Serenata Espanhola – Raphaël Feuillâtre (violão) ֎

Meu objetivo sempre é permitir que o violão cante. Muitas coisas na música começam com uma canção. O violão é um intermediário entre o público e eu, permitindo-me cantar e transmitir emoção.

O selo amarelo sempre teve um guitarrista ‘da casa’, um artista capaz de tocar o Concerto de Aranjuez e peças solo, como Recuerdos de Allambra, com galhardia e competência – e extremo bom gosto – há que se reconhecer. Isso sem contar a música barroca para cordas pinicadas, como a obra de Bach, Weiss e os concertos de Vivaldi.

Passaram pela casa nomes de peso como Andrés Segóvia e Narciso Yepes. Este último, talvez, tenha deixado o legado gravado mais extenso. Lembro-me de um LP no qual ele interpreta apenas músicas de Tarrega, com uma capa linda, uma paisagem com um castelo em ruínas com o sol lhe batendo direto gerando cores de tons ocres e alaranjados. Isso se você desse sorte com a impressão da capa. Outros nomes menos ibéricos também aparecem na galeria dourada, como Siegfried Behrend, que eu não conhecia e foi uma grata surpresa, e o mais recente, Göran Söllscher, bem conhecido.

Mas hoje a coluna aqui é da renovação e das novidades. Trazemos uma das novas contratações do selo amarelo nessa seara – o violinista Raphaël Feuillâtre, nascido em Djibouti, que fica no nordeste da Costa Africana. Ele cresceu em Cholet, na França. Apesar de que seus pais não  fossem músicos, cedo reconheceram seu talento e ele começou com guitarras de brinquedo. Iniciou a estudar música em Cholet, depois Nantes e finalmente Paris, onde estudou no Conservatório entre 2015 e 2020. Ganhou diversos prêmios e já tem seu lugar garantido no circuito de grandes eventos.

O álbum da postagem é abrangente, tem figurinhas carimbadas como Recuerdos de Allambra e Concerto de Aranjuez (com a Verbier Festival Chamber Orchestra regida por Gábor Tackács-Nagy) e algumas outras peças menos conhecidas. Por exemplo, algumas canções folclóricas catalãs, de Miguel Llobet, que foi aluno de Tarrega e professor de Segóvia.  Adorei uma das Danzas Españolas de Granadas, com violino e guitarra – adaptação de Feuillâtre, da primeira adaptação de Fritz Kreisler, para violino e piano… Enfim, um delicioso pacote de belezuras que ainda traz o Capricho Árabe, de Tarrega, e a Torre Bermeja, de Albeniz.

Esse é o segundo disco de Raphaël Feuillâtre para a Deutsche Grammophon, com música de Espanha, que eu adoro. O seu primeiro tem como repertório música barroca e é excelente. Em breve no seu distribuidor PQP Bach mais próximo, não perdes por esperar.

Isaac Albéniz (1860 – 1909)

Suite española No. 1, Op. 47
  1. Asturias. Leyenda (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Francisco Tárrega (1852 – 1909)

  1. Recuerdos de la Alhambra

Miguel Llobet (1878 – 1938)

Catalan Folk Songs
  1. 7, El testament d’Amelia
  2. 6, Lo fill del rei
  3. 13, Cançó del lladre
  4. 15, El noi de la mare

Isaac Albéniz

Espagne
  1. Capricho Catalan (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Enrique Granados (1867 – 1916)

Danzas españolas, Op. 37
  1. 10, Danza triste. Melancólica (Transc. Llobet for Guitar)

Joaquin Rodrigo (1901 – 1999)

Concierto de Aranjuez
  1. Allegro con spirito
  2. Adagio
  3. Allegro gentile

Enrique Granados – Fritz Kreisler

12 Danzas españolas, Op. 37
  1. 5, Andaluza. Playera (Transc. Feuillâtre for Guitar & Violin)

Francisco Tárrega

  1. Capricho árabe
  2. Prelude No. 1 in D Minor
  3. Prelude No. 18 in D
  4. Prelude No. 34 in D Minor “Endecha”
  5. Prelude No. 35 in D Minor “Oremus”
  6. Prelude No. 10 in D Major “Inedito”
  7. Prelude No. 6 in B minor
  8. Preludio In E Major
  9. Prelude No. 15 in E Major

Isaac Albéniz

Suite española No. 1, Op. 47
  1. Granada. Serenata (Transc. Tárrega for Guitar)
12 Piezas Características, Op. 92
  1. 12, Torre Bermeja (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Enrique Granados

Escenas romanticas
  1. Epílogo (Transc. Feuillâtre for Guitar)

Raphaël Feuillâtre (guitar)

María Dueñas (violin)

Verbier Festival Orchestra

Gábor Takács-Nagy

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 173 MB

Guitarist Raphaël Feuillâtre releases his album Spanish Serenades, on which he presents Spanish masterworks performed on the original 19th-century guitars of Albéniz, Solés, and Tárrega.

The guitarist has established himself as one of the world’s leading guitar virtuosos. Yet given his young age he approaches these famous pieces from a fresh and passionate perspective. Also a prolific scorer, Feuillâtre created his own new arrangements of many of the tracks, synthesizing them into a uniquely personal and passionate artistic style. As the artist notes, recording iconic Spanish works is a rite of passage for any leading guitarist.

Aproveite!

René Denon

4 comments / Add your comment below

  1. Tenho o hábito de levantar às 4 h para aproveitar o silêncio da madrugada tomando um bom chá e ouvir música (com fones de ouvido, para não incomodar ninguém). A audição dessa gravação é espetacular (e olha que nem sou tão aficionado em violão). Além das interpretações impressionantes, Gravação muito vívida e clara da DG. Outro ponto (retirado do site da DG):
    “Graças à generosidade de vários colecionadores, Feuillâtre recebeu emprestados violões de Albéniz, Llobet e Tárrega para esta gravação e começou a planejar uma lista de faixas selecionando obras dessas três figuras influentes do mundo clássico espanhol.” Não é pouco!
    Agradecido, René!!!

      1. PQP, deito-me muito cedo, com as galinhas, como se diz aqui em MG e GO, entre 20 e 21 h. Comecei esse hábito durante a pandemia, para ir à academia num horário em que ela estava vazia. Gostei e continuei com ele! O bom é que tiro uma hora a duas para ouvir música como se eu estivesse de férias, pois minha agenda só começa após o café da manhã, ali pelas 6h30.

    1. Olá, Adilson!
      Tive um amigo amante de música que, assim como você, acordava muito cedo, para ouvir música, na paz da madrugada, antes de começar propriamente o dia. Quando nos reuníamos para almoço e café, no Rio, na cidade, como costumávamos dizer, logo após a ‘ronda’ pelos sebos, aproveitávamos para ‘falar mal’ das esposas. Ele sempre repetia, a propósito dos hábitos notu-diurnos: Eu sou funcionário, ela é bailarina…
      Fiquei feliz com seu comentário, dividindo conosco um pouco de sua rotina. Que tenhas muitas madrugadas felizes!
      Abração do René

Deixe um comentário para PQP Bach Cancelar resposta