Raramente postamos esses discos de clássicos populares e este é um deles. Não sei se a boa violinista Leila Josefowicz quis ou foi a gravadora que exigiu, mas garantimos que a moça divertiu-se bastante com toda a função. Estava animada. O programa não exigiu nada de seu intelecto, foi só trabalho para os dedos e braços. Como ocorre nestes trabalhos, o som do violino soa muito alto em relação à orquestra. Parece que estamos a um metro de Leila. A coisa vai indo mais ou menos até que… Bem, lembro de uma aluna de minha mulher que foi tocar a Meditação de Thais num recital da escola. A professora tinha-lhe dito — delicadamente, com outras palavras — para não cometer vulgares excessos melodramáticos. Mas a menina resolveu expressar-se… Calma, Leila não comete os mesmos erros. Curti mesmo foi a Tzigane de Ravel. O Poema de Chausson quase me matou.
Para surpresa de todos, inclusive minha, não sou exatamente um admirador do Concerto Imperador — parei na discussão entre Isak Dinesen (Karen Blixen) e Denys Finch-Hatton no meio da Africa, se me entendem –, mas Grimaud nos convence nesta gravação de sua grandiosidade. Sua abordagem é poética e poderosa. Gostei muito de ouvir. A Staatskapelle Dresden também é maravilhosa. Já a Sonata Op. 101 de Grimaud faz com que eu sinta saudades de Maurizio Pollini. Contrariamemte ao Concerto, na Sonata parece que ouvimos mais Grimaud do que Beethoven e sua interpretação pessoal não me agradoiu muito.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano Nº 5 ‘Imperador’ / Sonata para Piano Nº 28
Concerto For Piano And Orchestra No. 5 In E Flat Major, Op. 73 “Emperor” (38:18)
1 1. Allegro 20:09
2 2. Adagio Un Poco Mosso – Attacca: 8:05
3 3. Rondo. Allegro 10:04
Piano Sonata No. 28 In A Major, Op. 101 (20:58)
4 1. Allegretto, Ma Non Troppo 4:11
5 2. Vivace Alla Marcia 5:59
6 3. Adagio, Ma Non Troppo, Con Affetto 3:21
7 4. Allegro 7:27
Hélène Grimaud
Staatskapelle Dresden
Vladimir Jurowski
Este é o começo de uma caixa de sete CDs. Não tenho certeza se tenho os outros, mas o primeiro é tão, mas tão bom, que vale a postagem. A Tafelmusik (Música de mesa), de Telemann, é composta por uma série de obras-primas do prolífico compositor barroco alemão. E, neste primeiro volume, há várias delas. O Concerto para Flauta Doce e Flauta Transversa é extraordinário — ouçam o que é aquele Presto final! — e a famosa Abertura (Suíte) para Flauta e Orquestra merece ser a obra mais divulgada de Telemann. Um baita CD barroco.
Georg Philipp Telemann (1681-1767): Les plaisirs de la table (Vol. 1)
1 Concerto for Recorder and Viola da Gamba in A Minor, TWV 52:a1: I. Grave 3:36
2 Concerto for Recorder and Viola da Gamba in A Minor, TWV 52:a1: II. Allegro 4:02
3 Concerto for Recorder and Viola da Gamba in A Minor, TWV 52:a1: III. Dolce 3:08
4 Concerto for Recorder and Viola da Gamba in A Minor, TWV 52:a1: IV. Allegro 3:43
5 Concerto for Recorder and Bassoon in F Major, TWV 52:F1: I. Largo 4:20
6 Concerto for Recorder and Bassoon in F Major, TWV 52:F1: II. Allegro 5:11
7 Concerto for Recorder and Bassoon in F Major, TWV 52:F1: III. Grave 4:28
8 Concerto for Recorder and Bassoon in F Major, TWV 52:F1: IV. Allegro 3:53
9 Concerto for Recorder and Flute in E Minor, TWV 52:e1: I. Largo 3:38
10 Concerto for Recorder and Flute in E Minor, TWV 52:e1: II. Allegro 4:10
11 Concerto for Recorder and Flute in E Minor, TWV 52:e1: III. Largo 3:16
12 Concerto for Recorder and Flute in E Minor, TWV 52:e1: IV. Presto 2:38
13 Overture (Suite) in A Minor for Recorder and Strings, TWV 55:a2: I. Overture 6:58
14 Overture (Suite) in A Minor for Recorder and Strings, TWV 55:a2: II. Les plaisirs 2:48
15 Overture (Suite) in A Minor for Recorder and Strings, TWV 55:a2: III. Air a l’Italienne 7:02
16 Overture (Suite) in A Minor for Recorder and Strings, TWV 55:a2: IV. Menuet I-II 3:12
17 Overture (Suite) in A Minor for Recorder and Strings, TWV 55:a2: V. Rejouissance 2:13
18 Overture (Suite) in A Minor for Recorder and Strings, TWV 55:a2: VI. Passepied I-II 1:56
19 Overture (Suite) in A Minor for Recorder and Strings, TWV 55:a2: VII. Polonaise 3:27
Rapaz, este é um bom disco. Interpretação segura, belíssimo som e, ah, se Michael fosse como seu brother Franz Josef ou como o contemporâneo Mozart… Mas o disco não decepciona de forma alguma. A propósito, Michael Haydn foi vítima de um caso de póstuma identidade confundida. Durante muitos anos, a obra que hoje conhecemos como a sua Sinfonia Nº 26 foi considerada como a Sinfonia Nº 37 K.444 de Mozart. A confusão ocorreu porque descobriu-se um autógrafo de Mozart no movimento inicial da sinfonia. O resto não se parecia com a caligrafia de Mozart. Hoje considera-se que Mozart tinha composto um novo movimento lento para o início da sinfonia por razões ainda desconhecidas, mas sabe-se que o resto da obra é de Michael Haydn. A obra, que foi amplamente executada como sinfonia de Mozart, foi tocada consideravelmente menos desde esta descoberta em 1907. Por isso, Mozart não tem uma Sinfonia Nº 37. Pula da 36ª para a 38ª. Essa é uma boa pegadinha. “Admiro muito a 37ª de Mozart!’.
Michael Haydn (1737-1806): Sinfonias
Symphony P6 In A Major 14:24
1 I. Allegro Molto 3:54
2 II. Menuetto – Trio 3:42
3 III. Andante – 3:44
4 IV. Finale: Allegro Molto 3:01
Symphony P9 In B Flat Major 14:06
5 I. Allegro Assai 3:57
6 II. Andantino 2:40
7 III. Menuet – Trio 3:27
8 IV. Finale: Allegro Molto 3:55
Symphony P16 In G Major 16:03
9 I. Allegro Con Spirito 5:10
10 II. Andante Sostenuto 5:54
11 III. Finale: Allegro Molto 4:55
Symphony P26 In E Flat Major 9:00 <—
12 I. Allegro Con Brio 3:07
13 II. Adagietto – 2:44
14 III. Finale – Fugato: Allegro 3:07
Symphony P32 In F Major 15:22
15 I. Allegro Molto 5:56
16 II. Adagio Ma Non Troppo 4:57
17 III. Rondeau. Vivace
Tartini não tem a alegria de Vivaldi nem a categoria de Corelli. Está no segundo escalão do barroco italiano, mas de modo algum deve ser desconsiderado pelos melômanos, principalmente por aqueles que sofrem, como eu, de hipobarroquemia, isto é, de baixo teor de música barroca nos ouvidos, o que causa tremores, suores frios e profunda irritação. A interpretação dos solistas e do Ensemble 415 é uma coisa de louco. Mesmo! Vale a pena ouvir este disquinho!
