Um CD que junta vários compositores italianos do século XVIII. Todas as obras são para oboés ou fagotes solistas. Após a primeira surpresa pela bela sonoridade alcançada pelos intérpretes, a coisa cai em plana mesmice. O Sans Souci é o grande destaque do trabalho, soltando bons ventos para todos os lados, só que os compositores não ajudam. O curioso é que Vivaldi perdeu-se em meio a seus contemporâneos e não consegui diferenciá-lo dos Lottiplattimontanari durante a audição do CD. O século XVIII italiano está lotado de bons compositores, mas acho que a maioria privilegiava o violino, não é verdade, Vivaldi? O conhecimento dos instrumentos de sopro durante a “Era do Iluminismo” era escasso, particularmente em contraste com os instrumentos de corda. De qualquer forma, a sonoridade é tão bonita que nem chegamos a notar a falta da boa música. Acho que vale a pena conferir.
Lotti / Platti / Vivaldi / Brescianello / Steffani / Montanari: Del Sonar Pitoresco (Ensemble Barocco Sans Souci)
Lotti : Sonata a quattro for two oboes, bassoon & b.c.
1 I. Adagio
2 II. Allegro
3 III. Adagio
4 IV. Allegro
Platti: Sonata in G Major for Oboe, obbligato bassoon & b.c
5 I. Adagio
6 II. Allegro
7 III. Largo
8 IV. Allegro
Vivaldi: Trio Sonata RV81 in G minor for two oboes & b.c
9 I. Allegro
10 II. Largo
11 III. Allegro
Brescianello: Concerto for oboe, obbligato bassoon & b.c
12 I. Largo
13 II. Allegro
14 III. Largo
15 IV. Allegro
Steffani: Aria “Chomigioia” for two oboes & b.c
16 Chomigioia: Aria
Lotti: “Echo” Sonata a 4 for two oboes, obbligato bassoon and b.c
17 I. Echo
18 II. Adagio
19 III. Allegro – Presto
Platti: Sonata in C minor for oboe, obbligato bassoon and b.c
20 I. Adagio
21 II. Allegro
22 III. Mesto
23 IV. Allegro
Montanari: Sonata in C for two oboes and b.c
24 I. Adagio
25 II. Allegro
26 III. Vivace
Sem dúvida, um baita disco desta lendária gravadora húngara! Acho que o CD é de 1994. Aqui temos duas peças fundamentais da música de câmara de Brahms que raramente aparecem juntas, apesar de serem muito conhecidas. O Quinteto para Piano é de 1864 e o para Clarinete é de 1891. É curioso compará-los. A gente sempre pensa que o estilo de Brahms mudou pouco através dos anos, mas não é o que se nota nestes dois esplêndidos quintetos. O humor é muito semelhante em ambos, mas a fluência que o compositor ganhou naqueles 27 anos é notável. OK, talvez seja a lembrança da peça análoga de Mozart, mas o que o Quinteto para Piano tem de lírico, o para Clarinete tem de natural, trazendo em si aquela tranquila audácia mozartiana. Um CD para ser ouvido e reouvido muitas vezes.
Johannes Brahms (1833-1897): Quinteto para Piano, Op. 34 / Quinteto para Clarinete, Op. 115 (Bartók Quartet / Ránki / Kovács)
Quinteto em fá menor para piano, dois violinos, viola e violoncelo Op.34
I. Allegro non troppo 11:03
II. Andante un poco adagio 8:54
III. Scherzo. Alegro 7:15
IV. Final. Poco sostenuto – Allegro non troppo 10:13
Quinteto em si menor para clarinete, dois violinos, viola e violoncelo Op.115
I. Allegro 9:36
II. Adagio 10:33
III. Andantino 4:09
IV. Com moto 8:24
Dezső Ránki, piano
Béla Kovács, clarinete
Bartók Quartet
Nascido em Teerã, no Irã, 39 anos atrás, Mahan Esfahani cresceu nos Estados Unidos, onde estudou musicologia na Universidade de Stanford. Estudou cravo em Praga com Zuzana Ruzicková. Em 2009, fixou-se em Londres. E hoje vive em Praga. Ele é decididamente um cravista fora da curva. Nos últimos treze anos encomendou obras a compositores contemporâneos e as estreou, algumas para cravo e orquestra. E, claro, notabilizou-se também no chamado repertório fundamental do instrumento – as obras do período barroco, sobretudo as de Bach. Já tocou com nomes ilustres do mundo clássico, como François Xavier-Roth, Ilan Volkov, Thomas Dausgaard, Antoni Wit, Jiri Belohlávek e o atual maestro titular e diretor artístico da Osesp Thierry Fischer. Entre seus parceiros de concertos e gravações estão Michala Petri e Emmanuel Pahud; e estreou obras de compositores como George Lewis, Brett Dean, Ben Sorensen. Grava para a Hyperion e para a Deutsche Grammophon.
