Ouvindo este CD, a gente tem a impressão de que está vendo um filme de época, da Inglaterra do século XVII. Nada é muito brilhante, mas nada é totalmente ruim. Ah, mas tem Purcell! Bem, ele e sua alta qualidade aparecem por 1min11… O restante do tempo fica para compositores mais ou menos. No começo de cada faixa, vemos a entrada ou a presença da realeza… O CD funciona como uma vitrine de compositores ingleses e italianos pouco conhecidos que trabalharam em Londres. The Parley of Instruments faz um trabalho maravilhoso como sempre, só que é difícil salvar o barco das águas do Tâmisa.
Baltzar / Blow / Croft / Eccles / Keller / Matteis / Purcell: Purcell´s London – Consort Music in England from Charles II to Queen Anne (The Parley of Instruments)
1 Sonata No.1 In D
Composed By – Godfrey Keller
5:12
2 Divisions On A Ground In D Minor
Composed By – Nicola Matteis
3:54
3 Pavan And Galliard In C
Composed By – Thomas Baltzar
6:12
4 Chaconne A 4 In G
Composed By – John Blow
4:35
5 Symphony For Mercury From The Judgment Of Paris
Composed By – John Eccles
6:08
6 Sonata In D ‘Con Concertino’
Composed By – Anonymous
6:50
7 Suite From The Play “The Twin Rivals”
Composed By – William Croft
16:16
8 Cibell In C
Composed By – Henry Purcell
1:11
Um disco maravilhoso. Belas canções anônimas interpretadas magnificamente pelo Huelgas-Ensemble. Ouvi, ouvi e ouvi e foi difícil de passar para o próximo CD.
O Huelgas é um grupo belga de música antiga formado pelo maestro flamengo Paul Van Nevel em 1971. A atuação do grupo e sua extensa discografia se concentram na polifonia renascentista . O nome do conjunto refere-se a um manuscrito de música polifônica, o Codex Las Huelgas. Van Nevel é conhecido por seu estilo de executar muitas peças com os cantores e ele mesmo em um grande círculo, girando, tanto em apresentações ao vivo ou em gravações ao redor do microfone pairando acima, no centro.
Ouçam, ouçam, ouçam!
O Cieco Mondo: The Italian Lauda, c.1400-1700 (Huelgas-Ensemble)
1 Volgi Gli Ochi, O Madre Pia 5:24
2 Ave Corpus Vere Natum 2:34
3 Dolor Pianto 5:05
4 Ave Maria Stella 2:51
5 Io Ti Lascio 5:43
6 Signor Pe La Tua Fe 4:01
7 Helas Me Celes 3:16
8 Chi C’Insegna Ov’e Gesu? Nell’ Arrivare Alla Chiesa 7:13
9 O Cieco Mondo 5:43
10 Chi Vol Seguir La Guerra 2:28
11 Che Bella Vit’ha’l Mond’Un Villanello 3:09
Repostagem com novos links, agregando no arquivo o encarte completo (540 páginas), compartilhado pelo ilustre João Ferreira. Valeu, João!
Postagem marcando o retorno do Bisnaga, depois de quase dois anos sem postar
Eita! Jordi Savall e seu toque de Midas…
E como fazer de uma longa história de opressão e sofrimento uma coisa bela?
