Embora não tenha sido a primeira vez em que valsas foram vertidas para o jazz, Jazz in 3/4 Time talvez tenha sido o obelisco que a ideia necessitava para ser visitada e revisitada com mais frequencia. A proposta do álbum não foi de Max Roach; na verdade, ele ficou bem pouco entusiasmado com o pedido da EmArcy. Mas a partir do resultado, é possível afirmar que um Max Roach de má vontade continua valendo por uns doze virtuoses modernos da bateria, todos altamente motivados e encharcados de energético. E no fim, a gravadora tinha razão — quem melhor poderia comandar as sessões deste disco?
E não fica por aí, porque logo à frente está o saxofone de Sonny Rollins, e um nada tímido Kenny Dorham assume com personalidade o lugar de Clifford Brown, morto um ano antes, no quinteto de Roach. Das sessões originais (15 a 18 de março de 1957, em Nova Iorque) saíram quatro faixas, sendo “Valse Hot”, composição de Rollins, o grande momento do disco. É uma longa jam de 14 minutos — bem mais do que as valsas costumam ser permitidas, mesmo no jazz. O solo do pianista Billy Wallace é delicioso. Na reedição de 2005 que vem nesse post, há ainda outras duas músicas, gravadas um pouco mais tarde, dentro do mesmo conceito. Leve, com andamento e clima transparecendo certa qualidade cinemática, Jazz in 3/4 Time tanto é um estudo de possibilidades quanto um disco de audição extremamente agradável, e pela doçura que geralmente acompanha as valsas, é recomendado para todos os públicos.
Falava em qualidade cinemática? Ano passado descobri um álbum que me remeteu imediatamente a este Jazz in 3/4 Time. Theatre Play Music, como o próprio nome indica, brinca ser trilha incidental; e executa em valsas e tangos um leitmotif menor, tristonho, mas determinadamente belo. O Contemporary Noise Quintet — nome que em nada remete a um grupo de jazz da crescente cena polonesa — tem diversas encarnações (como -Quartet ou -Sextet) e é destas bandas que estão fazendo a ponte entre o jazz tradicional e o século XXI, mundo onde a guitarra ganhou o centro e o rock foi revirando em si até esgotar o post-rock e virar chamber music (há mais elos em Rachel’s do que o ouvido facilmente demonstra). Álbum curto e preciso, Theatre Play Music proporciona pequenas viagens e não nega ter saído do leste europeu; não é ambicioso, mas complementa certeiro, e em belo contraste, o legado valsístico (?) registrado por Roach, 50 anos antes.
Max Roach – Jazz In 3/4 Time /1957 [320]
Max Roach (drums), Sonny Rollins (tenor sax), Kenny Dorham (trumpet), George Morrow (bass), Billy Wallace (piano)
download – 98MB
01 Blues Waltz (Roach)
02 Valse Hot (Rollins)
03 I’ll Take Romance (Oakland)
04 Little Folks (Roach)
05 Lover (Rodgers)
06 Most Beautiful Girl in the World (Rodgers)
Contemporary Noise Quartet – Theatre Play Music /2008 [192]
Kuba Kapsa (piano), Bartek Kapsa (drums), Kamil Pater (guitar), Patryk Węcławek (double bass)
download – 40MB
01 Main Tune
02 Bitches Tune
03 Tango Lesson
04 Main Tune II
05 Gramophone
06 Chinese Customer
07 Chilly Tango
08 Bitches Tune II
09 Main Tune (Waltz version)
Boa audição!
Blue Dog
F-A-B-U-L-O-S-O! Esse cara toca MUITO!
sério, os comentários desse garoto sempre me surpreendem…
Olá!
Meu nome é Roberta, e gostaria de falar com vc sobre um evento de música clássica que vai ocorrer este final de semana no Ibirapuera. As apresentações serão magnificas e gostariamos de contar com a sua ajuda na divulgação. Vc poderia entrar em contato comigo através do e-mail [email protected]?
Obrigada
Roberta Bronzatto
Só a espetacular capa do ‘Contemporary Noise Quartet’ já valeu esta postagem, Blue Dog.
Estou baixando.
Um abraço,
Avicenna
Eu vou ficar calado… Deixo só meus elogios ao CD.
Acabei de ouvir o Contemporary Noise Quartet – Theatre Play Music /2008 e digo: QUE QUALIDADE! É simplesmente fabuloso! Agora estou ouvindo o Max Roach – Jazz In 3/4 Time /1957 e estou ADORANDO!
Gostosíssimo de se ouvir.
Maravilhoso!
Sensacional. Impossível parar de ouvir.
Blue Dog é o grande fornecedor.Uma hora uma obra nem tão conhecida de alguém muito conhecido .Uma hora alguém não
conhecido e surpreendente.O cara vai buscar.Sempre muito instigante.Beleza!
e o link… se foi. a propósito: ADORO o pqp!