E é da Hyperion, selo independente inglês que foi recentemente comprado pelo grupo Universal, que também detém a Deutsche Grammophon, o excepcional CD desta semana. Ele se intitula “Bach: os Pequenos Livros para Anna Magdalena”. Pela primeira vez, juntam-se no mesmo álbum as peças curtas instrumentais com nove árias sacras constantes dos álbuns de 1722 e 1725, onde Bach inclui, além de suas peças, as de outros compositores seus contemporâneos, como o cravista francês François Couperin.
No texto do encarte brilhante – tão bom quanto suas interpretações ao cravo – Esfahani denuncia a misoginia multissecular que transformou em praticamente material descartável, mero gesto de gentileza do gênio para sua segunda esposa estes cadernos manuscritos, para serem usados na atmosfera familiar. Ora, escreve o cravista, Anna era cantora profissional até casar-se com Johann Sebastian e praticamente abandonou o canto para se dedicar à numerosa família: “A presença de peças para cravo e também outras vocais de caráter sacro tem um significado mais profundo do que a descrição em geral informal desta música como subprodutos menores e até mesmo imperfeita do que se descreve imperfeitamente como “devoção pessoal’. Se as obras do ‘pequeno livro’ são modestas e parecem de escasso valor comparadas às grandes suítes e variações e às fantasias e fugas virtuosísticas, elas representam, porém, o espírito de uma civilização que coloca no mesmo patamar tanto estas quanto as que exigem maiores competências técnicas e expressivas”.
E fecha com chave de ouro: “Cada uma delas é um precioso artefato que sobreviveu até os dias atuais, de uma mulher sobre quem sabemos tão pouco que nem temos uma representação física. Para conhecê-la e conhecer o homem que era Johann Sebastian, seria bom prestarmos atenção à música que ambos consideravam digna o bastante para acompanhar seus pensamentos diários, em família”.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Notebooks for Anna Magdalena (Esfahani / Sampson)
01. Bach: Minuet in F major, BWVAnh113 (1:46)
02. Pezold: Minuets in G major / G minor, BWVAnh114 & 115 (3:34)
03. Couperin: Rondeau in B flat major, BWVAnh183 (4:17)
04. Bach: Minuet in G major, BWVAnh116 (1:44)
05. Bach: Polonaise in F major, BWVAnh117 (1:18)
06. Bach: Minuet in B flat major, BWVAnh118 (1:24)
07. Bach: Polonaise in G minor, BWVAnh119 (1:13)
08. Bach: Wer nur den lieben Gott lässt walten, BWV691 (1:36)
09. Bach: Gib dich zufrieden, BWV510 (1:20)
10. Bach: Gib dich zufrieden, BWV511 (1:14)
11. Bach: Minuet in A minor, BWVAnh120 (1:28)
12. Bach: Minuet in C minor, BWVAnh121 (1:03)
13. Bach (CPE): March in D major, BWVAnh122 (1:04)
14. Bach (CPE): Polonaise in G minor, BWVAnh123 (1:19)
15. Bach (CPE): March in G major, BWVAnh124 (1:26)
16. Bach (CPE): Polonaise in G minor, BWVAnh125 (1:59)
17. Bach: Erbauliche Gedanken eines Tobackrauchers, BWV515a, ‘So oft ich meine Tobackspfeife’ (5:28)
18. Böhm: Menuet fait par Mons Böhm in G major (1:09)
19. Bach: Musette in D major, BWVAnh126 (0:43)
20. Bach (CPE): March in E flat major, BWVAnh127 (1:13)
21. Bach: Polonaise in D minor, BWVAnh128 (1:17)
22. Stölzel: Bist du bei mir, BWV508 (2:47)
23. Bach: Goldberg Variations ‘Aria mit verschiedenen Veränderungen’, BWV988 – Movement 01: Aria (4:21)
24. Bach (CPE): Solo per il cembalo, BWVAnh129 (2:13)
25. Hasse: Polonaise in G major, BWVAnh130 (2:00)
26. Bach: The well-tempered Clavier Book 1, BWV846-869 – No 01 in C major, BWV846. Movement 1: Prelude (2:11)
27. Bach (JC): Rigaudon in F major, BWVAnh131 (0:44)
28. Bach: Warum betrübst du dich?, BWV516 (1:37)
29. Bach: Ich habe genug, BWV82 – No 2. Recitativo: Ich habe genug (1:07)
30. Bach: Ich habe genug, BWV82 – No 3. Aria: Schlummert ein, ihr matten Augen (7:09)
31. Bach: Schaffs mit mir, Gott, BWV514 (0:57)
32. Bach: Minuet in D minor, BWVAnh132 (0:54)
33. Bach: Willst du dein Herz mir schenken, BWV518 (2:58)
34. Bach: Dir, dir, Jehova, will ich singen, BWV299b (0:55)