Savall já vem há alguns anos trabalhando com temas de música mais antiga e mais periférica para os domínios europeus: música cipriota, música armênia… Aqui o maestro e violista catalão avança pelo universo da África e o que a une à Europa e à América: infelizmente, a escravidão… Seguindo o rastro da maior imigração forçada da história, coleta aqui e ali relatos, leis, decretos, mostrando a visão oficial, e canções, ritmos e danças, apresentando o outro lado, o da resistência dos negros levados às colônias de todo o continente americano, episódio terrível da nossa história e da história de tantos povos desses três continentes ligados pela escravidão…
De um lado, o álbum trata dos horrores da escravidão:
Uma das grandes coisas que se vêm hoje no mundo, e nós pelo costume de cada dia não admiramos, é a transmigração imensa de gentes e nações etíopes, que da África continuamente estão passando a esta América. (…) Já se, depois de chegados, olharmos para estes miseráveis, e para os que se chamam seus senhores, o que se viu nos dois estados de Jó é o que aqui representa a fortuna, pondo juntas a felicidade e a miséria no mesmo teatro. Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os, como deuses; os senhores em pé, apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás, como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da extrema miséria. Oh! Deus! quantas graças devemos à fé que nos destes, porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista destas desigualdades, reconheçamos, contudo, vossa justiça e providência. Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem, como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que os domina, tão triste, tão inimiga, tão cruel?(Padre Antonio Vieira – Sermão Vigésimo Sétimo – trecho que é recitado, reduzido, na faixa 10)
… Do outro, a beleza que reside justamente na resistência (e talvez aqui esteja uma parte da resposta), na insistência dos povos africanos transplantados para as Américas e aqui misturados em suas etnias e credos, de celebrar a vida, de zombar dos patrões, de cantar a sua crença ou as crenças que forçosamente aprendeu. O álbum então se enche das misturas, das festas e das danças dos negros que chegaram aqui e dos que ficaram no continente natal, num envolvente colorido musical, tão bem lapidado e acabado, como era de se esperar das produções dirigidas pelo velho Savall.
É uma produção de vulto, patrocinada pela UNESCO: um verdadeiro livro multilígue de 540 páginas em francês, inglês, castelhano, catalão, alemão e italiano (eu escaneei os dados gerais e a parte em castelhano para vocês, já que não há texto em português, por ser a língua mais próxima da nossa e a Espanha ser o segundo país que mais acessa o PQPBach – ainda assim, deu 105 páginas!). Possui um DVD com filmagem do concerto e 2 CDs com os mesmos áudios (disponibilizo aqui os CDs). O encarte ainda traz, além das letras das músicas, pequenos artigos sobre o trabalho forçado escritos por antropólogos e sociólogos, uma cronologia do trabalho escravo no mundo e um Índice Global da Escravidão em 2016 da UNESCO. Informações ricas, importantes e chocantes sobre a realidade da servidão.
O resultado é grande, abrangente e muito equilibrado, com pesquisadores, musicólogos e músicos de França, Mali, Madagascar, México, Colômbia, Brasil (uhú!), Argentina, Venezuela e Espanha. O som é riquíssimo, como é a cultura africana, redondo: há um discurso muito bem alinhavado e coerente de cada récita para cada música. Enfim, um material de grandissíssima qualidade, que leva inexoravelmente o selo de IM-PER-DÍ-VEL !!!
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Um teaser do álbum, pra vocês terem uma ideia:
Les Routes de l’Esclavage As Rotas da Escravidão
Aristóteles (Estagira, Grécia, 384 a.C. – Cálcis, Grécia, 322 a.C.)
