BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110 [Beethoven – The Late Piano Sonatas – Solomon]

Beethoven foi um gênio da Música e mestre não menos consumado da arte de enrolar. Uma de suas obras-primas nessa menos votada arte foi a maneira com que levou a composição das três últimas sonatas para piano. Como vimos ontem, ele recebeu a encomenda dessas sonatas em 1820, enquanto se dedicava à Missa Solemnis. Pois bem: depois de entregar a primeira sonata, já com atraso, avisou ao encomendante que as outras duas se seguiriam “sem demora”, só para – claro – deixá-las de lado e mergulhar novamente no árduo trabalho de composição da Missa, no qual também se atrasara. Só um ano depois de completar a Op. 109, enfim, ele iniciou a Op. 110, concluindo-a no Natal de 1821.

A Sonata em Lá bemol maior, Op. 110, é notável por ser, assim como a Oitava Sinfonia, uma das poucas obras importantes de Beethoven a ser publicada sem dedicatário. O compositor mandou o manuscrito sem qualquer dedicatória, prometendo que ela seria informada posteriormente. O editor, decerto tiririca com o imenso atraso da entrega, publicou-a assim mesmo, e como tal ficou. Ao que tudo indica, a sonata seria dedicada a Antonie Brentano, a mais provável destinatária da famosa correspondência à “Amada Imortal”, e que receberia, mais tarde, a dedicatória das monumentais Variações Diabelli.

Assim como na Op. 109, a maior parte do “peso” da Op. 110 está no final. Os dois primeiros movimentos são concisos e contrastantes. O movimento de abertura, que tem a indicação “com amabilidade”, é belamente contido, seguindo-se um turbulento movimento em menor, fazendo as vezes de scherzo. O finale é tão complexo, e foi tantas vezes reformulado, que Beethoven, num gesto sem precedentes, passou a limpo o original, em vez de enviar ao editor a habitual floresta de garranchos. Não obstante, por motivos que só ele próprio deveria compreender – e porque Beethoven, como já devem ter percebido, era um tipo raro -, ele acabou por reter a cópia “limpa” e mandou a partitura original, cravejada de rasuras. Pois este movimento de gênese tão trabalhosa inicia com um recitativo, que depois ganha ares de uma lamúria cantável, e desemboca numa extraordinária fuga que, quando parece encaminhar-se para a coda, volta à lamúria, que recebe a incomum indicação “exausto, lamentando”. Depois, a fuga retorna, sob a indicação “aos poucos revivendo novamente”, com a inversão do tema, até chegar a um assertivo clímax e a conclusão verdadeira.

O intérprete que lhes apresento é, também, extraordinário. O londrino Solomon Cutner (1902-1988) iniciou a carreira como criança-prodígio, interrompeu-a por toda adolescência para dedicar-se aos estudos com uma aluna de Clara Schumann, e retomou-a somente como adulto jovem, adotando o monônimo Solomon.

Ecce puer

Solomon foi uma estrela fulgurante que embarcou em extensas turnês mundiais – uma proeza considerável, se levarmos em conta o tempo que se levava, por exemplo, para chegar à Austrália e à Indonésia nos anos 30 – e que teve amplo reconhecimento por suas interpretações a um só tempo austeras e altamente expressivas de um vasto repertório, principalmente pelas sonatas de Beethoven.

A carreira de Solomon foi lamentavelmente destruída por um devastador derrame que, aos meros 54 anos, o fez perder o controle da mão direita. Na ocasião, ele se dedicava à gravação da integral das sonatas de Beethoven, das quais já gravara dezoito. Este torso de integral, no entanto, é um dos clássicos imorredouros da discografia beethoveniana. Quem ouve a legendária “Hammerklavier” de Solomon – com um constrito movimento lento que impressiona tanto quanto os malabarismos medonhamente difíceis dos demais movimentos -, ou a consumada maestria com que ele interpreta a Op. 110, só consegue juntar-se ao coro de lamúrias pelo fim precoce de sua carreira e pela interrupção de seus projetos com as obras do renano. Serve-nos de consolo, no entanto, que as gravações de Solomon, todas em mono, foram feitas com a EMI, que dispunha de excelentes produtores e de equipamento no estado da arte. Eu chamaria o som desses registros quase setentões de miraculosamente bom, se chamá-lo de milagre não fosse um desrespeito ao maravilhoso trabalho dos engenheiros de som. Com a possível exceção da Op. 111, que me parece estar num degrau abaixo do elevadíssimo patamar das demais, o que se ouve com Solomon é Beethoven para a eternidade. Recomendo que o escutem com parcimônia, e bem aos poucos, para que descubram com fascínio o controle magistral do artista sobre o teclado, sobre os andamentos e sobre os expressivos silêncios entremeados ao seu distinto som. E não deixem de voltar a ele, pois Solomon – parafraseando aquilo que os portenhos dizem sobre o canto de Gardel – cada dia toca melhor.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

1 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
2 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
3 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
4 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

7 – Allegro
8 – Scherzo: Assai vivace
9 – Adagio sostenuto
10 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

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Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
Composta em 1814
Publicada em 1815
Dedicada ao príncipe Moritz von Lichnowsky

1 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
2 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

3 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
4 – Prestissimo
5 – Andante molto cantabile ed espressivo – Variazione I: Molto espressivo – Variazione II: Leggermente – Variazione III: Allegro vivace – Variazione IV: Un poco meno andante – Variazione V: Allegro ma non troppo – Variazione VI: Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

6 – Moderato cantabile – Molto espressivo
7 – Allegro molto
8 – Adagio, ma non troppo – Arioso – Fuga: Allegro ma non troppo – L’istesso tempo di arioso – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

9 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
10 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

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Solomon, piano

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Mi maior, Op. 109 [Beethoven – The Last Piano Sonatas – Gould]

As três últimas sonatas para piano de Beethoven, pináculos da literatura para o instrumento, foram inspiradas pela mesma costumeira musa de outras tantas obras suas: a Pindaíba.

Em 1820, Beethoven encontrava-se absorto havia já um ano na composição de sua imensa Missa Solemnis, que pretendia apresentar em homenagem a seu aluno e amigo, o arquiduque Rudolph da Áustria, por ocasião de sua entrada solene como arcebispo de Olmütz. Em abril daquele ano, no entanto, Rudolph já vestira seus paramentos arquiepiscopais, de modo que Beethoven viu-se relativamente livre (e outra vez queimado nos prazos) para correr atrás de bufunfa. Já tinha sob sua tutela o sobrinho Karl, cuja educação muito pesava em seu bolso, de modo que aceitou com alívio a encomenda de três sonatas para piano feitas pelo editor Schlesinger, com um generoso, e decididamente incomum, desconto de 25% sobre a pedida inicial.

Ao aceitar a tarefa, Beethoven já tinha pronto o primeiro movimento do que viria a ser a sonata Op. 109, escrito para um método de piano de seu amigo Friedrich Starke. Ao atinar-se de que esse material viria a calhar para uma sonata, ofereceu-lhe cinco de suas novas bagatelas, e completou a primeira das três sonatas prometidas a Schlesinger, compondo mais dois movimentos. Depois dos atrasos de praxe, a obra foi à prensa somente no ano seguinte, com uma dedicatória a Maximiliane Brentano, filha de seu amigo Franz e de Antonie, que é muito provavelmente a “Amada Imortal” da famosa carta de destinatária anônima.

A singeleza do movimento de abertura, cujo primeiro tema dura alguns segundos e que dá a impressão de começarmos a ouvir uma obra que já estava em execução, deriva certamente de sua finalidade didática original, e que contrasta com o turbulento movimento seguinte, em menor, que o sucede sem interrupção. O finale consiste de um tema (“muito cantável e com profundo sentimento”, na indicação em alemão) com seis variações, crescentemente mais engenhosas, que desembocam na repetição do tema cantável.

A riqueza do contraponto dessas últimas sonatas certamente atraiu o jovem Glenn Gould, que as incluíra no repertório desde seus primeiros recitais. Assim, quando a Columbia lhe deu carta branca para escolher as obras do disco seguinte ao tonitruante arrasa-quarteirão que foi a estreia com as Variações Goldberg, (1955), sua opção pelas três derradeiras sonatas de Beethoven foi-lhe absolutamente natural. Antes mesmo do disco chegar às lojas, o reproche dos críticos à petulância do pianista de vinte e três anos já era forte. Gould, segundo eles, começava por onde deveria terminar, arriscando-se imaturamente num repertório que os pianistas amiúde relegam para mais grisalhas eras. Após o lançamento, claro, o reproche virou um coro ardente de ódio, inaugurando a tensa relação da crítica com o pianista – tensa, claro, por parte dos críticos pois Gould não lhes poderia dar menor importância. Em suas notas para o disco, tascou que “a riqueza de escritos críticos sobre as últimas sonatas e quartetos [de Beethoven] revela uma maior preponderância de absurdos, sem sequer mencionar contradições, do que qualquer literatura comparável.”

Como todas realizações gouldianas de Beethoven, estes registros das três últimas sonatas estão repletos de idiossincrasias. Os andamentos são frenéticos, a dinâmica fica por conta do intérprete, e tudo soa muito diferente do que estamos acostumados. Admito que detestei essas interpretações na primeira vez que as ouvi, há mais de trinta anos, e que elas me foram um gosto adquirido. Ainda hoje acho duro de engolir o que Gould faz com algumas variações do final da Op. 109, cujo Andante é um quase-Presto, e a rapidez com que despacha o Allegro con brio ed appassionato da Op. 111 provocará desespero em quem já o conhece por outras mãos. Por outro lado, a legendária clareza com que ele despachava as mais complicadas texturas contrapontísticas faz-se notar, mesmo nos trechos em que resolve aloprar com os andamentos. A Sonata Op. 110, por exemplo, abarrotada de contraponto, é magnificamente realizada, com muita precisão, sobriedade e e uma expressividade nada sentimental. A despeito de toda merecida reputação iconoclástica do intérprete, acho que essas gravações cheias de surpresas têm imenso valor, nem que seja para nos abrirem janelas e refrescarem nossos ares – pois talvez o Gould garoto, em vez de irritar seus contemporâneos, quisesse tão só falar a nós outros, pandêmicos ouvintes do futuro.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

1 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
2 – Prestissimo
3 – Gesangvoll, mit innigster Empfindung – Andante molto cantabile ed espressivo – Variazione I: Molto espressivo – Variazione II: Leggermente – Variazione III: Allegro vivace – Variazione IV: Un poco meno andante – Variazione V: Allegro ma non troppo – Variazione VI: Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

4 – Moderato cantabile – Molto espressivo
5 – Allegro molto
6 – Adagio, ma non troppo – Arioso – Fuga: Allegro ma non troppo – L’istesso tempo di arioso – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustra

7 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
8 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Glenn Gould, piano

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Estátua de Glenn Gould em frente à sede da Canadian Broadcasting Corporation, em Toronto, Canadá (foto do autor)

 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier” – Richter

Como a ___________ [insira aqui sua hipérbole] “Hammerklavier” dispensa apresentações, foco aqui num de seus grandes intérpretes.

Falo “um dos grandes” porque, claro, jamais haverá uma realização completamente satisfatória de qualquer obra musical, quanto menos dessa mais transcendental de todas as sonatas daquele século. Suas dificuldades eram tão grandes que Beethoven, que já não tinha mais ouvidos para tocar em público, além de sérias dúvidas quanto à qualidade dos músicos britânicos (George Thomson que o diga), concordou com que seu editor inglês lançasse somente os três primeiros movimentos, deixando o complicadíssimo finale numa publicação em separado – mesmo expediente que, como veremos, adotaria para com sua Grande Fuga para quarteto de cordas. Nessa curiosa versão, o imenso Adagio sostenuto – que, sozinho, era mais longo que a maioria das sonatas para piano da época – era o movimento central, e a “Hammerklavier” era encerrada pelo lépido e brevíssimo Scherzo.

Viena viu a sonata sair inteira da prensa, com os movimentos na ordem que hoje conhecemos – a mesma em que foram compostos. A reação foi estupefata e unânime em considerá-la difícil de compreender e impossível de tocar, e não há registro de que seu dedicatário – o arquiduque Rudolph, excelente pianista – a tenha tocado, pelo menos em público. Sua estreia aconteceria somente em 1836, dezoito anos depois de sua composição, por um Franz Liszt que, mesmo já histericamente idolatrado em toda Europa, colheu tão só olhares de incompreensão.

Quase todo pianista que se preza tenta escalar este K2 pianístico, e alguns são insensatos a ponto de legar gravações para que a posteridade lhes dê pedradas. O primeiro foi Artur Schnabel, já distante de seu apogeu, mas bastante fiel às prescrições de Beethoven e atento aos andamentos insanamente rápidos, dos quais até um pianista genial como Glenn Gould (que só tocou a “Hammerklavier” comedidamente na rádio e a considerava “horrendamente difícil”) sabia fugir. Outras gravações notáveis apareceram, muitas em verdade, e os nomes de Gilels, Yudina e Sokolov, que já escutamos na série, e os de Pollini, Perahia e Brendel, que os colegas já lhes trouxeram antes, estão entre os píncaros indiscutíveis da discografia.


Brendel terminando a “Hammerklavier” = um dos meus momentos favoritos na vida

A mim, no entanto, restava a curiosidade de saber o que o mais demoníaco dos pianistas da segunda metade do século XX teria a dizer sobre esta sonata.


Ecce homo

Sim, Sviatoslav Richter era meu intérprete dos sonhos para a “Hammerklavier”. Além da técnica formidável e do tremendo elã que trazia para todas as obras que tocava, sempre apreciei nele o espírito desbravador, aventureiro mesmo, com que mergulhava nas partituras e delas trazia novidades que só ele era capaz de encontrar. Por isso, fiquei meio jururu quando lançaram a caixa de Beethoven por Richter e a mastodonta não estava lá. Foi só recentemente que tive a imensa surpresa de descobrir não só um, mas três registros diferentes da Op. 106, todos realizados ao vivo e ao longo de pouco mais de duas semanas de 1975 – que foi, aparentemente, o período em que a “Hammerklavier” permaneceu no imenso repertório de Richter, pois ele nunca mais voltaria a tocá-la.

Assim, ofereço aos leitores-ouvintes as três leituras que Richter fez do colosso do renano, todas elas como encerramento de recitais de programas idênticos, iniciados pela sonata Op. 2 no. 3 e tendo, como interlúdio, três das bagatelas do Op. 126.

O primeiro foi realizado em Praga, cidade que Richter amava, de cujo Festival de Primavera era arroz de festa, e onde fez dezenas de gravações ao vivo para o selo Supraphon. A segunda foi feita em Aldeburgh, no festival fundado por seu amigo Benjamin Britten, e do qual o legendário pianista soviético foi a maior estrela naquele 1975. Por fim, um recital no Royal Festival Hall em Londres, notável pelo bis: ao terminar o medonhamente difícil finale da Op. 106, depois do qual quase todos pianistas saem correndo ao camarim para se hidratarem e chorarem, Richter decidiu tocá-lo de novo, porque não ficara satisfeito com sua execução anterior. Cada uma das leituras é excepcional, e vale a pena compará-las para fruir de tudo que esse genial pianista tinha a dizer sobre a “Hammerklavier”. Ainda que eu tenha reparos à sua abordagem do maravilhoso Adagio sostenuto, que de alguma maneira não soa como o cerne da obra, o que Richter faz na fuga sublima toda a crítica que eu lhe pudesse fazer. A escolha é difícil, mas a versão de Londres é minha preferida. Ouçam-nas e me digam qual vocês preferem.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Das Três Sonatas para piano, Op. 2
Compostas entre 1793-1795
Publicadas em 1796
Dedicadas a Joseph Haydn

No. 3 em Dó maior

1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Scherzo: Allegro
4 – Allegro assai

Das Seis bagatelas para piano, Op. 126
Compostas em 1824
Publicadas em 1825

5 – No. 1: Andante con moto, cantabile e compiacevole
6 – No. 4: Presto
7 – No. 6: Presto – Andante amabile e con moto

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

8 – Allegro
9 – Scherzo: Assai vivace
10 – Adagio sostenuto
11 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

Sviatoslav Richter, piano

Recital em 2/6/1975 no Rudolfinum de Praga, Tchecoslováquia
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Recital em 11/6/1975, na igreja de Blythburgh, Reino Unido, durante o Festival de Aldeburgh
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Recital em 18/6/1975, no Royal Festival Hall em Londres, Reino Unido
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Faixa-bônus: o movimento final da Hammerklavier,
executado como bis no recital de Londres, em 18/6/1975
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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier” [Sonatas para piano, Opp. 90, 101, 106 & 111 – Yudina]

Pedimos vênia hoje ao grande homenageado do ano e à sua mastodôntica Grande Sonata para o Piano de Martelos – que voltará, com muita gala, amanhã – para focarmos numa sua maiúscula intérprete.

Maria Yudina (1899-1970) é legendária e, tão logo começamos a  ouvi-la, entende-se o porquê. O virtuosismo e a expressividade são evidentes, tanto quanto as inúmeras licenças poéticas que ela toma e que, longe de parecerem idiossincrasias, soam muito coerentes. Nosso patrão PQP sempre fala que há músicos que, em suas interpretações, demonstram não só imensa cultura musical, mas também revelam sua vasta cultura geral. Yudina é dessas intérpretes, e o que se chamou nela de “rigor intelectual” é, embora correto, apenas uma pequena entre as tantas janelas que ela nos oferece com suas leituras.

Nascida numa família judia, e mais tarde convertida ao cristianismo, Yudina estudou no Conservatório da então Petrogrado (hoje São Petersburgo) na mesma classe que Dmitri Shostakovich. Graduou-se em piano e também em teologia na Universidade local, e lecionou no Conservatório até ser de lá expulsa pelas críticas ao governo soviético. Desempregada, faminta e sem teto, sobreviveu de “bicos” até ingressar no Conservatório de Tbilisi, na república soviética da Geórgia, de onde seguiu para o Conservatório da capital da União Soviética. Em Moscou, lecionou no Instituto Gnessin, de onde foi demitida, outra vez, por conta de suas críticas abertas ao regime e suas convicções religiosas. Autorizada a manter sua carreira de recitalista, desde que seus recitais não fossem gravados ou divulgados, ela acabou banida por oferecer ao público, como bis, um poema do desgraçado Boris Pasternak (cujo “Doutor Zhivago” foi lido pela primeira vez no apartamento de Yudina), e não uma peça musical. Após o final do “gancho”, que durou cinco anos, ela retomou a carreira e gozou duma certa celebridade, gravando febrilmente, nem sempre com os melhores pianos (o que é evidente em algumas gravações), como se adivinhasse que levaria mais um punhado de anos até morrer em Moscou.