Giuseppe Tartini (1692-1770): Concertos
1. Concerto grosso No.3 en – C Major: Grave
2. Concerto grosso No.3 en – C Major: Allegro – Adagio
3. Concerto grosso No.3 en – C Major: Allegro assai
4. Concerto pour violon et orchestra en – A Minor ‘Lunardo Venier’: Andante cantabile – Allegro assai
5. Concerto pour violon et orchestra en – A Minor ‘Lunardo Venier’: Andante cantabile
6. Concerto pour violon et orchestra en – A Minor ‘Lunardo Venier’: Presto
7. Concerto pour violoncelle et orchestre en – D Major: Largo
8. Concerto pour violoncelle et orchestre en – D Major: Allegro (assai)
9. Concerto pour violoncelle et orchestre en – D Major: Grave
10. Concerto pour violoncelle et orchestre en – D Major: Allegro
11. Concerto pour violon et orchestre en – G Major: Allegro
12. Concerto pour violon et orchestre en – G Major: Largo – Andante
13. Concerto pour violon et orchestre en – G Major: Presto
14. Concerto grosso No.5 en – E Minor: Largo
15. Concerto grosso No.5 en – E Minor: Allegro – Adagio
16. Concerto grosso No.5 en – E Minor: Allegro assai
Mais um CD que não se encontra na Amazon. Um absurdo, pois é uma gravação que jamais deveria se tornar indisponível. Para meu gosto, Ozawa é um dos grandes mestres da regência e aqui nos dá um show de categoria em ambas as obras. Talvez esta seja a melhor gravação do Concerto para Orquestra que eu tenha ouvido.
Bem, vocês vão me permitir transcrever apenas no próximo post aqui a parte final daquela pequena biografia que estou postando, OK? Por quê? Ora, porque ao lado de uma das maiores obra-primas do século passado está a sensacional Sinfonietta de Janáček.
A Sinfonietta (com o subtítulo “Sinfonietta Militar” ou “Sokol Festival ‘) é um ultra expressivo e festivo trabalho escrito para grande orquestra (com 25 metais). Começou por Janáček ouvindo uma banda militar; daí, veio-lhe a vontade de escrever algumas fanfarras e… putz, saíram boas. Quando os organizadores do Festival de Ginástica de Sokol encomendaram-lhe uma obra bem escandalosa para o evento, ele desenvolveu o restante do material para a Sinfonietta. Mais tarde, ele tascou um “militar” no título, mas não pegou. Os militares perderam muito prestígio no decorrer do século… A primeira apresentação foi em Praga, em 26 de junho de 1926 sob a regência de Václav Talich.
Os fantásticos negrões dos metais da Orquestra Sinfônica de Chicago (devem ter tocado jazz desde crianças; aliás, vale a pena ouvir Bernstein falando sobre o naipe de metais de Chicago) dão mais uma demonstração absurda de sua competência — e isso nas duas obras. Vale a pena enfiar som na caixa.
Bèla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra & Leoš Janáček (1854-1928): Sinfonietta (ambas com Seji Ozawa)
1. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 1. Introduzione (Andante non troppo – Allegro vivace
2. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 2. Giuoco della coppie (Allegretto scherzando)
3. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 3. Elegia (Andante, non troppo)
4. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 4. Intermezzo interrotto (Allegretto)
5. Concerto for Orchestra, Sz. 116 – 5. Finale (Pesante – Presto)
6 I. Allegretto (Fanfare)
7.II. Andante (The Castle, Brno)
8.III. Moderato (The Queen’s Monastery, Brno)
9. IV. Allegretto (The Street Leading to the Castle)
10. V. Andante con moto (The Town Hall, Brno)
Telemann foi um compositor absolutamente prolífico. Compôs muita coisa boa, mas também entregava encomendas vazias de qualidade. Este disco de 2002 da combativa Hungaroton é da parte boa do compositor, trazendo quatro “concertos” — são sonatas — retirados de uma coleção de 1734. A dupla Boeke e Spányi está totalmente à vontade entre peças onde é fundamental a vivência com a coisa Barroca. Sem o charme dos executantes, o CD não iria nem até a esquina.
George Philipp Telemann (1681-1767): Concertos for Recorder & Harpsichord
Concerto for flute, violin (or harpsichord) & continuo in D major (Concerts & Suites No. 1), TWV 42:D6
1 1. Piacevole 2:22
2 2. Allegro 2:54
3 3. Largo 3:55
4 4. Vivace 6:08
Concerto for flute, violin (or harpsichord) & continuo in E minor (Concerts & Suites No. 4), TWV 42:e3
5 1. Largo 3:08
6 2. Vivace 6:11
7 3. Dolce 3:30
8 4. Vivace 3:19
Concerto for flute, violin (or harpsichord) & continuo in G minor (Concerts & Suites No. 2), TWV 42:g2
9 1. Largo 3:58
10 2. Vivace 3:14
11 3. Soave 3:06
12 4. Vivace 3:38
Concerto for flute, violin (or harpsichord) & continuo in A major (Concerts & Suites No. 3), TWV 42:A3
13 1. Tempo giusto 2:43
14 2. Vivace 3:15
15 3. Adagio 3:28
16 4. Presto 2:56
Dizem claramente meus ouvidos que esta talvez seja a melhor das gravações das célebres suítes. No mínimo, o extraordinário trabalho de Queyras fica no mesmo nível de outras grandes gravações. E, por favor, não me falem em Rostropovich e Yo-Yo Ma. É óbvio que são notáveis violoncelistas, mas em outro gênero de repertório. Falta-lhes o senso de estilo que sobra ao francês Queyras. Ouço a custo os Concertos para Violoncelo de Shosta por outro que não seja Rostrô. Mas ele ou Ma com Bach não dá.
Bem, nesta espetacular gravação da Harmonia Mundi, Queyras mostra o que se deve acentuar, onde se deve acelerar, o momento de desacelerar, quando brecar, etc. E tudo com o som do caraglio, limpinho, limpinho, de seu cello feito em 1696 por Goffredo Cappa.
E, ah, aquela gravação fantástica dos concertos de Haydn com a Freiburger Barockorchester é com ele também… Tá explicado.
IM-PER-DÍ-VEL !!!!
J. S. Bach (1685-1750): As Suítes para Violoncelo (Jean-Guihen Queyras)
CD 1
1. Suite No. 1 in G major, BWV 1007: 1. Prélude
2. Suite No. 1 in G major, BWV 1007: 2. Allemande
3. Suite No. 1 in G major, BWV 1007: 3. Courante
4. Suite No. 1 in G major, BWV 1007: 4. Sarabande
5. Suite No. 1 in G major, BWV 1007: 5. Menuets 1 & 2
6. Suite No. 1 in G major, BWV 1007: 6. Gigue
7. Suite No. 2 in D minor, BWV 1008: 1. Prélude
8. Suite No. 2 in D minor, BWV 1008: 2. Allemande
9. Suite No. 2 in D minor, BWV 1008: 3. Courante
10. Suite No. 2 in D minor, BWV 1008: 4. Sarabande
11. Suite No. 2 in D minor, BWV 1008: 5. Menuets 1 & 2
12. Suite No. 2 in D minor, BWV 1008: 6. Gigue
13. Suite No. 3 in C major, BWV 1009: 1. Prélude
14. Suite No. 3 in C major, BWV 1009: 2. Allemande
15. Suite No. 3 in C major, BWV 1009: 3. Courante
16. Suite No. 3 in C major, BWV 1009: 4. Sarabande
17. Suite No. 3 in C major, BWV 1009: 5. Bourrées 1 & 2
18. Suite No. 3 in C major, BWV 1009: 6. Gigue
CD 2
1. Suite No. 4 in E flat major, BWV 1010: 1. Prélude
2. Suite No. 4 in E flat major, BWV 1010: 2. Allemande
3. Suite No. 4 in E flat major, BWV 1010: 3. Courante
4. Suite No. 4 in E flat major, BWV 1010: 4. Sarabande
5. Suite No. 4 in E flat major, BWV 1010: 5. Bourrées 1 & 2
6. Suite No. 4 in E flat major, BWV 1010: 6. Gigue
7. Suite No. 5 in C minor, BWV 1011: 1. Prélude
8. Suite No. 5 in C minor, BWV 1011: 2. Allemande
9. Suite No. 5 in C minor, BWV 1011: 3. Courante
10. Suite No. 5 in C minor, BWV 1011: 4. Sarabande
11. Suite No. 5 in C minor, BWV 1011: 5. Gavottes 1 & 2
12. Suite No. 5 in C minor, BWV 1011: 6. Gigue
13. Suite No. 6 in D major, BWV 1012: 1. Prélude
14. Suite No. 6 in D major, BWV 1012: 2. Allemande
15. Suite No. 6 in D major, BWV 1012: 3. Courante
16. Suite No. 6 in D major, BWV 1012: 4. Sarabande
17. Suite No. 6 in D major, BWV 1012: 5. Gavottes 1 & 2
18. Suite No. 6 in D major, BWV 1012: 6. Gigue
Esta é a milésima vez que posto as Variações Goldberg. Já postei até em versão para metais, acordeón e quarteto de vielas de rodas. Não, não, a última foi mentira. É a obra que mais amo neste mundo. Então, foda-se, azar é o do goleiro, vai mais um post. A gravação da bonitinha Christine Schornsheim fica no nível da primeira gravação que ouvi, a de Karl Richter. Coincidentemente, ambos a fazem em duplos, Richter num álbum de 2 LPs e Christine num duplo CD, pois ultrapassou o número mágico dos 80 minutos. Boa gravação? Sim sem dúvida um belo registro, mas que não chega aos pés do campeão absoluto.