01. Recitado: 400 a.C. L’humanité est divisée en deux: Les maîtres et les esclaves. Anônimo (Portugal)
02. Recitado: 1444. La 1ère cargaison africaine, avec 235 esclaves, arrive à l’Algarve Tradicional (Mali)
03. Djonya (Introduction) Kassé Mady Diabaté voix Mateo Flecha, el Viejo (Prades, Espanha, 1481 – Poblet, Espanha, 1553) / Tradicional (México), Son jarocho
04. La Negrina / Gugurumbé Tradicional (Brasil – rec. por Lazir Sinval)
05. Vida ao Jongo (Jongo da Serrinha) Fernando II de Aragão (Aragão, 1452 – Granada, 1516)
06. Recitado: 1505. Le roi Ferdinand le Catholique écrit une lettre à Nicolas de Ovando Juan Gutierrez de Padilla (Málaga, Espanha, 1590 – Puebla, México, 1665)
07. Tambalagumbá (Negrilla à 6 v. et bc.) Tradicional (Colômbia)
08. Velo que bonito (ou San Antonio) Tradicional (Mali), canto griote
09. Manden Mandinkadenou Padre Antônio Vieira (Lisboa, Portugal, 1608 – Salvador, BA – 1697)
10. Recitado: 1620. Les premiers esclaves africains arrivent dans les colonies anglaises. Sermões, 1661. Tradicional (Brasil – rec. por Erivan Araújo)
11. Canto de Guerreiro (Caboclinho paraibano) Tradicional (Mali)
12. Kouroukanfouga (instr.) Richard Ligon (1585?-1662)
13. Recitado: 1657. Les musiques des esclaves. Histoire…de l’Île de la Barbade Tradicional (México)
14. Son de la Tirana: Mariquita, María Frei Felipe da Madre de Deus (Lisboa, Portugal, c.1630 – c.1690)
15. Antoniya, Flaciquia, Gasipà (Negro à 5) Hans Sloane (Killyleagh, Irlanda, 1660 – Londres, 1753)
16. Recitado: 1661. Les Châtiments des esclaves. A voyage to the islands Tradicional (Mali), canto griote
17. Sinanon Saran Luís XIV (Saint-Germain-en-Laye, França, 1638 – Versalhes, França 1715)
18. Recitado: 1685. Le “Code Noir” promulgué par Louis XIV s’est imposé jusqu’à1848 Roque Jacinto de Chavarría (Bolívia, 1688-1719)
19. Los Indios: ¡Fuera, fuera! ¡Háganles lugar! Tradicional (ciranda – Brasil)
20. Saí da casa Montesquieu (Brède, França, 1689 – PArias, França, 1755)
21. Recitado: 1748. De l’Esprit des lois. XV, 5: “De l’esclavage des nègres” Tradicional (Madagascar)
22. Véro (instrumental) Tradicional (Colômbia)
23. El Torbellino Juan de Araujo (Villafranca, Espanha, 1646 – Lima, Peru, 1712)
24. Gulumbé: Los coflades de la estleya Escrava Belinda (Estado Unidos)
25. Recitado: 1782. Requête de l’esclave Belinda, devant le Congrès du Massachusetts Tradicional (Mali), canto griote
26. Simbo Tradicional (México), Son jarocho
27. La Iguana Parlamento Francês
28. Recitado: 1848. Décret sur abolition de l’esclavage, dans toutes les colonies françaises Anônimo (Codex Trujillo, Peru, século XVIII)
29. Tonada El Congo: A la mar me llevan Tradicional (Brasil – rec. por Paolo Ró & Águia Mendes), maracatu e samba
30. Bom de Briga Martin Luther King (Atlanta, Estados Unidos, 1929 – Memphis, Estados Unidos, 1968)
31. Recitado: 1963. “Pourquoi nous ne pouvons pas attendre” Tradicional (Mali), canto griote
32. Touramakan Juan García de Céspedes/Zéspedes (Puebla, México, 1619 – 1678)
32. Guaracha: Ay que me abraso
França
Bakary Sangaré, voz (recitativos) Mali 3MA
Kassé Mady Diabaté, voz
Ballaké Sissoko, kora
Mamami Keita, voz (coro)
Nana Kouyaté, voz (coro)
Tanti Kouiaté, voz (coro) Madagascar
Rajery, valiha Marrocos
Driss El Maloumi, alaúde México / Colômbia Tembembe Ensamble Continuo
Ada Coronel, vihuela, wasá e voz
Leopoldo Novoa, marimbol, marimba de chonta, triple colombiano e voz
Enrique Barona, vihuela, leona, jarana, quijada de caballo e voz
Ulisses Matínez, violon, vihuela, leona e voz Brasil
Maria Juliana Linhares, voz
Zé Luís Nascimento, percussão Argentina
Adriana Fernández, soprano Venezuela
Iván García, voz Espanha La Capella Reial de Catalunya
David Sagastume, contratenor
Víctor Sordo, tenor
Lluís Villamajó, tenor
Daniele Carnovich, baixo Hespèrion XXI
Pierre Hamon, flautas
Jean-Pierre Canihac, corneto
Béatrice Delpierre, chalémie
Daniel Lassalle, sacqueboute
Josep Borràs, dulciana
Jordi Savall, violas
Phillippe Pierlot, baixo de viola
Xavier Puertas, violon
Xavier Díaz-Latorre, teorba, guitarra romanesca e vihuela de mão
Andrew Lawrence-King, harpa barroco espanhola
Pedro Estevan, percussão
Jordi Savall, direção
Uma alma bondosa da Espanha, “drivers66”, informa-nos que o presente LP foi digitalizado para CD em 1992 e, para completar a gentileza, ripou o CD e nos enviou os links. Repostamos, pois, o álbum com novos e excelentes links e com a faixa 6 completa. ¡Gracias!
