Ainda esses tempos falávamos dos álbuns memoráveis do finalzinho da década de 50. Venho engrossar a lista: gravado em Chicago no dia 3 de fevereiro de 1959, Cannonball & Coltrane é uma sessão do Miles Davis Sextet – sem o líder, claro. Com o chefe longe, Julian Adderley comandou uma bela e descontraída (no feeling, jamais na execução) tarde/noite de perfeito hard bop. Não que tenha deixado Trane em segundo plano; pelo contrário, deu espaços e valorizou, inclusive, suas composições. O trio Kelly / Cobb / Chambers dá o show usual. Talvez quem se sobressaia na cozinha seja este último, que galga incansavelmente o braço de seu baixo durante toda a gravação.
Nos saxofones sincopados em estéreo (Adderley está na esquerda, Trane na direita) de Limehouse Blues, no riff épico e pré-sessentista de Stars Fell On Alabama (belíssimo solo de Coltrane) ou na altíssima velocidade de Grand Central, nota-se um disco tão polido, tão bem executado, que se entende porque o bop estava sumindo do cenário. O que fazer depois de um disco como esse, por exemplo? Qualquer coisa, menos hard bop. Se nada é definitivo, esse álbum é, ao menos, verbete de enciclopédia. Aproveitem a remasterização cristalina – mixagem sutil e inteligente para todos os instrumentos soarem como que captados na semana passada.
Cannonball & Coltrane (320)
Cannonball Adderley: alto sax
John Coltrane: tenor sax
Wynton Kelly: piano
Jimmy Cobb: drums
Paul Chambers: bass
produzido por Jack Tracy para a Mercury
01 Limehouse Blues (Braham, Furber) 4’39
02 Stars Fell on Alabama (Parish, Perkins) 6’15
03 Wabash (Adderley) 5’44
04 Grand Central (Coltrane) 4’33
05 You’re a Weaver of Dreams (Young, Elliott) 5’31
06 The Sleeper (Coltrane) 7’15
Boa audição!
Cannonbal é o que mais se aproxima do SAX de Parker pelo timbre e fraseado; Coltrane é timbristicamente e frasisticamente inimitável,sincopa como eu troco de camisa todo o dia ou como faz o magistral João Gilberto no violão, na sua fase mais radical em que ele iria entrar na década seguinte,este disco é meio como um esquentamento,seu fraseado é fragmentário(sem concessões melódicas),nervoso,com sons propositalmente distorcidos e cheio de fusas e semifusas e quadrifusas….eheheh…ejaculação precoce;difícil de ouvir,fez uma única concessão na década de 60, o seu maravilhoso ”BALLADS”…já postou o Ballads Pqp,FDP???não sei quem postou…acho que não está dando para se ver….
”como faz o magistral João Gilberto no violão”. Na sua fase mais radical…me refiro obviamente a Coltrane.
Paul Chambers a la BASS e Kelly dispensm comntários ,mas na década seguinte o time seria imensamente mais radical, com Eric Dolphy[talvez o mais eclético instrumentista do Jazz], Coltrane montou seu quinteto, além deles faziam parte o pianista McCoy Tyner, o baterista Elvin Jones e o baixista Jimmy Garrison.
AliceColtrane sua mulher seria também presença constante,mais no final .
Tem LOVE SUPREME aí pessoal? Ou tem medo de outro episódio John Cage…..ahahahah…..
as músicas estão nomeadas de forma errada. por exemplo, a Limehouse Blues não é que está marcada no disco com esse nome, mas a quarta faixa, com o nome de Grand Central.
poderia fornecer a seqüência correta, por favor?
A seqüência do arquivo é a mesma que Bluedog coloca no post e é a mesmíssima que a Amazon infoma. Clique no retângulo ao lado a fim de conferir.
Abraço.
a seqüência com a duração das faixas correta é essa:
1. Limehouse Blues 4:43
2. Stars Fell On Alabama 6:16
3. Wabash 5:47
4. Grand Central 4:35
5. You’re A Weaver Of Dreams 5:37
6. The Sleeper 7:13
estou dizendo que conferi e que está errado. conheço a limehouse blues e não é o seu arquivo diz que é. baixe-o e veja que o material embaralhado.
Eduardo, tu tens razão – as tags dos arquivos estão erradas. Deve ter sido o auto-tag que usei depois de ripar. A ordem do post e do comentário estão corretas, peço aos amigos que as modifiquem, usando o tempo das faixas para certificar-se. Quando puder, subo novamente o arquivo corrigido e faço um update avisando. Obrigado!
desculpe o tom brusco. é que estava envolvido com a conferência das faixas e minha cabeça estava zoando.
muito obrigado pelo disco.
Porra, mas é um puta disco, hein?
Grande postagem, blue dog. Sou fâ desta formação, ainda mais com o fantástico Paul Chambers no contrabaixo e Jimmy Cobb na bateria…
aviso: o arquivo anterior já foi substituído pelo correto! 🙂
discão!! exemplo de tocar bop. grand central mata a pau!
Imperdível !!!
Coisa linda!!! Maravilhoso!!!
Obrigado por repostar e nos relembrar desse disco delicioso. Embora muitas vezes se separe Cannonball prum lado mais “soul” (por causa de Mercy Mercy Mercy, suponho) e Contrane pra outro lado “vanguarda”, na época dessa gravação isso não significava nada — nem, quem sabe, mais tarde. Uma perda gigantesca ambos terem morrido tão cedo.
Apesar de conhecer o disco há décadas, só agora me dei conta da piadinha visual da capa, o canhão de encontro ao trem…