Este CD vai direto para o rol das gravações clássicas. Dia desses estive criticando Dudamel na Sinfonia Nº 4 de Brahms, mas o que dizer desta associação com Barenboim? Ora, que é perfeita, impecável, sensível, musical e arrasadora. O senso de estilo demonstrado aqui foi poucas vezes alcançado. O curioso é que Barenboim é o regente titular da Staatskapelle Berlin e, nestes concertos, ele desce do pódio, senta no piano, e dá lugar a Dudamel. E o resultado é estupendo.
Johannes Brahms (1833-1897): The Piano Concertos (Live)
Brahms: Piano Concerto No.1 In D Minor, Op.15
1 – 1. Maestoso – Poco più moderato (Live) 23:24
2 – 2. Adagio (Live) 14:25
3 – 3. Rondo (Allegro non troppo) (Live) 13:20
Brahms: Piano Concerto No.2 In B Flat, Op.83
4 – 1. Allegro non troppo (Live) 18:40
5 – 2. Allegro appassionato (Live) 9:45
6 – 3. Andante – Più adagio (Live) 12:31
7 – 4. Allegretto grazioso – Un poco più presto (Live) 9:57
Daniel Barenboim, piano
Staatskapelle Berlin
Gustavo Dudamel
As três obras deste álbum abrangem uma vida inteira. E tudo é de primeira linha. É incrível a qualidade deste repertório. O primeiro trio de piano foi escrito por Shostakovich aos 17 para uma namorada. Era o ano de 1923. O domínio dos meios já era inegável e as impressões digitais de Shosta são instantaneamente reconhecíveis: o ceticismo, o sarcasmo e a justaposição de opostos. Esta não é a maneira como a maioria de nós iria cortejar uma moça, mas Shostakovich foi sempre um original e eclético. Tudo o que ele escreve pode ser interpretado igualmente como seu oposto, um dispositivo que se tornou a chave para a sobrevivência do compositor na Rússia Soviética.
O segundo trio de piano, escrito em 1943, aos 37 anos do compositor, é finalizado por uma dança klezmer muito mórbida que alguns consideram o reflexo dos assassinatos de judeus na Alemanha de Hitler, enquanto outros a entendem como um protesto contra o crescente anti-semitismo stalinista. Independentemente da forma como você se aproxima dele, os ritmos cáusticos grudam na consciência do ouvinte. Esta composição está evidentemente ao lado das vítimas.
A Sonata para Viola, opus 147, é um trabalho escrito no leito de morte, em julho de 1975. Shosta tinha 69 anos. Inesperadamente, dadas as alternâncias de tristeza e agitação de seu quarteto de cordas final, a sonata emana uma tranquila beleza que cita a Sonata ao Luar de Beethoven. Cada seção termina com a palavra ‘morendo’ na partitura. É uma música estarrecedora, por assim dizer.
O pianista nesta gravação, Vladimir Ashkenazy, tocou para Shostakovich e cresceu em seu mundo. Os outros artistas são húngaro (Zsolt-Tihamér Visontay), sueco (Mats Lidström) e norueguês (Ada Meinich). A mistura de conhecimentos subjetivos e objetivos funciona bem. Há tensão. Como deve ser.
De Norman Lebrecht, com pequenas adições. Traduzido livremente por PQP.
Dmitri D. Shostakovich (1906-1975): Trios Nros. 1 e 2 e Sonata para Viola
1. Piano Trio No. 1 in C minor Op. 8 13:08
Piano Trio No.2, Op.67
2. 1. Andante – Moderato – Poco più mosso 7:13
3. 2. Allegro con brio 2:52
4. 3. Largo 5:22
5. 4. Allegretto – Adagio 10:15
Vladimir Ashkenazy, Zsolt-Tihamér Visontay, Mats Lidström
Sonata for Viola and Piano, Op.147
6. 1. Moderato 9:50
7. 2. Allegretto 7:33
8. 3. Adagio 15:31
Um belo CD de jazz. Gravado durante um show em 1971, o quarteto de Burton aparece com um guitarrista de peso roqueiro, antecipando um pouco do que seria o fusion. O som é bem mais encorpado do que o do também extraordinário quarteto formado por Burton em 1967, com Larry Coryel na guitarra e o grande Steve Swallow no baixo. Mas não se apavore: não há excessos nem mau gosto, apenas um bom perfume setentista. Eu botei para ouvir no mp3 sem saber da data do CD. Logo comecei a achar que, puxa esses jazzistas também morrem de saudades dos anos 70 e querem refazer aquelesom. Foi mesmo uma época muito criativa para a música. Logo depois consultei e soube que a origem do CD era um LP de 41 minutos. Um LP glorioso, acreditem.
The Gary Burton Quartet — Live In Tokyo
1 Ballet
2 On The Third Day
3 Sunset Bell
4 The Green Mountains
5 African Flower
6 Portsmouth Figurations
The Gary Burton Quartet:
Drums – Bill Goodwin
Electric Bass – Tony Levin
Guitar – Sam Brown
Vibraphone – Gary Burton
Heinrich Schütz foi foda. Músico e compositor, é geralmente considerado o mais importante compositor alemão antes de Johann Sebastian Bach e também considerado um dos mais importantes compositores do século XVII junto com Claudio Monteverdi. Iniciou sua carreira musical quando foi selecionado, ainda menino, por sua bela voz, para o coro do Landgrave Maurício de Hesse-Kassel, e ali recebeu seu primeiro treinamento. Mais tarde seu patrono o matriculou na Universidade de Marburg, e depois o enviou para estudar com Giovanni Gabrieli, na Itália. Ao retornar, em 1613, com os ensinamentos recebidos, introduziu importantes inovações no vocabulário musical da Alemanha. Passou os quatro anos seguintes exercendo a função de organista em Kassel, e foi liberado deste serviço para assumir a posição de Kapellmeister na corte de Dresden. Ali casou-se e se tornou amigo de Johann Hermann Schein. Em 1629 voltou para a Itália a fim de comprar instrumentos e estudar a música teatral de Monteverdi. Como a Guerra dos Trinta Anos estava devastando Alemanha, Schütz foi obrigado, em seu retorno, a buscar colocação em outro local, e encontrou emprego em Hamburgo, e depois em Copenhagen. Terminada a guerra, reassumiu suas funções em Dresden, onde se aposentou em 1651, retirando-se para sua casa de campo, onde faleceu. A música de Schütz é de predominantemente religiosa, mas de grande capacidade de expressão emocional. Dominou a escrita para grandes grupos tão bem quanto para os reduzidos, e suas Paixões, para pequenos conjuntos, talvez estejam entre suas obras mais impressionantes. A influência da arte musical italiana perpassa toda sua obra, embora a tenha adaptado para o caráter germânico de uma forma altamente pessoal. Foi ele quem colocou a música alemã no mapa.