Ao que tudo indica esta gravação, realizada em 22 e 23 de abril de 1975 e lançada pela Telefunken alemã, nunca foi relançada em CD – o que é espantoso, pois parece ter sido a primeira a chamar ampla atenção mundial para um certo casal de músicos catalães: Montserrat Figueras, soprano especializada em técnicas de canto anteriores ao bel canto padronizado dos 1700 e 1800, e Jordi Savall, violista da gamba que, como todos sabem, no início do século XXI estaria consagrado como um dos maiores regentes mundiais de música antiga. Em 1975 os dois estavam casados havia 7 anos – como permaneceriam até a morte de Montserrat em 2011, com 69 anos – e há um ano haviam fundado o Grupo Hespèrion XX (depois Hespèrion XXI).
Além do casal, participaram da gravação Janneke van der Meer ao violino, Pere Ros ao violone (espécie de contrabaixo), e ao cravo ninguém menos que Ton Koopman, que também viria a ser um dos mais respeitados regentes de música antiga do início do século XXI, além de renomado organista.
A esta altura vocês devem estar doidos para baixar e ouvir, portanto faço só mais uma observação: quem está acostumado a associar a palavra “barroco” a Vivaldi, Handel e J.S. Bach pode estranhar esta música e pensar que os espanhóis estavam barbaramente defasados em relação ao resto da Europa… Acontece que esse rótulo cobre um período bastante amplo – equivalente ao decorrido entre 1850 e 2000, pra terem ideia. Nesta analogia, a música deste disco teria sido toda composta até 1880, enquanto Bach ou Vivaldi estariam no auge da sua atividade por volta de 1980: um intervalozinho desprezível em que a música não mudou nada, como podem ver… Enfim: o barroco antigo deste disco ainda é quase renascença – e sendo assim atinge em cheio a sensibilidade deste arcaico monge que vos escreve.
Junto aos arquivos de áudio vocês encontrarão, em baixa e em alta definição (jpg e tiff), o escaneamento da capa e contracapa da edição brasileira do disco, e na contracapa um erudito texto de um certo Karl Ludwig Nikol sobre o repertório. Remeto os interessados ao arquivo Contra-capa.tiff para não sobrecarregar o texto aqui –
… sobretudo porque ainda é preciso apresentar os créditos ao nosso grande e querido Avicenna, que foi quem resgatou magistralmente o som desta gravação do velho vinil em que se encontrava aprisionado. Só não conseguiu com os últimos 24 segundos da faixa A.6, irremediavelmente perdidos num defeito de fabricação do único exemplar desse LP a que tivemos acesso. Estou seguro de que vocês concordarão que a omissão desses 24 segundos é desprezível diante do valor do conjunto.
E, como diz Lope de Vega na faixa 2 (num dos pares de versos mais belos que já conheci): Já é tempo de recolher, soldados da minha memória!