Muito já se escreveu que Maria foi maior que Gilels e Richter, e que só não teve a importância artística e pedagógica dos dois por conta de suas ferozes críticas ao regime soviético e por ser mulher. Não consigo lhes dizer que ela foi maior, mas certamente foi a mais original, e ardentemente independente. Não temia se alinhar aos perseguidos e oprimidos – além do supracitado Pasternak, foi amiga de Osip Mandelstam e protetora no banido Aleksandr Solzhenitsyn -, nem tocar repertório ocidental contemporâneo, dedicando recitais inteiros à música “degenerada” de Hindemith, Krenek e Bartók. Não temia sequer Stalin, que lhe enviou uma vultosa quantia como recompensa por uma gravação de Mozart, e que acabou doada para a suprimida Igreja Ortodoxa Russa, junto com a seguinte resposta ao “caucasiano do Kremlin“:


Eu rezarei por você dia e noite e pedirei ao Senhor que perdoe seus grandes pecados antes do povo e do país. ‘

Quem tem a coragem de dizer isso ao Továrich Koba certamente não temeria tocar a leviatânica “Hammerklavier” do jeito que ela toca. Ouçam com seus próprios ouvidos, porque… só ouvindo vocês vão acreditar.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

1 – Allegro
2 – Scherzo: Assai vivace
3 – Adagio sostenuto
4 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
Composta em 1814
Publicada em 1815
Dedicada ao príncipe Moritz von Lichnowsky

5 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
6 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

 

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

7 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
8 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
9 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
10 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

 

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustra

11 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
12 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Maria Yudina, piano

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Documentário russo, com legendas em inglês, sobre Yudina. Para quem é, como
eu, fascinado pela grande artista, vale cada segundinho.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para violoncelo e piano, Op. 102 [Beethoven – Complete Works for Cello and Piano – Meneses – Pressler]

As cinco sonatas para violoncelo e piano de Beethoven repartem-se bem ao longo de sua trajetória criativa. As duas primeiras, compostas e publicadas simultaneamente, são fruto do contato do jovem virtuoso do piano com os irmãos Duport, violoncelistas da corte do rei da Prússia. Já a sonata Op. 69, a melhor de todas as obras do gênero, é um emblema de seu estilo intermediário. Muito diferentes são as duas últimas, também compostas simultaneamente e publicadas como par, sob o Op. 102. Diferem, também, demais entre si, cada qual com um gesto característico do chamado “estilo tardio” de Beethoven. A primeira, ultraconcentrada e enigmática, tem apenas dois movimentos, embora a gravação a reparta em quatro faixas, e leva a tonalidade para passear num esquema tonal totalmente heterodoxo, para então oferecer um breve retorno de um tema do primeiro movimento antes da coda e do assertivo final na tônica. A segunda, numa forma mais tradicional de três movimentos (rápido-lento-rápido), termina com um dos atraentes fugatos que Beethoven passou a criar em sua busca de incorporar à sua linguagem seus estudos e admiração por Händel e por Sebastian Bach. Recomendo muito parear a audição da primeira com a sonata para piano, Op. 101 – sua antecessora imediata no catálogo de obras do compositor -, e a da segunda com a Op. 110, também concluída por um movimento fugal, e depois me digam se não é mesmo possível pensar que algumas dessas obras carregam as sementes das outras.

Admito que, quando publiquei a excelente gravação de Pieter Wispelwey e Dejan Lazić, há alguns meses, eu já considerara vencido o afã das sonatas para violoncelo nessa nossa travessia da obra beethoveniana. No entanto, foi só publicar uma gravação do incansável Menahem Pressler que me lembrei das versões do decano dos pianistas com o recifense Antonio Meneses, seu parceiro no Beaux Arts Trio e último violoncelista da história do mítico conjunto, gravadas após sua excursão pelo mundo a tocarem essas sonatas. O entrosamento dos dois experientes cameristas me parece ímpar, e ao revisitar os discos, que ficaram esquecios na pilha de CDs que mantenho em minha Dogville natal, eles me deixaram um retrogosto que me diz que esta é minha gravação favorita desse repertório.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Duas Sonatas para violoncelo e piano, Op. 5

No. 1 em Fá maior
1 – Adagio sostenuto – Allegro
2 – Adagio – Allegro vivace

No. 2 em Sol menor
3 – Adagio sostenuto ed espressivo
4 – Allegro molto più tosto presto
5 – Rondo: Allegro

Doze Variações em Sol maior sobre “See the conqu’ring hero comes”, do Oratório “Judas Maccabaeus” de Händel, para violoncelo e piano, WoO 45
6 – Thema – Variationen I-XII

Doze Variações em Fá maior sobre “Ein Mädchen oder Weibchen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, Op. 66
7 – Thema – Variationen I-XII

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Sonata em Lá maior para violoncelo e piano, Op. 69

1 – Allegro ma non tanto
2 – Scherzo. Allegro molto
3 – Adagio cantabile – attacca:
4 – Allegro vivace

Duas sonatas para violoncelo e piano, Op. 102

No. 1 em Dó maior

5 – Andante
6 – Allegro vivace
7 – Adagio – Tempo d’andante
8 – Allegro vivace

No. 2 em Ré maior

9 – Allegro con brio
10 – Adagio con molto sentimento d’affetto – attacca:
11 – Allegro – Allegro fugato

Sete variações em Mi bemol maior sobre a ária “Bei Männern, welche Liebe fühlen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, WoO 46

12 – Thema: Andante – Variationen I-VII

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Antonio Meneses, violoncelo
Menahem Pressler, piano

Quando Hope gravar com Pressler, bastará limar o Meneses
BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN 250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Lá maior, Op. 101 [The Last Six Piano Sonatas – Peter Serkin]

Com os primeiros compassos da maravilhosa sonata Op. 101, Beethoven anuncia sua última e visionária fase criativa, marcada por obras expansivas, duma sofisticação sem precedentes, e que transcendiam quaisquer dos já rotos limites que o compositor redefinira para as formas musicais, associadas a um inovador uso do contraponto e, especificamente, das formas fugais.

A sonata foi iniciada em meados de 1815 e concluída no final do ano seguinte. Dentro da tendência iniciada com a sonata Op. 90, Beethoven deixou instruções em alemão aos intérpretes: “um tanto animado e com o sentimento mais íntimo”; “animado, marchando”; “lento e cheio de saudade”; “rápido, mas não muito, e com determinação”. Com um olho no mercado externo, também indicou os andamentos em italiano, mas lançou mão somente de sua língua materna no frontispício, prescrevendo a sonata para o “Hammer-Klavier” (“piano de martelos”). Muito se conjeturou se esse título – que, como sabemos, colou indelevelmente na imensa sonata seguinte, a Op. 106 – era uma contraindicação a que se executasse a obra no cravo. Não parece ser o caso, não só porque o fortepiano já suplantara seu antecessor nos lares e salas de concerto da época, como também “Hammerklavier” era o termo mais usado, juntamente como “Hammerflügel”, para designar os fortepianos em alemão. Por fim, havia já um bom tempo que as sonatas de Beethoven não mais cabiam nas acanhadas extensões dos teclados dos cravos, e ele próprio vivia a resmungar as limitações dos próprios fortepianos que conhecia.

A Op. 101, aliás, é antes de mais nada uma celebração da capacidade dos instrumentos da época. O novíssimo Mi grave é explicitamente prescrito (“contra E“) no final do último movimento, e o inovador uso do pedal de suavização, que permitia a execução de cada nota em uma, duas ou três cordas, surge no movimento “cheio de saudade”, em que o pedal vai sendo liberado aos poucos, permitindo o acréscimo gradual de cordas e alterando substancialmente o timbre.

Quando conheci o primeiro movimento, na tônica de Lá maior, pensei estar ouvindo Schumann, até que o desenvolvimento – uma sonata-forma a um só tempo enxuta e rica – me gritasse claramente que aquilo era Beethoven tardio. No movimento seguinte, o scherzo é substituído por uma marcha em Fá maior, uma tonalidade distante, com um delicado cânone fazendo as vezes de trio. O movimento mais importante é o extenso finale, que começa como um adagio em Lá menor (aquele “cheio de saudade”), com a liberação gradual supracitada do pedal de suavização, passando por uma breve recapitulação do movimento inicial (um expediente muitas vezes usado por Beethoven nos finales de suas obras maduras), até irromper num enérgico, complexo fugato que cresce inexoravelmente até um clímax em fortissimo.

Assim como as sinfonias e os últimos quartetos de cordas, as derradeiras sonatas para piano de Beethoven são por demais transcendentais para que eu delas tenha uma interpretação favorita. Por isso, eu também hei de publicar algumas séries entre minhas prediletas. Trago-lhes hoje o excelente Peter Serkin, algo injustamente conhecido tão só como o filho do mestre Rudolf Serkin, mas um tremendo pianista por seus próprios méritos. Sua gravação das seis últimas sonatas num fortepiano Graf, contemporâneo ao compositor, nasceu clássica. Ao contrário duma boa parte dos registros dessas sonatas em instrumentos de época, que causam uma invencível estranheza e sensação de que os velhos instrumentos não são suficientes para dar conta da música (sensação que, como sabemos, também era a do próprio compositor), Serkin usa o Graf de modo muito efetivo, lançando mão de sua riqueza tímbrica, particularmente nos contrastes entre as notas agudas – muito menos pungentes que nos instrumentos modernos – e um tanto anasaladas notas graves. A mim, que tão pouco conheço sobre fortepianos e sua técnica de construção, o Graf soa muito mais moderno que seus concorrentes contemporâneos. O resultado é impressionante, e sobremaneira porque Serkin conseguiu, mesmo com o instrumento antigo, realizar uma das minhas gravações favoritas da grande Hammerklavier (Op. 106) – notável, entre outras coisas, por respeitar estritamente as indicações metronômicas quase suicidas do compositor.


Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

1 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
2 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
3 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
4 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

Dois Rondós para piano, Op. 51
Compostos entre 1795-1798
Publicados em 1802 (no. 2) e 1810 (no. 1)

5 – No. 1 em Dó maior
6 – No. 2 em Sol maior

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

7 – Allegro
8 – Scherzo: Assai vivace
9 – Adagio sostenuto
10 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

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Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
Composta em 1814
Publicada em 1815
Dedicada ao príncipe Moritz von Lichnowsky

1 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
2 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

3 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
4 – Prestissimo
5 – Andante molto cantabile ed espressivo – Variazione I: Molto espressivo – Variazione II: Leggermente – Variazione III: Allegro vivace – Variazione IV: Un poco meno andante – Variazione V: Allegro ma non troppo – Variazione VI: Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

6 – Moderato cantabile – Molto espressivo
7 – Allegro molto
8 – Adagio, ma non troppo – Arioso – Fuga: Allegro ma non troppo – L’istesso tempo di arioso – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustra

9 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
10 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

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Peter Serkin, fortepiano

Mr. Serkin and Herr Graf
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

In memoriam Sean Connery (1930-2020) – Sergei Prokofiev (1891-1953) – Pedro e o Lobo, Op. 67 – Suíte “Tenente Kijé”, Op. 60 – Benjamin Britten (1913-1975) – The Young Person’s Guide to the Orchestra – Connery – Dorati

Sir Thomas Sean Connery deixou-nos no finalzinho do mês passado, e, tão logo soube da má notícia, lembrei de trazer-lhes este pequenino disco.

A comoção das legiões de fãs com sua morte foi tão grande quanto o reaceso rechaço à sua inaceitável e tantas vezes reiterada opinião quanto a bater em mulheres – opinião que, claro, eu não corroboro e que vigorosamente condeno. Enquanto aproveito para recondená-la, e por vivermos tempos em que nenhum óbvio é mais ululante, esclareço que não pretendo aqui tecer loas ao espancador de mulheres, e sim celebrar o legado artístico do ator icônico, dono duma voz inconfundível e de distinto sotaque que, algumas vezes, soltou no cinema:

E é com a voz que Connery aparece nesta nossa homenagem, acompanhado por Antál Dorati e a Royal Philarmonic, em duas figurinhas fáceis do repertório para narrador e orquestra: “Pedro e o Lobo”, de Prokofiev, numa versão em inglês atenuada das cores soviéticas do original (no primeiro esboço, Pedro era um jovem pioneiro de Lênin), e no “Guia dos Jovens para Orquestra”, de Britten, uma adaptação duma obra em variações sobre um tema da música de cena de Purcell para a peça “Abdelazer”, de Aphra Behn. Dorati, um verdadeiro monstro de eficiência, sai-se bem como sempre (e em especial na música para “Tenente Kijé”, também inclusa no disco), e a voz de Connery é tão clássica que não tenho como lhe fazer críticas, e mesmo a forma hilária com que ele pronuncia a palavra “brass” para se referir aos metais inunda a narração de charme.

Tapadh leat, Tom!

Sergei Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Pedro e o Lobo (Petya i volk), Conto de Fadas Sinfônico para Crianças,  Op. 67

1 – This is the story of Peter and the Wolf
2 – It was early morning
3 – Grandfather led him back to the house
4 – Now this is how things stood
5 – And now, the victory parade

Sean Connery, narrador
Royal Philarmonic Orchestra
Antal Doráti, regência


Suíte “Tenente Kijé” (Poruchik Kizhe), da trilha sonora do filme de Aleksandr Faintsimmer, Op. 60

6 – O nascimento de Kijé
7 – Romance
8 – Casamento de Kijé
9 – Troika
10 – O funeral de Kijé

Royal Philarmonic Orchestra
Antal Doráti, regência


Edward Benjamin BRITTEN (1913-1976)

Variações e fuga sobre um tema de Purcell, para orquestra, Op. 34 (The Young Person’s Guide To The Orchestra), Op. 34

11 – Introduction
12 – Let us hear each instrument play a variation
13 – The highest instruments in the string family
14 – We now come to the brass family
15 – The percussion family
16 – You have heard the whole orchestra in sections

Sean Connery, narrador
Royal Philarmonic Orchestra
Antal Doráti, regência

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DÃ BRAÉSSS (CC0 1.0 Universal (CC0 1.0), Public Domain Dedication, https://pxhere.com/en/photo/594911)

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Rarities (3/3)

A coleção de raridades da edição completa (sic) de Beethoven pela Deutsche Grammophon Gesellschaft encerra com uma série de fugas escritas em vários momentos da vida de Ludwig, mormente do período em que se dedicou ao estudo da obra de J. S. Bach e de Händel, cujas fugas copiou em seus cadernos e muitas das quais transcreveu para piano e para quarteto de cordas. Como arremate, algumas obras do apêndice (Anhang, Anh.) do catálogo Kinsky-Halm, que são consideradas de atribuição duvidosa ou decididamente espúrias. E é com elas que anuncio aos completistas que, sim, sua frustração está liberada: nenhuma das ditas “edições completas” de Beethoven lançadas para comemorar o ducentésimo quinquagésimo aniversário do moço cumpriram o que prometeram, e não tenho dúvidas de que os SACs da DG, da Naxos e da Warner devem estar repletos de reclamações espumantes daqueles que não ouviram aquele punhado de notas que ele anotou num papel de pão para o arquiduque Rudolph e acabou esquecendo no banheiro duma das diversas espeluncas em que ele costumava encher as guampas. A vós outros, furiosos, fica a afável sugestão de aplacarem a ira e cuidarem da carcaça, porque, afinal, se continuarem assim enfezados, dificilmente chegarão ao tricentenário de Ludwig, em 2070 (isso, claro, se houver mundo até lá).

Ludwig van BEETHOVEN
(1770-1827)

Fugas a duas vozes, Hess 236
1 – Em Ré menor
2 – Em Fá maior
3 – Em Si bemol maior
4 – Em Ré menor

Fugas a três vozes, Hess 237
5 – Em Sol maior
6 – Em Fá maior
7 – Em Mi menor
8 – Em Ré menor

Tobias Koch, fortepiano


Fugas para quarteto de cordas, Hess 238
9 – No. 1 em Mi menor
10 – No. 2 em Ré menor
11 – No. 3 em Dó maior
12 – No. 4 em Lá menor
13 – No. 5 em Si bemol maior
14 – No. 6 em Lá menor

Covington String Quartet:
Luke Wedge e Greg Pinney, violinos
William Hurd, viola
Frank McKinster, violoncelo


Fugas corais, Hess 239
15 – Em Ré menor
16 – Em Sol maior

Tobias Koch, fortepiano


Fugas duplas, Hess 243 (transcritas para quarteto de cordas por A. W. Holsbergen)
17 – No. 1 em Dó maior
18 – No. 2 em Fá maior
19 – No. 3 em Dó maior
20 – No. 4 em Dó maior
21 – No. 5 em Ré menor

Fugas triplas, Hess 244 (transcritas para quarteto de cordas por A. W. Holsbergen)
22 – No. 1 em Ré menor
23 – No. 2 em Fá maior

Covington String Quartet


24 – Fuga para quarteto de cordas em Ré maior, Hess 245 (fragmento)

Endellion String Quartet:
Ralph De Souza e Andrew Watkinson, violinos
Garfield Jackson, viola
David Waterman, violoncelo


Sonata para flauta e piano em Si bemol maior, WoO Anh. 4
25 – Allegro
26 – Polonaise
27 – Largo
28 – Allegretto con variazioni

Severino Gazzelloni, flauta
Bruno Canino, piano


29 – Sonatina em Sol maior, WoO Anh. 5

Tobias Koch, fortepiano


30 – Variações para piano sobre “Ich hab’ ein kleines Hüttchen nur”, WoO Anh. 10

Rudolf Buchbinder, piano

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Ludwig, versão “Aquilo é uma lira, ou um bidê?”
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Rarities (2/3)

O segundo volume das raridades beethovenianas da Deutsche Grammophon começa com um curioso arranjo da abertura da Sétima Sinfonia que Ludwig, estranhamente, deixou incompleto. Segue um repertório bem picotado, todo ele dedicado a cordas. Há uma participação significativa de Daniel Hope, afilhado artístico de Yehudi Menuhin, o último violinista do Beaux Arts Trio e atual presidente da Beethovenhaus de Bonn. Hope contribui com excertos do Op. 107 (do qual não existe gravação comercial completa para violino e piano, lacuna que nenhuma das “edições completas” lançadas neste 2020 deu conta de preencher), um fragmento de sonata para violino e piano, e a reconstrução do “último pensamento musical de Beethoven”, uma introdução para um quinteto de cordas encomendado por Diabelli. Tudo que dele chegou a nossos tempos foi um fragmento para piano, que foi completado pelo encomendante e por ele vendido, enfim, com aquele sugestivo título. Ainda que hoje se saiba que houve outros “pensamentos musicais” posteriores, e que Beethoven chegou mesmo a completar outras obras menores depois do WoO 62, é razoável alegar que esta foi a última obra significativa que ele iniciou. A recriação para quinteto de cordas que ouvirão deve-se ao compositor Hideaki Shichida, que também se lançou a coletar os fragmentos deixados para os demais movimentos e publicou sua reconstrução integral da obra, que os leitores-ouvintes poderão facilmente encontrar na cyberesfera.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Sinfonia no. 7, Op. 92 (arranjo de Beethoven para piano, primeiro movimento, fragmento, Hess 96)

Tobias Koch, fortepiano


Variações sobre temas folclóricos, para violino e piano, Op. 107 (excertos)
2 – I bin a Tiroler Bua
3 – Volkslied aus Kleinrußland
4 – St. Patrick’s Day
5 – Peggy’s daughter
6 –  Schöne Minka
7 – Oh, Thou are the Lad of my Heart

Daniel Hope, violino
Sebastian Knauer, piano


8 – Andante maestoso em Dó maior para piano, WoO 62, “Letzter musikalischer Gedanke” (completado por Anton Diabelli; arranjo de Hideaki Shichida)

Daniel Hope e Ikki Opitz, violinos
Tatjana Masurenko e Amihai Grosz, viola
Daniel Müller-Schott, violoncelo


9 – Fuga da abertura do oratório “Solomon” de Händel, arranjada por Beethoven para quarteto de cordas, Hess 36

Lukas Hagen e Rainer Schmidt, violinos
Veronika Hagen, viola
Clemens Hagen, violoncelo


10 – Sonata para violino e piano em Lá maior, Unv. 11 (Hess 46)

Daniel Hope, violino
Sebastian Knauer, piano


11 – Duo para violino e violoncelo em Mi bemol maior, Unv. 8 (fragmento)

Daniel Hope, violino
Daniel Müller-Schott, violoncelo


12 – Scherzo do trio para cordas, Op. 9 no. 1, com trio alternativo

Daniel Hope, violino
Amihai Grosz, viola
Daniel Müller-Schott, violoncelo


13 – Allegretto para quarteto de cordas em Si maior, WoO 210

Endellion String Quartet:
Ralph De Souza e Andrew Watkinson, violino
Garfield Jackson, viola
David Waterman, violoncelo


14 – Minueto em Si bemol maior para quarteto de cordas, Hess 331 (fragmento)
15 – Pastorella para quarteto de cordas, Hess 332 (fragmento)
16 – Menuetto – Scherzo para quarteto de cordas, Hess 333 (fragmento)
17 – Allegro em Lá maior para quarteto de cordas, Hess 334

Covington String Quartet:
Luke Wedge e Greg Pinney, violino
William Hurd, viola
Frank McKinster, violoncelo

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Ludwig, versão “DO CABELO ATÉ A SOBRANCELHA
DÁ TRINTA REAIS DE UBER”

 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Rarities (1/3)

Meus sentimentos para com Lang Lang são mistos: admiro seu domínio extraordinário de seu instrumento; aprecio lampejos de suas gravações; quase não o ouço. Minha opinião, claro, em nada importa ao über-star do piano, que vende como água cada uma de suas gravações, lota salas de concertos por todo globo e serve como idolatrado emblema da febre pianística que tomou a República Popular da China, onde dezenas de milhões de abnegados estudantes buscam ser o novo Lang.