Este disco é notavelmente delicado e demonstra toda a influência da música italiana em sua obra. É coisa da juventude de Schütz, cheia de alegria, sol e doçura.
Heinrich Schütz (1585-1672): Italian Madrigals
1. Part One: O Primavera, SWV 1
2. Part Two: O Dolcezze Amarissime, SWV 2
3. Selve Beate, SWV 3
4. Alma Afflita, SWV 4
5. Cosi Morir Debb’io, SWV 5
6. D’orrida Selce Alpina, SWV 6
7. Ride La Primavera, SWV 7
8. Fuggi O Mio Core, SWV 8
9. Feritevi, Ferite, SWV 9
10. Flamma Ch’allacia, SWV 10
11. Quella Dama Son Io, SWV 11
12. Mi Saluta Costei, SWV 12
13. Io Moro, Eccho Ch’io Moro, SWV 13
14. Sospir Che Del Bel Petto, SWV 14
15. Dunque Addio, SWV 15
16. Tornate, O Cari Baci, SWV 16
17. Di Marmo Siete Voi, SWV 17
18. Giunto E Pur, Lidia, SWV 18
19. Vasto Mar, SWV 19
O que dizer dos discos de Jordi Savall? Talvez o mais sensato seja logo falar que são excepcionais, necessários mesmo. E o mais razoável seria falar deles na forma de um poema. Ele é artista de tal qualidade que não saiu de moda, apesar de a música antiga ser hoje pouco ouvida em comparação com o que era nos anos 70, por exemplo. Ele nos prova que o conhecimento histórico é tão importante quanto o conhecimento científico e, quando ouço suas aulas sobre nosso passado musical, ganhou alguns centímetros.
The Spirit of Gambo – English consort and solo viol music (1570-1680)
1. Tye – Sit Fast a 3 (1570) 7:35
2. Dowland – Lacrimae Gementes a 5 4:25
3. Dowland – The Earl of Essex Galiard 1:31
4. Hume – Harke, harke (Bass-Viol) 2:05
5. Hume – A Souldiers Resolution 4:02
6. Coprario – Fantasia V a 3 3:37
7. Coprario – Almaine III (3 Lyra-Viols) 3:12
8. Coprario – Coranto (3 Lyra-Viols) 2:20
9. Gibbons- Fantasie X a 3 4:34
10. Gibbons – In Nomine a 4 2:20
11. Ferrabosco II – Almaine (Lyra-Viol) 4:06
12. Ferrabosco II – Coranto I 1:29
13. Ferrabosco II – Coranto II 1:46
14. Jenkins – The bell Pavan 5:53
15. Corkine – Walsingham (Lyra-Viol) 3:18
16. Corkine – The Punckes delight 1:45
17. Locke – Fantazie 3:30
18. Locke – Courante 1:03
19. Locke – Ayre 3:17
20. Locke – Saraband 1:22
21. Anonyme – The Lancashire Pipes (Lyra-Viol) 6:03
22. Purcell – Fantasia IX a 4 (23 June 1680) 5:08
23. Purcell – Fantasia upon one note a 5 3:03
A Primeira Escola de Viena é o nome usado principalmente para se referir a três compositores do período clássico da música ocidental do final do século XVIII: Wolfgang Amadeus Mozart, Joseph Haydn e Ludwig van Beethoven — Franz Schubert é ocasionalmente é adicionado à lista. A sacada do CD ao lado é a de explorar o som de Viena antes de sua Primeira Escola. São obras daquele período dos filhos de Bach — não são mais barrocas, mas também não são clássicas. Fico especialmente grato por este grupo de registros que fornece o contexto em que nasceu a música daqueles três grandes mestres. Além disso, a maior parte das obras são altamente atraentes e interessantes. Eu gostei muito de Monn — um compositor estimado por Schoenberg, o mestre da Segunda Escola de Viena — e de Salieri.
CD 1: The Early Viennese School: Symphonies and Concertos
Georg Matthias Monn (1717 – 1750)
Sinfonia in B mayor
1. 1. (Allegro) 4:43
2. 2. Andante 4:23
3. 3. Presto 1:31
Josef Starzer (1726 – 1787)
Divertimento in C major
4. 1. Allegro non troppo 4:52
5. 2. Menuetto I/II 2:15
6. 3. Larghetto 6:02
7. 4. Allegro 3:14
Carl Ditters von Dittersdorf (1739 – 1799)
Sinfonia in A minor
8. 1. Vivace 5:32
9. 2. Larghetto 6:52
10. 3. Minuetto I/II 3:31
11. 4. Finale. Prestissimo 3:18
Johann Georg Albrechtsberger (1736 – 1809)
Fugue for Quartet in C major
12. 1. Andantino 2:53
13. 2. Fuga: Allegro moderato 3:23
Camerata Bern, Thomas Füri
Carl Ditters von Dittersdorf (1739 – 1799)
Concerto for Oboe and Orchestra in G major
14. 1. Maestoso 5:31
15. 2. Adagio 5:12
16. 3. Allegro 4:16
Heinz Holliger, Camerata Bern, Thomas Füri
Georg Christoph Wagenseil (1715 – 1777)
Sinfonia in D major
17. 1. Allegro 4:06
18. 2. Andante 4:09
19. 3. Allegro assai 2:24
Camerata Bern, Thomas Füri
Total Playing Time 1:18:07
CD 2: The Early Viennese School: Symphonies and Concertos
Antonio Salieri (1750 – 1825)
Concerto in D major for Violin, Oboe, Violoncello and Orchestra
1. 1. Allegro moderato 9:28
2. 2. Cantabile 7:52
3. 3. Andantino 8:04
Heinz Holliger, Thomas Demenga, Camerata Bern, Thomas Füri
Georg Matthias Monn (1717 – 1750)
Concerto for Violin and Orchestra in B flat major
4. 1. Allegro 7:48
5. 2. Largo 4:14
6. 3. Allegro 3:28
Anton Zimmermann (1741 – 1781)
Sinfonia in C major
7. 1. Adagio – Allegro assai 6:02
8. 2. Andante cantabile 6:31
9. 3. Finale. Allegro moderato 4:21
Johann Baptist Vanhal (1739 – 1813)
Sinfonia in G minor
10. 1. Allegro moderato 4:42
11. 2. Andante cantabile 5:30
12. 3. Menuetto 3:57
13. 4. Finale. Allegro 4:03
Camerata Bern, Thomas Füri
Heinz Holliger
Thomas Demenga
Camerata Bern
Thomas Füri
Esse disco de 2016 vai direto para a galeria de obras-primas. Foi de dentro das comemorações dos 80 anos de Steve Reich (3 de outubro de 1936) que veio esta gravação fenomenal. Aguardamos outras! Com enorme cultura e sensibilidade, Reich vai fazendo o que nunca devia ter sido deixado de lado. Desde sempre a música erudita bebeu na fonte popular e vice-versa e a música de Reich tem, nos últimos anos, construído curiosas pontes entre os dois mundos. Não pense que você vai ouvir trabalhos condescendentes — o que Reich faz é absolutamente erudito –, mas ele leva e traz, leva e traz, fato reconhecido por Beck, Eno, Prince e tantos outros que o procuram. Este é um disco de percussão. Não esqueça que o piano, o vibra e o xilofone são instrumentos de percussão… A música é de uma elegância impar. O Third Coast Percussion — cujo núcleo é formado por David Friend, Oliver Hagen e Matthew Duvall — é extremamente musical e preciso. Além disso, tem encomendado obras a diversos compositores. Eu estou de boca aberta, ouvindo o disco pela terceira vez e pensando em cancelar compromissos. E você, meu caro pequepiano, dispa-se dos preconceitos contra o contemporâneo (rimou!) e babe.
