Divulgação: Música Rara Brasileira – Paulo Costa Lima (1954): Pós-Aboio a Três, para trio de cordas – Dvernik – Filipenko – Vendeland

Um dos efeitos colaterais mais previsíveis do jubileu de Beethoven em 2020 foi o aumento de sua já considerável participação no repertório das salas de concerto. Não conheço muitas pessoas capazes de contestar sua importância para a Música, nem de discutir a justiça de celebrar a efeméride. No entanto, era bastante óbvio, natural até, que esse destaque hipertrófico para a obra do renano aconteceria em detrimento de outros repertórios – inclusive, como puderam ver, aqui no PQP Bach. Somem-se a isso as restrições trazidas pela pandemia, e uma tendência a pouco ousar nas programações, e o resultado foi um Ano Beethoven que, bem, foi quase só Beethoven.

Não quero com isso me desculpar por ter publicado tanto Beethoven, e, sim, saudar iniciativas a que lhes apresento a seguir:


“Começa nessa sexta [18/12/2020] a mostra MÚSICA RARA BRASILEIRA – o mais novo projeto do ZENON Instituto Cultural – trazendo a estreia mundial de Pós-Aboio a Três (2020), trio de cordas de Paulo Costa Lima, gravado em Moscou por Daria Dvernik, Darya Filippenko e Yulia Vendeland. Rara porque pouco executada, desconhecida, mas também porque brilhante e inusual, fruto de uma criatividade que precisa ser desvendada. É certo que com a internet temos dado belos passos para conhecer a música brasileira de concerto, mas ainda há muito o que fazer para desembaçar nossa compreensão desse repertório. Ao menos, parece que o estigma, muito corrente algumas décadas atrás, de uma música deslocada no país, que copiaria a Europa e mostraria uma faceta colonizada do Brasil, vai rapidamente perdendo força e abrindo alas para uma realidade mais divertida, rica e cheia de matizes. Ainda assim, mesmo compositores teoricamente consagrados, como Francisco Mignone, César Guerra-Peixe, Claudio Santoro, Alberto Nepomuceno ainda penam para que diversas de suas obras de fôlego sejam tocadas e publicadas. E de muitos outros não conhecemos nem a qualidade nem a variedade da sua produção. A mostra Música Rara Brasileira procura contribuir para a divulgação dessa música, apresentando um repertório de câmara pouco tocado, quase sempre inédito em gravações e/ou inacessível para o público interessado. Em tempos de pandemia e na urgência de dar a conhecer um pouco mais da música brasileira, o Zenon Instituto Cultural se propôs a usar todos os meios disponíveis e uma ampla gama de parcerias para organizar esta mostra. No decorrer dos próximos meses, será apresentado um vídeo por semana, às sextas, no canal do YouTube do instituto, de obras brasileiras dos séculos XX e XXI para pequenas formações — solos, duos, trios e quartetos de instrumentação diversa — gravados nas mais diversas condições: de concertos ao vivo a performances em casa. As peças são interpretadas por brasileiros e estrangeiros, no Brasil, EUA, Rússia, Bulgária e Azerbaijão. Dentre as inúmeras primeiras gravações mundiais realizadas, abrimos com o trio de cordas de Paulo Costa Lima, intitulado Pós-Aboio a Três (2020) e gravado em Moscou por Daria Dvernik, Darya Filippenko e Yulia Vendeland”
“É com enorme alegria que a mostra “Música Rara Brasileira” abre hoje com a obra Pós-Aboio a Três (2020), de Paulo Costa Lima, já que esse trio de cordas foi escrito especialmente para o projeto. Seguem as palavras do próprio compositor acerca dessa criação: ‘O gesto que abre e sustenta a peça vem do campo da violência – a violência como ferramenta de afastamento de um certo ninho de possibilidades expressivas (o canto nordestino do aboio, a música que se diz brasileira, o modo mixolídio e lídio-mixolídio). Todavia, esse afastamento não visa destruir e sim recompor o que foi abandonado, enxergá-lo de longe, por uma fresta. De um discurso original escrito para violoncelo solo (Pós-Aboio) surgiu por decalque (projeção desse discurso nos outros instrumentos) a presente obra, um tanto tensa em sua linearidade, porém fiel ao campo expressivo que persegue, sua ideia motriz.’ A obra foi estreada em concerto, em Moscou, no dia 1° de novembro, por um trio formado pelas russas Daria Svernik (violino) e Yulia Vendeland (cello) e pela violista bielorrussa Darya Filippenko, que tem feito um extenso trabalho de divulgação da música brasileira. Boa audição!”

Para assistir a Pós-Aboio a Três (2020), de Paulo Costa Lima, clique na imagem abaixo:

Para saber mais sobre a mostra MÚSICA RARA BRASILEIRA, siga sua página no Facebook, acessando-a pelo link abaixo:

Para saber mais sobre o ZENON Instituto Cultural, clique em seu logo:


Vassily

2 comments / Add your comment below

  1. Obrigado, Vassily!
    Desconhecia tanto a peça quanto seu compositor.
    Gostei de ouvir e de ver.
    Muito bom!
    Por isso, desde já, a você e toda a equipe do PQPBach, meus melhores votos para um período de festas saudável e seguro, em meio a essa terrível pandemia!
    Que haja ainda mais música boa, vinda de vocês!
    😀

Deixe um comentário para Ricardo Tacuchian Cancelar resposta