Isto posto, informo que seus muitos fãs terão um breve motivo para se alegrarem com minha postagem: coube a Lang a abertura da longa procissão de peças do volume de raridades da Complete Beethoven Edition lançada pela Deutsche Grammophon no ano passado. Pode ser que o diminuto Minueto, WoO 218, não seja memorável, mas Lang põe sua imensa proficiência pianística a serviço da miniatura, dando-lhe uma roupagem elegante que mostra que talvez devesse ser a atenção ao detalhe, e não o culto ao bravado, a pautar seu caminho ao Parnasso. Cabe apontar que, apesar da DG afirmar que esta foi a primeira gravação da peça, temos provas de que nosso herói, o incansável Jenő Jandó, gravou-a quase vinte anos antes de Lang.

O restante desse primeiro dos três volumes de raridades é completado por competentes fortepianistas, e inclui uma realização da Vitória de Wellington em que a barulheira bélica prescrita por Beethoven é realizada por percussão acoplada ao instrumento e acionada por pedais, e um bom punhado de realizações do sempre bem-vindo Ronald Brautigam, que sabe como colorir música com os anasalados sons dum Hammerflügel.

 

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Minueto em Dó maior, WoO 218

Lang Lang, piano


2 – Andante em Dó maior, WoO 211
3 – Anglaise em Ré maior, WoO 212
4 – Bagatelle em Dó maior, Hess 73
5 – Bagatelle em Mi bemol maior, Hess 74
6 – Minueto em Fá maior, WoO 217
7 – Bagatelle em Dó maior, Hess 57

Ronald Brautigam, fortepiano


8 – Peça em Fá menor, Kullak f. 51 / 52
9 – Andante em Ré bemol maior, WoO 213, No. 1
10 – Finale em Sol maior, WoO 213, No. 2
11 – Allegro em Lá bemol maior, WoO 213, No. 3
12 – Rondó em Lá maior, WoO 213, No. 4
13 – Bagatelle em Lá menor, WoO 59, “Für Elise” (versão de 1822)
14 – Valsa em Dó menor, WoO 219 (Hess 68)
15 – Estudo em Si bemol maior, Hess 58
16 – Allegretto em Lá menor/maior, Kafka f. 47v
17 – Peça em Lá maior, Kafka f. 160r
18 – Peça em Lá maior, Kafka f. 41v
19 – Peça em Dó maior, Kafka f. 47v – pautas 5-8
20 – Peça em Dó maior, Hess 59
21 – Adagio em Sol maior, Hess 70
22 – Molto adagio em Sol maior, Hess 71
23 – Tema e variações em Lá maior, Hess 72
24 – Duas danças alemãs em Fá maior/menor, Hess 67
25 – Minueto em Lá bemol maior – Trio em Lá menor, WoO 209 (Hess 88)
26 – Sonata para piano “Quasi una Fantasia” em Ré maior, Unv. 12
27 – Dona nobis pacem, fuga para quatro vozes, Anh. 57 (arranjo de Beethoven para piano)

Tobias Koch, fortepiano


28 – “O Hoffnung”, tema de quatro compassos para exercício de composição do arquiduque Rudolf, WoO 200 (Hess 75)
29 – Wellingtons Sieg oder die Schlacht bei Vittoria, Op. 91 (arranjo para piano, Hess 97)

Steven Beck, fortepiano


30 – Andante maestoso em Dó maior, WoO 62, “Letzter musikalischer Gedanke”

Ronald Brautigam, fortepiano

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Ludwig, versão “QUE DIABOS FIZ DE MINHA VIDA?”

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Obra completa para órfica – Peças para piano – Carl Leopold Röllig (1754-1804) – Peças para órfica – Koch

“A Obra Completa para Órfica” é o título mais sensacionalista em todo meu duvidoso histórico aqui no PQP Bach, uma esdrúxula dourada de pílula que entrará para a história do blog, uma vez que tudo o que Ludwig escreveu para órfica se resume a duas diminutas peças (WoO 51), que doidivanas como eu volta e meia chamam “sonatina para piano”, supondo que houvesse um terceiro movimento, hoje perdido. Balela pura: nunca foram assim chamadas por Beethoven, que as pretendeu como peças separadas, e muito menos compostas para o piano. O título foi, sim, uma invenção de seu primeiro editor, a fim de que ela apetecesse mais aos pianistas.

Sei que me choverão tomates por fazer postagens de tamanha insignificância. No entanto, prometi-lhes a obra completa do renano e, se não postasse esse disco, não faltaria um completista compulsivo para, ao final da série, brotar dum subsolo a bradar, para minha vergonha, “RÁ, MAS TU NÃO POSTASTE A OBRA COMPLETA PARA ÓRFICA”. Pois bem, aqui está o minúsculo WoO 51, dedicada a Eleonore von Breuning, cujo esposo, Franz Gerhard Wegeler, atestou, numa carta para comunicar a morte de Ludwig a amigos em comum, a existência de “duas peças para órfica que Beethoven compôs para minha esposa”, confirmando assim não só a dedicatária, mas também o instrumento para a qual ele escreveu as peças usurpadas pelos pianistas.

Mas… e que raios é uma órfica? Bem: ei-la.

Foto: Andreas Praefcke, domínio público (https://en.wikipedia.org/wiki/Orphica#/media/File:Orphica_Wien_SAM.jpg)

A curiosa traquitana foi bolada por um certo Carl Leopold Röllig, que já inventara uma harmônica de vidro acionada por teclados, em 1796, e a descreveu como “instrumento que difere completamente em construção do teorbo, do alaúde e da cítara inglesa e espanhola e os supera em beleza de som e variedade”. A órfica era, de fato, muito bonita, claramente inspirada nas representações da lira de Orfeu (daí seu nome), e sua curiosa mescla de instrumento de teclado com de cordas beliscadas não tornam disparatado considerá-la uma precursora da keytar.

Foto: Thomas Hawk (CC BY-SA 3.0)

O pequeno teclado e o som acanhado, parecido com o de um piano de brinquedo, levaram a órfica ao oblívio, e os poucos instrumentos remanescentes permaneceram em museus, à espera de algum tarado como o alemão Tobias Koch, que resolveu se celebrizar ao fazer a première mundial da diminuta obra no instrumento para o qual foi composta e resolveu incluir, para arredondar o disco, quatro peças ainda menores, da lavra do mesmo Röllig que inventou o troço. O grande total, com 16 minutos, é possivelmente a mais breve gravação que já publicamos por aqui.

Para não ganhar fama de quem trabalha pouco, Koch resolveu encher dois discos com peças variadas de Beethoven, muito bem tocadas num pianoforte de som deveras interessante. Entre elas, as três séries de bagatelas publicadas com número de Opus, a única Fantasia para piano, o rondó “Fúria pelo Tostão Perdido”, e aquela peça em Fá menor, encontrada no chamado “caderno de esboços Kullak”, que foi possivelmente a última composição que Ludwig concluiu.

 Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Duas peças para órfica, WoO 51
1 – No. 1: Allegro
2 –
No. 2: Andante

Carl Leopold RÖLLIG (1754 – 1804)

Kleine und leichte Tonstücke für die Orphika nebst drey Solfeggi für eine Hand allein (“Peças pequenas e fáceis para órfica com três solfejos para uma só mão”) (1797)
3 – No. 1: Moderato
4 –
No. 2: Andantino
5 –
No. 3: Andante
6 – No. 4: Solfeggio – Adagio

Tobias Koch, órfica

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Ludwig van BEETHOVEN

1 – Rondó em Dó maior, WoO 48
2 – Rondó em Lá maior, WoO 49
3 – Bagatela para piano, WoO 54, “Lustig-Traurig”
4 – Fuga em Dó maior, Hess 64

Dois prelúdios em todas tonalidades maiores, Op. 39
5 – Präludium Nr. 1
6 – Präludium Nr. 2

7 – Rondó em Dó maior, Op. 51 no. 1
8 – Allegretto em Dó menor, WoO 53
9 – Allegretto in Dó menor, Hess 69
10 – Rondó em Sol maior, Op. 51 no. 2
11 – Rondó a capriccio em Sol maior, Op. 129, “Wut über den verlorenen Groschen”
12 – Prelúdio em Fá menor, WoO 55
13 – Andante em Fá maior, WoO 57
14 – Polonaise em Dó maior, Op. 89
15 – Fantasia para piano, Op. 77

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Sete bagatelas para piano, Op. 33
1 – Andante grazioso quasi allegretto
2 – Scherzo. Allegro
3 – Allegretto
4 – Andante
5 – Allegro ma non troppo
6 – Allegro quasi Andante, con una certa espressione parlante
7 – Presto

Onze novas bagatelas para piano, Op. 119
8 – Allegretto
9 – Andante con moto
10 – À l’Allemande
11 – Andante cantabile
12 – Risoluto
13 – Andante – Allegretto
14 – Allegro ma non troppo
15 – Moderato
16 – Vivace moderato
17 – Allegramente
18 – Andante, ma non troppo

Seis bagatelas para piano, Op. 126
19 – Andante con moto cantabile e compiacevole
20 – Allegro
21 – Andante cantabile e grazioso
22 – Presto
23 – Quasi allegretto
24 – Presto – Andante amabile e con moto – Tempo I

25 – Bagatela em Dó menor, WoO 52
26 – Bagatela em Dó maior, WoO 53
27 – Bagatela em Dó maior, Hess 73
28 – Bagatela em Mi bemol maior, Hess 74
29 – Bagatela em Lá menor, WoO 59: “Für Elise” – Poco moto
30 – Peça em Si bemol maior, WoO 61
31 – Peça em Si menor, WoO 61 “für Ferdinand Piringer”
32 – Peça em Sol menor, WoO 61 “für Sarah Payne”
33 – Peça em Fá menor
34 – Peça em Dó maior, WoO 62, “Último pensamento musical”

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Tobias Koch, fortepiano

Detalhe de uma órfica. Foto de Jorge Royan/http://www.royan.com.ar (CC BY-SA 3.0)

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Fragmentos e Esboços – Petersson

A gravação de hoje baterá alguns recordes.

É uma das mais curtas da história do blog e, com 56 faixas em 33 minutos, certamente a mais retalhada de todas: depois de sua faixa mais longa, que é exatamente a de abertura, há uma sucessão de fragmentos, folhas de álbum, ideias soltas e temas ao vento, poucos dos quais com mais de minuto, e a maioria mesmo com poucos segundos. Alguns dos temas aparecem em duas versões, mas antes de nos darmos conta de que não são meras repetições, eles também já se finaram – e, falando em finar-se, o punhado de notas chamado Biamonti 849 foram as últimas que Beethoven escreveu, no mesmo março em que morreria. Deverá ser, também, aquela com menos downloads em nossa série, e haverá tantos deles quanto há de completistas beethovenianos entre nossos leitores-ouvintes.

Algum completista beethoveniano aí a me ler? Se houver, hoje é seu dia de sorte – aquele em que os itens faltantes em sua coleção de badulaques ludovíquicos vão diminuir drasticamente, para vosso culpado e mui discreto prazer.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Poco sostenuto, Hess 96 (primeiro movimento da sinfonia no. 7 em Lá maior, Op. 92, fragmento – editado por M. S. Zimmer, reconstrução por C. Petersson)
2 – Melodia em Dó menor, Hess 324 (transcrita por N. Fishman)
3 – Melodia em Dó menor, Hess 324 (reconstruída por A.W. Holsbergen)
4 – Peça para piano em Ré maior, Hess 325 (transcrita por N. Fishman)
5 – Marcha em Dó menor, Hess 330 (reconstruída por A.W. Holsbergen)
6 – Minueto em Si bemol maior, Hess 331 (transcrito por W. Virneisel)
7 – Minueto em Si bemol maior, Hess 331 (reconstruído por A.W. Holsbergen)
8 – Anglaise em Sol menor, Biamonti 48 (versão original)
9 – Anglaise em Sol menor, Biamonti 48 (transcrita por D.P. Johnson)

Dezoito esboços, Biamonti 96:

10 – No. 1: Adagio
11 – No. 2: —
12 – No. 3: —
13 – No. 4: —
14 – No. 5: —}
15 – No. 6: Allegro
16 – No. 7: —
17 – No. 8: Allegro maestoso
18 – No. 9: Adagio molto
19 – No. 10: —
20 – No. 11: —
21 – No. 12: —
22 – No. 13: —
23 – No. 14: —
24 – No. 15: Fugentema (tema de fuga)
25 – No. 16: Adagio
26 – No. 17: —
27 – No. 18: Allegro

28 – Esboço para sonata em Mi bemol maior, Biamonti 98

Esboços para Allegretto, Biamonti 99:

29 – Esboço 1
30 – Esboço 2
31 – Esboço 3
32 – Esboço 4
33 – Esboço 5
34 – Esboço 6
35 – Esboço 7
36 – Esboço 8

37 – Intermezzo para sonata em Dó menor, Biamonti 191 (possivelmente esboços para a sonata no. 5 ou no. 8) (reconstruído por A.W. Holsbergen)
38 – Fragmento em Lá maior produzindo efeito de trompas, Biamonti 268 (transcrito por A. Schmitz)
39 – Fragmento em Lá maior produzindo efeito de trompas, Biamonti 268 (reconstruído por A.W. Holsbergen)
40 – Andante molto em Mi bemol maior, Biamonti 269 (transcrito por A. Schmitz)
41 – Andante em Fá maior, Biamonti 270 (fragmento, transcrito por A. Schmitz)
42 – Fragmento em Mi bemol maior, Biamonti 271 (transcrito por A. Schmitz)
43 –  Andante em Si bemol maior, Biamonti 272 (esboço original transcrito por A. Schmitz, versão de C. Petersson)
44 – Andante em Si bemol maior, Biamonti 272 (reconstruído por A.W. Holsbergen)
45 – Esboço em Fá maior, Biamonti 273 (transcrito por A. Schmitz)
46 – Esboço em Fá maior, Biamonti 273 (reconstruído por A.W. Holsbergen)
47 – Esboços em Dó maior e Sol maior, Biamonti 276 (reconstruídos por A.W. Holsbergen)
48 – Passagem em Si maior, Biamonti 280 (transcrito por A. Schmitz, versão de C. Petersson)
49 – Quatro bagatelas, WoO 213: No. 3 in Lá bemol maior, Biamonti 284 (editada por A.W. Holsbergen)
50 – Esboço em Mi bemol maior, Biamonti 317 (transcrito por S. Brandenburg)
51 – Esboço para sonata em Lá menor, Biamonti 318 (reconstruído por A.W. Holsbergen)
52 – Esboços não utilizados para o final das variações “Eroica”, Biamonti 319 (transcritos por S. Brandenburg)
53 – Tema de fuga em Dó maior, Biamonti 345 (transcrito por N. Fishman)
54 – Fuga Antique em Dó maior, Biamonti 346 (fragmento, transcrito por
55 – Fragmento em Sol maior, Biamonti 720 (transcrito por J. Schmidt-Görg)
56 – Esboço instrumental, Biamonti 849 [nota: são as últimas notas escritas por Beethoven, em março de 1827, mês de sua morte]

Carl Petersson, piano

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Se o fragmento Biamonti 849 inclui as últimas notas que Beethoven escreveu, qual foi então a última obra que ele completou? Salvo melhor juízo (ou alguma nova descoberta bombástica), esta distinção cabe à singela bagatela em Fá menor encontrada no chamado caderno de esboços de Kullak, e tão escondida entre os garranchos de Ludwig e rascunhos para o quarteto Op. 135 que só recentemente se descobriu que seu destino era seu velho amigo, o piano.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Military Beethoven – Petersson

Beethoven odiava guerras, máquinas de guerra, soldados, generais e, particularmente, canhões – que, temia ele, detonariam o que ainda lhe restava da tão surrada audição. Durante o primeiro bombardeio de Viena por Napoleão, ele escondeu-se num porão, cobrindo os ouvidos com travesseiros, enquanto as vidraças trincavam e o reboco caía das paredes. Depois, escreveria:

“… [a invasão napoleônica] afetou-me em corpo e alma. Que destrutividade e baderna eu vejo e ouço em torno de mim; nada além de tambores, canhões e miséria humana de todas as formas”

Além do ódio a guerras, máquinas de guerra, soldados, generais e canhões, Beethoven tinha raiva de quem deles gostava. Quando Karl, seu único sobrinho, e objeto duma encarniçada disputa judicial de tutela com a mãe do garoto, informou que seguiria carreira militar, Ludwig ficou tiririca e fez cair sobre o traumatizado garoto, cuja vida controlada com a mais pesada das mãos, aquela gota d’água que o levou a tentar o suicídio.

O desprezo do compositor ao bélico obriga, assim, um disco entitulado “Beethoven Militar” a lançar mão de associações bastante oblíquas. Há, claro, arranjos pianísticos de seu punhado de peças para banda militar, e a transcrição de seu “balé de cavaleiros”, que ele escreveu para um baile do conde Waldstein e que chegou a ser creditado a este. Há marchas, também, e algumas escocesas, e séries de variações, incluindo aquelas sobre Rule Brittania e God Save the King, duas canções patrióticas que também aparecem na versão para teclado da inacreditável Batalha de Wellington, peça programática que encheu os bolsos de Beethoven dum modo sem precedentes e gerou um sem-fim de muxoxos entre seus amigos e admiradores. Composta por instigação do inventor Mälzel, que a imaginara numa engenhoca de sua lavra, chamada panharmonicon, acabou ficando maior que a encomenda e apresentada em versão para orquestra. Sua dedicatória ao príncipe regente da Inglaterra teve um só propósito: o de sacanear Mälzel, que brigara com o compositor em função dos méritos da concepção da peça, e que não a poderia pleitear nas ilhas britânicas se ela já tivesse sido dedicada ao futuro rei George IV.