Steve Reich (1936): Third Coast Percussion
1. Fast (6:39)
2. Slow (3:16)
3. Fast (5:03)
4. Fast (11:17)
5. Moderate (4:23)
6. Slow (2:33)
7. Moderate (3:36)
8. Fast (6:34)
9. Nagoya Marimbas (4:48)
10. Music For Pieces Of Wood (feat. Matthew Duvall) (14:20)
Eu posso contestar a escolha das Cantatas, mas não posso reclamar de Philippe Herreweghe e de sua orquestra e coral de Ghent — eles dão um show de interpretação. Só por isso o CD duplo, colocado por mim em apenas um arquivo, já mereceria ser baixado. Como vocês estão vendo, interrompo a série de Bach 2000 para postar mais Cantatas… É amor, gente. Acontece.
J. S. Bach: Cantatas BWV 39, 73, 93, 105, 107, 131
Track listing:
Aus der Tiefen rufe ich, Herr, zu dir (bwv 131)
Herr, wie du willt, so schicks mit mir (bwv 73)
Herr, gehe nicht ins Gericht mit deinem Knecht (bwv 105)
Brich dem Hungrigen dein Brot (bwv 39)
Wer nur den lieben Gott läßt walten (bwv 93)
Was willst du dich betrüben (bwv 107)
cd1.01. BWV 131 – Aus der Tiefen rufe ich
cd1.02. BWV 131 – So du willst, Herr, Sünde zurenchnen
cd1.03. BWV 131 – Ich harre des Herrn
cd1.04. BWV 131 – Meine Seele wartet auf den Herrn
cd1.05. BWV 131 – Israel, hoffe auf den Herrn
cd1.06. BWV 73 – Herr, view du willt, so schick’s mit mir
cd1.07. BWV 73 – Ach, senke doch den Geist der Freuden
cd1.08. BWV 73 – Ach, unser Wille bleibt verkehrt
cd1.09. BWV 73 – Herr, so du willt
cd1.10. BWV 73 – Das ist des Vaters Wille
cd1.11. BWV 105 – Herr gehe nicht ins Gericht mit deinem Kn
cd1.12. BWV 105 – Mein Gott, verwirf michj nicht
cd1.13. BWV 105 – Wie zittern und wanken
cd1.14. BWV 105 – Wohl aber dem, der sienen Bürgen weiß
cd1.15. BWV 105 – Kann ich nur Jesum mir zum Freunde machen
cd1.16. BWV 105 – Nun, ich weiß, du wirst mir stillen
cd2.01. BWV 39 – Brich dem Hungrigen dein Brot
cd2.02. BWV 39 – Der reiche Gott wirft seinen Überfluß
cd2.03. BWV 39 – Seinem Schöpfer noch auf Erden
cd2.04. BWV 39 – Wohlzutum und mitzuteilen
cd2.05. BWV 39 – Höchster, was ich habe
cd2.06. BWV 39 – Wie soll ich dir, o Herr
cd2.07. BWV 39 – Selig sind, die aus Erbarmen
cd2.08. BWV 93 – Wer nur den lieben Gott läßt walten
cd2.09. BWV 93 – Was helfen uns die schweren Sorgen
cd2.10. BWV 93 – Man halte nur ein wenig stille
cd2.11. BWV 93 – Er kennt die rechten Freudestunden
cd2.12. BWV 93 – Denk nicht in deiner Drangsalhitze
cd2.13. BWV 93 – Ich will auf den Herren schaun
cd2.14. BWV 93 – Sing, bet und geh auf Gottes Wegen
cd2.15. BWV 107 – Was willst du dich betrüben
cd2.16. BWV 107 – Denn Gott verlässet keinen
cd2.17. BWV 107 – Auf ihn magst du es wagen
cd2.18. BWV 107 – Wenn auch gleich aus der Höllen
cd2.19. BWV 107 – Er richt’s zu seinen Ehren
cd2.20. BWV 107 – Darum ich mich ihm ergebe
cd2.21. BWV 107 – Herr, gib, daß ich dein Ehre
Barbara Schlick – soprano (cd1)
Agnès Mellon – soprano (cd2)
Gérard Lesne – alto (cd1)
Charles Brett – alto (cd2)
Howard Crook – tenor
Peter Kooy – bass
dir. Philippe Herreweghe
Chorus and Orchestra of Collegium Vocale, Ghent
Parte da inesgotável criatividade de Keith Jarrett está aqui. Essa multidão de anjos é um conjunto de 4 CDS com gravações de uma série de concertos solo realizados na Itália em outubro de 1996, documentando a conclusão dos experimentos de Jarrett com improvisações de longa duração. Os concertos ocorreram em Modena, Ferrara, Turim e Gênova. Depois, Jarrett adoeceu e prometeu a si mesmo abandonar as longas improvisações sem pausas. Estava sofrendo de Síndrome de Fadiga Crônica. Cada concerto é muito diferente do outro. A música é muito abrangente: o jazz está por todo lado, mas acompanhado da enorme proximidade de Jarrett com a música clássica (moderna e antiga, Bach, Debussy, Bartók, Ives, etc.). Um álbum belíssimo.
Keith Jarrett – A Multitude of Angels (4 CDs)
CD1
1 Part I (Live At Teatro Comunale, Modena / 1996) 34:18
2 Part II (Live At Teatro Comunale, Modena / 1996) 31:20
3 Danny Boy (Live At Teatro Comunale, Modena / 1996) 5:00
CD2
4 Part I (Live At Teatro Comunale, Ferrara / 1996) 43:48
5 Part II (Live At Teatro Comunale, Ferrara / 1996) 29:58
6 Encore (Live At Teatro Comunale, Ferrara / 1996) 3:26
CD3
7 Part I (Live At Teatro Regio, Torino / 1996) 42:23
8 Part II (Live At Teatro Regio, Torino / 1996) 31:35
CD4
9 Part I (Live At Teatro Carlo Felice, Genova / 1996) 31:41
10 Part II (Live At Teatro Carlo Felice, Genova / 1996) 31:43
11 Encore (Live At Teatro Carlo Felice, Genova / 1996) 5:52
12 Over The Rainbow (Live At Teatro Carlo Felice, Genova / 1996) 6:03
Por uma dessas coisas inexplicáveis, a obra para órgão de Bach está fora de moda. Algumas pessoas acham que o som do órgão é tão irritante quanto os padres pedófilos de Ratzinger, mas é bem no órgão que Bach realiza suas maiores experimentações. (Ah, acharam que eu ia fazer uma piada com o órgão sequiçual, né?) Mas retornemos ao que interessa: o que há de peças amalucadas na Orgelwerke é uma grandeza! E eu gosto. Muito! Este CD é sensacional por diversas razões.
(1) O organista é do caralho (ou do órgão, como queiram);
(2) O repertório, apesar de evitar os experimentalismos, está longe dos lugares-comuns;
(3) A produção da Hyperion é fodal;
(4) O CD está fora de catálogo até em Marte e
(5) Fique tranquilo, você não terá de ouvir a Toccata e Fuga em Ré Menor novamente.
E ah, vocês sabem como era a nossa família. Vinte filhos e aquele entra e sai de alunos, todos interpretando peças de sua preferência e criando outras. Então, alguns historiadores de ejaculação precoce pegaram tudo isso e disseram que era de Johann Sebastian, mas nem sempre era… Neste disco há peças de vários Bachs, de outros agregados que tentavam comer minhas irmãs e de todo o tipo de gente que queria a cerveja de meu pai. Bem, era uma zona e até isso se reflete neste baita CD.
