Após compor o Quinteto para Cordas nº 2 em Sol maior, Brahms sinalizou sua intenção de encerrar o expediente. Mas então, em março de 1891, ele ouviu Mühlfeld tocar o Concerto para Clarinete nº 1 de Weber e o Quinteto para Clarinete de Mozart, e sua decisão evaporou.
“Ninguém consegue tocar clarinete com mais beleza do que o Sr. Mühlfeld”, escreveu Brahms a Clara Schumann. “Os clarinetistas de Viena e de muitos outros lugares são bastante bons em orquestra, mas, quando tocam uma peça solo, não proporcionam algum prazer verdadeiro.”
Lá por 1890 Hannes havia deixado a barba crescer e decidido pendurar a pena e as pautas, vestindo então o pijama de compositor. Ele só fazia passear e tomar chá com os amigos e amigas. Num desses passeios até Meiningen ele ouviu um clarinetista interpretar obras de Mozart e Weber e ficou encantado com essas interpretações. O cara chamava-se Richard Bernhard Herrmann Mühlfeld e eles tornaram-se amigos. Ao contrário do genioso e rabugento Johannes, Richard era boa praça e convenceu Brahms a compor música com clarinete. Assim, no verão de 1891, Brahms, Mühlfeld e o Quarteto Joachim (de outro famoso amigo de Hannes) estrearam o Trio para clarinete, violoncelo e piano, assim como o Quinteto para Clarinete.

Alguns anos depois, depois de uma série de belíssimas peças curtas para piano, mais uma vez Brahms dedicou seus talentos ao clarinete. Em 1894, passando uns dias em Ischl, compôs as duas sonatas para piano e clarinete, que foram estreadas em caráter privado pelos dois amigos no Palácio de Berchtesgarden. Depois, novamente as tocaram para Clara Schumann, em uma passagem pela casa da famosa pianista. Veja como eram essas visitas, numa descrição feita por uma das suas filhas: A filha Eugenie ficou impressionada como “a casa parecia ter se enchido de vida assim que Brahms pôs os pés nela”. Ele os entreteve com piadas e histórias sobre uma operação que Billroth lhe descrevera, ou contando-lhes sobre as novas peças de Dvořák, ou como Joachim, que dormia como uma pedra quando estavam em turnê juntos, era um péssimo jogador de cartas. Além disso, eles tocaram as sonatas para clarinete com Mühlfeld, Clara virando as páginas, sorrindo.
E eu, que tenho passado por um período imerso em música com clarinete, dei com esse álbum com essas peças compostas por Brahms, obras de câmara com clarinete. Tanto ouvi que ando por aí a assobiar os trechos mesmo sem me dar por isso.

A clarinetista Laura Ruiz Ferreres está perfeita nesse álbum, fazendo jus aos apelidos que Brahms deu ao seu amigo Mühlfeld: Fräulein Klarinette, Meine Prima donna e O Rouxinol da Orquestra. Desde 2010 ela é professora de clarinete da muito respeitada Hochschule für Musik und Darstellenden Kunst em Frankfurt. Sua maneira de tocar o clarinete é imaculada e extraordinariamente expressiva. Nas obras para clarinete de Brahms há uma enorme variedade de dinâmicas e ela as superou sem qualquer imperfeição. Seus pianíssimos são particularmente estonteantes.
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Clarinet Trio in A minor, Op. 114
- Allegro
- Adagio
- Andante grazioso
- Allegro
Clarinet Sonata No. 1 in F minor, Op. 120 No. 1
- Allegro appassionato
- Andante un poco adagio
- Allegretto grazioso
- Vivace
Clarinet Sonata No. 2 in E flat major, Op. 120 No. 2
- Allegro amabile
- Allegro, molto appassionato
- Andante con moto – Allegro
Clarinet Quintet in B minor, Op. 115
- Allegro
- Adagio – Più lento
- Andantino – Presto non assai, ma con sentimento
- Con moto
Laura Ruiz Ferreres, clarinete
Christoph Berner, piano
Danjulo Ishizaka, violoncelo
Mandelring Quartet
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MP3 | 320 KBPS | 229 MB

It is well-known that Brahms was so impressed by the playing of clarinetist Richard Mühlfeld, the principal clarinetist of the vaunted Meiningen Court Orchestra, that he more or less came out of retirement and wrote four late works (Opp. 114, 115, and Op. 120, Nos. 1 and 2) for him and even appeared as pianist with him playing those that included piano. It is for good reason that these late works are among the most treasured by Brahmsians, partly because of the mellow sound of the clarinet, and partly because of the serene, wise and autumnal nature of the works. They are not probably the most popular works among the general public. But they are jewels of the first rank. And on these two hybrid-SACDs they are given spectacularly musical performances.
This recording of the complete chamber music works for clarinet by Johannes Brahms is presented with first-rate interpreters: Laura Ruiz Ferreres, one of the most gifted clarinettists of her generation, and pianist Christoph Berner.
Internationally renowned cellist Danjulo Ishizaka and the Mandelring Quartet complete the superb line-up of instrumentalists for this recording.
Aproveite!
René Denon



Meus amigos, esse One Drive está com algum problema. Dou o comando para baixar e nada acontece. Isso vem acontecendo há alguns dias. Obrigado pela atenção.
Olá, Silvio!
Não creio que você tenha tido problemas em baixar do onedrive o arquivo desta postagem. Realmente, estamos tendo problemas com os links do onedrive de algumas postagens, aquelas postadas pelo colaborador-mor…
Tentaremos restaurar tantos links quanto possível.
Abraços do
René