Independentemente do quão militar possamos considerar esse disco, ele serve de bom pretexto para publicarmos aqui mais algumas raridades e nos encaminharmos para o fim dessa integral, para alegria dos completistas e desespero daqueles que não conseguirão ouvir muita graça, a despeito dos esforços do sueco  Carl Petersson. A esses últimos, recomendamos paciência e, uma vez mais, reencontrarem nossa série no dia 24 de novembro, quando a ela voltarão aquelas obras-primas capazes de fazer nós outros lembrarmos de Beethoven, mesmo dois séculos e meio depois dele estrear no mundo em Bonn.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Música para um balé de cavaleiros (Ritterballet), WoO 1, Hess 89 (transcrição para piano)

1 – Marsch
2 – Deutscher Gesang: Allegro
3 – Jagdlied: Allegretto
4 – Deutscher Gesang: Allegro
5 – Minnelied – Romanze: Andantino
6 – Deutscher Gesang: Allegro
7 – Kriegslied: Allegro assai
8 – Deutscher Gesang: Allegro
9 – Trinklied: Allegro con brio
10 – Deutscher Gesang: Allegro
11 – Deutscher Tanz: Walzer
12 – Coda: Allegro vivace

Variações fáceis sobre um tema original, WoO 77 (1800)
13 – Thema – Variationen I-VI

Variações sobre “God Save the King”, WoO 78 (1803)
14 – Thema – Variationen I-VII

Variações sobre “Rule Britannia”, WoO 79 (1803)
15 – Thema – Variationen I-V

Wellingtons Sieg oder Die Schlacht bei Vittoria (“A Vitória de Wellington ou a Batalha de Vittoria”, Hess 97 (1813, versão para piano publicada em 1816)
16 – Parte I: A Batalha
17 – Parte II: Sinfonia da Vitória

Marcha Triunfal para a Tragédia “Tarpeja” de Christoph von Kuffner, WoO 2a, Hess 117
18 – Lebhaft und stolz

Marcha em Si bemol maior, WoO 29, Hess 87 (1797/98)
19 – Marcia: Vivace (versão original)
20 – Marcia: Vivace (versão revisada)

21 – Marcha no. 1 em Fá maior, “Für Die Böhmische Landwehr”, WoO 18, Hess 99

Trio com piano em Sol maior, Op. 1, no. 2 (1794-99)
22 – II. Scherzo (fragmento, Hess 98, completado por C. Petersson)

23 – Minueto em Lá bemol maior, WoO 209, Hess 88 (c.1792)
24 – Minueto em Fá maior, WoO 217, Biamonti 66 (?1794)
25 – Minueto em Ré menor, Gardi 10 (arranjo de D. P. Johnson e  L. Bisgaard) (1790-92)
26 – Valsa em Dó menor, WoO 219, Hess 68 (1803)
27 – Bagatela em Lá maior, WoO 81
28 – Anglaise em Ré maior, WoO 212, Hess 61 (1793)
29 – Écossaise em Mi bemol maior, WoO 86b (1825)
30 – Écossaise em Sol maior, WoO 23 (arranjo de C. Czerny) (c.1810)

Carl Petersson, piano

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Para quem sentiu falta de canhões…

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Peças para piano e fragmentos – Gallo

Se cada segundo de Beethoven importa, então esta gravação poderia importar-lhes muito, por conter… 56 segundos inéditos da obra do mestre. Infelizmente, creio que este disco do excelente pianista brasileiro Sergio Gallo só deverá interessar aos completistas que, a essa altura, já devem estar com um olho aqui no blog, e o outro na lista de obras de Ludwig, na qual as vão riscando uma a uma e já imaginando se conseguiremos publicá-las todas.

Aos completistas, então, vai aqui o spoiler: sim, conseguiremos, ainda que as postagens até o final do mês certamente serão dureza para quem procura boa música. Admito que eu só aprecio esses tantos retalhos largados com um tanto de imaginação – a conjeturar, por exemplo, o que Beethoven poderia ter feito com aqueles poucos compassos, ou, então, o que o teria levado a abandoná-los. Há neste disco alguns destaques: a indefectível Pour Elise (que com quase certeza é Pour Thérèse, em função de sua dedicatária, que a caligrafia medonha de Ludwig se negou a celebrizar), numa versão modificada alguns anos antes da morte do compositor; algumas das variações que escutamos bem no início de nossa série, incluindo as “Dressler”, a primeira obra publicada pelo menino de onze anos, e que aqui soam muito bem (porque eu lhes disse que Gallo é, er, galo!); e o assim chamado Letzter musikalischer Gedanke (“último pensamento musical”), um movimento inacabado do que seria um quinteto de cordas e, alegadamente (porque veremos em algumas semanas que não), teria sido a última coisa que Beethoven pôs no papel. Ainda assim, deverá ser muito pouco para quem procura música com aquela tão beethoveniana característica de, no dizer de Leonard Bernstein, “que cada nota que se segue soa como se fosse a única possível”. Não podemos reclamar, logicamente, já que estamos a invadir uma papelada que o compositor jamais pretendeu que ouvíssemos. Ainda assim, encerro por hoje com uma sugestão aos não completistas: deem um tempo daqui de minhas postagens, e voltem no dia 24 de novembro.

 

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Treze variações em Lá maior para piano sobre a arieta “Es war einmal ein alter Mann” de “Das rothe Käppchen”, de Dittersdorf, WoO 66
2 – Pastorella em Dó maior, Biamonti 622 (transcrição de F. Rovelli)

Doze miniaturas para piano dos cadernos de esboços (editados por J. van der Zanden) (excertos)
3 – No. 3, Alla marcia em Dó maior C Major [Kafka, f. 119v, 2 – 5]
4 – No. 4, Klavierstück: Allegro giocoso em Lá maior [Kafka, f. 41v, 13 – 16]
5 – No. 6, Klavierstück: Allegro em Lá maior [Kafka, f. 160r, 1 – 6]
6 – No. 7, Klavierstück: Presto em Lá maior [Kafka, f. 47v, 13 – 16]
7 – No. 8, Klavierstück: Allegretto em Sol maior [Fischhof, f. 53v, 11 – 14]
8 – No. 9, Menuetto em Ré maior [Kafka, f. 39r, 1 – 4]

9 – Allegretto em Dó menor, WoO 53 (2ª versão, Hess 66)
10 – Três pequenos esboços em estilo canônico, Biamonti 69
11 – Allegro em Dó maior, Biamonti 279 (transcrição de A. Schmitz)
12 – Klaviersatz, Hess 63 (transcrição de Abschiedslied de Christian Friedrich Daniel Schubart)
13 – Cânone em Lá bemol maior, WoO 222, Hess 275/328
14 – Cânone em Sol maior (transcrição da parte III de Der vollkommene Kapellmeister de Johann Mattheson), Hess 274
15 – Adagio ma non molto em Sol maior, Hess 70 (fragmento, transcrito por L. Lockwood e A. Gosman). Hess 70
16 – Esboço em Lá maior, Hess 60 (transcrito por A. Schmitz)
17 – Tema com variações em Lá maior, Hess 72 (fragmento)
18 – Tema de canção em Sol maior para o arquiduque Rudolph, WoO 200, Hess 75, “O Hoffnung”
19 – Presto em Sol maior, Biamonti 277 (transcrito por A. Schmitz)
20 – Quatro bagatelas, WoO 213: No. 2 em Sol maior (transcrita por A. Schmitz)
21 – Étude em Si bemol maior, Hess 58
22 – Étude em Dó maior, Hess 59
23 – Quinteto para cordas em Dó maior, WoO 62, Hess 41 – Andante maestoso, “Letzter musikalischer Gedanke” (fragmento para piano, completado por A. Diabelli)
24 – Nove variações em Dó menor sobre uma marcha de Dressler, WoO 63
25 – Sonatina em Fá maior, WoO 50, Hess 53
26 – Seis variações em Fá maior sobre uma canção suíça, WoO 64 (versão para piano)
27 – Andante em Dó maior, WoO 211
28 – Molto adagio em Sol maior, Hess 71 (fragmento, transcrito por L. Lockwood e A. Gosman)
Duas cadenzas para o concerto para piano no. 20 de Mozart, WoO 58
29 – Cadenza para o primeiro movimento (Allegro)
30 – Cadenza para o terceiro movimento (Rondo)
31 – Zweiter Eingang in’s Thema vom Rondo, Hess 84 (cadenza para a versão pianística do concerto para violino, Op. 61)
32 – Kadenz zum Rondo, Hess 85 (cadenza para a versão pianística do concerto para violino, Op. 61)
Quatro bagatelas, WoO 213 (editadas por B. Cooper)
33 – No. 1 em Ré bemol maior
34 – No. 4 em Lá maior
35 – Bagatela em Lá menor, WoO 59, “Für Elise” (versão de 1822, editada por B. Cooper)
36 – Composição para piano em Ré maior, Biamonti 213 (fragmento, transcrito por J. Kerman)

Sergio Gallo, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto em Fá maior para oboé e orquestra, Hess 12 – Ludwig August Lebrun (1752-1790) – Concertos para oboé e orquestra – Schneemann – de Vriend

Já lhes contamos anteriormente que, em 1793, Haydn escreveu a Maximilian Franz, Eleitor de Colônia e empregador de Beethoven, dando conta dos progressos de seu aluno renano em Viena. Essa era, claro, uma necessária prestação de contas ante o investimento que o Eleitor fizera ao enviar o rapaz para a capital musical da Europa e pagar-lhe estudos com o maior compositor vivo:


Tomo a liberdade de enviar a Vossa Reverência, com toda a humildade, algumas peças musicais – um quinteto, uma Parthie de oito vozes, um concerto de oboé, um conjunto de variações para piano e uma fuga composta por meu querido aluno Beethoven, que foi tão graciosamente aceito por Vossa Reverência, como prova de sua diligência além do escopo de seus próprios estudos. Com base nessas peças, especialistas e amadores não podem deixar de admitir que Beethoven se tornará com o tempo um dos grandes artistas musicais da Europa, e terei orgulho de me chamar de seu professor. Eu só queria que ele pudesse ficar comigo por algum tempo ainda”


Papa Haydn foi além, e pediu mais dinheiro para seu aluno. Explicou ao Eleitor que o custo de vida em Viena era muito mais alto que o estipêndio pago a Beethoven, tão insuficiente que, vejam só, o próprio Haydn tivera que lhe emprestar dinheiro.

A resposta do Eleitor, como também já lhes contei, foi demolidora: Beethoven recebia o dobro do que declarara a Haydn; todas as peças citadas na carta, exceto a fuga, já tinham sido ouvidas na corte de Bonn, e portanto não indicavam progresso algum, e que, por isso, cogitava encerrar o sonho vienense do rapazote e trazê-lo de volta antes que lhe trouxesse mais gastos. O velho mestre, de quem Ludwig escondera a verdade, deve ter ficado com cara de pastel (ou, talvez, de Schnitzel). Não sabemos ao certo como ele reagiu. Do que temos certeza é que, pouco depois, o garoto passaria a estudar com Albrechtsberger e Salieri, e Haydn retomaria suas viagens à Inglaterra. Mais ainda: Napoleão tocaria o ficken Sie sich, invadindo a Renânia, dissolvendo o Eleitorado de Colônia, expulsando o Eleitor e transformando a viagem de estudos do jovem Beethoven numa mudança definitiva para Viena.

De todas as obras citadas na carta de Haydn, apenas a “Parthie de oito vozes” (certamente o octeto em Mi bemol maior) sobrevive. Não se sabe que fim levou o concerto para oboé, do qual se encontrou apenas a melodia do movimento lento num caderno de esboços, a chamada “Miscelânea Kafka” (Kafka-Konvolut) que se encontra no Museu Britânico. Tudo o que se conhece dos demais movimentos são seus incipits (a representação dos compassos iniciais duma obra, para fins de catalogação), encontrados num manuscrito contemporâneo. Nada se sabe, tampouco, sobre as circunstâncias em que foi composto. É bem provável que tenha sido escrito para algum dos colegas de Beethoven, que tocava viola insira aqui sua piada de violista favorita para Ludwig na orquestra do Eleitor, pois o estilo do fragmento sobrevivente é muito afeito à música para sopros prevalente nas cortes europeias da época.

Por mais convencional que pareça a melodia, a ideia dum concerto perdido de Beethoven ouriçou os oboístas. Um deles, Charles Joseph Lehrer, reconstruiu o movimento numa edição para oboé e piano, que foi posteriormente orquestrada pelo neerlandês William Holsbergen. O interesse dos neerlandeses por Beethoven (cujo sobrenome significa, em seu idioma, “hortas de beterrabas”) é notável, pois outros dois deles – Cees Nieuwenhuizen e Jos van der Zanden – propuseram-se também uma reconstrução do modesto Largo, que é aquela que ouvirão a seguir.

Claro que pouca coisa do que ouvimos é originalmente de Ludwig, mas o breve movimento, muito cantável, em nada anuncia o grande mestre que se consagraria em Viena, anos depois de passar Haydn na conversa. Escutando a singela composição do rapazote, não podemos descartar a hipótese de que ele tenha dado cabo de propósito no concerto, tamanha sua frugalidade. O fato é que, se algum dia vocês lembrarem dessas gravações que agora lhes alcanço, certamente será pelos concertos de Lebrun, xará de Beethoven e oboísta virtuoso da ebuliente orquestra de Mannheim. Lebrun, infelizmente, morreria três anos antes da carta de Haydn chegar ao Eleitor, não sem antes legar ao mundo esses brilhantes veículos que, através das palhetas de artistas como Bart Schneemann (sim, outro neerlandês), serão gratas descobertas àqueles que, como eu, amam o timbre do oboé.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto em Fá maior para oboé e orquestra, Hess 12
Composto em 1792
Reconstruído por Cees Nieuwenhuizen and Jos van der Zanden

1 – Largo em Si bemol maior

Ludwig August LEBRUN (1752-1790)

Concerto para oboé e orquestra no. 3 em Dó maior

2 – Allegro
3 – Adagio
4 – Rondo: Allegretto

Concerto para oboé e orquestra no. 6 em Fá maior

5 – Allegro
6 – Adagio
7 – Rondo: Allegretto

Concerto para oboé e orquestra no. 5 em Dó maior

8 – Grave – Allegro
9 – Adagio
10 – Rondo: Allegro

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Concerto para oboé e orquestra no. 1 em Ré menor

1 – Allegro
2 – Grazioso
3 – Rondo: Allegro

Concerto para oboé e orquestra no. 4 em Si bemol maior

4 – Allegro
5 – Allegro
6 – Rondo: Allegro

Concerto para oboé e orquestra no. 2 em Sol menor

7 – Allegro
8 – Allegro
9 – Rondo: Allegro

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Bart Schneemann, oboé
Radio Chamber Orchestra
Jan Willem de Vriend, 
regência


Uma outra reconstrução do concerto para oboé de Beethoven, feita por Charles Joseph Lehrer e orquestrada por Willem Holsbergen

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Die Geschöpfe des Prometheus, Op. 43 (transcrição para piano) – Variações e Fuga em Mi bemol maior, Op. 35, “Variações Eroica” – Howard

Quase todas obras orquestrais publicadas por Beethoven durante a vida também o foram em transcrições para piano, muitas vezes não autorizadas, com uma rapidez proporcional à do sucesso na estreia. Poucas dessas transcrições foram preparadas pelo próprio Beethoven, e é uma delas – a da música para o balé Die Geschöpfe des Prometheus, que a companhia de Salvatore Viganò apresentou em Viena em 1801 – que eu lhes trago hoje.

Essa versão pianística distinguiu-se por ir à prensa bem antes da partitura original: foi publicada em 1801, mesmo ano da estreia do balé, enquanto o original só seria publicado em 1804. Na ocasião, o editor atribuiu-lhe o Opus 24, que depois caberia à sonata para violino e piano que conhecemos por “Primavera”, ao passo que a integral do balé receberia o bem mais tardio Op. 43. Isso tudo só atesta o quanto a música repercutiu entre o público que a ouviu no Burgtheater, quanto o próprio apreço que Beethoven, até então muito seletivo com as obras que inseria em seu catálogo oficial de publicações, tinha por sua composição.

Quem conhece a interessante música para Prometheus poderá não se entusiasmar pela ideia de ouvi-la ao teclado, alegando que as cores orquestrais originais – cheias de solos, e que incluem alguns dos poucos compassos que Beethoven escreveu para a harpa e para o corno di bassetto – se perderiam no preto e branco do piano. O que lhes posso dizer é que o intérprete dessa gravação, aliás a primeira que se fez da transcrição, garante que haja toda cor possível. Leslie Howard, afinal, é veterano da colossal empreitada de gravar a obra completa de Liszt, legando-nos 99 CDs cheios da histriônica música do abade, e de tudo fez para que as complicadas e, admitamos, frequentemente enfadonhas partituras tivessem toda cor e vida que pudessem.

A obra que completa a gravação é a única possível: as variações para piano, Op. 35, que se baseiam no tema duma contradança de Prometheus. Ainda que celebrizadas como “Variações Eroica“, por conta da ainda mais famosa reaparição do tema no finale da Terceira Sinfonia, elas seriam mais apropriadamente chamadas de “Variações Prometheus”, uma vez que o balé para Viganò estreou três anos antes do portento que Beethoven dedicou, e iradamente desconsagrou, a Bonaparte.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Quinze variações e uma fuga para piano sobre um tema original, em Mi bemol maior, Op. 35, “Variações Eroica”
Compostas em 1802
Publicadas em 1803
Dedicadas ao conde Moritz Lichnowsky

1 – Introduzione col basso del Tema
2 – A due
3 – A tre
4 – A quattro
5 – Tema
6 – Variation I
7 – Variation II
8 – Variation III
9 – Variation IV
10 – Variation V
11 – Variation VI
12 – Variation VII – Canone all’Ottava
13 – Variation VIII
14 – Variation IX
15 – Variation X
16 – Variation XI
17 – Variation XII
18 – Variation XIII
19 – Variation XIV – Minore
20 – Variation XV – Maggiore – Largo – Coda
21 – Finale – Alla Fuga- Allegro con brio – Andante con moto


Die Geschöpfe des Prometheus, música para o balé em dois atos de Salvatore Viganò, Op. 43, em transcrição para piano do próprio compositor (Hess 90)
Balé composto entre 1800-1 e publicado em 1804
Transcrição publicada em 1801
Dedicado à princesa Christiane von Lichnowsky

ATO I

22 – Overtura: Adagio – Allegro molto e con brio – attacca:
23 – Introduzione: La Tempesta. Allegro non Troppo – attacca:
24 – No. 1: Poco Adagio
25 – No. 2: Adagio – Allegro con brio
26 – No. 3: Minuetto

ATO II
27 – No. 4: Maestoso – Andante
28 – No. 5: Adagio – Andante quasi allegretto
29 – No. 6: Un poco Adagio – Allegro
30 – No. 7: Grave
31 – No. 8: Allegro con brio – Presto
32 – No. 9: Adagio – Allegro molto
33 – No. 10: Pastorale
34 – No. 11: Andante
35 – No. 12: Maestoso (“Solo di Gioia”)
36 – No. 13: Allegro – Comodo
37 – No. 14: Andante – Adagio (“Solo della Casentini”)
38 – No. 15: Andantino – Adagio (“Solo di Viganó”)
39 – No. 16: Finale

Leslie Howard, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Canções polifônicas, WoO 99 – Abschiedsgesang, WoO 102 – Cantata Un lieto Brindisi, WoO 103 – Gesang der Mönche, WoO 104 – Hochzeitslied, WoO 105

Lembram de quando lhes contei que o jovem Ludwig ambicionava enriquecer compondo óperas em italiano? Se disso lembram, lembrarão também que ele tomou lições de prosódia e composição vocal naquele idioma com ninguém menos que o Kapellmeister Salieri. Pois bem: saibam que os exercícios dessas lições, preservados e reunidos sob o WoO 99, serão apresentados agora.