J. S. Bach (1685-1750): Bach Attributions
Johann Sebastian Bach:
1. Prelude & Fugue No.1 in C major, BWV 553 <— Sensacional
Gottfried August Homilius
2. ‘Schmücke Dich, O Liebe Seele’, BWV 759
Johann Sebastian Bach:
3. Prelude & Fugue No.2 in D minor, BWV 554
4. ‘Jesu, Der Du Meine Seele’, BWV 752
5. ‘Wie Schön Leuchtet Der Morgenstern’, BWV 763
6. ‘O Herre Gott, Die Göttlich’s Wort’, BWV 757
7. Prelude & Fugue No.3 in E minor, BWV 555
8. ‘Ach Gott Und Herr’, BWV 692
9. ‘Ach Gott Und Herr’, BWV 693
10. Prelude & Fugue No.4 in F major, BWV 556
Georg Boehm
11. ‘Vater Unser Im Himmelreich’, BWV 760 <— Genial! Esse merecia uma das minhas irmãs púberes
12. ‘Vater Unser Im Himmelreich’, BWV 761
Johann Sebastian Bach
13. Prelude & Fugue No.5 in G major, BWV 557 <— quasi scherzando
Carl Philipp Emanuel Bach
14. ‘Aus Der Tiefe Rufe Ich’, BWV 745 <— Prêmio Ademir da Guia de “Quem sai aos seus não degenera”
Johann Caspar Fischer
15. ‘Christ Ist Erstanden’, BWV 746 <— Por esta composição recebeu a punição máxima de meu pai: uma hora de costas na frente de um clérigo ‘celibatário’ católico
Johann Sebastian Bach
16. Prelude & Fugue No.6 in G minor, BWV 558
17. ‘Auf Meinen Lieben Gott’, BWV 744 <— Sofrível, pai. O que houve?
Johann Gottfried Walther
18. ‘Gott Der Vater Wohn Uns Bei’, BWV 748 <— Tão bom quanto o jovem atacante do Inter! No ângulo, Walther! Podes escolher qualquer das púberes do harém bachiano!
Johann Sebastian Bach
19. Fugue in G major, BWV 581 <— A recuperação do véio
20. ‘Nun Ruhen Alle Wälde’, BWV 756
21. Prelude & Fugue No.7 in A minor, BWV 559
22. ‘Herr Jesu Christ, Dich Zu Uns Wend’, BWV 749 <— Simplesinho, mas bonitinho
23. ‘Herr Jesu Christ, Meines Lebens Licht’, BWV 750
Johann Michael Bach
24. ‘In Dulci Jubilo’, BWV 751 <— Esse aí era o tio, pai da Maria Bárbara, primeira mulher de meu pai. Péssimo, coitado
Johann Sebastian Bach
25. Prelude & Fugue No.8 in B-flat major, BWV 560
26. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 1 <— Vcs já viram uma obra de variações de meu pai que fosse ruim? Não existe!
27. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 2
28. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 3
29. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 4
30. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 5
31. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 6
32. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 7
33. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 8
34. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 9
35. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 10
36. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 11
37. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 12
38. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 13
39. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 14
40. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 15
41. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 16
42. Partita ‘Allein Gott In Der Höh Sei Ehr’, BWV 771: Var 17
Concerto Nº 1 para Violoncelo e Orquestra, Op. 107 (1959)
Shostakovich e o grande violoncelista Mstislav Rostropovich eram amigos, tendo, muitas vezes, viajado juntos fazendo recitais que incluíam entre outras obras, a Sonata para violoncelo e piano, opus 40, já comentada nesta série. Desde que se conheceram, o compositor avisara a Rostropovich que ele não deveria pedir-lhe um concerto diretamente, que o concerto sairia ao natural. Saíram dois. Quando Shostakovich enviou a partitura do primeiro, dedicada ao amigo, este compareceu quatro dias depois na casa do compositor com a partitura decorada. (Bem diferente foi o caso do segundo concerto, que foi composto praticamente a quatro mãos. Shostakovich escrevia uma parte, e ia testá-la na casa de Rostropovich; lá, mostrava-lhe as alternativas, os rascunhos ao violoncelista, que sugeria alterações e melhorias. Amizade.)
Estilisticamente, este concerto deve muito à Sinfonia Concertante de Prokofiev – também dedicada a Rostropovich — e muito admirada pelos dois amigos. É curioso notar como os eslavos têm tradição em música grandiosa para o violoncelo. Dvorak tem um notável concerto, Tchaikovski escreveu as Variações sobre um tema rococó, Kodaly tem a sua espetacular Sonata para Cello Solo e Kabalevski também tem um belo concerto dedicado a Rostropovich. O de Shostakovich é um dos de um dos maiores concertos para violoncelo de todo o repertório erudito e minha preferência vai para a imensa Cadenza de cinco minutos (3º movimento) e para o brilhante colorido orquestral do Allegro com moto final.
Concerto para Violoncelo e Orquestra Nº 2, Op. 126 (1966)
Uma obra-prima, produto da estreita colaboração entre Shostakovich e Rostropovich, a quem o concerto é dedicado. A tradição do discurso musical está aqui rompida, dando lugar a convenções próprias que são “aprendidas” pelo ouvinte no transcorrer da música. Não há nada de confessional ou declamatório neste concerto. Há arrebatadores efeitos sonoros que são logo propositadamente abandonados. A intenção é a de ser música absoluta e lúdica, mostrando-nos temas que se repetem e separam momentos convencionalmente sublimes ou decididamente burlescos. Nada mais burlesco do que a breve cadenza em que o violoncelo é interrompido pelo bombo, nada mais tradicional do que o tema que se repete por todo o terceiro movimento e que explode numa dança selvagem, acabando com o violoncelo num tema engraçadíssimo – como se fosse um baixo acústico –, para depois sustentar interminavelmente uma nota enquanto a percussão faz algo que nós, brasileiros, poderíamos chamar de batucada. Esta dança faz parte de uma longa preparação para um gran finale que não chega a acontecer. Um concerto espantoso, original, capaz de fazer qualquer melômano feliz ao ver sua grande catedral clássica virada de ponta cabeça e, ainda assim, bonita.
Alexander Ivashkin, cello
Moscow Symphony Orchestra,
Valeri Polyansky
CD 20
Quinteto para piano, Op. 57 (1940)
A música perfeita. Irresistível quinteto escrito em cinco movimentos intensamente contrastantes. Seu estilo é clássico, porém raramente todos os integrantes tocam juntos, a não ser no agitado scherzo central. O prelúdio inicial estabelece três estilos distintos que voltarão a ser explorados adiante: um dramático, outro neo-clássico e o terceiro lírico. Todos os temas que serão ouvidos nos movimentos seguintes apresentam-se no prelúdio em forma embrionária. Segue-se uma rigorosa fuga puxada pelo primeiro violino e demais cordas até chegar ao piano. Sua melodia belíssima e lírica que é seguida por um scherzo frenético. É um choque ouvir chegar o intermezzo que traz de volta a seriedade à música. Apesar do título, este intermezzo é o momento mais sombrio do quinteto. O Finale, cujo início parece uma improvisação pura do pianista, fará uma recapitulação condensada do prelúdio inicial. O Quinteto para piano recebeu vários prêmios que não vale a pena referir aqui, mas o mais importante para Shostakovich foi a admiração que Béla Bartók dedicou a ele.
Ah, muita atenção àquele último movimento do Trio Nº 2!
Piano Quintet in G minor Op.57 1. Prelude: Lento- Poco piu mosso 4:30
2. Fugue: Adagio 9:01
3. Scherzo: Allegretto 3:20
4. Intermezzo: Lento 6:11
5. Finale: Allegretto 7:04
Piano Trio No. 2 in E minor Op. 67 6. Andante- Moderato 7:11
7. Allegro non troppo 3:03
8. Largo 4:28
9. Allegretto 10:24
Total: 55:43
Edward Auer, piano
Christiaan Bor, violin
Paul Rosenthal, violin (1-5)
Marcus Thompson, viola (1-5)
Godfried Hoogeveen, cello (1-5)
Nathaniel Rosen, celo (6-9)
CD 21
Sonata para Viola e piano, Op. 147 (1975) – A Última Composição
Esta é a última composição de Shostakovich e uma de minhas preferidas. Ele começou a escrevê-la em 25 de junho de 1975 e, apesar de ter sido hospitalizado por problemas no coração e nos pulmões neste ínterim, terminou a primeira versão rapidamente, em 6 de julho. Para piorar, os problemas ortopédicos voltaram: “Eu tinha dificuldades para escrever com minha mão direita, foi muito complicado, mas consegui terminar a Sonata para Viola e Piano”. Depois, passou um mês revisando o trabalho em meio aos novos episódios de ordem médica que o levaram a falecer em 9 de agosto. Sentindo a proximidade da morte, Shostakovich escreveu que procurava repetir a postura estóica de Mussorgski, que teria enfrentado o inevitável sem auto-comiseração. E, ao ouvirmos esta Sonata, parece que temos mesmo de volta alguma luz dentro da tristeza das últimas obras. A intenção era a de que o primeiro movimento fosse uma espécie de conto, o segundo um scherzo e o terceiro um adágio em homenagem a Beethoven. O resultado é arrasadoramente belo com o som encorpado da viola dominando a sonata.
