Nosso amigo FDP Bach me enviou um belo presente. Um pen drive. Dentro dele, apenas maravilhas. Está é a primeira delas. Nossa!, tenho especialíssima predileção pelas Toccatas de Bach e aqui as temos notavelmente interpretadas por Angela Hewitt, agora não mais em registro pirata mas em gloriosa gravação da Hyperion. Hewitt regravou tudo o que tinha feito de Bach. Antes utilizara um Steinway e agora usa um Fazioli. Muito melhor, segundo ela. Não discutiria depois de ouvir isto.
J.S. Bach (1685-1750): The Toccatas
1. Toccata for keyboard in C minor, BWV 911 (BC L142) (12:12)
2. Toccata for keyboard in G major, BWV 916 (BC L147) (7:27)
3. Toccata for keyboard in F sharp minor, BWV 910 (BC L146) (10:22)
4. Toccata for keyboard in E minor, BWV 914 (BC L145, 163) (6:49)
5. Toccata for keyboard in D minor, BWV 913 (BC L144) (11:41)
6. Toccata for keyboard in G minor, BWV 915 (BC L148) (9:00)
7. Toccata for keyboard in D major, BWV 912 (BC L143) (11:22)
Este é um repertório de câmara absolutamente sublime. As três peças estão no coração da obra e dos admiradores de Brahms. Ax, Laredo, Ma e Stern fazem um bom trabalho, mas não são um grupo estabelecido. Há gravações melhores — de maior entrosamento, principalmente — de trios que convidaram um violista e de quartetos que desconvidaram seu segundo violino para chamar um pianista.
Brahms tinha 31 anos quando escreveu o primeiro Quarteto para Piano, Op. 25, que teve sua primeira apresentação em Hamburgo em 1861 com nada menos que a própria Clara Schumann ao piano e Joseph Joachim no violino. Ele é sensacional. O último movimento, Rondo alla Zingarese, têm ímpeto e delicadeza sem igual. Este quarteto é uma das peças de música de câmara mais inusitadas e exitosas, não só do período romântico, mas de toda a música ocidental.
Embora o segundo Quarteto para Piano, Op. 26, tenha sido escrito apenas um ano após o primeiro, ele cai em um período completamente diferente da vida do compositor, que agora já estava em Viena, onde conheceu Josef Hellmesberger. Membros do Quarteto Hellmesberger assumiram as cordas na estreia, na qual o próprio Johannes Brahms atuou como pianista. Este quarteto, influenciado por Schumann e Schubert, tem uma duração invulgarmente longa, São 50 minutos e ele acabou ficando sozinho no segundo CD deste álbum.
O terceiro quarteto de piano, o de Op. 60, foi finalizado em 1875 e é também belíssimo. No entanto, seus dois primeiros movimentos permaneceram na gaveta por 20 anos, até que Brahms encontrou coragem para terminar a obra. A razão para isso foi a confusão de sua relação com Clara Schumann, dizem. Às vezes é chamado de Quarteto Werther, em homenagem ao romance de Goethe… Brahms era furiosamente autocrítico. Então, suas obras incluem várias revisões. Por exemplo, o notável Trio para Piano, Op. 8, foi revisado mais de 30 anos depois de aparecer em 1854. Este último dos três quartetos para piano, publicado em 1875, foi na verdade sua primeira tentativa na forma, que data de meados da década de 1850, quando Brahms tinha 20 anos e se apaixonou pela pianista Clara Schumann.
Johannes Brahms (1833-1897): Todos os Quartetos para Piano (Ax, Laredo, Ma, Stern)
Piano Quartet, Op. 25 (G Minor)
1-1 I. Allegro 13:38
1-2 II. Intermezzo: Allegro, ma non troppo; Trio: Animato 8:05
1-3 III. Andante con moto 10:13
1-4 IV. Rondo alla Zingarese: Presto 8:05
Piano Quartet, Op. 60 (C Minor)
1-5 I. Allegro non troppo 10:55
1-6 II. Scherzo: Allegro 4:12
1-7 III. Andante 9:09
1-8 IV. Finale: Allegro comodo 10:57
Piano Quartet, Op. 26 (A Major)
2-1 I.. Allegro non troppo 16:46
2-2 II. Poco adagio 12:51
2-3 III. Scherzo; Trio: Poco allegro 11:40
2-4 IV. Finale: Allegro 10:55
Cello – Yo-Yo Ma
Piano – Emanuel Ax
Viola – Jaime Laredo
Violin – Isaac Stern
Podemos dizer que esses caras são representantes da geração entre Josquin Des Prés e Giovanni Pierluigi da Palestrina. Escreviam suaves e eufônicas polifonias e eram amigos de Roland de Lassus. O disco é agradabilíssimo de se escutar. O Cinquecento é sensacional!
Vaet escreveu nove missas completas que sobreviveram, incluindo um Réquiem. Escreveu música sacra e secular.
Jacobus Clemens non Papa foi um compositor flamengo do Renascimento. Prolífico, compôs em grande número de estilos e foi célebre principalmente por suas harmonizações polifônicas de salmos. O epíteto “non Papa” aparece da partir de 1546, notadamente na coletânea de motetos publicada por Tielman Susato. Há várias hipóteses sobre esse acréscimo ao nome do compositor: segundo uma delas, teria sido uma ideia de Susato, para distinguir o compositor do seu contemporâneo, o Papa Clemente VII. Segundo uma outra hipótese, a intenção era evitar confusão com o poeta Jacobus Papa. Especula-se também que a adição reflita simpatias pelo protestantismo.
Jacobus Vaet (1529-1567): Missa Ego Flos Campi
1 Antevenis Virides 4:49
Missa Ego Flos Campi 30:43
2 Kyrie 4:35
3 Gloria 5:59
4 Credo 7:54
5 Sanctus And Benedictus 6:57
6 Agnus Dei 8vv 5:11
7 Ecce Apparebit Dominus 4:28
8 Magnificat Octavi Toni 7:42
9 Miserere Mei, Deus 5:35
10 Filiae Jerusalem 3:04
11 Spiritus Domini 5:16
12 Musica Dei Donum 3:16
13 Salve Regina 6:41
Jacob Clemens Non Papa (1510-1555)
14 Ego Flos Campi 3:37
Bass Vocals – Simon Whiteley (tracks: 6), Ulfried Staber
Composed By – Jacob Clemens Non Papa* (tracks: 14), Jaconus Vaet* (tracks: 1 to 13)
Countertenor Vocals – Jakob Huppmann, Terry Wey
Ensemble – Cinquecento
Tenor Vocals – Bernd Oliver Fröhlich* (tracks: 6, 14), Thomas Künne, Tore Tom Denys
Este volume da série Jazz Moods, da Legacy, mostra a big band de Duke Ellington durante suas três primeiras décadas. O CD vai desde os primeiros dias da carreira do grande band leader e compositor em 1927, até o ano de 1941. Todas as faixas aqui são clássicas de Ellington e foram gravadas muitas vezes, mas essas versões, em quase todos os casos, são as originais. Há a gravação original de It Don’t Mean a Thing (If It Ain’t Got That Swing) com a vocalista Ivie Anderson à frente da banda — o outro vocalista nessas sessões de 1932 era um cara chamado Bing Crosby. Cotton Tail, de 1940, apresenta um solo sensacional de saxofone do grande Ben Webster. Também está incluída a versão de 1928 de The Mooche. E há um belo solo de trompete de Juan Tizol na gravação de Caravan em 1937, e 11 outros clássicos “quentes” de Ellington. Embora não haja nada de novo neste disco, o som é mais do que digno e é bom ter tantos originais de um período tão fértil em um só lugar. Aproveitem!
Duke Ellington – Jazz Moods | Hot
1 Hot And Bothered 2:52
2 It Don’t Mean A Thing (If You Ain’t Got That Swing) 3:08
3 Coton Tail 3:03
4 The Mooche (78rpm Version) 3:14
5 Battle Of Swing 2:57
6 Rockin’ In Rhythm 3:14
7 Braggin’ In Brass 2:43
8 Caravan 3:05
9 Ring Dem Bells 2:48
10 Merry-Go-Round 2:57
11 East St. Louis Toodle-Do 3:04
12 In A Jam 2:58
13 Take The “A” Train 2:53
14 Tootin’ Through The Roof 2:52
O disco original não informa as várias formações das big bands de Ellington nas faixas.
Apesar de suas ótimas orquestras, a Suécia tem apenas Berwald e Roman como bons compositores. Alfvén é romântico de dar nó nas tripas — mesmo tendo sua vida ativa no século XX — e os outros bons compositores escandinavos são noruegueses, finlandeses e dinamarqueses. Azar, né? Alfvén também é muito ufanista e nacionalista. Não é nada vulgar, mas também não é bom. Nasceu em Estocolmo, estudou no Conservatório de Música de 1887 a 1891, com o violino como seu principal instrumento. Tocou violino na Ópera Real de Estocolmo. Morreu em 1960 em Falun (Suécia), aos 88 anos. Foi também escritor e pintor. Sua música é ultrarromântica e, neste CD, a influência do folclore sueco está em primeiro plano nas cinco obras: nas três rapsódias suecas, na Lenda de Skerries e na Elegia. A Orquestra Sinfônica da Islândia, comandada por Petri Sakari, é exuberante. O som da Chandos é caloroso e todas as vozes da orquestra falam muito claramente.
Hugo Alfvén (1872-1960): Rapsódias Suecas – Uma lenda de Skerries – Elegia de ‘Rei Gustavo Adolfo II’ (Sakari)
1 Swedish Rhapsody No. 1, Op. 19 ‘Midsommarvaka’ 13:31
2 Swedish Rhapsody No. 2 , Op. 24 ‘Uppsalarapsodi’ 10:41
3 Swedish Rhapsody No. 3, Op. 47 ‘Dalarapsodi’ 21:51
4 A Legend Of The Skerries, Op. 20 18:23
5 Elegy From ‘King Gustav Adolf II’, Op. 49 5:31
A Missa de Pergolesi é uma obra de exuberante fantasia. A de Scarlatti é uma obra de beleza e mistério insondáveis. Se eu tivesse que escolher uma peça de Alessandro Scarlatti para dar provas de sua estatura como compositor no mesmo nível de Vivaldi e Handel, ficaria entre Il Primo Omicidio e esta Messa per il Natale.
Alessandro Scarlatti (1660-1725) compôs apenas dez missas. O conservadorismo litúrgico de sua época evitou a moda das massas inovadoras, postas de lado pelas formas quase operísticas da cantata e do oratório, nas quais Scarlatti se destacou. Por volta de 1707, no entanto, em razão dos gosto dos patrões de Scarlatti, especialmente os cardeais da Academia Arcadiana, Scarlatti mudou para uma espécie de simplicidade pastoral, estilo que aperfeiçoou em sua Cantata per la Notte di Natale de 1705. Em 1707, no entanto, Scarlatti já era ‘maestro di capella’ — capo di all capo, por assim dizer — na basílica de Santa Maria Maggiore em Roma. Como tal, ele poderia escrever o que quisesse, e é claro que o que ele queria uma obra que exibisse toda sua habilidade em polifonia e inovação harmônica,
A missa de Natal de Scarlatti foi uma dessas composições, escrita para coros totalmente independentes, mais dois violinos obligatti que embelezam a polifonia independentemente de qualquer coro. O clima dessa missa é serenamente comemorativo — uma música como a que um coro de anjos poderia ter cantado. Mesmo o Agnus Dei é menos um apelo por misericórdia do que uma canção de afeto para o Santo Menino. O tratamento de Scarlatti do espaço acústico entre os dois coros é espetacular; certifique-se de configurar seu sistema de som para maximizar a separação e sentar-se com atenção entre os alto-falantes, balançando a cabeça para a esquerda e para a direita como se estivesse assistindo a uma partida de tênis.
Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736) foi contratado para escrever sua Missa pelos padres da cidade de Nápoles, após o terrível terremoto em 1731, para solicitar a atenção de Santo Emigdius, “para que ele pudesse protegê-los de tais flagelos no futuro, fazendo intercessão com Deus”. Aparentemente, os terremotos têm o poder de inspirar uma criatividade bizarra na música; a missa do terremoto de 12 vozes de Antoine Brumel vem à mente, além desta fantasticamente colorida ‘missa breve’ de Pergolesi, em que o Kyrie dura apenas 4 minutos, mas o Gloria representa as maravilhas da natureza por 24 minutos completos. Este também é um trabalho cheio de artifícios acústicos espaciais, com fragmentos de música e texto explodindo à esquerda e à direita e, aparentemente acima, atrás, abaixo e dentro de seus ouvidos. Os patronos devem ter ficado encantados com ele, já que o trabalho foi apresentado três vezes, cada uma com orquestras maiores. Posteriormente, a Missa foi apresentada anualmente em setembro em Nápoles e em Roma — “com todos os músicos e violinistas de Roma”, segundo um memorialista contemporâneo — em homenagem a São João Nepomuceno, o santo favorito dos Habsburgos.
Pergolesi viveu apenas 26 anos, o que o tornou uma perda precoce para a música tão trágica quanto Mozart. Esta missa e seu famoso Stabat Mater são músicas de suprema arte e beleza.
O Concerto Italiano, liderado por Rinaldo Alessandrini, canta e toca essas duas músicas incríveis da maneira que merecem. Isso é um grande elogio. O CD mereceu o Diapason d`Or.
—-> ATENÇÃO: No nome do arquivo está Palestrina em vez de Pergolesi. Mas é Pergolesi, tá? Tive um surtinho de Alzheimer, só isso.
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Giovanni Battista Pergolesi: Messa Romana / Alessandro Scarlatti: Messa per il Natale
Messa Di S. Emidio (Missa Romana)
Composed By – Giovanni Battista Pergolesi
1 I. Kyrie Eleison 0:41
2 II. Christe Eleison 2:41
3 III. Kyrie Eleison 0:58
4 IV. Gloria In Excelsis Deo 2:35
5 V. Laudamus Te 2:00
6 VI. Gratias Agimus Tibi 3:55
7 VII. Dominus Deus 4:07
8 VIII. Qui Tollis Peccata Mundi 2:30
9 IX. Qui Tollis Peccata Mundi 4:07
10 X. Qui Sedes Ad Dexteram Patris 2:28
11 XI. Quoniam Tu Solus Sanctus 1:59
12 XII. Cum Sancto Spirito 2:33
Messa Per Il Santissimo Natale
Composed By – Alessandro Scarlatti
13 I. Kyrie eleison 4:08
14 II. Gloria In Excelsis Deo 10:30
15 III. Credo 7:38
16 IV. Sanctus 1:10
17 V. Agnus Dei 4:28
Conductor – Rinaldo Alessandrini
Orchestra, Choir – Concerto Italiano
Um bom disco do pouco divulgado Mattheson, com a luminosa presença do excelente Pablo Valetti. Mattheson era amigo próximo de Handel, embora quase tenha-o matado numa repentina briga, após uma apresentação da ópera Cleópatra de Mattheson em 1704. Handel foi salvo apenas por um grande botão de metal que serviu de escudo para a espada de Mattheson. Os dois depois reconciliaram-se. Filho de um cobrador de impostos, Johann Mattheson recebeu ampla educação em artes liberais no Johanneum, estudando inglês, francês e italiano e receber instruções gerais de música do cantor Joachim Gerstenbüttel. Aos 6 anos, ele teve aulas particulares em instrumentos de teclado e composição, bem como de canto e violino lições de um músico local. Aos nove anos de idade ele era um prodígio, cantando e tocando órgão em igrejas de Hamburgo, bem como atuava no coro da ópera de Hamburgo. Depois de se formar no Johanneum em 1693, Johann Mattheson serviu com pajem na corte do Graf von Güldenlöw, em seguida, fez sua estreia solo com a ópera de o Hamburgo em 1696 em papéis femininos. Depois de sua voz mudou, ele atuou como tenor de ópera. Ele conheceu G.F. Handel em 1703 e os dois tornaram-se amigos, viajando juntos para Lübeck naquele ano para se candidatar ao cargo de organista na Marienkirche desocupado pela aposentadoria de Dietrich Buxtehude, mas ambos recusaram o cargo. Os dois permaneceram próximos, apesar de uma violenta discussão em 1704, que levou a um duelo. A principal ocupação de Johann Mattheson em 1706 foi como um diplomata profissional. Ele tinha estudado inglês na escola e falava-o fluentemente. Em 1704 tornou-se tutor de Cyrill Wich, filho do embaixador britânico em Hamburgo, Sir John Wich. Sir John nomeou Mattheson seu secretário pessoal em 1706, uma posição de estatuto e salário considerável, o qual que ocupou durante a maior parte de sua vida, servindo Cyrill quando este sucedeu seu pai em 1715. Ele participou de missões diplomáticas no exterior representando o embaixador. Em 1709, casou com uma inglesa. Em 1718 Mattheson se tornou diretor musical da Hamburg Catedral, para o qual ele compôs a música sacra, mas ele desistiu do cargo em 1728 por causa da surdez. Em 1719 ele foi nomeado mestre de capela do duque de Holstein, mais tarde tornando-se secretário de legação (1741) e advogado (1744) para o duque. Johann Mattheson é principalmente famoso como um teórico da música. Ele foi o escritor mais completo sobre a performance prática, estilo teatral, e harmonia do barroco alemão. Além de algum trabalho original — especialmente sobre a relação das disciplinas de retórica e música — ele era um compilador da maior parte das ideias correntes na época. Seus escritos literários constituem um grande corpo de trabalho, que comenta sobre quase todos os aspectos de composição do seu tempo.
Johann Mattheson (1681-1764): Der Brauchbare Virtuoso (12 Sonate Per Violono Overo Flauto Solo Col Continuo)
Sonate I, Ré Majeur (11:29)
1-1 Intrada 3:02
1-2 Tempo Di Gavotta 0:37
1-3 Adagio 0:35
1-4 Allegro 2:46
1-5 Adagio 1:57
1-6 Aria 2:32
Sonate II, Sol Majeur (7:58)
1-7 (A Tempo) 1:59
1-8 Allegro 2:18
1-9 Tempo Di Corrente 1:37
1-10 Tempo Di Giga 2:04
Sonate III, La Majeur (6:32)
1-11 Adagio 1:19
1-12 Allegro 1:33
1-13 Grave 1:42
1-14 Giga 1:58
Sonate IV, Ré Majeur (6:55)
1-15 Adagio 0:51
1-16 Allegro 0:52
1-17 Aria 0:58
1-18 Premier Double 0:52
1-19 Deuxième Double 0:54
1-20 Troisième Double 0:57
1-21 Giga 1:30
A coisa é meio cômica — o fato é que Haydn sempre foi “acusado” de ser muito alegre em suas Missas e Oratórios. Bem, eu não sou nada religioso e acho que um oratório que faz o elogio das realizações divinas ao criar o mundo deveria ser mesmo meio alegre. Afinal, foram seis dias de muito trabalho. Não há árias ou corais que eu considere memoráveis, mas o Oratório é sempre bom. A Representação do Caos — bem no início da obra — é certamente um de seus pontos mais altos. McCreesh é um excepcional maestro para este tipo de repertório e não decepciona com sua turma historicamente informada.
A Criação (originalmente Die Schöpfung, aqui traduzido para o inglês como The Creation) é um oratório dividido em três partes, escrito em 1797 por Haydn. Seu texto, com versões em alemão e inglês, é baseado no livro do Gênesis, no livro de Salmos e no poema O Paraíso Perdido, de John Milton. Este oratório, que faz parte do Classicismo, apresenta algumas semelhanças com o período Barroco devido ao uso do contraponto em várias passagens, como pode ser constatado nos coros Stimm an die Saiten, ergreift den Leier! (um dos mais famosos do oratório), na primeira parte, e Singt den Herren, alle Stimmen, que encerra o oratório. Ao mesmo tempo, muitos musicólogos veem também neste oratório um prenúncio do Romantismo, especialmente na abertura sinfônica, chamada A Representação do Caos, utilizando estruturas melódicas adotadas mais tarde por Richard Wagner, bem como a dramaticidade instrumental de algumas passagens, típicas dos poemas sinfônicos de compositores como Hector Berlioz.
F. J. Haydn (1732-1809): A Criação (McCreesh)
Part One
The First Day
1-1 Introduction: The Representation Of Chaos 6:19
1-2 Recitative And Chorus : “In The Beginning God Created The Heaven And The Earth” 3:11
1-3 Aria And Chorus : “Now Vanish Befor The Holy Beams” 4:07
The Second Day
1-4 Recitative : “And God Made The Firmament” 2:02
1-5 Solo With Chorus : “The Glorious Heav’nly Hierarchy” 2:16
The Third Day
1-6 Recitative : “And God Said : Let The Waters ..” 0:39
1-7 Aria : “Rolling In Foaming Billows” 4:10
1-8 Recitative : “And God Said: Let The Earth Bring Forth Grass” 0:30
1-9 Aria : “With Verdure Clad The Fields Appear” 5:12
1-10 Recitative : “And The Heavenly Host The Third Day Proclaimed” 0:11
1-11 Chorus: “Awake The Harp, The Lyre Awake” 2:10
The Forth Day
1-12 Recitative : “And God Said : Let There Be Light.. ” 0:40
1-13 Recitative : “In Brightest Splendour Rises Now The Sun” 3:06
1-14 Chorus And Trio : “The Heavens Are Telling The Glory Of God” 4:09
Part Two
The Fifth Day
1-15 Recitative : “And God Said : Let The Waters Bring ..” 0:31
1-16 Aria : “On Mighty Pens Uplifted Soars The Eagle” 8:10
1-17 Recitative : “And God Created Great Whales” 2:38
1-18 Recitative : “And The Angels Struck Their Immortal Harps” 0:18
1-19 Trio And Chorus : “Most Beautiful Appear, With Verdure Young Adorn’d” 6:53
The Sixth Day
1-20 Recitative : “And God Said : Let The Earth Forth The Living Creature” 0:24
1-21 Recitative : “Straight Opening Her Fertile Womb” 3:27
1-22 Aria : “Now Heaven In Fullest Glory Shines” 3:38
1-23 Recitative : “And God Created Man” 0:49
1-24 Aria : “In Native Worth And Honour Clad” 3:54
1-25 Recitative : “And God Saw Everything That He Had Made” 0:21
1-26 Chorus And Trio (Gabriel, Uriel, Raphael): “Achieved Is The Glorious Work” 9:43
Part Three
2-1 Recitative : “In Rosy Mantle Now Appears” 4:22
2-2 Duet With Chorus : “By Thee With Bliss, O Bounteos Lord” 10:32
2-3 Recitative : “Our Duty Have We Now Perform’d” 2:16
2-4 Duet : “Graceful Consort!” 8:03
2-5 Recitative : “O Happy Pair” 0:33
2-6 Chorus: “Praise The Lord, Uplift Your Voices” 3:43
Este é um lançamento recentíssimo que me apresso a postar antes da data máxima. Ouvi-o rapidamente e fiquei muito feliz com ele. Duas excelentes Sonatas executadas pela incrível competência e elegância de Ehnes, acompanhado por seu fiel escudeiro Armstrong. Este disco, que finaliza a integral das Sonatas de Beethoven da dupla, confirma as qualidades especiais dos lançamentos anteriores: conjunto imaculado, equilíbrio, uma sensação da estrutura da música estar se desdobrando perfeitamente e com espontaneidade, criando a impressão de que os músicos vão descobrindo as qualidades especiais da música como se fosse a primeira vez. Ehnes não é um bobão, faz música sem o menor indício de ser um “solista em ação”. Alguns podem achar que a personalidade criativa de Beethoven é um pouco subprojetada aqui. No entanto, a perfeição de Ehnes — cada nota possui especial brilho — é uma fonte constante de admiração. O mesmo ocorre com a habilidade fantástica de Armstrong de fazer parceria com o violino de uma forma que sutilmente disfarça a disparidade entre o potencial de sonoro dos dois instrumentos (da qual Beethoven estava bem ciente).
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Violino Nos. 7 & 10 (Ehnes / Armstrong)
01. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: I. Allegro con brio
02. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: II. Adagio cantabile
03. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: III. Scherzo (Allegro)
04. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: IV. Finale (Allegro)
05. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: I. Allegro moderato
06. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: II. Adagio espressivo
07. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: III. Scherzo (Allegro)
08. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: IV. Poco allegretto
Este é um dos discos que eu levaria para a ilha deserta. Como viver sem ele? Borodin foi filho ilegítimo do príncipe georgiano Luka Gedevanishvili (ou Gedianov, em russo) e teve sua paternidade atribuída a um servo do nobre, Porfiry Borodin. Apesar de ter recebido lições de piano quando criança, sua educação foi direcionada às ciências. Formado em medicina, interessado em química, aperfeiçoou-se em Heidelberg, Alemanha (1859-1862). Em toda sua vida, dedicou-se quase inteiramente à química, escrevendo muitos tratados científicos e fazendo muitas descobertas, notadamente no campo do benzol e aldeídos. Também foi professor de química orgânica na Academia Militar de São Petersburgo (1864-1887). Considerava-se apenas “um compositor aos domingos”.
Mas meu deus, ele devia ser um gênio. Ouçam estas obras do compositor de domingos, principalmente a obra-prima representada pelo Quarteto Nº 2. No vídeo abaixo, numa interpretação ao vivo do velho Quarteto Borodin, vocês podem ouvir o Noturno de chorar aos 12min30. Aos 20min50, no início do quarto e folclórico movimento, o quarteto imita o som de um bayán (espécie de acordeão russo, mais complicado que o nosso). Logo depois, vem um som de uma grande balalaica. Ouçam e babem!
Aleksandr Borodin (1833 -1887): Quartetos de Cordas Nos. 1 e 2
String Quartet No. 1 in A major
I. Moderato – Allegro 13:15
II. Andante con moto 7:50
III. Scherzo: Prestissimo 6:00
IV. Allegro risoluto 10:44
String Quartet No. 2 in D major
I. Allegro moderato 8:09
II. Scherzo: Allegro 4:47
III. Notturno: Andante 8:26
IV. Finale: Andante – Vivace 7:11
Ouvi tantas vezes e amo tanto a Sinfonia Concertante K. 364 que me tornei muito exigente. Ela está presente não apenas no filme Amadeus (1º movimento) como em Afogando em Números (2º movimento), de Peter Greenaway, lembram? Acho que os excessos românticos de Dumay lhe caíram mal. Para piorar, o homem ainda é o regente, ou seja, foi quem mandou a orquestra comportar-se da forma estranha e cheia de pompa e retórica como ela faz aqui. Claro que é um bom disco do ponto de vista técnico, mas não tão bom assim artisticamente. É minha opinião. Muito melhores são esta versão e principalmente esta. O restante do disco vem com obras menos conhecidas de Mozart e o prazer de ouvir obras menos divulgadas supera qualquer restrição. Um bom disco para quem gosta de um Mozart mais romântico.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Sinfonia Concertante K. 364, Rondo K. 373, Adagio K. 261, Concerto for Violin and Orchestra n°2 K. 211 (Dumay, Hagen)
01. Sinfonia Concertante in E flat major, K. 364 (320d) 1. Allegro maestoso
02. Sinfonia Concertante in E flat major, K. 364 (320d) 2. Andante
03. Sinfonia Concertante in E flat major, K. 364 (320d) 3. Presto
04. Rondo in C major, K 373 Allegretto grazioso
05. Adagio in E major, K. 261
06. Concerto for Violin and Orchestra no. 2 in D major, K. 211 1. Allegretto mode
07. Concerto for Violin and Orchestra no. 2 in D major, K. 211 2. Andante
08. Concerto for Violin and Orchestra no. 2 in D major, K. 211 3. Rondeau. Allegro
Neste dia muito musical aqui em casa, lá vai outro CD. Gosto muito de Gismonti, muito mesmo. Este belo CD não chega a ser uma anormalidade em sua carreira ultra produtiva. Com dificuldades para gravar no Brasil, Gismonti encontrou ancoradouro na grande ECM de Manfred Eicher, onde gravou dezenas de CDs para nosso prazer. Destaque para a extraordinária Infância e 7 Anéis, mas tudo é bom nesta grande gravação de Gismonti com amigos.
Egberto Gismonti Group – Infância (1991)
01. Ensaio De Escola De Samba (Danca Dos Escravos) 8:47
02. 7 Anéis 9:07
03. Meninas 7:14
04. Infância 10:45
05. A Fala Da Paixao 6:09
06. Recife & O Amor Que Move O Sol E Outras Estrelas 10:58
07. Danca №1 5:18
08. Danca №2 4:07
Na coletânea de ensaios Os testamentos traídos, de 1993, Milan Kundera disseca as culturas mais periféricas da Europa, tomando como exemplo sua Tchecoslováquia natal. “A intensidade muitas vezes assombrosa de sua vida cultural pode fascinar um observador”. Porém, “No seio dessa intimidade calorosa, um inveja o outro, todos vigiam a todos”. Se um artista ignora as regras locais, a rejeição pode ser cruel, a solidão, esmagadora”. Claro que cada uma destas pequenas nações tinha seu círculo de compositores locais e, dentre eles, o(s) representante(s) nacionais. Sibelius na Finlândia, Bartók na Hungria, Grieg na Noruega, Dvorak, Smetana e Janáček na Tchecoslováquia, Nielsen na Dinamarca, Elgar e Vaughan Williams naquele grande país quase sem música até o século XX, Villa-Lobos no Brasil (sim, Vanderson, sei que não fazemos parte da Europa), etc.
Este CD trata de Bartók e Janáček, dois compositores estranhos e inicialmente mal vistos pelas escolas alemã, francesa e italiana, mas que dominam este disco capitaneado pela argentina Argerich e pelo, penso, letão Gidon Kremer. O francês Messiaen entra meio que de lambuja, pois as principais obras são as dos selvagens. Bartók já foi melhor interpretado, mas, meu jesuiscristinho, que sonata fantástica! O mesmo vale para o Janáček. Por tudo isso, trata-se de um CD
Bartók: Sonata Nº 1 para Violino e Piano (1921) / Janáček: Sonata para Violino e Piano (1914-1921) / Messiaen: Tema e Variações para Violino e Piano (1932)
Béla Bartók (1881-1945) Sonata for violin and piano No. 1
01. Sonata for Violin and Piano No.1, Sz. 75 – Allegro appassionato Gidon Kremer 12:44
02. Sonata for Violin and Piano No.1, Sz. 75 – Adagio Gidon Kremer 10:15
03. Sonata for Violin and Piano No.1, Sz. 75 – Allegro Gidon Kremer 9:29
Leos Janácek (1854-1928) Sonata for violin and piano
04. Violin Sonata – 1. Con moto Gidon Kremer 4:52
05. Violin Sonata – 2. Ballada. Con moto Gidon Kremer 4:59
06. Violin Sonata – 3. Allegretto Gidon Kremer 2:47
07. Violin Sonata – 4. Adagio Gidon Kremer 4:00
Olivier Messiaen (1908) Thema and Variations
08. Theme and Variations for Violin and Piano – Thème. Modéré Gidon Kremer 1:17
09. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 1. Modéré Gidon Kremer 1:30
10. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 2. Un peu moins modéré Gidon Kremer 0:47
11. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 3. Modéré, avec éclat Gidon Kremer 0:51
12. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 4. Vif et passionné Gidon Kremer 1:08
13. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 5. Très modéré Gidon Kremer 1:54
Em Budapeste, Bartók e um amigo de PQP Bach, o qual só mandou esta foto como provocação… Para me fazer sentir ciúmes, por saber de meu caso de amor com o húngaro.
Lançada pela primeira vez após sua gravação em 1987, esta versão dos quartetos de piano de Mozart apresenta o fortepianista Malcolm Bilson e três escudeiros em leituras deliciosamente leves e arejadas das partituras que, no entanto, atendem a qualquer requisito que um mozarteano hardcore possa desejar. A forma de tocar do quarteto – Timothy Mason, Malcolm Bilson, Jan Schlapp e Elizabeth Wilcock – é extraordinária. Tenho cerca de meia dúzia de gravações desses quartetos e raramente ouvi uma em que todos os quatro instrumentos sejam tão claramente identificados e articulados ao longo do processo de gravação, especialmente quando combinados com tal talento artístico. A abordagem do quarteto é amigável, moderada e nada sentimental. Tudo com o fortepianista Bilson — que é ao mesmo tempo um conhecido intérprete e palestrante sobre técnicas de época — um pouco destacado. Não vejo acho nada de questionável nisso, já que Bilson é um músico maravilhoso e os membros do quarteto são igualmente excelentes, Coletivamente, eles capturam todas as nuances das partituras de Mozart.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Quartetos para Piano K. 478 e K. 493 (Bilson)
Piano quarteto em C minor, K. 478
1. Allegro [11:13]
2. Andante [07:31]
3. Rondo-Allegro moderato [08:05]
Piano quarteto em E flat major, K. 493
4. Allegro [15:02]
5. Larghetto [10:25]
6. Allegretto [08:53]
Malcolm Bilson, pianoforte
Elizabeth Wilcock, violino
Jan Schlapp, viola
Timothy Mason, violoncelo
Mozart e Maria João Pires, Maria João Pires e Mozart. O mestre jamais imaginaria que, 200 anos após sua morte, sua grandiosa obra pianística seria interpretada de forma sublime por duas mulheres: a portuguesa Maria João, seguida pela japonesa naturalizada britânica Mitsuko Uchida. Neste CD impecável, MJP vem acompanhada de um habitual colaborador, o violinista Augustin Dumay, e o violoncelista Jian Wang. São obras bastante agradáveis, nada transcendentes, que se tornam muito maiores com a grande Maria João e seus companheiros. Para ouvir e aprender como se faz.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Trios K.502 e K.496 e Divertimento K.254 (Pires / Dumay / Wang)
Trio in B flat major, K.502
01. I. Allegro
02. II. Larghetto
03. III. Allegretto
Trio in G major, K.496
04. I. Allegro
05. II. Andante
06. III. Allegretto – Var. I – VI
Divertimento in B flat major, K.254
07. I. Allegro assai
08. II. Adagio
09. III. Rondeau-Tempo di Menuetto
Maria João Pires, piano
Augustin Dumay, violino
Jian Wang, violoncelo
Três notáveis Cantatas de Bach extraordinariamente bem interpretadas por Sigiswald Kuijken, seu grupo La Petite Bande e um time de cantores lotado de supercraques. Não tinha como dar errado e não deu. Claro que a Cantata BWV 82 é superior às outras duas — alguns diriam que ela é superior a todas às outras, opinião da qual discordo –, mas a 82 é uma indiscutível obra-prima que foi um pouco mais esmiuçada aqui.
Com base nos resultados das pesquisas de Joshua Rifkin e Andrew Parrott sobre a execução autêntica das Missas, Cantatas e Paixões de Bach, Sigiswald Kuijken limita a parte vocal a um quarteto vocal solo — que o próprio Bach às vezes estendia a oito cantores — em vez de um coro. Ele também reduziu o número de instrumentistas executando cada cantata. Sigiswald Kuijken adotou essa abordagem em suas gravações para a Accent Records (este é um CD desta coleção) em uma série de 19 CDs intitulada Cantatas of J. S. Bach, que foi gravada entre 2004 e 2012.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Cantatas BWV 82 – 49 – 58 (Kuijken / La Petite Bande)
Kantate BWV 49 “Ich Geh’ Und Suche Mit Verlangen”
6 Sinfonia 6:42
7 Aria: “Ich Geh’ Und Suche Mit Verlangen” 4:58
8 Recitativo: “Mein Mahl Ist Zubereitet” 2:08
9 Aria: “Ich Bin Herrlich, Ich Bin Schön” 5:18
10 Recitativo: “Mein Glaube Hat Mich Selbst..” 1:29
11 Duetto: “Dich Hab Ich Je Und Je Geliebet” 5:02
Kantate BWV 58 “Ach Gott, Wie Manches Herzeleid”
12 “Ach Gott Wie Manches Herzelied” 3:44
13 Recitativo: “Verfolgt Dich Gleich Die Arge Welt” 1:23
14 Aria: “Ich Bin Wergnügt In Meinem Leiden” 4:19
15 Recitativo: “Kann Es Die Welt Nicht Lassen” 1:24
16 Aria: “Nur Getrost, Getrost Ihr Herzen” 2:18
Bass Vocals – Klaus Mertens
Soprano Vocals – Nancy Argenta
Cello, Violoncello Piccolo – Hidemi Suzuki
Oboe, Oboe d’Amore – Marcel Ponseele
Organ – Pierre Hantaï
Ensemble – La Petite Bande
Violin – Sigiswald Kuijken
Regência – Sigiswald Kuijken
A fim de completar a grande dupla de CDs de Jacobs + Freiburger — que orquestra! que maestro! — interpretando as últimas sinfonias de Mozart (aquiestá o irmão gêmeo), postamos agora as de Nº 39 e 40, mesmo que em tempos tão beethovenianos, mesmo duas semanas antes da data máxima.
A Sinfonia nº 39 é a primeira de um conjunto de três (suas últimas sinfonias) que Mozart compôs em rápida sucessão durante o verão de 1788. O nº 40 foi concluído em 25 de julho e o nº 41 em 10 de agosto. Nikolaus Harnoncourt diz que Mozart compôs as três sinfonias como uma obra unificada, apontando, entre outras coisas, para o fato de que a Sinfonia No. 39 ter uma grande introdução e nenhuma coda. Parece ser impossível determinar a data da estreia da 39ª Sinfonia com base nas evidências atualmente disponíveis; na verdade, não pode ser estabelecido se a sinfonia alguma vez foi executada durante a vida do compositor.
O tema inicial do primeiro movimento da Sinfonia Nº 40 já fez grande sucesso como toque de celular. Não obstante esta popular e pequena utilização, a sinfonia é conhecida como a “Grande” sinfonia em sol menor, para distingui-la da “Pequena” sinfonia em sol menor, a n.º 25. Estas são as únicas sinfonias em tons menores compostas por Mozart, com a exceção de uma sinfonia em lá menor redescoberta recentemente, do início de sua carreira, conhecida hoje em dia como a Sinfonia Odense. Os documentos da época não trazem qualquer evidência de que a estreia da 40ª Sinfonia teria ocorrido durante a vida de Mozart, mas… Em 4 ocasiões, entre a composição da sinfonia e a morte do compositor, concertos sinfônicos foram realizados com a música de Mozart, incluindo concertos cujos programas sobreviveram, e incluíam uma sinfonia em sol menor sem maior identificação. Os musicólogos pensam que esta seria a 40.
W. A. Mozart (1756-1791): Sinfonias Nros. 39 e 40 (Jacobs / Freiburger)
Symphony No.39 In E Flat Major, K.543
1 I. Adagio – Allegro 10:04
2 II. Andante Con Moto 8:05
3 III. Menuetto. Allegretto 3:25
4 IV. Finale. Allegro 8:09
Symphony No.40 In G Minor, K.550
5 I. Molto Allegro 7:15
6 II. Andante 15:08
7 III. Menuetto. Allegretto 3:47
8 IV. Allegro Assai 9:18
Este monumento da cultura universal foi estreado em 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, em Viena, na Áustria. O regente foi Michael Umlauf, diretor musical do teatro, e Beethoven — dissuadido da regência pelo estágio avançado de sua surdez — teve direito a um lugar especial no palco, junto ao maestro. A Sinfonia N° 9, Op. 125, Coral, é a última sinfonia completa composta por Beethoven. É mais conhecida como Nona Sinfonia ou ainda, A Nona, uma das obras mais conhecidas do repertório, considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven. A Nona incorpora parte do poema An die Freude (“À Alegria“), uma ode escrita por Friedrich Schiller, com o texto cantado por solistas e um coro em seu último movimento. Foi o primeiro exemplo de um compositor importante que tenha utilizado a voz humana com o mesmo destaque que a dos instrumentos, numa sinfonia, criando assim uma obra de grande alcance, que deu o tom para a forma sinfônica que viria a ser adotada pelos compositores românticos. A Sinfonia Nº 9 tem um papel cultural de extrema relevância no mundo atual. Em especial, a música do último movimento que, rearranjada, tornou-se o hino da União Europeia. Outra prova de sua importância na cultura atual foi o valor de 3,3 milhões de dólares atingido pela venda de um dos seus manuscritos originais, feita em 2003 pela Sotheby’s, de Londres. Beethoven alterou o padrão costumeiro das sinfonias clássicas, ao colocar o scherzo antes do movimento lento. Esta foi a primeira vez que ele fez isso numa sinfonia, embora tivesse feito o mesmo em outros gêneros, como os quartetos op. 18 números 4 e 5, o trio para piano “Arquiduque”, Op. 97, e a sonata para piano, Op. 106, “Hammerklavier”). Poucas obras de Beethoven tiveram gênese tão trabalhosa quanto a última das nove sinfonias. Ao que parece, a ideia de pôr música na Ode à Alegria de Schiller já aparece em 1792, poucos anos após o grande poeta romântico ter publicado seus versos. Em 1807, Beethoven concebe a Fantasia Op. 80 para piano, coro e orquestra. Aspectos revelados nessa obra aparecem como uma espécie de ensaio para procedimentos que serão utilizados na Nona. Em 1823, Beethoven já havia composto os três primeiros movimentos da sinfonia, e ao final desse mesmo ano ganha corpo a ideia de concluí-la com o uso de vozes humanas e o emprego do poema de Schiller. O uso das vozes e as citações dos movimentos anteriores, dentre outras “ousadias” estilísticas, são procedimentos que ganharam significado e importância especiais na música instrumental, na música sinfônica e na música dramática do século XIX, não exatamente na geração que sucede a Beethoven, mas numa geração posterior, da qual participam Mahler, Franck, Bruckner e o próprio Wagner. Sem o isolamento do silêncio exterior, porém, Beethoven talvez não chegasse a atingir tal densidade de pensamento musical. Como escreverá mais tarde Victor Hugo: “Esse surdo ouvia o infinito”.
Eu gostei moderadamente da interpretação de Antonini para esta Nona. Tudo está rapidíssimo e bom, mas cá pra nós, aquele Adagio molto e cantabile tocado a toda velocidade ficou ridículo e quebrou o clima.
#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 6 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)
CD6
01. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: I. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
02. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: II. Molto vivace – Presto (Scherzo)
03. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: III. Adagio molto e cantabile
04. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125: IV. Presto
Comecei a frequentar os concertos de música erudita com a idade de 4 ou 5 anos. Meu pai me levava. Ele disse que, por uns 5 anos, eu sistematicamente dormia após dez minutos. Ele queria saber quando eu pararia com aquilo, ainda mais porque eu dizia que gostava de ir… Certamente gostava era da companhia dele, claro. Mas houve um dia em que eu passei a não mais dormir. Foi quando assisti uma 7ª Sinfonia de Beethoven regida por Pablo Kómlos. Aquilo era enlouquecedor. Uma sucessão de agitadas danças com aquele Alegretto no meio. (Bem, o Allegretto também é uma dança… É uma pavana, é Beethoven que começa a olhar para trás. A tradição desacelerou esse movimento, dando um aspecto demasiado fúnebre. A pavana é uma dança calma, contida). Ouvi hoje a 7ª e, pela enésima vez… Toda aquela primeira impressão permanece viva. Eu sou o mesmo, de certa forma. De certa forma bem distorcida. O mais louco dessa sinfonia louca é o Finale — um rock pauleira da época e uma das formas-sonata mais estapafúrdias da história da música.
Mas, gente, eu também gosto DEMAIS da subestimada oitava. Eita, sinfonia boa!
Antonini e orquestra dão um show especial aqui. Trata-se de um dos melhores registros que ouvi destas duas obras-primas!
#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 5 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)
CD5
01. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: I. Poco sostenuto – Vivace
02. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: II. Allegretto
03. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: III. Scherzo – Presto
04. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: IV. Allegro con brio
05. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: I. Allegro vivace e con brio
06. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: II. Allegretto scherzando
07. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: III. Tempo di minuetto
08. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: IV. Allegro vivace
Este CD traz dois ícones sinfônicos da humanidade. A afirmativa 5ª Sinfonia e a tranquila Pastoral, a 6ª de Beethoven. A Sinfonia Nº 5, Op. 67, dita Sinfonia do Destino, foi escrita entre 1804 e 1808, é uma das composições mais populares e conhecidas em todo repertório da Música Erudita Europeia, além de ser uma das sinfonias mais executadas nos tempos atuais. Trata-se da primeira sinfonia do autor composta em tonalidade menor, o que só voltaria a acontecer em 1824 com a Sinfonia Nº 9, Op. 125. A Sinfonia Nº 5 é um monumento intocável. Os quatro movimentos são exemplos de alternância: o primeiro movimento tem grande tensão começada pelas cordas e elevada a um dramatismo extremo; o segundo movimento é solene, possuindo uma marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza; o terceiro andamento é silencioso, mas também explosivo e o quarto expressa triunfo e magnificência. A Sinfonia Nº 6, Op. 68, é também chamada Sinfonia Pastoral. Ela é uma obra precursora da música programática. Esta sinfonia foi completada em 1808 e teve a sua primeira apresentação no “Theater an der Wien” em 22 de dezembro de 1808. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um “quadro sonoro”, mas como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.
#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 4 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)
CD4
01. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: I. Allegro con brio
02. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: II. Andante con moto
03. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: III. Allegro
04. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: IV. Allegro
05. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: I. Allegro non troppo
06. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: II. Szene am Bach: Andante molto moto
07. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: III. Lustiges Zusammensein: Allegro
08. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: IV. Donner, Sturm: Allegro
09. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: V. Hirtengesang: Allegretto
A Sinfonia Nº 4 de Beethoven é muito boa, mas, na minha opinião, é o patinho feio da série. Se fosse escrita por um compositor menor, seria sua obra-prima, claro, só que com Ludwig a exigência é maior. Beethoven dedicou a obra ao conde Von Oppersdorff, o qual, alguns anos antes, fora à casa do príncipe Karl Lichnowsky, tendo lá ouvido a Sinfonia Nº 2. Oppersdorff gostou tanto da peça que ofereceu a Beethoven uma grande quantia em dinheiro, para que compusesse uma sinfonia para ele. A obra foi estreada em março de 1807 na casa do príncipe Franz Joseph von Lobkowitz, sob regência do próprio compositor. Sua segunda apresentação deu-se a 15 de novembro do mesmo ano no Burgtheater, em Viena. A partitura possui uma dedicatória “ao nobre conde silesiano Franz von Oppersdorff”. Robert Schumann referiu-se à sinfonia como “uma esbelta donzela grega entre os gigantes nórdicos”. OK.
#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 3 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)
CD3
01. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: I. Adagio – Allegro vivace
02. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: II. Adagio
03. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: III. Allegro molto vivace
04. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: IV. Allegro ma non troppo
É tradicionalmente aceito dividir a vida artística de Beethoven em três fases. A primeira começa com a mudança para Viena, em 1792. Uma fase quase mozartiana. Nove anos depois, em 1801, Beethoven afirmou não estar satisfeito com o que compusera até então, decidindo tomar um “novo caminho”. Tudo parecia levá-lo ao épico e, dois anos depois, em 1803, surge um grande fruto desse “caminho”: a Sinfonia Nº 3, Eroica. Ela abre um verdadeiro ciclo épico. A Sinfonia era para ser dedicada a Napoleão Bonaparte, pois Beethoven admirava Napoleão e os ideais da Revolução Francesa. Porém, quando o corso autoproclamou-se Imperador da França em maio de 1804, Beethoven retirou a dedicatória de forma bastante característica… Foi até a mesa onde estava a sinfonia já pronta, pegou a primeira página e riscou o nome de Napoleão com tanta força que ficou um buraco no papel. É que ele apagara a referência ao novo Imperador com uma faca… E que música havia naquelas folhas! O ciclo épico iniciado pela Eroica seguiu com obras verdadeiramente espantosas e originais, que cantavam a força da humanidade, a paixão pela liberdade e a vitória do espírito humano.
#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 2 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)
01. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: I. Allegro con brio
02. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: II. Marcia funebre. Adagio assai
03. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: III. Scherzo. Allegro vivace
04. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: IV. Finale. Allegro molto
O bom destes 250 anos de Beethoven é que estamos ouvindo toda a obra dele quase diariamente e descobrindo que não ficamos nada, mas nada mesmo, enfarados. Este registro das 9 Sinfonias que ora iniciamos é ao vivo. Alguns de vocês sabem que PQP Bach ama os registros ao vivo. Não que ao morto e em bom estado seja ruim, mas ao vivo é melhor. O pontapé inicial de Giovanni Antonini ao abordar as Sinfonias é extraordinário. Creio que, das gravações mais recentes, dificilmente outra orquestra chegará próximo de Antonini e desta outra joia aqui. A Sinfonia n.° 1, Op. 21, é a primeira das nove sinfonias de Ludwig van Beethoven. Foi composta em Viena entre os anos 1799 e 1800. A segunda foi escrita Foi escrita entre os anos de 1801 e 1802. São menos famosas que a 3ª e aquelas que vão da 5ª à 9ª, mas não pensem que são música de segunda linha. São autênticos Beethoven, rapaz, e Antonini só faz valorizar a coisa!
Em 2005, Giovanni Antonini e a Kammerorchester Basel deram início ao projeto de gravação desta série, que logo foi saudada como “uma das gravações de Beethoven mais emocionantes de nossos dias” (Gramophone). Por ocasião do ano de Beethoven em 2020, as “gravações sensacionais” (NDR) estão agora sendo lançadas pela primeira vez em uma caixa de 6 CDs. O som brilhante, mas extremamente afiado de Beethoven, deve-se aos costumes da prática da performance histórica, na qual o maestro e especialista em barroco Giovanni Antonini desempenhou um papel fundamental na modelagem. Tocar em instrumentos históricos também faz parte da marca musical da Orquestra de Câmara da Basiléia.
E vamos em frente que atrás vem gente!
Beethoven: The 9 Symphonies — CD 1 de 6 (Kammerorchester Basel & Giovanni Antonini)
CD1
01. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: I. Adagio molto – Allegro con brio
02. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: II. Andante cantabile con moto
03. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: III. Menuetto. Allegro molto e vivace
04. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: IV. Adagio – Allegro molto e vivace
05. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: I. Adagio molto – Allegro con brio
06. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: II. Larghetto
07. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: III. Scherzo. Allegro
08. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: IV. Allegro molto
Um bonito CD duplo de Cantatas barrocas belamente interpretadas por excelentes cantores e orquestra historicamente informada. É claro que tudo sobe muito de nível quando passamos por Bach — que abre e fecha a função –, e também por Sweelinck e Schütz. É natural. Mas aqui ninguém decepciona. A coisa satisfaz plenamente quem ama o barroco, caso deste que vos escreve.
Gênero foi muito explorado no período barroco, a Cantata (do italiano “cantata”, do verbo “cantare”) é um tipo de composição vocal, para uma ou mais vozes, com acompanhamento instrumental, às vezes com coro, de inspiração religiosa ou profana, contendo normalmente mais de um movimento e cujo texto descreve um fato dramático ou uma situação psicológica. Na Alemanha, a Kantate era basicamente um gênero sacro. Foi a mistura de textos bíblicos e poéticos o que caracterizou o formato da cantata alemã. As de Bach são atípicas em qualidade e diversidade. Depois e mesmo na época do mestre, nas mãos de compositores menores, o gênero foi se tornando cada vez mais padronizado, deixando as Cantatas fora de moda e fossilizadas.
J. S. Bach / Hoyoul / Hellingk / Lechner / Sweelinck / Selle / Schein / Schütz / Bernhardt / Förtsch / Graupner / Stölzel: Deutsche Barock Kantaten (VIII) (Ricercar Consort) [2CD]
CD1
Aus Tiefer Not Schrei Ich Zu Dir (BWV 38)
Composed By – Johann Sebastian Bach
(16:27)
1-1 Coro: “Aus Tiefer Not…” 4:23
1-2 Recitativo: “In Jesu Gnade…” 0:47
1-3 Aria: “Ich Höre Mitten In Dem Leiden…” 7:47
1-4 Recitativo: “Ach, Dass Mein Glaube…” 1:30
1-5 Aria (Terzetto): “Wenn Mein Trübsal…” 3:36
1-6 Choral: “Ob Bei Uns Ist Der Sünden…” 1:24
1-7 Aus Tiefer Not
Composed By – Balduin Hoyoul
2:18
1-8 Aus Tiefer Not
Composed By – Lupus Hellingk*
1:52
1-9 Aus Tiefer Not
Composed By – Leonhard Lechner
2:30
1-10 De Profundis
Composed By – Jan Pieterszoon Sweelinck
5:25
1-11 Aus Der Tiefe
Composed By – Thomas Selle
5:12
1-12 Aus Der Tiefe
Composed By – Thomas Selle
3:04
1-13 Ich Ruf Zu Dir
Composed By – Johann-Hermann Schein*
2:56
1-14 Aus Tiefer Not
Composed By – Johann-Hermann Schein*
2:50
1-15 Aus Tiefer Not
Composed By – Heinrich Schütz
2:39
1-16 Ich Ruf Zu Dir
Composed By – Heinrich Schütz
2:55
1-17 Aus Der Tiefe Ruch Ich
Composed By – Heinrich Schütz
3:59
1-18 Aus Der Tiefe
Composed By – Christoph Bernhardt*
7:19
1-19 Aus Der Tiefe
Composed By – Johann Philipp Förtsch
8:05
CD2
Aus Der Tiefe Rufen Wir
Composed By – Christoph Graupner
(13:51)
2-1 Coro: “Aus Der Tiefe…” 4:40
2-2 Recitativo Accompagnato: “Wenn Aber Kommt Einmal…” 4:32
2-3 Coro: “Brunnquell Der Gnaden…” 4:39
Aus Der Tiefe Rufe Ich
Composed By – Gottfried Heinrich Stölzel
(15:00)
2-4 Aria: “Aus Der Tiefe…” 3:04
2-5 Recitativo: “Aus Tiefer Not…” 1:53
2-6 Aria: “Meine Hände Ringen Sich…” 4:34
2-7 Recitativo: “Jedennoch Bleib Ich…” 1:09
2-8 Aria Da Capo: “Aus Der Tiefe…” 4:20
Aus Der Tiefe Rufe Ich (BWV 131) (22:32)
Composed By – Johann Sebastian Bach
2-9 Coro: “Aus Der Tiefe Rufe Ich, Herr, Zu Dir…” 4:42
2-10 Aria & Choral: “So Du Willst Herr…” “Erbarm Dich Mein…” 4:41
2-11 Coro: “Ich Harre Des Herrn” 3:49
2-12 Aria & Choral: “Meine Seele Wartet…” “Und Weil Ich Denn…” 5:18
2-13 Coro: “Israel Hoffe Auf Den Herrn…” 4:02
(Oh, yeah. Depois do comentário que meu Reich acaba de receber, melhor postar). Sim, Galuppi não é Vivaldi. Por anos e anos acharam que o Dixit Dominus era de Galuppi, mas não, era de Vivaldi. O grande Vivaldi tornou-se ainda maior e o pobre Galuppi ficou sem sua única obra importante. Este CD da Archiv tenta recolocar Galuppi como um cara legal e até, olha, Baldassare era legal. Mas não é Vivaldi. O trabalho da turminha de Dresden, chefiada por Peter Kopp é uma joia (perdeu também o acento ou não?) que você, prezado melômano amante do sexo, das drogas pesadas e da música sacra, não devaria deixar passar em branco, apesar de termos aqui um Galuppi bonzinho ao lado de um enorme Vivaldi.
Ando num período muito vivaldiano, andei comprando umas óperas que nem lhes conto. Sem baixar o nível — pois este é um blog-família — , diria que são do caraglio.
Antonio Vivaldi (1678 – 1741)
Dixit Dominus, R. 807
1) Dixit Dominus [1:38]
2) Donec ponam inimicos tuos [2:58]
3) Virgam virtuis tuae [2:44]
4) Tecum principium [1:51]
5) Juravit Dominus [1:37]
6) Dominus a dextris tuis [1:50]
7) Judicabit in nationibus [2:40]
8 ) De torrente in via bibet [3:13]
9) Gloria Patri et Filio [2:10]
10) Sicut erat in principio [0:31]
11) Et in saecula saeculorum [2:34]
Baldassare Galuppi (1706 – 1785)
Laetatus sum
12) Laetatus sum [4:39]
13) Fiat pax [1:50]
14) Propter fratres meos [1:42]
15 Gloria Patri et Figlio / Sicut erat [1:52]
Nisi Dominus
16) Nisi Dominus [3:31]
17) Vanum est nobis [1:51]
18) Cum dederit [4:29]
19) Sicut sagitte [2:42]
20) Beatus vir [3:39]
21) Gloria Patri et Figlio [5:38]
22) Sicut erat [2:07]
Lauda Jerusalem
23) Lauda Jerusalem [0:59]
24) Quoniam confortavit [2:18]
25) Qui posuit fines [1:38]
26) Qui emittit [0:57]
27) Emittit verbum [2:25]
28) Qui annuntiat [0:40]
29) Gloria Patri et Figlio / Sicut erat [1:52]
Körnerscher Sing-Verein Dresden
Dresdner Instrumental-Concert
Peter Kopp
Sara Mingardo
Roberta Invernizzi
Paul Agnew
Thomas Cooley
Lucia Cirillo
Sergio Foresti
Vivaldi – Bom pra caraglio! (Gravura de 1725)Estátua de Galuppi, na ilha de Burano em Veneza, onde ele nasceu
PQP (Links revalidados por Pleyel com os pitacos a seguir)
P.S.1. Concordo com PQP: Galuppi não está no nível genial de Vivaldi, mas é um importante compositor que carrega a tocha da tradicional escola de Veneza, com características também da geração de C.P.E. Bach: árias mais operísticas que devocionais, às vezes com os cantores fazendo pausas para sublimes solos de violino que, aliás, lembram os solos da Missa do Padre João de Deus Castro Lobo, compositor do Barroco tardio nascido em Vila Rica (Ouro Preto).
P.S.2. CD gravado na Lukaskirche (Igreja São Lucas) em Dresden, 2006. Prestem atenção nas reverberações e ecos da igreja!