Quando postei de enfiada 6 CDs de Hiromi Uehara, escrevi que ela melhorava a cada disco que lançava. Então, dando-me razão, o Bluedog me apresentou seu mais recente trabalho, o maravilhoso, puramente instrumental e paradoxal Voice. Olha, meus amigos, que CD! O vídeo de lançamento (abaixo) talvez não demonstre o quanto é sólido, consistente, PAULEIRA e sério este trabalho de Hiromi. É inacreditável tamanha maturidade aos 32 anos, ainda mais com aquela cara de bonequinha japonesa.
Após um CD solo, o esplêndido Place to be Hiromi traz em Voice um formato trio piano-baixa-bateria e dá um banho. Como já disse, ao contrário de muitos outros artistas que se estabelecem numa zona de conforto, ela continua a evoluir e a redefinir seu estilo até o ponto onde se torna quase impossível imitá-la. É uma tempestade perfeita de talento técnico e criatividade musical, misturando elementos díspares da música clássica, bebop, jazz, fusion e rock como ninguém fez antes.
Em Voice, Hiromi usa e abusa dos ostinati como poucas vezes ouvi um pianista de jazz fazer. Se estilo está mais polifônico e variado do que nunca e seus companheiros… e seus companheiros… Vou até abrir um parágrafo para eles.
Este álbum apresenta uma “banda” nova chamado Trio Project. O baixista é o célebre Anthony Jackson, que trabalhou com Al Di Meola no seu trio de álbuns fusion, marcos da década de 70. Ele trabalhou com muita gente boa longo dos anos, inclusive em dois ábuns anteriores de Hiromi: Another Mind e Brain — ambos postados por este que vos escreve. O baterista é o igualmente maravilhoso Simon Phillips, que muitas vezes parece um metaleiro. (Ouçam-no no vídeo abaixo playing very difficult music…). Apesar de mais conhecido por seu trabalho com Chick Corea, Simon já tocou com artistas como Judas Priest, Jeff Beck, Jack Bruce, Brian Eno, Mike Oldfield, Gary Moore e Mick Jagger, além de ter substituído Keith Moon no The Who do disco Join Together.
Hiromi, Jackson e Phillips complementam-se de forma incrível. Se Hiromi é uma orquestra inteira, Jackson traz o mais puro jazz fusion através de seu baixo e Phillips dá uma intensidade de metal drumming ao todo.
Mais uma joia postada por mim nesta semana e ah!
Talvez como uma homenagem a quem melhor utiizava os ostinati e para garantir o caráter macho do disco — OK, e também para que nosso coração volte a seu ritmo normal depois de tanta velocidade, musicalidade e, bem, pauleira — , Voice finaliza calmamente com uma improvisação sobre a Sonata Nº 8 de Beethoven, Patética. Sim, é o máximo da finesse.
Hiromi Uehara – Voice (2011)
1. Voice (9:13)
2. Flashback (8:39)
3. Now or Never (6:16)
4. Temptation (7:54)
5. Labyrinth (7:40)
6. Desire (7:19)
7. Haze (5:54)
8. Delusion (7:47
9. Beethoven’s Piano Sonata No. 8, Pathetique (5:13)
Hiromi Uehara, Piano
Anthony Jackson, Baixo
Simon Phillips, Bateria
PQP
Quero deixar registrado que essas postagens da Hiromi Uehara são fora de série, parabéns pela enésima vez ao PQP.
Puxa, uma honra em branco e preto, multicolorido, amarelo, para dourar o fim de semana com alta música – valeu, grande guru. Muito obrigado.
Dileto colega PQP, você me fez descobrir esta deusa e ser muito feliz. O disco “Brain” é algo que vinha procurando ouvir há tempos!!
O PratoFeito tá precisando de um pessoal novo para postar… Você tem recebido muitos currículos aí? rs me avise se tiver um pessoal dos historicamente orientados, sim?
Um grande abraço!
PratoFeito
Muuito bom, Milton. Hiromi é meu ‘fundo musical’ de todas (ou melhor, quase) todas as horas. Abraços.
Putz, ainda não consegui baixar esses cds dessa menina, ando envolvido com um pacotaço de 8 cds, aproveitando que a OI aumentou a velocidade de minha internet, finalmente. Mas já está na fila.
Puta disco, tempestade de alegria, enfim um calor para enfrentar esse frio do cão!
Baita postagem.
eu quero me casar com ela.
Ouvi uma parte desse cd neste final de semana e o que me chamou a atenção foi sua aparente fragilidade fisicamente falando, e a imensa energia dispendida em cada interpretação. Acredito que ao final de cada apresentação essa menina precise de um tubo de oxigênio atrás do palco, para ajudar a recuperar o fôlego. Claro que a comparação inevitável é com Keith Jarrett e quando a ouvimos dá para perceber que ela ouviu muito Keith Jarrett, dada a sua aparente facilidade de improvisar. Seus temas nunca são simples, e sua musicalidade extravasa de tal forma que não dá para não lembrar do genial pianista norte-americano.
Não dá para colocar uma alternativa ao Rapidshare? Pelo menos para mim, agora só aparecem as opções pagas.
Abs
fdpbach, acho que a influencia mais direta é a do Oscar Peterson.
Sim, CDF Bach matou a questão. Ela se considera filha espiritual de OP. Só espiritual, né?
Ah, para o FDP: o preparo físico é tudo. Vi um show dela em DVD. Ela não cansa!
pqp, o Japão tá cheio de gente boa e não fosse postagens assim (ou como a do Mouse on the Keys), e eu seguiria no feijão com arroz ocidental.
Ela grande!! Parabéns pelo destaque do post.
Acabei de ouvir. Realmente um baita disco!! Isso me fez ter esperança e acreditar que a música ainda vive no séc. XXI.. O talento musical dos três é indiscutível e a Hiromi é uma mesmo uma gracinha..
Parabéns pelo blog e pela postagem, grande Hiromi.
Mas, só uma ressalva: “MASCULINO” e “caráter macho” para uma artista – podia ter passado o post sem essa, ou melhor, sem esse machismo.
Poxa, PQP! Concordo, paulera! E ao ponto de deixar muito marmanjo barbudo com inveja…
Beleza de (re)postagem! Vou procurar os outros cds!
Obrigado e grande abraço!
Gratidão, amigo ! Vou ouvir com carinho !