Os primeiros compassos da Sonata ao Luar, de Beethoven, uma obra que Shostakovich freqüentemente executava quando jovem pianista, é citada repetidamente no terceiro movimento, sempre de forma levemente transformada e arrepiante, ao menos no meu caso… O scherzo possui uma marcha e vários motivos dançantes, retirados de uma outra ópera baseada em Gógol – seria sua segunda ópera composta sobre histórias do ucraniano, pois, na sua juventude ele já escrevera O Nariz (1929) – que tinha sido abandonada há mais de trinta anos. Outras alusões são feitas nesta sonata. Há pequenas citações da 9ª Sinfonia (de Shostakovich), da 4ª de Tchaikovski, da 5ª de Beethoven, da Sonata Op.110 de Beethoven, de Stravinski, Mahler e Brahms. E a abertura da Sonata utiliza trecho do Concerto para Violino de Alban Berg, também conhecido pelo nome de “À memória de um anjo”, e é dedicado à filha de Alma Mahler, Manon, morta aos 18 anos, com poliomielite.
Creio não ser apenas invenção deste ouvinte – há uma constante interferência do inexorável nesta música, talvez sugerida pela intromissão de temas de outros compositores na partitura, talvez sugerida pela atmosfera melancólica da sonata, talvez por meu conhecimento de que ouço um réquiem. O fato é que Shostakovich estava esperando.
Shostakovich morreu sem ouvir a obra, que foi estreada num concerto privado no dia 25 de setembro de 1975, data em que faria 69 anos.
Sonata for violin and piano Op. 134 1. Andante 9:24
2. Allegretto 6:10
3. Largo 12:34
Sonata for viola and piano Op. 147 4. Moderato 8:23
5. Allegretto 6:56
6. Adagio 11:50
Total: 55:41
Isabelle van Keulen, violin and viola
Ronald Brautigam, piano
Este é outro disco imperdível desta compositora polonesa muito pouco conhecida no Brasil. Uma injustiça. São obras realmente consistentes trazidas pela gravadora Chandos que acertou em cheio ao escalar a também polonesa Joanna Kurkowicz. O sétimo concerto é maravilhoso e mostra uma compositora — Bacewicz era também violinista — absolutamente segura. Os dois dois concertos também são bons, mas tão modernos quanto o sétimo.
Grażyna Bacewicz (1909-1969): Concertos para Violino Nº 1, 3 e 7
Violin Concerto No. 7
1) I. Tempo di mutabile
2) II. Largo
3) III. Allegro
Violin Concerto No. 3
4) I. Allegro molto moderato
5) II. Andante
6) III. Vivo
Violin Concerto No. 1
7) I. Allegro
8) II. Andante (molto espressivo)
9) III. Vivace
Joanna Kurkowicz, violin
Polish Radio Symphony Orchestra
Lukasz Borowicz
Trevor Pinnock tem cada gravação… O Messias dele… O que é aquilo? E as 6 Partitas de Bach? Aqui, ele resolveu fazer um disco-ostentação explorando 200 anos da história do cravo, entre 1550 e 1750, mais ou menos. O resultado é esplêndido de cabo a rabo, dando um pouquinho mais de espaço para meu pai, além de Handel e Scarlatti, o filho. Eu quase não consegui chegar ao Frescobaldi, tão boa achei sua interpretação da Suíte Francesa Nº 6. Longa vida para Pinnock que, de Pinóquio, só tem o narigão!
Cabezón / Byrd / Tallis / Bull / Sweelinck / Bach / Frescobaldi / Handel: Journey – 200 anos de música para cravo
1. Cabezón Diferencias sobre ‘El canto del caballero’
2. Byrd The Carman’s Whistle
3. Tallis O ye tender babes
4. Bull The King’s Hunt
5. Sweelinck Variations on ‘Mein junges Leben hat ein End’, SwWV 324
J.S. Bach French Suite No. 6 in E major, BWV 817
6. Prélude
7. Allemande
8. Courante
9. Sarabande
10. Gavotte
11. Polonaise
12. Bourée
13. Menuet
14. Gigue
15. Frescobaldi Toccata Nona
16. Frescobaldi Balletto primo e secondo
17. Handel Chaconne in G major, HWV 435
Scarlatti Three Sonatas in D major, K. 490-492
18. Sonata, K. 490: Cantabile
19. Sonata, K. 491: Allegro
20. Sonata, K. 492: Presto
Este disco não tem nada a ver com Bach, OK? Inclusive Torelli morreu antes de meu pai escrever seus verdadeiros e justamente ouvidíssimos Concertos de Brandenburgo. Apesar do esforço do Charivari Agréable, Torelli tem dificuldades para decolar. A coisa não anda. Seus concertos para trompete são largamente divulgados, mas estes, para cordas, servem apenas para aquecimento. Vi agora que Torelli nasceu em Verona e Verona é legal, né? Se há uma cidade italiana da qual gostei foi Verona. Mas confesso que brochei demais agora de manhã ouvindo essas 43 faixas. O efeito é que quase esqueci a felicidade de ver ontem a desclassificação do Grêmio pelo Juventude — escrevo na manhã de segunda-feira (25/4/2016), bem entendido.
Giuseppe Torelli (1658-1709): The Original Brandenburg Concertos
1 Concerto №1 in G major: Presto – Adagio 1:51
2 Concerto №1 in G major: Allegro 1:13
3 Concerto №1 in G major: Adagio 1:17
4 Concerto №1 in G major: Allegro 1:45
5 Concerto №2 in E minor: Allegro 1:39
6 Concerto №2 in E minor: Adagio 1:41
7 Concerto №2 in E minor: Presto 1:14
8 Concerto №3 in B minor: Allegro 1:43
9 Concerto №3 in B minor: Adagio 1:10
10 Concerto №3 in B minor: Allegro 1:26
11 Concerto №4 in D major: Adagio 0:23
12 Concerto №4 in D major: Allegro 1:01
13 Concerto №4 in D major: Adagio 1:44
14 Concerto №4 in D major: Allegro 1:26
15 Concerto №5 in G minor: Presto 1:01
16 Concerto №5 in G minor: Presto – Adagio 0:46
17 Concerto №5 in G minor: Allegro 1:37
18 Concerto №6 in C minor: Allegro 2:04
19 Concerto №6 in C minor: Adagio 1:37
20 Concerto №6 in C minor: Allegro 1:27
21 Concerto №7 in C major: Allegro 1:05
22 Concerto №7 in C major: Adagio e staccato 1:08
23 Concerto №7 in C major: Allegro 1:24
24 Concerto №8 in F major: Adagio 0:47
25 Concerto №8 in F major: Allegro 1:40
26 Concerto №8 in F major: Adagio 1:21
27 Concerto №8 in F major: Allegro 1:18
28 Concerto №9 in A minor: Presto 1:40
29 Concerto №9 in A minor: Adagio 1:03
30 Concerto №9 in A minor: Allegro 1:32
31 Concerto №10 in D minor: Adagio 2:12
32 Concerto №10 in D minor: Allegro 0:43
33 Concerto №10 in D minor: Largo 1:20
34 Concerto №10 in D minor: Presto 1:36
35 Concerto №11 in B flat major: Allegro 1:05
36 Concerto №11 in B flat major: Largo e staccato 1:38
37 Concerto №11 in B flat major: Allegro 1:33
38 Concerto №12 in A major: Allegro – Adagio 1:47
39 Concerto №12 in A major: Largo 1:07
40 Concerto №12 in A major: Allegro 1:55
41 Sonata a 4 in A minor: Largo – Allegro 2:57
42 Sonata a 4 in A minor: Grave 1:52
43 Sonata a 4 in A minor: Allegro 2:25
Um excelente disco de música moderna. A grande estrela do CD é o norte-americano George Tsontakis (1951) que esmerilha duas peças extraordinárias, abrindo e fechando os trabalhos. É impossível não se apaixonar pelo longo oratório para piano e orquestra representado por Man of Sorrows, assim como pela Waldstein-like Sarabesque. Dentre as outras obras, o destaque fica para a Sonata de Berg, o mais deglutível — e, quem sabe, o mais talentoso compositor — da Segunda Escola de Viena.