MUSICA BARROCA ESPAÑOLA
01 – Autor desconhecido (entre 1580 e 1650): O, que bien que baila Gil (romance de Lope de Vega – 1562-1630)
02 – Autor desconhecido (1628): Ya es tiempo de recoger (romance de Lope de Vega – 1562-1630)
03 – Bartolomé de Selma y Salaverde (?-~1640): Canzona a due nº XIII
04 – Mateo Romero (?-~1647): Romerico florido (folia a 2)
05 – Mateo Romero (?-~1647): Hermosas y enojadas (romance a 3)
06 – Bartolomé de Selma y Salaverde (?-~1640): Corrente I y II a 2
07 – Juan Hidalgo (1612-1685): Cuydado, pastor
08 – Juan Hidalgo (1612-1685): Trompicávalas, amor
09 – Bartolomé de Selma y Salaverde (?-~1640): Fantasía sobre El Canto del Caballero (1638)
10 – Juan Hidalgo (1612-1685): Crédito es de mi decoro
11 – Juan Hidalgo (1612-1685): Tonante Diós!
12 – Juan Hidalgo (1612-1685): De las luces que el mar(recitativo e solo de Minerva)
13 – Bartolomé de Selma y Salaverde (?-~1640): Canzona a due nº XI
14 – Miguel Martí Valenciano (17..): Ay del amor
15 – Juan de Navas (17..): La Rosa que reyna
Montserrat Figueras – soprano Janneke van der Meer – violino Jordi Savall – viola da gamba Pere Ros – violone Ton Koopman – cravo Gravado em Amsterdã em 22 e 23/04/1975
Hoje, o principal mestre que se apresenta neste terceiro volume da série México Barroco de Puebla é Fabián Pérez Ximeno (ou Ximeno Pérez: em cada lugar encontro esses sobrenomes numa ordem diferente), compositor já nascido na Nova Espanha, organista da Catedral da Cidade do México, onde logrou ser mestre de capela no começo do século XVII. Ximeno foi compositor de numerosas missas, três Magnificat, dois motetos de Quaresma, um Dixit Dominus e de vários villancicos, muito populares em seu tempo.
Seguindo a lógica dos CDs antecessores na série, a sua Missa sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’ é intercalada à música de outros compositores de seu tempo, espanhóis ou radicados na na Espanha, como Antonio de Cabezón, Francisco Guerrero, Thomás de Santa María, Lluys Alberto de Gomez e Philippe Rogier, mais o italiano Julius de Modena. Essa intercalação de peças é propositalmente feita para demonstrar que a qualidade das obras compostas e executadas na América, ou seja, na colônia, não devia em nada ao que se fazia na Europa, na metrópole. Muito bem elaborada essa mescla, de rica sonoridade. Belo álbum!
Ouça! Ouça ! Deleite-se sem dó nem piedade!
Uma noção da beleza que vos aguarda,o Te Deum de Francisco Delgado (faixa 1):
México Barroco / Puebla III
Missa sobre el “Beatus Vir de Fray Xacinto”
Fabián Pérez Ximeno
Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
01. Himno Pange lingua de Urreda (glosado) Anônimo
02. Pange lingua Francisco Guerrero (Sevilha, Espanha, 1528 – 1599)
03. Canción a 5 FreiThomás de Santa María (Madri, Espanha, c.1510 – Valladolid, Espanha, 1570)
04. Fantasia Quarti toni / Missa a 11 de 4º tono Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
05. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, I. Kyrie
06. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, II. Gloria
07. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, III. Multiplicati sunt qui tribulant me Lluys Alberto de Gomez (Munguia, Espanha,c.1520 – Soria, Espanha, 1558)
08. Tres IV glosado Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
09. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, IV. Credo
10. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, V. Offertorium: Confitebor tibi Julius de Modena (Giulio Segniarabosco – Modena, Itália, 1498 – Roma, Itália, 1561)
11. Tiento XIX de cuarto tono Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
12. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, VI. Sanctus Philippe Rogier (Arras, França, c.1561 – Madri, Espanha, 1596)
13. Elevatio Cancion a 6 Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
14. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, VII. Agnus Dei Lluys Alberto de Gomez (Munguia, Espanha,c.1520 – Soria, Espanha, 1558)
15. Tres IV glosado
Rafael Cárdenas, órgão
Ruth Escher, soprano
Cécile Gendron, soprano
Angelicum de Puebla
Schola Cantorum de Mexico
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Tem no Amazon, aqui. Fonogramas deliciosamente cedidos pelo internauta Camilo Di Giorgi! Que os deuses o levem ao Nirvana!
