Entre 1899 e 1903, Béla Bartók estudou na Real Academia de Música de Budapeste. Mas o principal aprendizado foi de 1908 a 1914 quando se dedicou a estudar e coletar melodias folclóricas húngaras, romenas e de vários outros povos da Europa do leste. A outra grande influência de Bartók, especialmente para sua música orquestral, foi Claude Debussy: menos no que se refere à busca por sonoridades únicas (mas também um pouco nisso) e sobretudo pela quebra que Debussy faz na narratividade musical da música romântica. O tipo de desenrolar não linear de cenas como no Fauno, em La Mer e nos Noturnos, que buscam evitar os desenvolvimentos grandiosos rumos aos céus tão típicos da música austro-germânica (Beethoven, Wagner, Bruckner, Mahler, Strauss). Isso tudo foi absorvido tanto por Bartók como por Stravinsky, lembrando aliás que estes dois nasceram a um ano de distância. Então há diversos momentos no Mandarim de Bartók em que as viradas e paradinhas orquestrais nos fazem crer que estamos ouvindo algo de Debussy ou de Stravinsky.
Nesta gravação, com o compositor Bruno Maderna regendo a orquestra de Mônaco, não temos tutti orquestrais tão impactantes quanto os de Boulez/Chicago (aqui), Rattle/Birmingham (aqui) ou Salonen/Los Angeles (aqui), o destaque aqui fica com os vários momentos solos dos sopros: oboé, fagote… Além das percussões e outros detalhes da composição do jovem Bartók que, aliás, gerou um pequeno escândalo na época pela temátca escandalosa que envolvia prostituição e crimes.
Na Sonata para Dois Pianos e Percussão, o estilo é mais fortemente característico de Bartók. Composta em 1937 e estreada em 38 pelo compositor e sua esposa como pianistas – portanto, doze anos após a estreia do Mandarim que foi composto entre 1918 e 24 -, ela tem elementos já desenvolvidos em obras como Out of doors (1926, aqui) e os Concertos para Piano nº 1 e 2 (1926 e 1931, aqui), como os momentos percussivos dos pianos e o uso de clusters (várias notas próximas tocadas ao mesmo tempo). A pianista Geneviève Joy era uma especialista na música do século XX: basta dizer que ela estreou a belíssima sonata para piano de Henri Dutilleux.
Béla Bartók (1881-1945):
1. O Mandarim Miraculoso
2-4. Sonata para dois pianos e percussão
5. Suíte de Danças (Maderna, Monte Carlo / Joy, Robin, Casadesus, Drouet)
Orchestre National de l’Opéra de Monte-Carlo, Bruno Maderna (faixas 1, 5)
Pianos: Geneviève Joy, Jacqueline Robin (faixas 3-5)
Percussão: Jean-Claude Casadesus, Jean-Pierre Drouet (faixas 3-5)
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Pleyel