Tsontakis: Man of Sorrows & Sarabesque,
Berg: Sonata, Webern: Piano Variations,
Schoenberg: Sechs Kleine Klavierstucke
Tsontakis: Man of Sorrows
1. Ecce Homo 2:12
2. Es Muss Sein 9:32
3. Lacrymosa 2:55
4. Gethsemane 9:35
5. Jesu Joy 8:20
6. Vir Dolorum 6:12
Schönberg :
6. kleine Klavierstücke op.19
7. Leicht 1:06
8. Langsam 0:55
9. Sehr Langsam 1:04
10. Rasch Aber Leicht 0:30
11. Etwas Rasch 0:36
12. Sehr Langsam 2 1:11
Berg : Sonate pour piano op.1
13. Piano Sonata
Webern : Variations pour piano op.27
14. Massig 1:54
15. Schnell 0:44
16. Fliessend 3:59
Tsontakis: Sarabesque
17. Sarabesque 5:47
Stephen Hough, piano
Dallas Symphony Orchestra
Andrew Litton
Toumani Diabaté é um dos músicos africanos mais importantes da atualidade. Toca kora, uma espécie de harpa com 21 cordas exclusiva da África Ocidental, levando-a a públicos de todo o mundo. Com o seu virtuosismo e criatividade excepcionais, mostra o que a kora pode.
Toumani Diabaté nasceu em Bamako, a capital do Mali, em 1965 numa família de Griots (casta de músicos / historiadores), que conta com 71 gerações de executantes de kora. O mais notável foi o seu pai, Sidiki Diabaté (c.1922-96), eleito Rei da Kora no prestigiado Black Arts Festival Festac em 1977 e ainda hoje uma inspiração para todos os tocadores de kora. Toumani Diabaté cresceu num ambiente preenchido por música, mas foi na verdade um autodidacta na aprendizagem da kora, sem receber ensinamentos diretos do seu pai que não fossem ouvir a sua música.
Nas décadas de 1960 e 1970, o meio musical de Bamako era influenciado pelos sons de fora, especialmente pela música negra americana: a música soul era particularmente popular, tal como Jimi Hendrix, Jimmy Smith e grupos de rock britânico como Led Zeppelin. Tanto a exposição a estas sonoridades como os grupos modernos de Bamako seriam importantes para o desenvolvimento musical de Toumani .
Começou a tocar kora aos 5 anos, altura em que o goveno maliano tinha um programa de incentivo aos grupos tradicionais. Estreou-se em público aos 13 anos e em 1984 juntou-se ao grupo que acompanhava a grande diva Kandia Kouyaté, a cantora griot mais conhecida do Mali, com quem percorreu o continente africano .
Embora não tenha aprendido directamente com o seu pai, Toumani Diabaté prosseguiu o seu ideal de desenvolver a kora como instrumento solista, elevando-a a um outra nível. Descobriu um modo de tocar o baixo, o acompanhamento rítmico e a melodia solista ao mesmo tempo, um método que o levou aos palcos de todo o mundo. Veio à Europa pela primeira vez em 1986, acompanhando outra cantora maliana, Ousmane Sacko, e acabou por permanecer em Londres por sete meses. Nesse período, gravou o seu primeiro álbum a solo: Kaira. Foi um disco pioneiro – o primeiro de kora solo de sempre – e mantém-se um best seller até hoje. No mesmo ano apresentou-se pela primeira vez no festival WOMAD, causando um impacto significativo .
No Reino Unido trabalhou formalmente com músicos de várias tendências e contactou com diferentes tradições, como a música clássica indiana, de onde proveio a ideia jugalbandi (diálogo musical entre dois instrumentos) que se tornou uma característica marcante da sua música .
Colaborou com o grupo espanhol Ketama dando origem ao álbum Songhai, uma síntese perfeita da kora com o flamenco. Considerando a experimentação como uma parte do griot moderno, forma em 1990 a Symmetric Orchestra – um equilibrio entre a tradição e a modernidade e entre as contribuições de músicos de países próximos. Senegal, Guiné, Burkina Faso, Costa do Marfim e Mali foram todos parte do Império Mandé medieval. A orquestra estreia-se em cd com Shake the Whole World (1992, Japão e Mali) e atinge o auge com Boulevard de l’Indépendance em 2005, gerando grande aclamação da crítica e uma extensão digressão internacional. Entretanto têm-se apresentado em locais como o Carnegie Hall de Nova Iorque e festivais de Jazz como os de Nice e de Montréal1 .
Ainda na década de 1990, em Bamako, Toumani reúne à sua volta um conjunto de músicos talentosos como Bassekou Kouyaté (ngoni) e Keletigui Diabaté (balafon), cultivando uma abordagem jazz-jugalbandi-griot instrumental que se pode ouvir no álbum Djelika de 1995. Depois do álbum Songhai, grava New Ancient Strings em duo com o também tocador de kora Ballake Sissoko; um tributo ao álbum Cordes Anciennes que nos anos 70 juntou os pais dos dois músicos. Com o disco Kulanjan, de 1999, celebra as ligações entre os blues e a música do ocidente africano com o músico norte-americano Taj Mahal. Em MALIcool, ao lado do trompetista Roswell Rudd, é já o free-jazz que serve de referência. A estes juntam-se as participações em inúmeros projectos discográficos como nomes como Ali Farka Touré, Salif Keita, Damon Albarn, Kasse Madi Diabaté e Bjork1 .
Em 2004, Toumani Diabaté recebeu o Ziryab des Virtuoses, um prêmio da UNESCO concedido no Mawazine Festival organizado pelo rei Mohammed VI de Marrocos. É directo da Mandinka Kora Productions, que promove a kora no Mali através de workshops, festivais e vários eventos culturais. Ensina kora e música tradicional moderna no Conservatório de Artes, Cultura e Multimédia Balla Fasseke, inaugurado em Bamako no fim de 2004 .
Em 2004, Toumani Diabaté começou a trabalhar com o World Circuit para uma trilogia de álbuns gravados no Hotel Mandé em Bamako, participando em dois títulos: In the Heart of the Moon em dueto com Ali Farka Touré, álbum vencedor de um Grammy, e Boulevard de l’Indépendance pela Symmetric Orchestra .
Em 2008 foi editado The Mandé Variations, o primeiro álbum de kora solo desde Kaira, há cerca de 20 anos. O álbum Ali and Toumani, recém lançado, em parceria com Ali Farka Touré, foi pontuado com 8.3 pela Pitchfork .
Em 2011, Diabaté tocou kora no projeto “A Curva da Cintura” ao lado dos músicos brasileiros Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra. Além das gravações do álbum em um estúdio de Bamako, “A Curva da Cintura” gerou um documentário para a MTV Brasil.
Fonte: Wikipedia
Toumani Diabaté: The Mandé Variations
1. Si naani 10:27
2. Elyne Road 8:47
3. Ali Farka Toure 6:15
4. Kaounding Cissoko 6:20
5. Ismael Drame 5:42
6. Djourou Kara Nany 6:49
7. El Nabiyouna 5:59
8. Cantelowes 6:57