The Art of the Theremin – Clara Rockmore

The Art of the Theremin – Clara Rockmore

61nayAy+HeLMeu interesse em instrumentos musicais já me levou a tocar alguns deles em graus de sucesso que variam do sofrível ao ridículo. Minha experiência com todos, em especial os metais e as cordas, levou-me a admirar sobremaneira a dedicação dos instrumentistas para ajustarem suas bocas e dedos àqueles teimosos aparatos, extraindo deles não só sons agradáveis e condizentes com a intenção de um compositor, mas, o que é ainda mais impressionante, sem sucumbirem no processo.

Se acho uma façanha ser um virtuose de um instrumento que se toca tocando, que se pode dizer de um instrumento que se toca sem que se o toque?

Para mim, amigos, magia negra. Para o resto do mundo, é o assombroso teremim.

ooOoo

Inventado pelo físico russo Léon Theremin (Lev Termen, para os íntimos), este pioneiro entre os instrumentos eletrônicos é controlado pela posição das mãos do intérprete em relação a duas antenas: uma que regula a frequência, outra para o volume. O peculiar timbre resultante, já descrito como o de um “violoncelo perdido em neblina espessa, chorando por não saber como voltar para casa”, soa de melancólico a decididamente fantasmagórico. Não é à toa, portanto, que o teremim seja figurinha fácil de trilhas sonoras de filmes que abordam o incomum, o bizarro, e o inacreditável.

Parece difícil, e é mesmo. Por isso, talvez, passada a curiosidade inicial, o incrível instrumento de Theremin tenha ficado meio esquecido, e certamente limado de todos os círculos de música “séria”, até a entrada em cena de uma certa Clara Rockmore.

Nascida Klara Reisenberg em Vilnius (Lituânia), foi uma criança-prodígio no violino e chegou a estudar com Leopold Auer (sim, o professor de Heifetz; sim, o sujeito que esnobou o Concerto de Tchaikovsky) no Conservatório de São Petersburgo. Problemas de saúde fizeram-na abandonar o violino e a Música como um todo até encontrar, já nos Estados Unidos, o inventor Theremin. Trabalharam juntos no aperfeiçoamento do instrumento como meio de expressão artística. Foram tão próximos que Léon, que não era bobo, nem nada, lhe propôs casamento. Klara deu-lhe o fora, casou-se com um certo Rockmore, passou a chamar-se Clara e, emprestando ao teremim sua extraordinária musicalidade, transformou-se em sua primeira virtuose.

O vídeo acima, apesar do som precário, dá a vocês uma melhor ideia do que lhes tento dizer (além, claro,de ser deliciosamente funéreo!). O timbre, como já falamos, talvez seja um gosto adquirido, mas é assombrosa a expressividade que Rockmore obtém sem nada tocar além do éter. Se vocês perceberem, ao contrário da maior parte dos instrumentos, dos quais os silêncios são obtidos tão só pela suspensão da emissão do som, as pausas no teremim também têm que ser produzidas, através da ação a mão do volume (no caso de Rockmore, a esquerda).

Espero que, vencendo a natural estranheza, vocês possam apreciar a complicada arte desta virtuose incomum.

THE ART OF THE THEREMIN – CLARA ROCKMORE

Sergey Vasilyevich RACHMANINOV (1873-1943)

01 – Canções, Op. 34 – no. 14: Vocalise
02 – Romances, Op. 4 – no. 4: “Ne poj, krasavitsa” [NOTA DO AUTOR: conhecida como “Canção de Grusia”, não se refere a qualquer pessoa, mas sim à região caucasiana da Geórgia, que tem este nome em russo]

Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)

03 – O Carnaval dos Animais – no. 13: O Cisne

Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)

04 – El Amor Brujo – Pantomima

Yosif Yuliyevich AKHRON (1886-1943)

05 – Melodia hebreia, Op. 33

Henryk WIENIAWSKI (1835-1880)

06 – Concerto para violino no. 2 em Ré menor, Op. 22 – Romance

Igor Fyodorovich STRAVINSKY (1882-1971)

07 – O Pássaro de Fogo: Berceuse

Joseph-Maurice RAVEL (1875-1937)

08 – Pièce en forme de Habanera

Pyotr Ilyitch TCHAIKOVSKY (1840-1893)

09 – Dix-Huit Morceaux, Op. 72 – No. 2: Berceuse
10 – Six Morceaux, Op. 51 – No. 6: Valse sentimentale
11 – Sérénade Mélancolique, para violino e piano, Op. 26

Aleksandr Konstantinovich GLAZUNOV (1865-1936)

12 – Chant du ménestrel, Op.71

Clara Rockmore, teremim e arranjos
Nadia Reisenberg, piano

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Boris theremin

Vassily Genrikhovich

Achron, Aguiar, Babo, Blauth, Corrêa, Grieg, Kreisler, Picchi, Ravel, Veracini, Vieuxtemps, Vivaldi: Gaiato

Achron, Aguiar, Babo, Blauth, Corrêa, Grieg, Kreisler, Picchi, Ravel, Veracini, Vieuxtemps, Vivaldi: Gaiato

O Brasil recebeu, no pós-guerra, diversos músicos que vieram da Europa para atuar na Orquestra Sinfônica Brasileira (criada por iniciativa de José Siqueira em 1940) e que se tornaram destaques em seus respectivos instrumentos: o francês Noel Devos no fagote, o tcheco Bohumil Med na trompa, a também francesa Odette Ernest Dias na flauta, para ficar só nesses.

Neste post, rendo tributo ao violista húngaro que adotou o nome de Perez Dworecki (1920-2011, não descobri o nome de batismo dele) postando seu CD mais recente (de uns cinco anos atrás). Ao longo do ano apresentarei discos dos demais músicos.

Esta coletânea abrange do barroco europeu ao nacional contemporâneo (diferente de outras que Dworecki lançou, focadas totalmente no repertório made in Brazil) e recebeu o nome a partir de uma peça composta especialmente pelo paulista Achille Picchi. Deixo as apreciações adicionais por vossa conta.

Boa audição porque já tô pensando no próximo CD, também de viola (mas viola caipira).

***

Gaiato: Perez Dworecki

Vivaldi
1. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Largo
2. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Allegro
3. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Largo
4. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Allegro

Veracini
5. Largo

Vieuxtemps
6. Elegie

Grieg
7. Sonata (Andante Molto Tranqüilo): Op. 36 (Original Para Violoncelo)

Ravel
8. Berceuse (Sobre O Nome de Gabriel Fauré)

Achron
9. Melodia Hebraica

Kreisler
10. Liebesleid

Breno Blauth
11. Sonata (Para Viola E Piano): Dramático
12. Sonata (Para Viola E Piano): Evocativo
13. Sonata (Para Viola E Piano): Agitado

Ernani Aguiar
14. Meloritmias Nº 5: Ponteado (Viola Solo)

S. V. Corrêa
15. Cantilena (Para Viola E Piano)
16. Seresta Nº 2 (Para Viola E Piano)

Lamartine Babo
17. Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda

Villani-Cortes
18. Luz

Achille Picchi
19. Gaiato: Op. 168 (Choro Para Viola E Piano)

Perez Dworecki, viola
Gilberto Tinetti e Paulo Gori, piano

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O húngaro Perez Dworecki

CVL – PQP