Apesar de sua legendária desorganização, sempre responsável, para onde quer que se mudasse, pelo mais caótico apartamento de Viena, Beethoven carregava seu montão de papeis consigo e, ainda que virados num ninho de ratos, estavam todos com ele quando de sua morte. Entre eles estava um bom número de exercícios de composição corrigidos por seus professores – Albrechtsberger, Haydn, e o supracitado Salieri. Diferentemente das enfadonhas tarefas de contraponto e harmonia que escreveu para os dois primeiros, os exercícios de prosódia para Salieri são bonitinhos o bastante para ocuparem uma melodiosa meia hora do tempo dos leitores-ouvintes. Quem não gosta tanto deles, acho, são os musicólogos, que comeram o pão do Cramulhão a tentarem botar em ordem essas miniaturas vocais. Nem os respeitados senhores responsáveis pelos catálogos Kinsky-Halm e Hess conseguiram chegar a um consenso, e só a última edição do Kinsky-Halm silenciou o celeuma. Suas conclusões:

1) Ludwig compôs exercícios sobre quinze textos, todos de autoria de Pietro Metastasio, o libretista arroz-de-festa da opera seria, cuja obra era o manancial obrigatório para qualquer aspirante a operista em italiano;
2) Os exercícios foram compostos para várias combinações, de duas a quatro vozes, do quarteto vocal padrão (soprano, contralto, tenor, baixo);
3) Alguns textos foram usados para mais de uma combinação de vozes;
4) Da música para o no. 6 (“Ah rammenta”) resta apenas um esboço preliminar, e o no. 15 (o quarteto “Silvio amante disperato”) perdeu-se, e dele só se sabe através de anotações de Alexander Thayer, o primeiro biógrafo acadêmico de Beethoven, que viu a partitura autógrafa e anotou seus quatro primeiros compassos;
5) Sobreviveram seis versões do no. 11, “Fra tutte le pene”: três feitas por Beethoven, e três corrigidas por Salieri, e permitem algumas inferências sobre a relação pedagógica entre os dois.

Arredondam a gravação outras curtas obras vocais que ainda não tinham sido publicadas em nossa série.

A bem-humorada Abschiedgesang (“Canção de Despedida”), WoO 102, para um coro de vozes masculinas a cappella, foi escrita para um amigo, Leopold Weiss, que deixava Viena. O início é majestoso, mas a canção logo descamba para um scherzo muito jovial e retorna para o tom solene e o verso da abertura (die Stunde schlägt, “a hora bateu” ou “chegou a hora”), para encerrar com cada voz a entoar Lebewohl! (“Adeus!”). A merecida reputação de Beethoven como um carrasco convicto de cantores (e qualquer um que tenha feito parte dum coro a cantar a Nona Sinfonia concordará com o veredito) arrefece um pouco cada vez que ouvimos uma sua obra assim.

Un lieto brindisi (“Um brinde feliz”), WoO 103, alcunhada “cantata campestre”, foi composta para o médico italiano Giovanni Domenico Antonio Malfatti (Johann Baptist, para os íntimos), por ocasião de seu dia onomástico, o de São João Batista, em 24 de maio de 1814. Malfatti, que tinha gosto por mandar Beethoven desopilar no balneário boêmico de Teplitz/Teplice, ficou distante do compositor por um bom tempo, talvez em função do malogrado cortejo de Ludwig à sua prima Therese – uma das prováveis dedicatárias de “Für Elise. Os dois só se reconciliariam nos anos finais da vida de Beethoven, quando o mal que o mataria já estava avançado demais para que Malfatti, um dos melhores médicos de Viena, pudesse fazer qualquer coisa.

A brevíssima Gesang der Mönche (“Canto dos Monges”), WoO 104, para coro masculino a cappella, baseia-se num trecho do Wilhelm Tell de Schiller, em que os monges aproximam-se do vilão Gessler, mortalmente ferido por uma flecha de Tell. A despeito de seu severo verso final (Bereitet oder nicht zu gehen!
Er muß vor seinem Richter stehen! – “Pronto ou não para partir/Ele deve postar-se ante seu juiz”), a canção foi escrita para um amigo, o violinista Wenzel Krumpholz, que morreu inesperadamente em 1817, mas é bem possível que ela ecoe a preocupação do próprio Beethoven com sua morte, pois já manifestava múltiplos sinais da longa enfermidade que o mataria, dez anos depois.

Hochzeitslied (‘Canção de Casamento”), WoO 105, foi dedicada a Anna Giannatasio del Rio por ocasião de seu matrimônio com Leopold Schmerling em 1819. Nada sei mais deles, nem pretendo saber, porque o próprio Beethoven não demonstrou muito interesse por essa pequena obra muito formulaica, da qual existem duas versões.

Por fim, e antes que reclamem, aviso que subverti a ordem original das faixas na boa gravação da Naxos, a fim de que as canções em italiano iniciassem a audição, e que esta encerrasse com as duas obras mais robustas do disco: as versões de câmara de Opferlied e Bundeslied, que são melhor conhecidas em roupagens para coro e orquestra.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Canções polifônicas em italiano sobre textos de Pietro Metastasio, WoO 99
Compostas em 1801
Revisadas por Antonio Salieri (1750-1825)

1 – No. 1: Bei labbri che amore, Hess 211
2 – No. 2: Ma tu tremi, o mio tesoro, Hess 212
3 – No. 3: E pur fra le tempeste, Hess 232 (arranjo de Willy Hess para voz e piano)
4 – No. 4: Sei mio ben, Hess 231
5 – No. 5a: Giura il nocchier, Hess 227 (1ª versão)
6 – No. 5b: Giura il nocchier, Hess 230 (2ª versão)
7 – No. 5c: Giura il nocchier, Hess 221 (3ª versão)
8 – No. 7: Chi mai di questo core, Hess 214
9 – No. 8: Scrivo in te, Hess 215
10 – No. 9: Per te d’amico aprile, Hess 216
11 – No. 10a: Nei campi e nelle selve, Hess 217 (1ª versão)
12 – No. 10b: Nei campi e nelle selve, Hess 220 (2ª versão)
13 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, original)
14 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, revisado por Salieri)
15 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, revisado por Salieri)
16 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, original)
17 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 224 (3ª versão, original)
18 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 210 (3ª versão, revisado por Salieri)
19 – No. 12a: Salvo tu vuoi lo sposo (1ª versão)
20 – No. 12b: Salvo tu vuoi lo sposo, Hess 228 (2ª versão)
21 – No. 13a: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 218 (1ª versão)
22 – No. 13b: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 219 (2ª versão)
23 – No. 13c: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 213 (3ª versão)
24 – No. 14a: Già la notte s’avvicina, Hess 223 (1ª versão)
25 – No. 14b: Già la notte s’avvicina, Hess 222 (2ª versão)

Abschiedsgesang, para coro, sobre texto de Ignaz Seyfried, WoO 102
Composta e publicada em 1814
Dedicada a Leopold Weiss

26 – “Die Stunde schlägt” – Andante ma non troppo

Un lieto brindisi, cantata campestre para quatro vozes e piano, WoO 103 (Hess 127)
Composta em 1814
Publicada em 1949
Dedicada a Giovanni Battista Malfatti

27 – Allegro

Gesang der Mönche (“Canção dos Monges”) do Wilhelm Tell de Friedrich Schiller, para coro masculino, WoO 104
Composta em 1817
Publicada em 1839
Dedicada à memória de Wenzel Krumpholz e Franz Sales Kandler

28 – “Rasch tritt der Tod” – Ziemlich langsam

Hochzeitslied, para solista, coro e piano, WoO 105 (Hess 125), 1ª versão
Composta em 1819
Publicada em 1858
Dedicada a Anna Giannatasio del Rio

29 – “Auf, Freunde, singt dem Gott der Ehen” – Allegro

30 – Der freie Mann (1ª versão), Hess 146
31 – Die laute Klage, WoO 135 (1ª versão)
32 – In questa tomba oscura, WoO 133 (1ª versão)
33 – Klage, WoO 113 (1ª versão)
34 – Lied aus der Ferne, WoO 138 (1ª versão)
35 – Seis canções, Op. 48 – No. 3: Vom Tode (1ª versão)
36 – An die Geliebte (esboço, 1811)
37 – Opferlied, Hess 91 (2ª versão, Op. 121b, para soprano, coro e piano)
38 – Bundeslied, Op. 122, “In allen guten Stunden” (versão para coro e piano)

Ensemble Tamanial:
Tabea Gerstgrasser, soprano
Marianne Prenner, mezzo-soprano
Nicolas Frémy, tenor
Alex Gazda, barítono

Claudia Schlemmer e Paula Sophie Bohnet, sopranos
Stefan Tauber e Daniel Johannsen, tenores
Georg Klimbacher, barítono
Martin Weiser e Ricardo Bojórquez Martínez, baixos
Diána Fuchs e Bernadette Bartos, piano
Cantus Novus Wien
Thomas Holmes, regência

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CD BÔNUS: apesar de gostar muito das interpretações do disco acima, senti falta de algum sotaque italiano mais espesso nas canções italianas. Vá lá que foram compostas por um renano que nunca foi à Itália, mas achei que o considerável sucesso de Beethoven em seus estudos de prosódia com Salieri mereceria algo mais mediterrâneo e, por isso, resolvi oferecer-lhes essa gravação alternativa.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Canções polifônicas em italiano sobre textos de Pietro Metastasio, WoO 99

1 – No. 1: Bei labbri che amore, Hess 211
2 – No. 2: Ma tu tremi, o mio tesoro, Hess 212
3 – No. 3: E pur fra le tempeste, Hess 232 (arranjo de Willy Hess para voz e piano)
4 – No. 4: Sei mio ben, Hess 231
5 – No. 5a: Giura il nocchier, Hess 227 (1ª versão)
6 – No. 5b: Giura il nocchier, Hess 230 (2ª versão)
7 – No. 5c: Giura il nocchier, Hess 221 (3ª versão)
8 – No. 7: Chi mai di questo core, Hess 214
9 – No. 8: Scrivo in te, Hess 215
10 – No. 9: Per te d’amico aprile, Hess 216
11 – No. 10a: Nei campi e nelle selve, Hess 217 (1ª versão)
12 – No. 10b: Nei campi e nelle selve, Hess 220 (2ª versão)
13 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, original)
14 – No. 11a: Fra tutte le pene, Hess 208 (1ª versão, revisado por Salieri)
15 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, revisado por Salieri)
16 – No. 11b: Fra tutte le pene, Hess 209 (2ª versão, original)
17 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 224 (3ª versão, original)
18 – No. 11c: Fra tutte le pene, Hess 210 (3ª versão, revisado por Salieri)
19 – No. 12: Salvo tu vuoi lo sposo
20 – No. 13a: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 218 (1ª versão)
21 – No. 13b: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 219 (2ª versão)
22 – No. 13c: Quella cetra ah pur tu sei, Hess 213 (3ª versão)
23 – No. 14a: Già la notte s’avvicina, Hess 223 (1ª versão)
24 – No. 14b: Già la notte s’avvicina, Hess 222 (2ª versão)

Karen Wierzba, soprano
Natalie Pérez, mezzo-soprano
Vincent Lièvre-Picard, tenor
Jean-François Rouchon, barítono
Jean-Pierre Armengaud, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Centenário da morte de Alberto Nepomuceno (1864-1920) – Obras para piano – Szidon

O trabalho cotidiano de erguer o memorial pequepiano ao jubileu de Beethoven quase nos faz esquecer duma importante efeméride: o centenário da morte de Alberto Nepomuceno, notável compositor cearense, amplamente reconhecido como pai do nacionalismo musical brasileiro.

Não conheço tanto quanto gostaria de sua obra – o que, aliás, é um problema que aflige quase todos que o admiram. Há pouca coisa em mídia digital, e muito do que existe em analógico está em fitas de programas de rádios, gravações piratas de recitais e concertos, e LPs poentos. Dou-me conta de que ouvi ao vivo a maior parte que conheço de sua obra, e de que quase tudo que tenho comigo, eu baixei aqui no PQP. Alcanço ao blog uma pequena retribuição, um LP com algumas obras para piano interpretadas por meu conterrâneo Roberto Szidon, que também fica como uma homenagem ao único cearense amigo de Grieg, e como uma promessa de que, quando libertado for das obrigações contratuais beethovenianas, dedicarei mais de mim à sua memória.

Alberto NEPOMUCENO de Oliveira (1864-1920)

Lado A

Suíte antiga, para piano, Op.11
1 – Prelúdio
2 – Minueto
3 – Ária
4 – Rigaudon

Quatro peças líricas para piano, Op. 13
5 – Anelo
6 – Valsa
7 – Diálogo
8 – Galhofeira

Lado B
Duas peças para piano, Op. 27
1 – No. 1: Devaneio
2 – No. 2: Improviso

Folhas d’álbum, para piano
3 – No. 1: Con molto sentimento
4 – No. 2: Con moto
5 – N
o. 3: Andante mosso

Dois noturnos para piano
6 – No. 2 em Sol maior, para a mão esquerda

Roberto Szidon, piano

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Alberto e seu amigo Edvard

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Cânones e Brincadeiras Musicais – Accentus – Ensemble Tamanial – Cantus Novus Wien


Beethoven escreveu algumas dezenas de cânones e brincadeiras musicais ao longo de sua vida. Se os primeiros foram exercícios de contraponto de um ambicioso estudante, a maior parte dos demais destina-se a uma finalidade específica – homenagem, agradecimento, deboche, sátira. Nenhum deles dura mais de dois minutos – poucos, aliás, passam sequer de um – e seus breves textos são muitas vezes tão só uma breve saudação (como “Feliz Ano Novo” (WoO 165, 176, 179), “Adeus” (WoO 181/2) ou “Aproveite a vida” (WoO 195)). Alguns cânones não têm qualquer texto, pelo que são executados habitualmente com instrumentos. Há aqueles destinados a colegas (“Ars longa, vita brevis”, por exemplo, escrito para Hummel) e, a maior parte, a amigos. Ao conde Lichnowsky, que muito o ajudou, Ludwig tascou um “Herr Graf, Sie sind ein Schaf! (“Senhor conde, você é um tolo”). Ignaz Schuppanzigh, tremendamente obeso, é chamado de “Falstafferel” (“Falstaffinho”). Há outras famosas vítimas de trocadilhos: E. T. A. Hoffmann, Friedrich Kuhlau e Carl Schwencke. Muitos cânones são cordiais, quase tributos, como aqueles para Albrechtsberger, Rellstab e Spohr. Também há pequenas paródias, como “Signor Abate”, imitando uma arieta rossiniana, e cânones profundamente enigmáticos: a quem se destinou “Ewig dein” (“Sempre teu”)? E para quem Beethoven pediu para “escrever para mim a escala de Mi bemol” (WoO 172)?

Às bobagenzinhas intercalam-se coisas mais sérias. Alguns de seus mais caros aforismos, vindos de seu poetas favoritos, ganharam cânones: “Kurz ist der Schmerz und ewig die Freude” (“A dor é breve, e a alegria, eterna”), de Schiller; “Edel sei der Mensch, hüfreich und gut, ja gut” (“Nobre é o Homem; prestativo e bom, sim: bom”), de Goethe; e “Das Schöne zu dem Guten” (“O Belo ao Bom”), de Matthison. E também há os cânones dos penúltimos meses de sua vida, como “Wir irren allesamt nur jeder irret anderst” (‘Todos erramos, apenas cada um de uma maneira diferente’), escrito em 1826 para o barão Karl Holz, que muito amparou Beethoven em sua agonia final.

Holz, aliás, é autor de um dos cânones espúrios incluídos nessa edição, que por muito tempo foi atribuído a Ludwig, assim como foi um de Michael, o irmão de seu professor Joseph Haydn. E também há o caso daquele talvez mais famoso entre esses diminutos bombons, “Ta, ta, ta, ta, lieber Mälzel”, WoO 162, que cita um tema da Oitava Sinfonia e serviu para embasar teorias, hoje refutadas, de que seu segundo movimento tentava imitar um metrônomo:

Sabe-se hoje que essa peça dedicada a Mälzel – inventor do panharmonicon e do trompetista mecânico para os quais Beethoven escreveu música – foi escrita por outrem, provavelmente o factotum Schindler, que lhe foi muito prestativo e seu primeiro biógrafo, mas também nunca teve escrúpulos em falsificar evidências para parecer-lhe mais próximo. Schindler à parte, essas diminutas bagatelas vocais, cheias de humor de quinta série, são também breves janelas para a vida pessoal de Ludwig e mostram um seu lado bem diferente daquele gênio de cores turronas, intensas e irascíveis com que nos acostumamos a vê-lo pintado. Por isso mesmo, e a despeito de sua pouca importância musical, eu as acho fascinantes.