35. Bach: Wie wohl ist mir, o Freund der Seelen, BWV517 (1:32)
36. Bach: Gedenke doch, mein Geist, zurücke, BWV509 (0:58)
37. Bach: O Ewigkeit, du Donnerwort, BWV513 (1:22)
38. Bach: Jesus, meine Zuversicht, BWV728 (1:49)
39. Bach: Minuet in G major, BWV841 (1:18)
40. Stölzel: Bist du bei mir, BWV508 (2:40)
A brilhante música instrumental do barroco médio dificilmente poderia ser demonstrada de forma mais eficaz do que na escolha do repertório e nas apresentações neste disco. O programa — suntuoso e exótico — é compartilhado entre o músico da corte de Viena, Schmelzer, e seu jovem contemporâneo boêmio, Biber. Poucas ou nenhuma das peças são novidades, mas consigo pensar em apenas uma abordagem alternativa –- a de Nikolaus Harnoncourt — que corresponda às nuances expressivas mostradas aqui pelo Freiburg Baroque Orchestra Consort. O cardápio foi cuidadosamente escolhido, capitalizando os vívidos contrastes que existem nos dois extremos, entre as cintilantes peças dominadas por trompetes de Biber, por um lado, e a triste e linda Sonata sopra la morte Ferdinand III de Schmelzer. O imperador Ferdinand era o empregador musicalmente talentoso de Schmelzer, e sua morte em 1657 gerou não apenas esta peça excepcionalmente bela de seu Hofkapellmeister, mas também um impressionante lamento para teclado de seu organista da corte, Froberger. Esta sonata é a mais comovente das três peças elegíacas de Schmelzer reunidas aqui, todas harmonicamente distintas e de grande interesse. As Sonatas de Biber estão na tradição da sonata da igreja. A primeira e a última sonatas do conjunto, ambas incluídas aqui, contêm partes para dois trompetes, assim como a Sétima Sonata, em grande parte construída sobre o contrabaixo. A Quarta e a Décima Sonatas, por outro lado, exigem um único trompete, enquanto as duas restantes no disco, a Sexta e a Oitava, são puramente para cordas. Os músicos de Freiburg parecem deleitar-se com as sonoridades variadas inerentes às texturas de Biber, respondendo com talento e senso de estilo ao colorido e imaginação do compositor. As sonatas com trompete provavelmente te causarão um apelo instantâneo, mas são as expressões mais tristes de Schmelzer que causam uma impressão mais profunda em meus sentidos. Um disco maravilhoso!
1 Sonata No. 1 A Otto C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
4:38
2 Sonata No. 6 A Cinque F-Dur / F Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
4:38
3 Sonata No. 4 A Cinque C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
4:35
4 Sonata (Lamento) A Tre Con Organo Et Violone H-Moll / B Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
6:36
5 Sonata A Due Con Basso Continuo A-Moll / A Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
4:39
6 Lamento “Sopra La Morte Ferdinandi A Tre” Con Organo Et Basso H-Moll / B Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
6:38
7 Sonata No. 8 A Cinque G-Dur / G Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
6:26
8 Sonata No. 10 A Cinque G-Moll / G Minor
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
5:38
9 Sonata No. 7 A Cinque C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
5:32
10 Sonata A Due Con Basso Continuo D-Moll / D Minor
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
5:44
11 Lamento A Tre Con Basso Continuo B-Dur / B Flat Major
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
8:30
12 Harmonia A Cinque Con Basso Continuo B-Dur / B Flat Major
Composed By – Johann Heinrich Schmelzer
4:52
13 Sonata No. 12 A Otto C-Dur / C Major
Composed By – Heinrich Ignaz Franz Biber
5:05
Ensemble – Freiburger Barockorchester Consort*
Executive-Producer – Jan Höfermann
Harpsichord – Torsten Johann
Theorbo – Lee Santana
Trumpet – François Petit-Laurent (faixas: 2, 3, 8, 9, 13), Friedemann Immer (faixas: 2, 3, 8, 9, 13)
Viola – Christa Kittel, Christian Goosses, Ulrike Kaufmann
Viola da Gamba, Violone – Hildegard Perl*
