Igor Stravinsky (1882-1971): Oedipus Rex e Symphonie de Psaumes

CVL nos avisou que faz, hoje, quarenta anos da morte de Igor Stravinsky (esta postagem é originalmente de 6 de abril de 2011), uma das maiores personalidades da música do século XX.

Oedipus Rex foi escrito no período neoclássico de Stravinsky. O libreto da peça foi concebido por Jean Cocteau. A obra é baseada na tragédia homônima de Sofócles. Já a Sinfonia dos Salmos foi “composta em 1930, foi o resultado da encomenda que lha havia feito Sergei Koussevitzky para celebrar o 50º aniversario da Orquestra Sinfônica de Boston. Para evitar as conotações ligadas à tradição romântica, utilizou meios alheios ao gênero: coro infantil e masculino a quatro vozes e uma peculiar orquestra que incluía metal, madeira, dois pianos, percussão e uma secção de cordas reduzida, pois eliminou violinos e violas. Uma estranha sonoridade de claros e nítidos perfis onde domina a instrumentação arcaica, acentuada pelos frequentes ostinati que articulam numerosos trechos. No uso do latim, na combinação de modelos ligados à tradição ocidental e ao âmbito cultural russo-ortodoxo, há um desejo de superar a interpretação pessoal-expressiva e de alcançar certa objetividade, projetos que se materializam numa das criações mais importantes da música religiosa de nosso século. O começo é áspero, um seco acorde em Mi menor introduz a prece a Deus, omnipotente e distante. Fagotes e oboés são interrompidos pelo mesmo acorde que reaparecerá ao longo do movimento. O piano e a trompa os substituem e as cordas expõem o tema com que entrará o coro, “Exaudi orationem meam”, sobre o fundo das madeiras (fagotes, oboés, corno inglês). Este tema é retomado pelos contraltos, após uma breve passagem executada pelas flautas e oboés. Reaparece o acorde e entram os tenores e sopranos, com o acompanhamento dos dois pianos. De novo o acorde e , então somente com os instrumentos de sopro, desenvolve-se uma seção que leva ao crescendo e ao qual se une o resto dos instrumentos. Com as repetições de “remite mihi” o final discorre até o Sol. A parte central é um canto de esperança. O prelúdio, na seção de sopro, mostra as inauditas complexidades contrapontísticas que Stravinsky condensa neste movimento, construído como uma dupla fuga vocal e instrumental, em perfeito e denso equilíbrio, onde se combinam os mais estritos desenvolvimentos e inversões com tratamentos canônicos pessoais, registrados na estrutura polifônica. Depois da introdução, o coro, num clima tranqüilo começa sua declamação, “Expectus expectavi dominus”. Após uma passagem a capella e outra instrumental, todos os integrantes se unem fortissimo, para piano sobre “Sperabunt in Domino”. O salmo 150 é a base do canto de louvor final. O Dó menor de “aleluia” é levado, numa rápida modulação, ao Dó maior. As vozes entoam o primeiro versículo, criando, com suas repetições e com a trama instrumental, uma hipnótica sensação. A respeito do trecho seguinte, mais rápido, Stravinsky comentou que lhe fora sugerido “pela visão do carro de Elias subindo ao céu”. Esta vivaz seção, na qual ressalta um potente ostinati instrumental, guarda em seu centro uma passagem mais tranquila, que preludia a coda final, num ritmo de três por dois, e constitui “um hino sublime, quase imóvel, onde o tempo da música se une ao da eternidade”. Fonte.

Igor Stravinsky (1882-1971) Oedipus Rex e Symphonie de Psaumes

Oedipus Rex
01. Prologue. Acte I
02. Acte II. Epilogue

Symphonie de Psaumes
03. I. Exaudi orationem meam, Domine
04. II. Exspectans exspectavi Dominum
05. III. Alleluia, laudate Dominum

Czech Philharmonic Chorus And Orchestra
Karel Ancerl, regente

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Stravinsky fazendo café turco para a turma do PQP. Ficou mais ou menos.

Carlinus (e PQP, que não gostou de Édipo Rei, mas adorou a Sinfonia dos Salmos)

7 comments / Add your comment below

  1. Obrigadíssmo!!

    O Stravinsky neoclássico precisa ser mais conhecido. Estive ouvindo suas obras desse período e me senti um completo “gonorante”. A sensação era de que, no duro, eu nunca tinha nem ouvido falar de Stravinsky.

    Especialmente Oedipus Rex é muito excessivamente sensacional. E conhecida na proporção inversa. Uma pena. Vê-la encenada seria magnifico.
    Acho que a ÚNICA gravação em DVD existente é mesmo aquela com Jessye Norman, Philipp Langridge (escrevi certo?) e Bryn Terfel. Só. Mesmo as gravações em CD são raras.

  2. Acho que nunca ouvi esse Oedipus Rex … que bom que você se pronficou a postar alguma coisa, Carlinus. Meu computador continua no conserto, só deve ficar pronto no sábado, e até lá a única coisa que vou ouvir é FM (eca).

  3. Adorei esta postagem do Stravinsky assim como a dos puartetos do Schoenberg, fantásticos. Postem mais coisas deles, principalmente coisas menos ouvidas, como para mim foram os quartetos. Obrigado.

  4. Alguém por acaso tem o libreto do Oedipus Rex? Não consegui encontrar na net.
    Ótima postagem. Stravinsky impressiona pela sua versatilidade: consegue fazer um piano rag music e uma ópera-oratório sobre uma tragédia clássica.

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