Nenhuma gravação até hoje juntou a totalidade dos cânones e brincadeiras musicais de Beethoven, de modo que resolvi lhes trazer duas. A do coro Accentus é decididamente mais intimista e, talvez, afeita à despretensiosidade das bagatelas, dada a preferência por vozes solistas, e sempre a cappella. A outra, com os coros Cantus Novus e Ensemble Tamanial, me parece mais expressiva e variada, e conta com a participação de instrumentos, tanto para a execução dos cânones instrumentais, quanto para algumas intervenções marotas (notavelmente em “Bester Magistrat, Ihr friert” (“Caro Magistrado, você está congelando”), em que o violoncelo contribui com um apropriado tremolando). Se eu lhes puder sugerir, comecem pelo Accentus, prossigam com o outro disco e, ao final dessas duas horas, talvez imaginem um Beethoven a sorrir.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Languisco e moro, Hess 229
2 – Lob auf den Dicken, WoO 100
3 – Graf, Graf, liebster Graf, WoO 101
4 – Im Arm der Liebe ruht sich’s wohl, WoO 159
5 – Ewig dein, WoO 161
6 – Ta ta ta, lieber Mälzel, WoO 162
7 – Kurz ist der Schmerz, und ewig ist die Freude, WoO 163
8 – Freundschaft ist die Quelle wahrer Glückseligkeit, WoO 164
9 – Glück zum neuen Jahr, WoO 165
10  – Kurz ist der Schmerz, und ewig ist die Freude, WoO 166
11 – Brauchle, Linke, WoO 167
12 – Das Schweigen, WoO 168a
13 – Das Reden, WoO 168b
14 – Ich küsse Sie, WoO 169
15 – Ars longa, vita brevis, WoO 170
16 – Glück fehl’ dir vor allem, WoO 171
17 – Ich bitt’ dich, WoO 172
18 – Hol’ euch der Teufel! B’hüt’ euch Gott, WoO 173
19 – Glaube und hoffe, WoO 174
20 – Sankt Petrus war ein Fels, WoO 175 no. 1
21 – Bernardus war ein Sankt, WoO 175 no. 2
22 – Glück zum neuen Jahr, WoO 176
23 – Bester Magistrat, Ihr friert, WoO 177
24 – Signor Abate, WoO 178
25 – Seiner kaiserlichen Hoheit, alles Gute, alles Schöne!, WoO 179
26 – Hoffmann, sei ja kein Hofmann, WoO 180
27 – Gedenket heute an Baden, WoO 181
28 – O Tobias!, WoO 182
29 – Bester Herr Graf, Sie sind ein Schaf, WoO 183
30 – Falstafferel, lass’ dich sehen!, WoO 184
31 – Edel sei der Mensch, hilfreich und gut, WoO 185
32 – Te solo adoro, WoO 186 (versão para mezzo-soprano e baixo)
33 – Te solo adoro, WoO 186 (versão para soprano e mezzo-soprano)
34 – Te solo adoro, WoO 186 (Versão para tenor e baixo)
35 – Schwenke dich ohne Schwänke, WoO 187
36 – Gott ist eine feste Burg, WoO 188
37 – Doktor, sperrt das Tor dem Tod, WoO 189
38 – Ich war hier, Doktor, ich war hier, WoO 190
39 – Kühl, nicht lau, WoO 191
40 – Ars longa, vita brevis, WoO 192
41 – Ars longa, vita brevis, WoO 193
42 – Si non per portas, per muros, WoO 194
43 – Freu’ dich des Lebens, WoO 195
44 – Es muss sein, WoO 196
45 – Da ist das Werk , WoO 197
46 – Wir irren allesamt, WoO 198
47 – Ich bin der Herr von zu, Du bist der Herr von von, WoO 199
48 – Das Schöne zum Guten, WoO 203
49 -Herr Graf, ich komme zu fragen, WoO 221
50 – Esel aller Esel, WoO 227

Accentus

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Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Lob auf den dicken Schuppanzigh, WoO 100
2 – Graf, Graf, liebster Graf, WoO 101
3 – Im Arm der Liebe ruht sich’s wohl, WoO 159
4 – Ewig dein, WoO 161
5 – Freundschaft ist die Quelle wahrer Glückseligkeit, WoO 164
6 – Glück zum neuen Jahr!, WoO 165
7 – Kurz ist der Schmerz, WoO 163
8 – Brauchle, Linke, WoO 167
9 – Das Schweigen, WoO 168, No. 1
10 – Das Reden, WoO 168, No. 2
11 – Ich küße Sie, drücke Sie an mein Herz, WoO 169
12 – Ars longa, vita brevis, WoO 170

Johann Michael HAYDN (1737–1806)

13 – Glück fehl’ dir vor allem, MH 582 (atribuído a Beethoven como WoO 171)

Ludwig van BEETHOVEN

14 – Ich bitt’ dich, schreib’ mir die Es-Scala auf, WoO 172
15 – Hol Euch der Teufel! B’hüt’ Euch Gott!, WoO 173
16 – Glaube und hoffe, WoO 174
17 – Sankt Petrus war ein Fels, WoO 175 no. 1
18 – Bernardus war ein Sankt, WoO 175 no. 2
19 – Bester Magistrat, Ihr friert!, WoO 177
20 – Glück, Glück zum neuen Jahr!, WoO 176
21 – Signor Abate!, WoO 178
22 – Seiner Kaiserlichen Hoheit! – Alles Gute, alles Schöne, WoO 179
23 – Hoffmann, sei ja kein Hofmann, WoO 180
24 – Gedenket heute an Baden!, WoO 181, No. 1
25 – Gehabt euch wohl, WoO 181, No. 2
26 – Tugend ist kein leerer Name, WoO 181, No. 3
27 – O Tobias!, WoO 182
28 – Bester Herr Graf, Sie sind ein Schaf!, WoO 183
29 – Falstafferel, lass’ dich sehen!, WoO 184
30 – Edel sei der Mensch, hülfreich und gut, WoO 185
31 – Te solo adoro, WoO 186
32 – Schwenke dich ohne Schwänke!, WoO 187
33 – Gott ist eine feste Burg, WoO 188
34 – Doktor sperrt das Tor dem Tod, WoO 189
35 – Ich war hier, Doktor, ich war hier, WoO 190
36 – Kühl, nicht lau, WoO 191
37 – Ars longa, vita brevis, WoO 192
38 – Ars longa, vita brevis, WoO 193
39 – Si non per portas, WoO 194
40 – Freu dich des Lebens, WoO 195
41 – Es muss sein!, WoO 196
42 – Da ist das Werk, WoO 197
43 – Wir irren allesamt, WoO 198
44 – Ich bin der Herr von zu, WoO 199
45 – Ich bin bereit! – Amen, WoO 201
46 – Das Schöne zum Guten, WoO 202
47 – Das Schöne zu dem Guten, WoO 203

Karl HOLZ (1799–1958)

48 – Holz geigt die Quartette so (atribuído a Beethoven como WoO 204)

Ludwig van BEETHOVEN

49 – Languisco e moro, Hess 229
50 – Te solo adoro, Hess 263 (esboço do WoO 186)
51 – Te solo adoro, Hess 263 (esboço do WoO 186)
52 – Herr Graf, ich komme zu fragen, WoO 221
53 – Esel aller Esel, WoO 227
54 – Kurz ist der Schmerz, WoO 166
55 – Canon in G Major, WoO 160, No. 1, “O care selve”
56 – Canon in C Major, WoO 160, No. 2

Claudia Schlemmer, soprano
Stefan Tauber e Martin Weiser, tenores
Franz Schneckenleitner, baixo
Luka Kusztrich, Benjamin Lichtenegger, Lara Kusztrich e Dominik Hellsberg, violinos
Wolfgang Däuble, violoncelo
Ensemble Tamanial
Cantus Novus Wien
Thomas Holmes, piano e regência

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Apesar do humor de quinta série, nosso herói conteve seu linguajar. Seu ídolo Mozart, pelo contrário, nunca pagou imposto para ser boca-suja – nem para mandar os outros sujarem suas bocas, como nesses seus famosos e escatológicos cânones que me parecem impossíveis de cantar sem risadas. 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Erlkönig, WoO 131 – Lieder – Breuer – Trost – Edelmann – Bojorquez – Bartos

Um Erlkönig de Beethoven?

Bem, em termos.

Ludwig debruçou-se sobre a famosa balada de Goethe e, após completar a melodia e esboçar o acompanhamento pianístico, abandonou o esqueleto da canção, que jazeu insepulto até que o alemão Reinhold Becker (1842-1924) o completou, em 1897. Ainda que o fragmento tenha sido composto em 1795, dois anos antes de Schubert vir ao mundo, há semelhanças notáveis entre as composições, a mais óbvia no acompanhamento ostinato do piano, que sugere o galope do cavalo a levar o homem e seu filho através da noite escura e do assédio do Rei dos Elfos. Ainda mais notável é que o torso de canção deixado por Beethoven tenha sido incluído no corpo principal do catálogo Kinsky-Helm das obras sem número de Opus (Werke ohne Opuszahl), distinção que normalmente só cabe a obras completas. Ainda que seja um gesto de covardia comparar qualquer outra versão com a obra-prima de Schubert, o mestre supremo da canção, e por mais que se discuta a fidelidade de Becker aos caquinhos que Beethoven nos legou de seu Erlkönig, parece-me que o resultado – ainda mais na voz do ótimo barítono Paul-Armin Edelmann – tem seu muito mérito e merece, se não um lugar ao lado do de Schubert, pelo menos algum próximo ao de Loewe, e bem adiante de outros, como os de Zelter e Spohr.

Entre as canções remanescentes do disco – entre as quais predominam versões alternativas e obscuras de Lieder de Beethoven – destaco o Hess 137, Ich wiege dich in meinem Arm (“Eu te embalo em meus braços”), que tem aqui sua primeira gravação. A bizarra história de sua redescoberta vale a pena ser contada:

Durante muito tempo, ela fora conhecida somente por uma referência que Ludwig fez a ela num rol de canções que ofereceu, sem sucesso, para publicação. Embora mencionada nos catálogos de sua obra, ela nunca fora encontrada – em grande parte porque sua caligrafia medonha fez os musicólogos procurarem, obviamente em vão, por uma canção com o esdrúxulo título Ich schwingen dich in meinem Dom (“Eu te balanço na minha catedral”). Depois que Alan Tyson, grande estudioso da obra de Beethoven, sugeriu o título correto, dois beethovenmaníacos conseguiram encontrar um poema com o mesmo título, da lavra do esquecido pastor Friedrich Wilhelm August Schmidt (1764-1838), de quem Ludwig já musicara um outro poema. Faltava aos dois – Mark Zimmer e Willem Holsbergen – encontrar a música, o que só conseguiram por causa dum verso sui generis:


Wovon, ach! ist dein Kuss so suess,
Wie Pisang war im Paradies?
Ach! ist so suess von Liebe!”

“De quê, ai! teu beijo é tão doce
Como banana no paraíso?
Oh! é tão doce de amor!”


Pisang (“banana”) é uma palavra malaia que entrou na língua neerlandesa devido à longa ocupação da Indonésia pelos Países Baixos, e que de lá, provavelmente, chegou ao alemão. O neerlandês Holsbergen reconheceu o bizarro verso dum caderno de rascunhos de Beethoven que vira anos antes em Londres. Munido do poema, conseguiu enfim identificar o esboço a que ele se referia, com melodia e parte do acompanhamento completos. Após reconstruir a canção – a quem deu o nome correto, que lhe foi sonegado por tanto tempo – publicou-a em 2013, duzentos e dezesseis anos após sua composição.

Quem estranhou a aparição da exótica banana no universo de Beethoven provavelmente corará ao perceber que ele fez questão de ressaltar o papel da fruta (quase que certamente numa comparação marota), mencionando-a três vezes na canção e acrescentando alguns efeitos assanhadinhos que sugerem que o poeta estava a imaginar-se num, bem, num vocês-sabem-o-quê com a amada. Já aqueles que atrelaram sua realização pessoal à necessidade de conhecer uma piada com banana e o humor de oitava série de Beethoven, bem, esses terão hoje um dos melhores dias de suas vidas.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Klage, WoO 113 (2ª versão)
2 – Neue Liebe, neues Leben, WoO 127, Hess 136
3 – Erlkönig, WoO 131, Hess 148 (completed by R. Becker)
4 – In questa tomba oscura, WoO 133 (2ª versão)
5 – Sehnsucht, WoO 134 (1ª versão)
6 – Sehnsucht, WoO 134 (2ª versão)
7 – Sehnsucht, WoO 134 (3ª versão)
8 – Gesang aus der Ferne, WoO 137
9 – An die Geliebte, WoO 140 (1ª versão)
10 – An die Geliebte, WoO 140 (2ª versão)
11 – An die Geliebte, WoO 140 (3ª versão)
12 – Egmont, Op. 84: Freudvoll und leidvoll (versão para voz e piano, com prelúdio)
13 – Egmont, Op. 84: Freudvoll und leidvoll (para voz e piano, Hess 94)
14 – Egmont, Op. 84: Freudvoll und leidvoll (versão para voz e piano, sem prelúdio, Hess 93)
15 – Canções de diferentes nacionalidades, WoO 158 – no. 28: Das liebe Kätzchen, Hess 133
16 – Canções de diferentes nacionalidades, WoO 158 – no. 29:Der Knabe auf dem Berge, Hess 134
17 – Schwinge dich in meinem Dom, Hess 137 (reconstruído por A.W. Holsbergen como ‘Ich wiege dich in meinem Arm’)
18 – Dimmi, ben mio, che m’ami, Hess 140 (versão inicial do Op. 82, no. 1)
19 – Dimmi, ben mio, che m’ami, Hess 140 (versão alternativa do Op. 82, No. 1)
20 – Seis canções, Op. 48 – no. 6: Bußlied (variação nos compassos 102-113)
21 – Wonne der Wehmut, Hess 142 (1ª versão do Op. 83, no. 1)
22 – Feuerfarb’, Hess 144 (1ª versão do Op. 52 no. 2)
23 – Opferlied, Hess 145 (esboço da primeira versão, WoO 126)
24 – An Henrietten, Hess 151, “Traute Henrietten” (completado por A. Orel)
25 – Seis canções, Op. 75 – no. 4: Gretels Warnung (1ª versão)
26 – Languisco e moro, Hess 229 (arranjo em ‘Der vollkommene Capellmeister, Part III Chapter 14: Ungezwungener Gebrauch der übermäßigen None’ de J. Mattheson)

Elisabeth Breuer, soprano (5–7, 12-17, 25, 26)
Rainer Trost, tenor (1, 2, 8, 18, 19, 21, 24)
Paul Armin Edelmann, barítono (3, 9-11, 20, 22, 23)
Ricardo Bojórquez, baixo (4)
Bernadette Bartos, piano

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O mais descabeladoramente difícil de todos Erlkönigs: a transcrição que Heinrich Wilhelm Ernst fez, para violino solo, da canção de Schubert. Notem que as vozes da criança, de seu pai e do Rei dos Elfos são claramente distinguíveis pelo registro, e que a excelente Hilary Hahn despacha as horrorosas dificuldades técnicas sem derramar uma gota sequer de suor.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Integral dos Lieder – Walderdorff – Brunner – Okerlund – Gustav Mahler Chor

Não é todo dia que uma edição alegadamente integral faz a alegria de um completista. Se você for um deles, e seu objeto de obsessão são os lieder de Beethoven, seu dia chegou (ou quase, como veremos mais adiante).

Esta coleção de cinco CDs marca a primeira ocasião em que todos os Lieder conhecidos e completos de Beethoven foram lançados num mesmo pacote. Além de todos os sucessos (se é que se pode falar assim desse arbusto relativamente pouco prestigiado da obra de Ludwig) e de todas as obras obscuras habituais, os artistas dedicaram-se a gravar versões preliminares e alternativas de suas canções, bem como, pela primeira vez, registrar algumas com seus textos completos, incluindo estrofes descartadas por diversos motivos das edições originais.

Dessa feita, a coleção inclui nada menos que onze premières mundiais:

– A primeira versão de Gretels Warnung, que depois seria publicada como no. 4 do Op.75;
– A primeira versão de An den fernen Geliebten, posteriormente publicada como no. 5 do Op. 75, que tem uma parte vocal mais extensa e um poslúdio mais curto para o piano;
– A primeira versão de Klage, WoO 113;
– A primeira versão de In questa tomba oscura, WoO 133;
– A primeira versão de Lied aus der Ferne, que se tornaria WoO 137, mas com a música da WoO 138 (Der Juengling in der Fremde);
– As três versões de An die Geliebte, WoO 140 com acompanhamento de piano (infelizmente, há uma – pasmem! – versão do próprio punho de Beethoven com acompanhamento de VIOLÃO que jamais foi gravada – algum leitor-ouvinte se habilita?);
– As duas versões de Freudvoll und Leidvoll, a canção da Clärchen em Egmont, Hess 93;
– A primeira versão de Dimmi ben mio, Hess 140, que depois seria o no. 1 do Op. 82;
– A primeira versão de Wonne der Wehmut, Hess 142, que se tornaria o no. 1 do Op. 83;
– A primeira versão de Feuerfarb’, Hess 144, que seria depois o no. 2 do Op. 52.

Além delas, a coleção inclui a primeira gravação com texto completo das seguintes canções:

Der freie Mann, WoO 117 (que tivera três estrofes censuradas por motivações políticas, mas que estavam de acordo com o posicionamento político de Beethoven);
Abschiedsgesang an Wiens Bürger, WoO 121, com todas suas seis estrofes;
Der Jüngling in der Fremde, WoO 138, com suas seis estrofes;
So oder so, WoO 148, com suas seis estrofes, incluída uma que afirma que “reis também são servos!”, algo bem de acordo com as crenças de Beethoven, mas que não passou incólume pelos censores de sua época.

Além delas, estão inclusas versões de câmara para Opferlied e Bundeslied, que normalmente escutamos com acompanhamento de orquestra. No entanto, como toda promessa tem suas entrelinhas, os produtores propuseram-se somente a oferecer as gravações de canções completas, deixando aquelas fragmentárias (mesmo que tenham sido reconstruídas em nossos tempos) de lado. Ainda por cima, um probleminha técnico impediu que a integridade do Op. 48 fosse para a nuvem. Assim, à guisa de compensação, incluí no rodapé uma gravação alternativa do ciclo com uma intérprete que, acredito, não suscitará reclamações dos leitores-ouvintes.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

INTEGRAL DOS LIEDER

DISCO 1

1 – Schilderung eines Mädchens, WoO 107 (anônimo) W/O
2 – An einen Säugling, WoO 108 (Döring) B/O
3 – Der freie Mann, 2ª versão, WoO 117 (Pfeffel) W/O/Coro
4 – Oito canções, Op. 52 – no. 1: Urians Reise um die Welt (Claudius) W/O/Coro
5 – Oito canções, Op. 52 – no. 2: Feuerfarb’, 2ª versão (Mereau) W/O
6 – Oito canções, Op. 52 – no. 3: Das Liedchen von der Ruhe (Ueltzen) W/O
7 – Oito canções, Op. 52 – no. 4: Maigesang (Goethe) W/O
8 – Oito canções, Op. 52 – no. 5: Mollys Abschied (Bürger) B/O
9 – Oito canções, Op. 52 – no. 6: Die Liebe (Lessing) W/O
10 – Oito canções, Op. 52 – no. 7: Marmotte (Goethe) W/O
11 – Oito canções, Op. 52 – no. 8: Das Blümchen Wunderhold (Bürger) W/O
12 – Ich liebe dich so wie du mich, WoO 123 (Herrosee) W/O
13 – La partenza, WoO 124 (Metastasio) W/O
14 – Adelaide, Op. 46 (Matthisson) W/O
15 – Abschiedsgesang an Wiens Bürger, WoO 121 (Friedelberg) W/O/Coro
16 – Kriegslied der Österreicher, WoO 122 (Friedelberg) (W/O/Coro)
17 – Opferlied, WoO 126 (Matthisson) W/O

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DISCO 2

1 – Neue Liebe, neues Leben, 1ª versão, WoO 127 (Goethe) W/O
2 – La tiranna, Canzonetta WoO 125 (Wennington) W/O
3 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 1: Bitten W/O
4 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 2: Die Liebe des Nächsten W/O [danificada]
5 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 3: Vom Tode W/O[danificada]
6 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 4: Die Ehre Gottes aus der Natur W/O
7 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 5: Gottes Macht und Vorsehung W/O
8 – Seis canções de Gellert, Op. 48 – no. 6: Bußlied W/O
9  – Lebensglück, Op. 88 (anônimo) W/O
10 – Der Wachtelschag, WoO 129 (Sauter) W/O
11 – An die Hoffnung, Op. 32 (Tiedge) W/O
12 – Elegie auf den Tod eines Pudels, WoO 110 (anônimo) W/O
13 – Als die Geliebte sich trennen wollte, WoO 132 (Breuning) W/O
14 – In questa tomba oscura, 2ª versão, WoO 133 (Carpani) W/O