Violin – Anne Katharina Schreiber, Petra Müllejans
Violone – Love Persson
Belíssimo, melodioso e — como sempre — discreto e elegante CD duplo de Fauré. Fauré viveu muito, chegando a conhecer Debussy e Ravel. Embora menos conhecida do que a “nova” música de seus contemporâneos, sua obra ocupa um lugar muito próprio. Sim, sua Berceuse, Op. 16 e a Siciliane, op. 78 são instantaneamente reconhecíveis, mas quantos de nós podemos reivindicar familiaridade com suas sonatas para violino, violoncelo, quartetos para piano e quarteto de cordas? Silêncio… Eu disse acima “menos conhecido” pela simples razão de que a música de Fauré é uma mistura de acessibilidade, tranquilidade e discrição. Não me entenda mal: a música de Fauré não é “tranquila”, é apenas que suas composições falam claramente à nossa alma e depois se afastam como se dissessem: “Você não entenderia o que estou tentando dizer de qualquer maneira…”. É apaixonante! Você já se sentiu da mesma forma em relação a alguém muito especial em sua vida? Sim, claro! E você amou esta pessoa! A verdade é que você nunca sabe exatamente onde está Fauré, mas uma coisa é certa: uma vez que você experimentou as ilusões musicais deste mágico francês, você retornará frequentemente ao lugar onde ele o hipnotizou. Gravadas no final dos anos 1970 — no auge da era do LP — essas versões são de longe as mais satisfatórias e convincentes que já ouvi. Todos os músicos são franceses e tocam como se suas próprias vidas dependessem de Fauré. O som é excelente, bem arejado em torno dos instrumentos. Já ouvi muitos outros conjuntos franceses tentarem interpretar as “paixões” e os “maneirismos” nessa música de uma forma que teria perturbado e entristecido profundamente o compositor, penso eu, deturpando fatalmente aquilo que eles estavam tentando enobrecer. Aqui não. Sim, essas são performances apaixonadas, com certeza, mas temperadas com e aquele importantíssimo bom gosto e afiado intelecto musical. Faça-se acompanhar de um Cabernet Sauvignon e ouça este CD magnífico.
Gabriel Fauré (1845-1924): Música de Câmara I (Collard / Dumay / Lodéon / Debost)
Sonate Pour Violon Et Piano No.1 En Le Majeur, Op.15
1-1 I Allegro 7:03
1-2 II Andante 7:36
1-3 III Allegro Vivo 3:48
1-4 IV Allegro Quasi Presto 4:57
Sonate Pour Violon Et Piano No. 2 En Ml Mineur, Op.108
1-5 I Allegro Non Troppo 9:43
1-6 II Andante 8:37
1-7 III Finale: Allegro Non Troppo 6:42
1-8 Berceuse Pour Violon Et Piano En Ré Majeur, Op.16 5:42
1-9 Romance Pour Violon Et Piano En Si Bémol Majeur, Op.28 5:42
1-10 Morceau De Lecture A Vue Pour Violon Et Piano (Concours Du Conservatoire 1903) 1:33
1-11 Sicilienne Pour Violoncelle Et Piano En Sol Mineur, Op.78 3:51
1-12 Elegie Pour Violoncelle Et Piano En Ut Mineur, Op.24 7:16
2-1 Romance Pour Violoncelle Et Piano En La Majeur, Op.69 3:42
2-2 Papillon, Pour Violoncelle Et Piano En La Majeur, Op.77 2:26
2-3 Sérénade Pour Violoncelle Et Piano En Si Mineur, Op.98 2:44
Sonate Pour Violoncelle Et Piano En No.1 En Ré Mineur, Op.109
2-4 I Allegro 5:22
2-5 II Andante 7:25
2-6 III Finale: Allegro Moderato 6:21
Sonate Pour Violoncelle Et Piano No.2 En Sol Mineur, Op.117
2-7 I Allegro 6:20
2-8 II Andante 7:25
2-9 III Allegro Vivo 4:59
2-10 Fantasie Pour Flute Et Piano En Ut Majeur, Op.79 5:11
2-11 Morceau De Concours Pour Flute Et Piano En Fa Majeur (Juillet 1998) 1:38
Trio Pour Piano, Violon Et Violoncelle En Ré Mineur, Op.120
2-12 I Allegro Ma Non Troppo 7:32
2-13 II Andantino 9:36
2-14 III Allegro Vivo 4:46
Composed By – Gabriel Fauré
Flute – Michel Debost
Piano – Jean-Philippe Collard
Violin – Augustin Dumay
Ouvi este álbum duplo ontem à noite. É realmente de entusiasmar, principalmente se pensar que sempre coloquei as Inglesas após as Partitas e as Suítes Francesas, obras análogas em formato. Desta vez, fiquei até com vontade de rever meus conceitos. Tudo muito elegante, fluido e musical. Hewitt veio realmente para ficar. Confiram e me digam se não é verdade.