Impressionante e belíssima essa Missa Mexicana executada pelo Harp Consort! Ainda, com o selo Harmonia Mundi, já era de se esperar que seria algo fenomenal, pois os caras não erram!
Bom, mas do que se trata? Não é exatamente uma missa, mas a Missa Ego Flos Campi, de Juán Gutierrez de Padilla (músico nascido em Málaga, Espanha, que se tornou mestre de capela em Puebla, México), intercalada de várias danças e músicas folclóricas contemporâneas a ela. Pode parecer estranho,mas o propósito deste álbum foi colocar a música de Padilla inserida dentro do contexto e da sonoridade – não só instrumental, mas ambiental, da sonoridade popular – do seu tempo, o século XVII.
No Amazon, um dos usuários fez uma leitura interessante do conjunto:
“Com ‘Missa Mexicana’ Andrew Lawrence-King e The Harp Consort propicia um dos discos mais alegres e instigantes da música antiga. Para um álbum que é ‘crossover’, no melhor sentido da palavra, eles tomam uma missa do século 17 e a justapõe com a música popular que a inspirou. A música é linda, profunda, elegante, sensual e apaixonada. (…) Além das harpas, gambas, violas, etc., que se poderia esperar da música deste período, o Harp Consort insere violões mexicanos, bajons, e até mesmo uma concha e um pau-de-chuva! O ritmo e o canto são soberbos, e Lawrence-King não só dirige o conjunto, mas oferece acompanhamento maravilhoso na harpa e no saltério. (…) O México de 1600 era uma rica mistura de etnias e culturas, e sua música reflete isso. A principal influência é a polifonia renascentista espanhola, mas há também a influência de imigrantes portugueses, nativos mexicanos (maias), e os africanos da Costa do Marfim, Guiné, e imigrantes de Porto Rico. Bem, há um contraste constante entre os mundos sagrado e secular. (…)
A ‘Missa Mexicana’ é faz música da mais alta integridade e não para ser desperdiçada. Além de amantes iniciantes na música clássica, eu recomendaria também este disco para as pessoas que vêm do “outro lado”, isto é, aqueles que podem não ser particularmente apreciadores de música clássica, mas que gostam de sons mais “tradicionais”, mexicanos ou latino-americanos. De qualquer maneira, este é um dos discos mais originais, criativos e divertidos que eu já ouvi em muito tempo, e ele merece ser um bestseller!!”
Entendeu? É do caraglio!!
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Missa Mexicana
01. Villancico: Canten dos jilguerillos
02. Missa Ego flos campi: Kirie
03. Jácaras de la costa
04. Xácara: Los que fueren de buen gusto
05. Missa Ego flos campi: Gloria
06. Corrente Italiana
07. Xácara: A la xácara xacarilla
08. Missa Ego flos campi: Credo
09. Cumbées
10. Negrilla: A siolo flasiquiyo
11. Missa Ego flos campi: Sanctus
12. Marizápalos a lo humano: Marizápalos bajó una tarde
13. Marizápalos a lo divino: Serafin que con dulce harmonía
14. Diferencias sobre marizápalos
15. Missa Ego flos campi: Agnus dei
16. Guaracha: Convidando está la noche