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DISCO 3

1 – Sehnsucht, 1ª versão, WoO 134 (Goethe) B/O
2 – Sehnsucht, 2ª versão, WoO 134 (Goethe) B/O
3 – Sehnsucht, 3ª versão (Goethe) B/O
4 – Sehnsucht, 4ª versão (Goethe) B/O
5 – Andenken, WoO 136 (Matthisson) W/O
6 – Der Jüngling in der Fremde, WoO 138a (Reissig) W/O
7 – Lied aus der Ferne, WoO 138b (Reissig) W/O
8 – Gesang aus der Ferne, WoO 137 (Reissig) W/O
9 – Der Liebende, WoO 139 (Reissig) W/O
10 – Seis canções, Op. 75 – no. 1: Kennst Du das Land (Goethe) B/O
11 – Seis canções, Op. 75 – no. 2: Neue Liebe, neues Leben, 2ª versão (Goethe) W/O
12 – Seis canções, Op. 75 – no. 3: Aus Goethes Faust (Goethe) W/O/Coro
13 – Seis canções, Op. 75 – no. 4: Gretels Warnung (Halem) B/O
14 – Seis canções, Op. 75 – no. 5: An den fernen Geliebten, 1ª versão (Reissig) B/O
15 – Seis canções, Op. 75 – no. 5: An den fernen Geliebten, 2ª versão (Reissig) B/O
16 – Seis canções, Op. 75 – no. 6: Der Zufriedene (Reissig) W/O
17 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 1: Dimmi, ben mio, che m’ami, 2ª versão (anônimo) W/O
18 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 2: T’intendo sì, mio cor (Metastasio) W/O
19 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 3: L’amante Impaziente, Arietta buffa (Metastasio) W/O
20 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 4: L’amante Impaziente, Arietta assai seriosa (Metastasio) W/O 21 – Quatro arietas e um dueto, Op. 82 – no. 5: Odi l’aura che dolce sospira (Metastasio) W/B/O
22 – Três canções, Op. 83 – no. 1: Wonne der Wehmut, 2ª versão (Goethe) W/O
23 – Três canções, Op. 83 – no. 2: Sehnsucht (Goethe) W/O
24 – Três canções, Op. 83 – no. 3: Mit einem gemalten Band (Goethe) W/O
25 – An die Geliebte, 1ª versão (Stoll) W/O
26 – An die Geliebte, 3ª versão, WoO 140 (Stoll) W/O
27 – Der Bardengeist, WoO 142 (Hermann) W/O
28 – Des Kriegers Abschied, WoO 142 (Reissig) W/O

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DISCO 4

1 – Merkenstein, 1ª versão, WoO 144 (Ruprecht) W/O
2 – Merkenstein, 2ª versão, Op. 100 (Ruprecht) W/B/O/Coro
3 – Das Geheimnis, WoO 145 (Wessenberg) W/O
4 – An die Hoffnung, 2ª versão, Op. 94 (Tiedge) W/O
5 – Sehnsucht, WoO 146 (Reissig) W/O
6 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 1: Auf dem Hügel sitz ich spähend (Jeitteles) W/O
7 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 2: Wo die Berge so blau (Jeitteles) W/O
8 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 3: Leichte Segler in den Höhen (Jeitteles) W/O
9 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 4: Diese Wolken in den Höhen (Jeitelles) W/O
10 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 5: Es kehret der Maien, es blühet die Au (Jeitteles) W/O
11 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – no. 6: Nimm sie hin denn, diese Lieder (Jeitteles) W/O
12 – Der Mann von Wort, Op. 99 (Kleinschmid) W/O
13 – Ruf vom Berge, WoO 146 (Treitschke) W/O
14 – So oder so, WoO 148 (Lappe) W/O
15 – Resignation, WoO 149 (Haugwitz) W/O
16 – Abendlied unterm gestirnten Himmel, WoO 150 (Goeble) W/O
17 – Ariette (Der Kuß), Op. 128 (Weisse) W/O
18 – Klage, 1ª versão, WoO 113 (Hölty) W/O
19 – Klage, 2ª versão, WoO 113 (Hölty) W/O
20 – Erhebt das Glas mit froher Hand (Trinklied), WoO 109 (anônimo) W/O/Coro
21 – Punschlied, WoO 111 (anônimo) W/O/Coro
22 – An Laura, WoO 112 (Matthisson) W/O
23 – Der freie Mann, 1ª versão, Hess 146 (Pfeffel) W/O/Coro

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DISCO 5

1 – Feuerfarb’, 1ª versão, Hess 144 (Mereau) W/O
2 – Ein Selbstgespräch, WoO 114 (Gleim) W/O
3 – O care selve, oh cara, WoO 119 (Metastasio) W/O/Coro
4 – Seufzer eines Ungeliebten und Gegenliebe, WoO 118 (Bürger) W/O
5 – Gretels Warnung, 1ª versão (Halem) B/O
6 – Romance, WoO 128 (anônimo) W/O
7 – Man strebt die Flamme zu verhehlen, WoO 120 (anônimo) B/O
8 – In questa tomba oscura, 1ª versão (Carpani) W/O
9 – Dimmi, ben mio, che m’ami, 1 ª versão, Hess 140 (anônimo) W/O
10 – Wonne der Wehmut, 1ª versão, Hess 142 (Goethe) W/O
11 – An die Geliebte, 2ª versão, WoO 140 (Stoll) W/O
12 – Der Gesang der Nachtigall, WoO 141 (Herder) W/O
13 – Die laute Klage, WoO 135 (Herder) W/O
14 – Auf, Freunde, singt dem Gott der Ehen, 1ª versão, WoO 105 (Stein) B/O/Coro
15 – Auf, Freunde, singt dem Gott der Ehen, 2ª versão, WoO 105 (Stein) W/O/Coro
16 – Gedenke mein, WoO 130 (Beethoven) W/O
17 – Es lebe unser teurer Fürst (Lobkowitz-Kantata), WoO 106 (Beethoven) B/O/Coro
18 – Freudvoll und Leidvoll, 1ª versão do acompanhamento pianístico, Op. 84 no. 4 (Goethe) W/O
19 – Freudvoll und Leidvoll, 2. versão do acompanhamento pianístico, Op. 84 no. 4 (Goethe) W/O
20 – Bundeslied, Op. 122 (Goethe) W/B/O/Coro
21 – Opferlied, Op. 121b (Matthisson) B/O/Coro

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Constantin Graf von Walderdorff, barítono (W)
Heidi Brunner, mezzo-soprano (B)
Kristin Okerlund, piano (O)
Gustav Mahler Chor, Wien


CD BÔNUS: infelizmente, minha cópia do segundo disco não dispõe da segunda e da terceira canções do ciclo do Op. 48. Numa tentativa de compensar o lapso, proponho uma emenda melhor que o soneto: uma gravação da inesquecível Jessye Norman, acompanhada por James Levine, entoando o ciclo completo.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Seis canções sobre poemas de Christian Fürchtegott Gellert, Op. 48
Compostas entre 1801-02
Publicadas em 1803
Dedicadas ao conde Johann Georg von Browne

1 – No. 1: Bitten
2 – No. 2: Die Liebe des Nächsten
3 – No. 3: Vom Tode
4 – No. 4: Die Ehre Gottes aus der Natur
5 – No. 5: Gottes Macht und Vorsehung
6 – No. 6: Bußlied

Jessye Norman, mezzo-soprano
James Levine, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – König Stephan, Op. 117 – Marcha para “Tarpeja”, WoO 2a – “Germania”, WoO 94 – “Es ist vollbracht”, Woo 97 – Vestas Feuer, Hess 115 – Leonore Prohaska, WoO 96 – Chung – Järvi – Davis – Finley – Abbado

Mencionamos ontem que Beethoven recebeu a encomenda de música incidental para duas peças de teatro destinadas à inauguração de um novo teatro alemão (ironicamente chamado “Teatro Húngaro”) em Pest. Uma delas, Die Ruinen von Athen, já lhes foi apresentada. A segunda, é dela que se trata a postagem de hoje.

König Stephan, oder: Ungarns erster Wohltäter (“Rei Estêvão, ou: Primeiro Benfeitor da Hungria”) trata, claro, do homônimo rei dos húngaros, e o primeiro com esse título Estêvão, que se converteu ao catolicismo, unificou a Planície Panônica sob sua coroa e, por isso, é considerado o fundador da nação húngara. Canonizado, teve a ele consagrada uma majestosa basílica em Pest, e seu dia de santo é um feriado nacional em que se comemora também a própria fundação da Hungria. Não deixa de ser irônico, por isso, que um herói nacional dos magiares fosse incensado em língua alemã, num teatro construído por austríacos e no contexto duma reação ao crescente nacionalismo nos Cárpatos. No entanto, se o compararmos seu libreto com o de Die Ruinen von Athen – em que Pest é citada como uma “Nova Atenas”, liderada pelo imperador Franz II -, o de König Stephen é dum esculacho mais leve: ele basicamente descreve a trajetória do rei como cristianizador daquelas planícies pagãs, até sua coroação, mas acaba cedendo ao nariz marrom ao enaltecer, no final, o imperador austríaco.

As duas peças foram escritas por August von Kotzenbue, um sujeito multiúso que acabaria assassinado, anos mais tarde, ao ser confundido com um espião. A ideia era de apresentar König Stephan como prelúdio e Die Ruinen von Athen como epílogo duma trilogia sobre temas húngaros, mas a peça central foi censurada por motivos políticos, por ser simpática demais aos magiares. Beethoven recebeu a encomenda da música durante suas férias no balneário boêmio de Teplitz/Teplice e, numa rara demonstração de eficiência no cumprimento de prazos, enviou para a Hungria, dentro dos três meses combinados, duas coleções duma música incidental tão elaborada e expansiva que transformou as acanhadas peças de Kotzenbue em Singspiele. Quando os organizadores deram uma de Beethoven, postergando o prazo e adiando a inauguração do teatro apenas para 1812, ele se deu o trabalho de revisar a música antes de entregá-la novamente.

Não se sabe como foi a acolhida na estreia, mas alguns meses depois já circulavam edições piratas de reduções de ambas séries para piano a quatro mãos – um indicativo certeiro de popularidade. A boa interpretação que lhes alcanço, a cargo do ótimo Myung-whun Chung, distingue-se pela presença do grande Dietrich Fischer-Dieskau que, contrariamente à sua praxe, não solta o inconfundível vozeirão de barítono e limita-se a contribuir com a narração da parte do protagonista.

As demais obras do disco (com a exceção do Coro dos Príncipes Aliados, WoO 95, uma entre as obras bajulatórias à nobreza reunida para o Congresso de Viena, para a qual não encontramos pareamento melhor), fecham a fatura da música composta por Beethoven para os palcos.

As duas obras do WoO 2 foram, por muito tempo, associadas à tragédia Tarpeja, de Christoph Kuffner (1780-1846), sobre a jovem vestal acusada de trair Roma em sua luta contra os sabinos. No entanto, somente a segunda (a Marcha Triunfal, WoO 2a) foi composta para Kuffner, porque se descobriu, com base no estudo marcas d’água dos papéis usados na composição, que o destino da breve WoO 2b era o de prelúdio ao segundo ato de Leonore. Ao perceber que o primeiro dos dois atos do libreto era excessivamente longo, Beethoven dividiu-o em duas partes, e teve que lhe escrever mui rapidamente esta breve introdução, que acabou sobrando nos golpes de foice que Beethoven deu na obra para, anos depois, reformulá-la como Fidelio.

A gravação inclui duas árias com coros – Germania Es ist vollbracht – escritas como grands finales de Singspiele de outros autores. Era comum que os Singspiele funcionassem assim, como coletâneas de colaborações (muitas vezes não autorizadas) de diversos compositores, e certamente uma contribuição de Beethoven, o mais célebre compositor da Áustria, ganharia uma destacada posição final. Germania serviu como coro final para Die gute Nachricht (“A Boa Nova”)uma peça patriótica destinada a celebrar a vitória sobre Napoleão e seu exílio em Elba. Na mesma linha, Es ist vollbracht (“Está consumado”) encerra Die Ehrenpforten (“As Portas da Glória”), que comemora a segunda tomada de Paris, após a abdicação de Napoleão e sua derrota final, após os chamados “Cem Dias”. Ela inclui uma citação do então hino imperial austríaco, Gott erhalte Franz den Kaiser“, composto por Joseph Haydn e é hoje, com o nome Das Lied der Deutschen, o hino da República Federal da Alemanha. Os dois coros foram provavelmente escritos como pagamento duma dívida de gratidão, pois o autor dos textos os dois Singspiele, Georg Friedrich Treitschke, em muito ajudou Beethoven ao transformar o libreto da fracassada Leonore no do bem-sucedido Fidelio.

A obra seguinte, Vestas Feuer (“O Fogo de Vesta”), baseia-se na reconstrução da única cena que Beethoven compôs para o libreto que Emanuel Schikaneder (libretista de “A Flauta Mágica” e seu primeiro Papageno) lhe alcançou em 1803. Como já repetimos muitas vezes na série, Ludwig tinha a ambição de fazer fortuna com ópera, e um colaborador na posição de Schikaneder – famoso, ainda que em decadência, e dono de seu próprio teatro – parecia ideal para isso. O libreto, no entanto, não só não o agradou (ele comparou o vocabulário de Schikaneder ao de uma “feirante de Viena”), como chegou com considerável atraso, quando Beethoven já estava trabalhando em obras como a Eroica e a sonata Waldstein. Previsivelmente, então, pulou fora do barco e deixou Schikaneder, er, a ver navios.

Nem sei se vale a pena entrar no mérito da trama, já que a cena é muito curta – um casal em encontros furtivos, o pai da moça que odeia o rapaz, um mandrião a dizer-lhe que o pai está possesso, a aparição do tal pai e todo um feio entrevero, e a reconciliação dos três ao reconhecer o amor que há entre o casal, e isso tudo sem que se enxergue qualquer fogo do Tempo de Vesta. Limitar-me-ei a informar-lhes que a cena foi reconstruída pelo mesmo incansável Willy Hess que não só pôs em condições de execução vários fragmentos de Beethoven, mas também organizou um dos mais abrangentes catálogos de sua obra, e que o conciliatório trio final soará familiar àqueles entre vós outros que acompanharam nossas postagens de Leonore/Fidelio: ele foi a base do que se tornaria o grande dueto O namenlose Freude, que encerra a única ópera que Beethoven completaria, e em cujos trabalhos se lançou tão logo abandonou Schikaneder.

As peças finais são talvez a mais peculiares de toda nossa série. Elas foram compostas para o drama Leonore Prohaska, de Friedrich Duncker, baseado na história real da heroína alemã que, disfarçada de homem, numa trajetória semelhante à de Diadorim de Guimarães Rosa, lutou pelo exército prussiano nas guerras napoleônicas, destacou-se pela bravura em combate, e só teve sua verdadeira identidade descoberta depois de ser mortalmente ferida na batalha de Göhrde. Beethoven escreveu quatro pequenas peças, todas muito distintas: um impetuoso, conciso coro de soldados dispostos a morrer em combate (Wir bauen und sterben, “Nós construímos e morremos”); um breve romance para soprano com acompanhamento de harpa, que é uma de suas poucas peças originais para esse instrumento; um breve melodrama acompanhado pelo lindo (e, admitamos, fantasmagórico) som duma harmônica de vidro; e uma marcha fúnebre que é a orquestração do segundo movimento de sua sonata para piano, Op. 26, o único exemplo remanescente duma obra pianística de Beethoven orquestrada por ele próprio.

Ludwig van BEETHOVEN
(1770-1827)

Abertura e música incidental para a peça König Stephan, oder: Ungarns erster Wohltäter (“Rei Estêvão, ou: Primeiro Benfeitor da Hungria”), de August von Kotzebue, Op. 117
Compostas entre 1811-12
Publicadas em 1826 (abertura) e 1865

1 – Abertura. Andante con moto – Presto
2 – Coro: “Ruhend von seinen Thaten”. Andante maestoso e con moto
3 – Coro: “Auf dunkelm in finstern Hainen Wandelten”. Allegro con brio
4 – Marcha das Mulheres. Feurig und stolz
5 – Coro das mulheres: “Wo die unschuld Blumen streute”. Andante con moto all’Ongarese
6 – Melodrama: “Du hast dein Vaterland”
7 – Coro: “Eine neue strahlende Sonne”. Vivace
8 – Melodrama: “Ihr edlen Ungarn!”. Maestoso con moto – Andante maestoso
9 – Geistlicher Marsch. Moderato – Melodrama: “Heil unserm Konige!”. Allegro vivace e con brio – Grave risoluto e ben marcato
10 – Schlusschor: “Heil! Heil unserm Enkeln”. Presto

Dietrich Fischer-Dieskau, Helmut Rühl, Ulrike Jackwerth, Boris Aljinovicz e Frank-Thomas Mende, narradores
Coro dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia
Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia
Myung-Whun Chung, regência


Entreato para a ópera “Leonore”, Wo0 2b
Composta em 1805
Publicada em 1938

11 – Alla Marcia

Göteborgs Symfoniker
Neeme Järvi, regência


Marcha Triunfal para a tragédia “Tarpeja”, de Christoph Kuffner, WoO 2a
Composta em 1813
Publicada em 1840

12 – Marcia: Lebhaft und stolz

BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


“Germania”, ária para barítono, coro e orquestra para o final do Singspiel Die gute Nachricht, de Georg Friedrich Treitschke, WoO 94
Composta e publicada em 1814

13 – Feurig, jedoch micht zu geschwind

Gerald Finley, barítono
BBC Singers
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


Chor auf die verbündeten Fürsten (“Coro dos Príncipes Aliados”), para coro e orquestra, WoO 95
Composta em 1814
Publicada em 1865

14 – Ziemlich lebhaft

BBC Singers
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


“Es ist vollbracht”, ária para barítono, coro e orquestra para o final do Singspiel Die Ehrenpforten, de Georg Friedrich Treitschke, WoO 97
Composta e publicada em 1815

15 – Risoluto

Gerald Finley, baixo
BBC Singers
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


Cena da ópera Vestas Feuer (“O Fogo de Vesta”), com libreto de Emanuel Schikaneder, Hess 115
Reconstruída e completada por Willy Hess
Composta em 1803
Publicada em 1953

16 – “Blick, o Herr, durch diese Bäume” – “Liebe Freundin, lebe wohl!”