(Todas estas postagens maravilhosas da Hewitt têm o patrocínio da extraordinária Hyperion e de FDP Bach, que as mandou num esperto pen drive para este que vos escreve).
J. S. Bach (1685-1750): As Suítes Inglesas (completas)
Disc: 1
English Suite No 1 in A major BWV806
1. Prelude
2. Allemande
3. Courante I
4. Courante II
5. Sarabande
6. Bourree I And II
7. Gigue
English Suite No 2 in A minor BWV807
8. Prelude
9. Allemande
10. Courante
11. Sarabande Et Les Agrements De La Meme Sarabande
12. Bourree I And II
13. Gigue
English Suite No 3 in G minor BWV808
14. Prelude
15. Allemande
16. Courante
17. Sarabande Et Les Agrements De La Meme Sarabande
18. Gavotte I And II
19. Gigue
Atendendo a pedidos, mesmo não sendo de minha seara: Vaughan Williams, o mais querido sinfonista inglês – embora quase nada saibamos dele aqui por essas bandas. Tanto que não vou copiar nada da Wikipédia ou de onde for; decidi escanear o encarte (que está em inglês) após ter postado as faixas. E espero que algum fã de VW fale-nos mais sobre ele nos comentários.
Este CD é anexo da edição de junho passado da revista Gramophone, que comprei quando caminhava em Dublin (ou será que foi em Londres?), atrás de algo sobre música folclórica irlandesa, escocesa e inglesa.
E, por favor, não se acostumem mal: este post caritativo foi uma exceção. Se vocês capricharem nos downloads e nos comentários dos meus CDs, aí posso mudar de pensamento.
***
Ralph Vaughan Williams (1872-1958): Sinfonia n° 5 e Missa em sol menor (Davis/ Carwood)
BBC Music – Vol. 16 n° 11
Ralph Vaughan Williams (1872-1958)
Sinfonia n°5 em ré maior
1. Prelúdio: Moderato – Allegro – Tempo I
2. Scherzo: Presto misterioso
3. Romanza: Lento
4. Passacaglia: Moderato – Allegro – Tempo I – Tempo del Preludio
Orq. Sinf. da BBC, regida por Sir Andrew Davis
Missa em sol menor
5. Kyrie
6. Gloria
7. Credo
8. Sanctus
9. Benedictus
10. Agnus Dei
Arabella Steinbacher monta um interessante programa formado por obras de Bach e Pärt. Em Bach, sua interpretação não é a historicamente informada, mas é muito boa e convincente. Seus vibratos não são exagerados e a coisa vai muito bem. Arabella percebe Bach e Pärt como companheiros porque eles ‘têm uma origem espiritual comum’ e sua música a comove emocionalmente. Ela vai bem no Fratres de Pärt, introduzindo suas variações com uma hábil seção de solo inicial e transmitindo seu efeito hipnótico com segurança e arte. No entanto, embora hipnotizante, para meu gosto, sua abordagem à simples e bela Spiegel im Spiegel de Pärt acaba superaquecida pelo vibrato exagerado.
J. S. Bach, Arvo Pärt: Bach & Pärt (Steinbacher, Koncz, Stuttgarter Kammerorchester)
1 Fratres (Version For Violin, String Orchestra & Percussion)
Composed By – Arvo Pärt
12:34
Violin Concerto in E Major, BWV 1042
Composed By – Johann Sebastian Bach
2 I. Allegro 7:43
3 II. Adagio 6:31
4 III. Allegro Assai 2:43
Violin Concerto In A Minor, BWV 1041
Composed By – Johann Sebastian Bach
5 I. Allegro Moderato 3:36
6 II. Andante 6:08
7 III. Allegro Assai 3:45
Concerto For 2 Violins In D Minor, BWV 1043 “Double Concerto”
Composed By – Johann Sebastian Bach
8 I. Vivace 3:36
9 II. Largo, Ma Non Tanto 6:06
10 III. Allegro 4:44
11 Spiegel Im Spiegel (Version For Violin & Piano)
Composed By – Arvo Pärt
11:26
Quando comprei este disco, e lá se vão mais de 20 anos, me interessava principalmente a dupla Wayne Shorter / Michel Petrucciani. O pequeno notável Petrucciani chamava a atenção pelo seu talento, apesar da sua doença degenerativa.
