cantagalo, RJ, 1899 – Rio de Janeiro, RJ, 1986)
01. Ouro Negro (dobrado)
Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos – Rio de Janeiro, RJ 1890 – 1974), David Nasser (Jaú, SP, 1917 – Rio de Janeiro, RJ, 1980)
02. Quando uma estrela sorri
Francisco Braga (Rio de Janeiro, 15 de abril de 1868 – 1945)
03, Saudades (valsa)
Ernesto Nazareth (Rio de Janeiro, RJ 1863 – 1934)
04. Saudades e saudades (marcha)
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
05. Louco amor (schottisch)
Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Jr. – Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1973)
06. Saudade (marcha-rancho)
Anacleto de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ 1866 – 1907)
07. Araribóia (dobrado)
Bento Mossurunga (Castro, PR, 1879 – Curitiba, PR, 1970)
08. Bela Morena (valsa)
Sinhô (José Barbosa da Silva – Rio de Janeiro, RJ,1888 – 1930)
09. Resposta à inveja (marcha-rancho)
Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Jr. – Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1973)
10. Esquecida (polca-marcha)
Radamés Gnattali (Porto Alegre, RS, 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
11. Abolição (dobrado)
Chico Buarque (Rio de Janeiro, RJ, 1944)
12. A Banda (marcha-rancho)

LP03
Anônimo
01. Silvino Rodrigues (dobrado)
02. Havaneira (polca)
Bernardino Joaquim de Nazareth (Guarani, MG, 1860-1937)
03. Biza (valsa)
Augusto Nunes Coelho (Guanhães, MG, c1890 – 19??)
04. Saudades do Cauê (dobrado)
José Selaysim de Souza
05. Saudade de Abadia (valsa)
José Agostinho da Fonseca (Manaus, AM, 1886 – Santarém, PA, 1945)
06. Almofadinha (maxixe)
Anônimo
07. Cateretê
Cândido Lira (Pernambuco, 18?? – 19??)
08. Os domingos no poço (quadrilha)
Eudóxio de Oliveira Coutinho
09. Antônio (valsa)
Benedicto Silva
10. José e Ritinha brincando (polca)
Osvaldo Pinto Barbosa, Vavá (Guarabira, PB, 1933)
11. Riso no frevo (frevo)
Antônio de Freitas Toledo
12. Depois da valsa (dobrado)

A banda:
Alexandre Areal, Clarinete
Daniel Wellington de Araújo, Trompa
Dimas José Ribeiro, Tuba
Fernando Henrique Machado, Saxofone Barítono
Gedeão Lopes de Oliveira, Trompete
Gedeão Silva, Saxofone Alto
Gerino Zuza de Oliveira, Trompete
Isabela Sekeff Coutinho, Clarinete
Johnson Joanesburg Anchieta Machado, Saxofone Tenor
José Antônio da Silva Nascimento, Bombardino
José da Silveira Vilar “Pedrinho”, Caixa
José de Oliveira Monte Amado, Pratos
Marco Salvador Salustiano Donato, Bumbo
Nivaldo Francisco de Souza, Flautim
Paulo Roberto da Silva, Trombone
Raimundo Martins, Trompa
Ricardo José Dourado Freire, Clarinete
Roberto Crispim da Silva, Trompa
Luiz Gonzaga Carneiro, Regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC
LP01 (255Mb), LP02 (252Mb) , LP03 e encartes (283Mb)
MP3
LP01 (138Mb), LP02 (141Mb) , LP03 e encartes (173Mb)

Partituras e outros que tais? Clique aqui
Bisnaga

Um tríptico para o bandolim (3) (.:Interlúdio:.): Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741), Pixinguinha (1897-1973) e mais uma turma [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Terceiro álbum do tríptico: agora é Choro!

E não é que, nessa correria, eu passei batido pelo dia 1º de dezembro, data em que completei dois anos de PQPBach…

Bom, então vamos comemorar, ainda que atrasados, essa data tão cara à minha pessoa.

Sim! O Bandolim português, chegou ao Brasil e, claro, mudou de tamanho, de forma, e foi cooptado pela música popular. Surgiu o Choro, o internacionalmente conhecido Brazilian Jazz. E que criações saíram de mentes brilhantes como os chorões! Nesse álbum temos peças organizadas e várias delas arranjadas por Radamés Gnattali, estrela da postagem abaixo. Radamés ainda faz a ponte entre a música popular e a erudita, colocando um grupo de chorões para executar um concerto vivaldiano, um dos compositores mais importantes do instrumento avô do bandolim.

Teremos, após uma elegante introdução com Vivaldi, um álbum dominado por outro gênio: Pixinguinha, acompanhado de uma constelação de outros nomes de peso: Benedicto Lacerda, Anacleto de Medeiros e Henrique Alves de Mesquita. E esta junção de compositores separados por tanto tempo (quase 300 anos) e um oceano todo de distância não é mera casualidade ou gosto do maestro Gnattali que ordenou essas obras: há a ponte entre as linhas melódicas, os contrapontos e os contracantos do Padre Ruivo com as obras dos autores brasileiros: semelhanças estruturas são percebidas e ainda mais evidenciadas pela utilização do mesmo grupo de instrumentos. Genial!

Na execução, o próprio Radamés no piano e  o cravo, o bandolinista Joel Nascimento (a grande estrela da noite, solista do álbum abaixo também), acompanhados pela preciosa Camerata Carioca. Bom, é um álbum editado pela Funarte. É daqueles em que é muito difícil de errar: é cultura brasileira da mais alta qualidade!

Ouça! Derreta-se! Vibre! Deleite-se!

Vivaldi e Pixinguinha
por Radamés Gnattali, Joel Nascimento e Camerata Carioca.

01. Concerto Grosso, op.3, nº11 (I. Allegro, II. Largo, III. Allegro) – Antonio Lucio Vivaldi
02. Carinhoso – Pixinguinha / João de Barro
03. Ingênuo – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
04. Vou vivendo – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
05. Jubileu – Anacleto de Medeiros
06. Batuque – Henrique Alves de Mesquita
07. Marreco quer água – Pixinguinha
08. Devagar e sempre – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
09. Tapa Buraco – Pixinguinha
10. Um a Zero – Pixinguinha / Benedicto Lacerda

Radamés, Gnattali, piano e cravo
Joel Nascimento, bandolim
Camerata Carioca
Curitiba, Teatro Guaíra, 1980

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE:

FLAC  encartes em 5.0Mpixel (180Mb)
MP3  encartes em 5.0Mpixel (92Mb)

Partituras e outros que tais? Clique aqui

POR FAVOR… NÃO ESQUEÇA DE ESCREVER UMAS LETRINHAS. Não se esqueça de mim…

Momento cuti-cuti: criança toca o mandolino tradicional americano.
Há que se treinar desde cedo.

Bisnaga