Domenico Scarlatti (1685-1757): Sonatas (Pierre Hantaï, cravo)

Ninguém é tão pessoal quanto Scarlatti: as únicas regras que ele obedece são as suas próprias. Chegando em Portugal com 34 anos, ele era ainda um compositor convencional à sombra do seu famoso pai, mas já reconhecido como um virtuose excepcional do cravo e do órgão. Mas a descoberta de novas culturas teve sobre ele um efeito renovador…
Nas suas sonatas, tudo pode se confrontar e se misturar. Dança, retórica, teatro, exotismo, prática instrumental, tradições eruditas e populares se articulam e dão origem a simbioses e experiências.
(Adaptado das contracapas dos discos)

Giuseppe Domenico Scarlatti (Nápoles, 26 de outubro de 1685 — Madrid, 23 de julho de 1757) nascia há exatos 340 anos, alguns meses após os nascimentos de J.S. Bach e de G.F. Händel em terras alemãs. É uma coincidência impressionante o nascimento desses três compositores que, entre outras obras, tanto escreveram para os instrumentos de teclado, dos quais o cravo tinha a predominância em ambientes seculares e o órgão, nas igrejas. Então celebremos hoje a vida de Domenico, vida longa para a nossa sorte, pois ao contrário de tantos gênios precoces (Mozart, Chopin, Scriabin) ele produziu a maior parte de sua obra depois dos 40 anos e provavelmente mesmo depois dos 60.

O cravista Pierre Hantaï é um velho conhecido do pessoal aqui do blog, principalmente pelas suas gravações de J.S. Bach (aqui, aqui, aqui, entre muitos outros CDs). Aqui, como em outras gravações, ele utiliza instrumentos de sonoridades um tanto delicadas, cheias de nuances às vezes suaves, diferentes dos cravos que se ouvia mais nas décadas de 1950 a 80, quando o som do instrumento era mais estridente e combinava mais com trilhas de filmes de terror do que com melodias folclóricas espanholas e napolitanas.  Não dá pra dar todo o crédito ao instrumentista francês, é claro, pois a preparação do instrumento envolveu outras pessoas: nas últimas décadas os afinadores e outros técnicos especializados passaram a conhecer muito melhor esses instrumentos após o seu ocaso de cerca de 200 anos.

Uma curiosidade sobre a música de Scarlatti é o quanto ela, com diversas melodias de caráter popular, era admirada por Béla Bartók que, como sabemos, além de compositor era também um dedicado estudioso de expressões musicais folclóricas. Como um pintor que escolhe expor os seus quadros ao lado daqueles de poucos mestres selecionados a dedo, quando Bartók tocava piano em público, era quase certo que algumas sonatas de Scarlatti estariam presentes, como relata a biografia Béla Bartók, por József Ujfalussy:

One striking feature of his recitals is that the works performed were, apart from his own compositions and those of Kodaly, mainly sonatas by the eighteenth-century composer, Scarlatti, and selections from Debussy’s Preludes. (…)

In 1911, he played works by Scarlatti, Couperin and Rameau at the concerts organized by UMZE; and in 1912 he wrote an article for Zenekdzlony on ‘the performance of works written for the clavecin’.

The concert he gave in Szeged [Hungary] in November 1921 (…) At this concert he played works by Scarlatti and Kodaly and also some of his own songs and piano compositions.

Domenico Scarlatti (1685-1757):
100 Sonatas (6 CDs)

Pierre Hantaï, cravo

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – CD 1-3

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – CD 4-6

Os napolitanos Farinelli (centro) e Scarlatti (direita) segurando partituras na corte de Madrid, pelo pintor napolitano Jacopo Amigoni (1685-1752)

Pleyel

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