Quis o destino que Michel Petrucciani nascesse com algo chamado osteogenesis imperfecta (conhecida como doença de Elkman-Lobstein ou “ossos de vidro”) e, ao mesmo tempo, com imenso talento. Essa enfermidade causada pela ausência de colágeno ou insuficiência de sintetizá-la faz com que seus portadores estejam sujeitos a fraturas ósseas, causando vários problemas no crescimento, quando sobrevivem a ela, além de terem o sistema respiratório comprometido.
Filho de uma família de músicos, interessou-se pelo piano e, apesar da formação clássica, voltou-se ao jazz, seu primeiro interesse. Começou a se apresentar publicamente aos treze anos e com vinte mudou-se para os EUA e construiu uma carreira sólida ganhando, rapidamente, renome internacional. Ter menos de um metro de altura e pouco mais de 20 quilos não foram empecilhos para seu desenvolvimento como pianista. Petrucciani tocava em um piano normal com a diferença de ter os pedais adaptados para que pudesse alcançá-los.
Retirei a biografia abaixo do site allaboutjazz.com :
Born: December 28, 1962
Piano virtuoso Michel Petrucciani was born on December 28th 1962 in Orange France to Italian parents. He grew up surrounded by music as his father was a guitarist and his brothers were a bassist and a guitarist. He discovered the piano very young and one of his early influences was Duke Ellington. Because he was born with osteogenesis imperfecta; a condition that stunts growth and causes fragile bones and respiratory disorders, he had to have special extensions made for him to reach the pedals of the piano. The condition did not affect his hands, however, and he was able to study classical piano for 8 years. He gave his first professional concert at age 13 at the Cliousclat Festival where he was discovered by Clark Terry. Terry introduced him to a number of expatriate jazz musicians and this encouraged the young Petrucciani to embrace jazz as a musical idiom rather than classical music. At age 16 he met drummer Aldo Romano who was impressed by the teenager’s musical prowess and took him under his wing and 2 years later helped him launch his recording career with Flash. Petrucciani recorded a number of excellent albums for the French label Owl including a duet with Lee Konitz. In 1981 he performed at the Paris Jazz Festival and caused a sensation.
In 1982 he moved to the US and was introduced to Charles Lloyd. The latter was so impressed by the pianist that he helped him launch his American career. During this stay he met and married his first wife Erlinda Montaño. The marriage lasted 3 years. During he stay in the US Petrucciani had the opportunity to play with lot of the giants of jazz including Dizzy Gillespie. In 1986 he became the first Frenchman to sign a contract with the legendary Blue Note label. In 1990 he married classical pianist Gilda Butta with whom he had two children. This marriage also ended in divorce in the late 90s. He spent the 90s touring Europe and recording for Dreyfus Records. Near the end of his life he was trying to establish a jazz school in Paris.
In 1994 he was made a knight of the French Legion of Honor.
On January 6th 1999 Michel Petrucciani passed away of a severe pneumonia in Manhattan. He had recently celebrated his 36th birthday.
Ontem, dia 6 de janeiro, completou-se dez anos de sua morte. Esta postagem, portanto, é uma homenagem que o blog faz a este pequeno grande músico.
Wayne Shorter e Jim Hall dispensam apresentações. Já há algumas décadas eles estão na luta. Shorter, um dos maiores saxofonistas da história do jazz, tocou com todo mundo, inclusive com o nosso Milton Nascimento. Jim Hall é um dos gênios da guitarra, o cara que ajudou a criar uma linguagem própria do instrumento no jazz, e influenciou muita gente, como Pat Metheny, com quem gravou um cd espetacular, que pretendo postar por aqui qualquer hora destas, Bill Frisell, com quem recém lançou um cd, entre diversos outros. Apenar de estar com quase 80 anos de idade, continua na ativa.
Este cd tem momentos realmente notáveis, como a sensível “Careful”, de Jim Hall, e a bela e delicada “Morning Blues”, composição do próprio Petrucciani, que traz um dos mais belos solos de sax e piano que já tive a oportunidade de ouvir. É de se ouvir de joelhos, usando uma expressão do mano PQP.
Michel Petrucciani, Jim Hall & Wayne Shorter – The Power of Three
1. Limbo
2. Careful
3. Morning Blues
4. Waltz New
5. Beautiful Love
6. In A Sentimental Mood
7. Bimini
Jim Hall – Guitar
Wayne Shorter – Saxophone
Michel Petrucciani – Piano
“L’Imperatore”, o 51º título da Edição Vivaldi da gravadora francesa Naïve, ficou a cargo do excelente violinista Riccardo Minasi e da orquestra barroca Il Pomo d’Oro o. Este CD é o quarto de uma série de 12, dedicada aos concertos para violino cujos manuscritos estão guardados na Biblioteca Nacional de Turim. É um empreendimento completista, mas cada um desses álbuns tem sido pelo menos interessante. Todos os concertos aqui presentes foram compostos rapidamente, dedicados ou executados diante de Carlos VI (1685-1740), soberano do Império Habsburgo, conhecido como patrono e apaixonado pela música. Mas não há sinal de pressa nestes notáveis e até revolucionários concertos para violino. Esta série de 7 concertos dão uma visão geral da arte completa de Vivaldi como compositor e violinista: grande invenção, expressão, energia e virtuosismo. Cada um dos movimentos lentos parece mais bizarro do que o anterior, e todos eles têm gestos expansivos, quase operísticos, que se prestam lindamente às performances de instrumentos de época do violinista Riccardo Minasi e do Il Pomo d’Oro. Minasi é um dos principais violinistas barrocos italianos e também é maestro. O resultado é quase um lançamento essencial de Vivaldi, por mais desconhecido que o repertório possa ser. Nesse CD, eu apenas conhecia o “L’amoroso”, que é realmente belíssimo.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti Per Violino IV “L’imperatore” (Il Pomo d’Oro, Minasi)
Concerto RV 331 In Sol Minore
1 Allegro 4:27
2 Largo 4:34
3 Allegro 3:55
Concerto RV 171 In Do Maggiore Per S.M.C.C.
4 Allegro 3:42
5 Largo 1:58
6 Allegro Non Molto 3:19
Concerto RV 391 In Si Minore Op. 9 n° 12 (Violino Scordato)
7 Allegro Non Molto 4:41
8 Largo 3:10
9 Allegro 3:37
Concerto RV 271 In Mi Maggiore “L’amoroso”
10 Allegro 4:02
11 Cantabile 2:47
12 Allegro 3:20
Concerto RV 327 In Sol Minore
13 Allegro Mà Non Molto 3:30
14 Largo 3:50
15 Allegro 3:31
Concerto RV 263a In Mi Maggiore
16 Allegro 4:32
17 Largo 2:47
18 Allegro Non Molto 3:04
Concerto RV 181 In Do Maggiore
19 Allegro 3:28
20 Largo 2:52
21 Allegro 3:25
22 Allegro (Versione Alternativa Dall’ Op. IX No. 1, RV 181a) 2:35
Cello – Ludovico Minasi, Marco Ceccato
Contrabass – Davide Nava
Ensemble – Il Pomo d’Oro
Harp – Margreth Köll
Harpsichord [Clavicembalo], Organ – Andrea Perugi, Giulia Nuti (2)
Viola – Enrico Parizzi, Giulio D’Alessio, Pablo De Pedro*
Violin – Alfia Bakieva, Boris Begelman, Laura Corolla, Laura Mirri, Mauro Lopes Ferreira, Valerio Losito
Violin, Directed By – Riccardo Minasi
Aqui, Gidon Kremer em sua melhor forma artística. Um verdadeiro banho de competência ao violino. E a Orquestra de Câmara da Europa e Eschenbach embarcam juntos neste grande disco da Teldec.
E aqui eu peço licença a meu amigo Al Reiffer para dizer que Alfred Schnittke é, ao lado de Ligeti, o melhor compositor da segunda metade do século XX. Talvez nem precisasse pedir licença ao Reiffer, uma vez que ele disse que Penderecki era o melhor compositor do século XXI e um dos melhores do XX, dando lugar a minha avaliação…
Olha, este é um disco extraordinário! Schnittke faz uma música enormemente extrovertida e nada esquecível. Admirador de Shostakovich e ligado ao pós-modernismo, usa o chamado poliestilismo, que é o uso de múltiplos estilos e técnicas de composição musical… misturados. Ou seja, tudo pode mudar a qualquer momento. Fiel ao mestre Shosta, Schnittke é ultra-sarcástico, como podemos ouvir neste disco. Se você duvida, vá direto à brincadeira de Stille Nacht.
Em minha modesta opinião, este Quinteto para Cordas, de Franz Schubert, é uma das mais belas obras já compostas pelo espírito criativo humano. Difícil destacar uma parte específica, ele soa tão perfeito, os instrumentos estão tão bem integrados, que soam como um só.
E aqui Schubert apronta uma marotagem. Ao invés de dobrar as violas, algo normal nas composições para esta formação, ele dobra os violoncelos. Trata-se de obra longa, de fôlego, que intercala momentos de puro lirismo com outros momentos em que os instrumentistas precisam se desdobrar para dar conta do recado.
A gravação que me apresentou esta obra foi uma realizada pelo então jovem Yo-Yo Ma junto ao Cleveland Quartet, pelo antigo selo Columbia. Aquele disco me acompanhou durante muito tempo, mas infelizmente tive de me desfazer dele em determinado momento de vacas magras. O que lembro daquela gravação é o espírito essencialment romântico, como não poderia deixar de ser. O segundo movimento, um Adagio, emociona até mesmo o coração duro.
Mas vos trago duas gravações dessa obra, uma com o timaço formado pelos húngaros do Tákacs Quartet, acompanhados pelo violoncelista, também húngaro, Miklós Perenyi. A segunda, a citada acima, com o jovem Yo-Yo Ma acompanhando o excelente Cleveland Quartet, gravação essa que embalou meus primeiros sonhos e desejos, românticos inclusive.
Também gostaria de citar outra gravação dessa obra, também histórica, com o lendário Mistslav Rostropovich acompanhando o Mellos Quartett, também um primor de execução e de competência. Já postamos essa gravação por aqui, e creio que o texto do mano PQPBach sintetiza e ilustra bem o que sentimos sobre essa obra.
1. String Quintet in C Major, D. 956, Op. 163 I. Allegro ma non troppo
2. String Quintet in C Major, D. 956, Op. 163 II. Adagio
3. String Quintet in C Major, D. 956, Op. 163 III. Scherzo. Presto
4. String Quintet in C Major, D. 956, Op. 163 IV. Allegretto
Música leve e agradável, os quatro Concertos para Trompa de Wolfgang Amadeus Mozart foram escritos para seu amigo Joseph Leutgeb, um conhecido de infância. Leutgeb era um trompista habilidoso, pois as obras são difíceis de executar na trompa natural da época, exigindo a língua mais rápida do velho oeste. Os quatro concertos são curtos e cabem até em um LP. Abbado gravou um CD com estes Concertos e não penso que haja versão melhor (Allegrini + Abbado), mas a doçura deles espraiou-se por Karajan de tal forma que mesmo sua mão pesada conseguiu acariciar nesta gravação aceitável. Karajan parece ter tido relações sexuais satisfatórias antes de ir ao estúdio, pois chegou tomado de tranquilidade primaveril, desejando servir mais à música do que a seu ego. O Concerto N° 4 é especialmente bonito.
W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)
Concerto For Horn And Orchestra No. 1 In D Major, K. 412
A1 Allegro
A2 Rondo: Allegro
Concerto For Horn And Orchestra No. 4 In E Flat Major, K. 495
A3 Allegro Moderato
A4 Romanza: Andante
A5 Rondo: Allegro Vivace
Concerto For Horn And Orchestra No. 2 In E Flat Major, K. 417
B1 Allegro Maestoso
B2 Andante
B3 Rondo
Concerto For Horn And Orchestra No. 3 In E Flat Major, K. 447
B4 Allegro
B5 Romance: Larghetto
B6 Allegro
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart
Composed By [Cadenzas] – Manfred Klier (tracks: A3, B4)
Conductor – Herbert Von Karajan
Horns – Gerd Seifert
Orchestra – Berliner Philharmoniker
Sim, nós sabemos!!! Você passou dois anos visitando nosso blog apenas à espera de obras de Pisendel! Então, alegre-se! Seu dia chegou!!! Valeu a pena aguardar!!! Agora, você poderá convidar aquela mulher a qual você aspira há anos sem sucesso da seguinte forma:
— Queres ir lá em casa tomar um vinho e ouvir meu Pisendel?
— Teu pi… O quê?
— Meu Pisendel. Sim, eu tenho um.
Não perca esta oportunidade única. E, se não for bem sucedido, console-se com a bela sonata para violino solo que vai da faixa 4 a 6 deste CD da CPO. Grande Pisendel! Pisendel foi amigo de meu pai — alguns diriam que é amigo de todos –, que o introduziu a Telemann. Foi durante anos o primeiro violinista do Collegium musicum de Telemann. Grande Pisendel!
EXCELENTE CD!!!
O violinista Anton Steck leva seu Pisendel pelo mundo afora
Pisendel: Sonatas para Violino
Sonata for violin & continuo in D major
1. Allegro
2. Larghetto
3. Allegro
Sonata for Violin Solo in A minor
4. without indication
5. Allegro
6. Giga – Variationen
Sonata for violin & continuo in E minor
7. Largo
8. Moderato
9. Arioso
10. Scherzando
Violin Sonata in C minor
11. Adagio
12. Presto
13. Affetuoso
14. Vivace
Violin Sonata in G minor
15. Larghetto
16. Allegro
17. Largo
18. Allegro