Susan Gritton, soprano
David Kübler, tenor
Robin Leggate, tenor
Gerald Finley, baixo
BBC Symphony Orchestra
Sir Andrew Davis, regência


Música incidental para a peça Leonore Prohaska de Friedrich Duncker, WoO 96
Composta em 1815
Publicada em 1865

17 – Kriegerchor: “Wir bauen und sterben”
18 – Romanze: “Es blüht eine Blume im Garten mein”
19 – Melodrama: “Du, dem sie gewunden”
20 – Trauermarsch

Sylvia McNair, soprano
Karoline Eichhorn, declamação
Marie-Pierre Langlamet, harpa
Sascha Reckert, harmônica de vidro
Rundfunkchor Berlin
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regência

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Para quem sempre quis conhecer o rei Estêvão, o grande dia chegou: eis sua mão direita, conservada num relicário na basílica que leva seu nome, em Budapest
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Die Ruinen von Athen, Opp. 113 & 114 – Die Weihe des Hauses, Op. 124, WoO 95 e Hess 118 – Segerstam

A inauguração do novo teatro alemão na cidade de Pest (ainda não unificada com sua vizinha Buda, que do outro lado do Danúbio era então capital da Hungria) trouxe, em 1811, duas mui bem-vindas encomendas a Beethoven.

A primeira delas foi a música incidental para Die Ruinen von Athen, uma peça de August Friedrich Ferdinand von Kotzebue (1761-1819). Apesar do nome, “As Ruínas de Atenas” era um descarado veículo de propaganda da dominação austríaca da Hungria. Acompanhem a sinopse: a deusa Atena acorda dum sono de dois mil anos e encontra um casal que lamenta a ocupação da Grécia pelos otomanos, descritos das mais desabonantes maneiras. Constatando com desgosto as ruínas em que os turcos deixaram a cidade, Atena é levada por Hermes a Pest (!), chamada de Nova Atenas (!!) onde assiste, no novo teatro alemão (!!!), a um triunfo das musas Talia e Melpômene, na companhia de… Franz II, Sacro Imperador Romano-Germânico (!!!!). Entre as estátuas das duas, Zeus erige um busto de Franz (!!!!!), que é coroado por Atena. Para arrematar a vergonha alheia (e a massagem no ego do imperador), a peculiar celebração é encerrada por um coro a renovar os juramentos da tradicional lealdade húngara aos austríacos (!!!!!!).

Minhas googleadas pela cyberesfera não me trouxeram resenhas da estreia de “As Ruínas”, mas imagino que ela tenha agradado os germanófonos de Pest tanto quanto deve ter deixado tiriricas os magiares, sempre ferrenhos nacionalistas. O fato é que Beethoven – até então reticente quanto a peças de ocasião – não ficou desgostoso com a sua contribuição. A chamada “marcha turca”, que conta com a curiosa instrução em alemão de usar “todos instrumentos barulhentos possíveis, como castanholas, pratos e assemelhados”, foi um imenso e imediato sucesso que suscitou muitas paródias, paráfrases e reinvenções, a começar pelo próprio Beethoven, com sua série de variações para piano do Op. 76.

Outra prova de que a música para “As Ruínas” não o envergonhou viria dez anos depois, quando encontramos Ludwig, então veterano do Congresso de Viena e de suas composições de ocasião, já com trambolhos sensacionalistas como “A Vitória de Wellington” e “O Momento Glorioso” no currículo, e sem mais quaisquer pudores em compor o que fosse necessário para agradar ao público. Quando o convidaram para a reinauguração do Theater in der Josefstadt em Viena, ele prontamente sugeriu remontagem de “As Ruínas de Atenas”, imaginando, todo pimpão, o quão rapidamente conseguiria reelaborar a música que já escrevera. Não contava ele, no entanto, com a intervenção de um certo Carl Meisl, que adaptou a peça de Kotzebue e, mudando as letras e acrescentando-lhe outros números, ferrou com as pretensões beethovenianas de maciota. Além de ter que providenciar música para as adições de Meisl (como a ária para soprano e coro Wo sich die Pulse, WoO 98), ele reformulou o que compusera em 1811, adaptando um dos números de “As Ruínas” (a Marcha e o Coro “Schmückt die Altäre”) para permitir sua execução independente, publicando-o separadamente como seu Op. 114. Também, notavelmente, descartou a acanhada abertura antiga e acrescentou uma nova abertura, concebida numa escala muito maior que o restante da música incidental. Nela, Beethoven exibiu os primeiros produtos de seu dedicado estudo do contraponto nas obras de Händel e J. S. Bach. A obra resultante, conhecida como “A Consagração da Casa”, Op. 124, é uma de suas melhores aberturas e tem lugar merecidamente cativo nos programas das salas de concerto.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Die Weihe des Hauses, abertura em Dó maior para a peça de ocasião de Carl Meisl, Op. 124
Composta em 1822
Publicada em 1825
Dedicada ao príncipe Nikolay Golitsyn

1 – Maestoso e sostenuto – Allegro con brio


“Die Weihe des Hauses”, Musik zu Carl Meisls Gelegenheitsfestspiel (Música para “A Consagração da Casa”, peça comemorativa de ocasião de Carl Meisl), Hess 118

2 – Coro invisível: Folge dem mächtigen Ruf der Ehre!

Wo sich die Pulse, coro para “Die Weihe des Hauses”, WoO 98

3 – Allegro ma non troppo e un poco maestoso

Marcha e coro para “Die Ruinen von Athen”, peça de August von Kotzebue, Op. 114

4 – Assai moderato

“Die Ruinen von Athen”, abertura e música incidental para a peça de August von Kotzebue, Op. 113
Composta entre 1811-12
Publicada em 1823 (abertura) e 1846
Dedicada ao rei Friedrich Wilhelm IV da Prússia

5 – Abertura. Andante con moto – Allegro, ma non troppo
6 – Coro: “Tochter des mächtigen Zeus” Andante poco sostenuto
7 – Diálogo: “Versöhnt”
8 – Dueto: “Ohne Verschulden Knechtschaft dulden”. Andante con moto – Poco piu mosso
9 – Diálogo: “Wo sind wir”
10 – Coro dos Dervixes: “Du hast in deines Ärmels falten”. Allegro ma non troppo
11 – Diálogo: “Ha! Welchen Unsinn hat mein Ohr vernommen!”
12 – Marcia alla turca. Vivace – Diálogo: “He! Achmet!”
13 – Harmonie auf dem Theater, Melodrama: “Es wandelt schon das Volk im Feierkleide und fullt die weiten Strassen und frohlockt!”
14 – Diálogo: “Wo sind wir nun”
15 – Marcia – Diálogo: “Schau dieser Kinder fröhliches Gewühl” – “Schmückt die Altare”. Assai moderato
16 – Recitativo: “Mit reger Freude”. Vivace
17 – Coro: “Wir tragen empfängliche Herzen im Busen”. Allegretto ma non troppo
18 – Ária com coro: “Will unser Genius noch einen Wunsch gewähren?”. Adagio – Allegro con brio
19 – Monólogo: “Nicht in des Königs furchtgebietendem Glanze”
20 – Coro: “Heil unserm König, heil!”. Allegro con fuoco

Roland Astor, Angela Eberlein, Claus Obalski, Ernst Oder e Leah Sinka, narradores
Reetta Haavisto, soprano
Juha Kotilainen, baixo
Chorus Cathedralis Aboensis
Turun Filharmoninen Orkesteri (Orquestra Filarmônica de Turku)
Leif Segerstam, regência

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CD BÔNUS 1: O mundo tem, hoje, aproximadamente 7,6 bilhões de seres humanos. Talvez algum entre eles tenha acordado hoje com a vontade inadiável de ouvir a música para Die Weihe des Hauses da forma que Beethoven a organizou, adaptando a golpes de facão as indesejadas alterações de Carl Meisl ao libreto original de Die Ruinen von Athen – e, talvez, não tenha entendido, pelo CD anterior, como a música foi executada na reinauguração do Theater in die Josefstadt. Se por acaso você for este ser humano, seus problemas acabaram: aqui está a música para Die Weihe des Hauses como foi tocada na efeméride a que se destinou – a única diferença é que, no coro final, a palavra König (“rei”) é trocada por Kaiser (“Imperador”). Baixe o disco e aproveite seu dia de sorte.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

“Die Weihe des Hauses”, Musik zu Carl Meisls Gelegenheitsfestspiel (Música para “A Consagração da Casa”, peça comemorativa de ocasião de Carl Meisl), Hess 118

1 – Abertura [Op. 124]
2 – No. 1: Unsichtbarer Chor (Coro invisível) »Folge dem mächtigen Ruf der Ehre!« [adaptado do Op. 113 no. 1]
3 – No. 2: Dueto »Ohne verschulden Knechtschaft dulden« [Op. 113 no. 2]
4 – No. 3: Coro dos Dervixes »Du hast in deines Ärmels falten« [Op. 113 no. 3]
5 – No. 4: Marcia Alla Turca [Op. 113 no. 4]
6 – No. 5: Coro com solo de soprano: »Wo sich die Pulse jugendlich jagen« – »Laßt uns im Tanze« [WoO 98]
7 – No. 6: Marcha com coro: »Schmückt die Altäre!« [Op. 114; adaptado do Op. 113 no. 6]
8 – No. 7: Melodrama »Es wandelt schon das Volk im Feierkleide« [Op. 113 no. 5]
9 – No. 8: Recitativo »Mit reger Freude« [Op. 113 [6a]
10 – Coro »Wir Tragen Empfängliche Herzen Im Busen« [Op. 113 no. 8] – Ária e coro »Will unser Genius noch einen Wunsch gewahren« [Op. 113 no. 7]
11 – No. 9: Coro »Heil Unserm Kaiser!« [Op. 113 no. 8]

Sylvia McNair, soprano
Bryn Terfel, barítono
Bruno Ganz, narração
Rundfunkchor Berlin
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regência

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CD BÔNUS 2: Quando Hugo von Hoffmannstahl e Richard Strauss decidiram ressuscitar a esquecida música de Beethoven e a defunta peça de Kotzebue, eles acharam que a música do Op. 113 não bastava para preencher uma noite no teatro. Assim, acharam que seria boa ideia, só porque Prometeu e Atenas são ambos gregos, mesclar a música do balé “As Criaturas de Prometeus” com aquela para “As Ruínas de Atenas”. Qualquer leitura superficial dos libretos tê-los-ia feito perceber que eles nada tinham um com o outro, então resolveram criar um personagem – um misterioso visitante alemão – que dança com as entidades de “Prometeus” e, por fim, acaba por ver uma nova Acrópolis surgir em meio às ruínas em que, pensavam eles, Atenas fora tornada pelos otomanos. O curioso mexidão beethoveniano tem uma pitada só de Strauss: o intermezzo, que tem citações de sinfonias de Ludwig e, com meros dois minutos, não diz muito a que veio. Ainda assim, achei que a curiosidade justificaria o compartilhamento, e por isso eu deixo essa avis rara aqui com vocês:

Richard Georg STRAUSS (1864-1949)

Música para Die Ruinen von Athen, de August von Kotzebue, adaptada da música incidental de Ludwig van Beethoven para a peça Die Ruinen von Athen e para o balé Die Geschöpfe des Prometheus

1 – Overtura. Adagio – Allegro molto con brio
2 – Coro: “Trümmer der herrlichen Welt, erwachet”
3 – Dueto
4 – Marcia alla turca
5 – Dueto
6 – Chor der Derwische
7 – Melodram
8 – Arie
9 –  Intermezzo
10 – Auftritt des Fremden
11 – Auftritt und Tanz von fünf Mädchen
12 – Auftritt und Tanz von vier Jünglingen
13 – Pastorale: Auftritt eines Jünglings und einer Bacchantin
14 – Rüpelhafter Spott-Tanz der vier Faune
15 – Ein Zug springender Bacchantinnen, die Faune
16 – Bacchanal
17 – Marsch und Chor

Bodil Arnesen, soprano
Yaron Windmüller, barítono
Franz-Josef Selig,  baixo
Chor der Bamberger Symphoniker
Bamberger Symphoniker
Karl Anton Rickenbacher, regência

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Romance Cantabile, WoO 207 – Romances para violino e orquestra, Opp. 40 & 50 – Concerto para violino, violoncelo e piano, Op. 56 – Gallois – Chung Trio – Chung

Tudo em família.

Quando as irmãs coreanas Kyung-wha (violinista) e Myung-wha Chung (violoncelista) precisam de um pianista, simplesmente olham para o irmão, Myung-whun, e tocam em trio – chamado, que surpresa, Trio Chung. Quando alguma delas precisa de um regente, elas também olham para Myung-whun, que é tão competente ao pódio que é responsável pela melhor interpretação da complicadíssima Turangalîla de Messiaen que há no mercado.

E quando precisam dum flautista e dum fagotista? Bem, como faltam-lhes irmãos para tanto, então os Chung importam da França os irmãos Gallois.

As famílias reúnem-se nesse disco em diferentes formações para abordar repertório beethoveniano. Passaremos ao largo da boa interpretação que os Chung dão para o Concerto Triplo (que será ouvido pela quarta vez nesta nossa série, da qual já é um arroz de festa), e dos dois bonitos Romances com a ótima Kyung-wha. Nossa postagem de hoje foca novamente numa peça diminuta, enigmática e fragmentária: o Romance cantabile que Beethoven escreveu provavelmente em 1786 para a peculiar combinação de piano, flauta e fagote, com acompanhamento de dois oboés e orquestra de cordas. O conjunto de solistas, semelhante àquele do trio WoO 37, sugere que o Romance tenha tido os mesmos dedicatários: o conde Westerholt-Gysenberg, que tocava fagote, tinha um filho flautista, e cuja filha estudava com o garoto Ludwig, então organista na corte do Eleitor de Colônia. Supõe-se que a breve obra seja parte dum concerto, ou talvez duma sinfonia concertante cujas demais partes foram perdidas, ou talvez nunca completadas. A melancólica tonalidade de Mi menor – à qual Beethoven voltaria em obras concertantes somente no soberbo Andante do Concerto no. 4 para piano – empresta-lhe um caráter elegíaco, que é passageiramente diluída pelos diálogos entre a flauta e o piano. É bem possível que o jovem compositor tenha abandonado a peça por ter caído em desgraça com o conde, quando este soube de suas intenções amorosas com a filha, ou que a tenha deixado de lado em função de sua primeira viagem a Viena, para a qual partiu com a intenção de encontrar Mozart, e da qual voltou precipitadamente por conta da doença que mataria sua mãe. O fato é que do Romance cantabile chegou a nossos tempos somente um fragmento, que foi completado pelo musicólogo suíço Willy Hess – responsável por um dos mais importantes catálogos da beethoveniana e orquestrador do concerto para piano que escutamos há alguns dias.

A boa leitura de Chung com os irmãos Gallois pareceu-me um tanto suntuosa (e também untuosa) para uma pecinha tão despretensiosa. Assim, resolvi acrescentar uma versão alternativa, mais camerística, à qual se soma uma gravação de outra obra incompleta, o concerto para violino em Dó maior, que também foi iniciado em Bonn e igualmente abandonado por conta de uma viagem – nesse caso, a segunda e definitiva viagem a Viena.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto em Dó maior para violino, violoncelo, piano e orquestra, Op. 56
Composto entre 1803-05
Publicado em 1807
Dedicado a Joseph Franz Maximilian, príncipe Lobkowitz

1 – Allegro
2 – Largo (attacca)
3 – Rondo alla polacca

Chung Trio:
Myung-whun Chung, piano
Kyung-wha Chung, violino
Myung-wha Chung, violoncelo

Philharmonia Orchestra
Myung-whun Chung, regência


Romance no. 1 para violino e orquestra em Sol maior, Op. 40
Composto em 1802
Publicado em 1803

4 – Adagio cantabile

Romance no. 2 para violino e orquestra em Fá maior, Op. 50
Composto em 1798
Publicado em 1805

5 – Adagio cantabile

Kyung-wha Chung, violino
Philharmonia Orchestra
Myung-whun Chung, regência


Romance cantabile em Mi menor, para piano, flauta e fagote, com acompanhamento de dois oboés e orquestra de cordas, WoO 209 (Hess 13)
Completado por Willy Hess (1906-1997)
Provavelmente composto entre 1786-1787

6 – Romance cantabile

Patrick Gallois, flauta
Pascal Gallois, fagote
Philharmonia Orchestra
Myung-Whun Chung, piano e regência

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FAIXAS-BÔNUS:

Romance cantabile em Mi menor, para piano, flauta e fagote, com acompanhamento de dois oboés e orquestra de cordas, WoO 209 (Hess 13)

1 – Romance cantabile

Johanna Haniková, piano
Martina Čechová, flauta
Filip Krytinář, 
fagote
Czech Chamber Philharmonic Orchestra, Pardubice
Marek Štilec, regência

Concerto em Dó maior para violino e orquestra, WoO 5 (fragmento)
Composto provavelmente entre 1790-92

2 – Allegro

Jakub Junek, violino
Czech Chamber Philharmonic Orchestra, Pardubice
Marek Štilec, regência

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano, WoO 4, arranjo para piano e sopros – Peças para “Flötenuhr”, WoO 33, em arranjo para sopros- Quinteto para piano e sopros, Op. 16 – Ma’alot Quartet – Markus Becker

O ótimo pianista e regente Howard Shelley também é arranjador, como acabei descobrindo através dessa transfiguração do tímido concerto escrito por um Beethoven adolescente num sexteto animado, e até brilhante, com uma assanhada parte para piano. Claro que não se pode falar aqui de uma obra memorável, mas não queremos ser injustos nem com o Ludwig de treze anos que a compôs, nem com o Beethoven mais velho, que escolheu nunca publicá-la em vida. Queremos, sim, exaltar o grande trabalho de Shelley, cujo resultado é minha leitura favorita dessa obscura peça, defendida com muito elã pelo pianista Markus Becker – um explorador de repertórios ignotos do piano alemão – e pelo quinteto de sopros Ma’alot.

O Ma’alot, composto por sopristas alemães de distintas carreiras pedagógicas, prossegue o disco surpreendendo, com arranjos para as diminutas peças que Ludwig dedicou ao Flötenuhr, feitos pelo seu clarinetista Ulf-Guido Schäfer. Neles brilha a flautista Stephanie Winker, que os faz assim soar muito melhores que nos órgãos em que hoje são habitualmente tocados. Para encerrar, Winker sai de cena para a volta de Becker, que executa com os demais o bonito quinteto para piano e sopros escrito durante a única turnê de Beethoven como concertista, obra à qual voltaria muitas vezes, sempre que queria se exibir ao piano. Se há várias leituras mais virtuosísticas do quinteto, poucas outras têm tanto apuro na execução em conjunto, e ela fecha com muito sabor esse disco delicioso.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto para piano em Mi bemol maior, WoO 4 (1784-85)
Arranjo de Howard Shelley (1950) para piano e quinteto de sopros

1 – Allegro moderato
2 – Larghetto
3 – Rondo. Allegro ma non troppo

Quatro peças para o Flötenuhr, WoO 33 (1794-1800)
Arranjo de Ulf-Guido Schäfer para quinteto de sopros

4 – No. 1. Allegro con più molto
5 – No. 2. Adagio assai
6 – No. 3. Scherzo. Allegro
7 – No. 4. Allegro

Quinteto para piano, oboé, clarinete, trompa e fagote em Mi bemol maior, Op. 16
Composto entre 1796-1797
Publicado em 1801
Dedicado ao príncipe Joseph zu Schwarzenberg

8 – Grave – Allegro ma non troppo
9 –  Andante cantabile
10 – Rondo: Allegro ma non troppo

Markus Becker, piano
Ma’alot Quintet:
Stephanie Winker, 
flauta
Christian Wetzel, oboé
Ulf-Guido Schäfer, clarinete
Sibylle Mahni, trompa
Volker Tessmann, fagote

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily