Lobo de Mesquita é o mais prolífico compositor da época áurea da expressão e do profissionalismo musical em Minas Gerais. Se o seu nascimento em 1746 na atual cidade do Serro é discutível, são certos a sua presença e o seu trabalho como organista e compositor em Diamantina, a partir de 1776. Permaneceu ali 22 anos e ali produziu a maior parte de suas obras.
Na segunda metade do século XVIII, os centros urbanos mineradores das Gerais atingiram a sua máxima densidade humana e a riqueza mais ostensiva: todos os tipos de profissionais e artesãos responderam à atração. A maior parte dos melhores arquitetos, escultores e dos compositores conhecidos em Minas Gerais ali viviam e produziam as suas obras mais notáies nos últimos 30 anos do século. Irmandades e Ordens Terceiras eram instrumentos de organização social e promotores competitivos das artes. O culto da fé católica, em Minas, um mistura original “barroca” de ostentação flamejante e de contrição, inspirava não somente a decoração e os frontispícios das igrejas, mas ganhava as ruas em procissões tão frequentes como teatrais. Compositores, orquestras e coros foram contratados para produzir missas, novenas, ofícios e ladainhas inéditos, complementos indispensáveis aos efeitos cênicos da liturgia barroca.
Pontos culminantes eram as liturgias relacionadas com a Paixão de Cristo; espetáculo de máxima festividade a Semana Santa, da qual o Noturno nº 2 para Vozes e Orquestra, da Antífona “Astiterunt” aquí apresentado, é um episódio.
Se é possível que padres ou artesãos portugueses tenham trazido as primeiras técnicas musicais para Minas Gerais, é certo que nos últimos decênios do século XVIII os compositores mineiros tinham facilidade de acesso às obras contemporâneas européias (Haydn, Mozart, Boccherini, Pleyel e outros). Talvez por modelos fornecidos pelas autoridades eclesiásticas, a manufatura das obras mineiras desta época já é pré-clássica e operística.
Em 1790, a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, em Diamantina, decidiu que era tempo de reduzir as anuidades dos irmãos, face à “decadência das utilidades do país”. Mesquita já encontra dificuldades no pagamento do aluguel; em seguida as suas atividades de organista são encerradas. Em 1798 aparece em Ouro Preto, em 1800 no Rio de Janeiro. O declínio da economia urbana, mineradora, em Minas, e do poder econômico das instituições patrocinadoras significa o fim próximo da arte urbana barroca, e da criatividade e produção musical em Minas Gerais. Muitos, além de Mesquita, procuram o Rio de Janeiro. O compositor morre lá em 1805.
(extraído da contra-capa do LP)
Palhinha: ouça 04. Tenebrae facta est enquanto aprecia várias telas sobre Ouro Preto
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 2 (Antífona)
01. Tamquam ad latronem
02. Quotidie apud vos eram
03. Cumque injecissent manus in Jesum
04. Tenebrae facta est
05. Et inclinato capite
06. Exclamans Jesus voce magna
07. Tradidit in manus iniquorum
08. Quia non est inventus
09. Insurrexerunt in me viri
Encontro Barroco – vol. 2 – 1985
Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 2 (Antífona)
Instrumentistas de Orquestra e Coristas da Fundação Clóvis Salgado
Regente: José Maria Florêncio Jr
Reconstituição do Maestro Sergio Magnani dos originais inéditos do Museu da Música de Mariana
LP editado pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira e gentilmente cedido pelo nosso ouvinte das Gerais, Alisson Roberto Ferreira de Freitas. Não tem preço!
Digitalizado por Avicenna.
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XLD RIP | Flac | 94,4 MB
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MP3 | 320 kbps | 34,8 MB
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Boa audição.
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Avicenna
Só passei por aqui para postar um agradecimento, mas já baixei logo no primeiro dia. Como pode ninguém ter agradecido até agora por essa preciosidade ? Ainda por cima uma impossível de obter de outra forma (ou seja, comprando, como é o que querem por aí)?
Valeu, Vivelo, obrigado!
Avicenna