Beethoven
Concertos para Piano Nos. 4 & 5
Till Fellner
Orchestre symphonique de Montréal
Kent Nagano
Cuidado com o que você deseja! Assim é o adágio. Pois eu desejei este disco muito tempo. Quando finalmente o encontrei, antes da primeira audição, senti um misto de antecipação e um friozinho na barriga. Seria realmente tudo aquilo que eu imaginara? Pois bem, veio a primeira, a segunda e agora nem sei mais qual o número da audição. O esperado se realizou com abundância. Não canso de ouvir e, portanto, aqui está, seguindo nossos estritos critérios de escolha de material de postagem: apenas o melhor!
Os dois últimos concertos para piano de Beethoven formam um belo par em discos maravilhosos. Só para não deixar o seguidor do blog no ar: Emil Gilels e Wilhelm Kempff! A enorme diferença entre estes dois maravilhosos concertos só ajuda no sucesso do disco. Engano pensar que o quarto é mais simples. Ledo engano! E inovador que também ele é, com o piano roubando a cena logo na abertura.
Falando do Concerto No. 4 é impossível não mencionar a história de Orfeu e Eurídice. Há fumos e rumores tratando da possibilidade de que o mito de Orfeu, que com seus talentos e lamentos implorou às Erínias que dessem à sua amada Eurídice uma chance para voltar ao mundo dos vivos, tenha inspirado Beethoven na composição do seu Andante con moto. É claro que a história é maravilhosa e Beethoven conhecia a ópera de Gluck sobre o tema. Para reunir ainda mais condições de veracidade a esta possibilidade, há um retrato no qual Beethoven aparece segurando uma lira, o instrumento de Orfeu. Eu fiquei curioso e aposto que você também. Para mais informações sobre isso, veja aqui.
Além disso, se você viu o filme The King’s Speach – O Discurso do Rei, certamente vai reconhecer o Adagio do Concerto No. 5, que magistralmente termina na irrupção do Rondo, uma das transições geniais do Ludovico.
Todas as belezas são aqui realizadas com facilidade e maestria. As armadilhas são evitadas e a parceria solista-orquestra-regente é fenomenal, parece cumplicidade. Veja o que o crítico da Gramophone disse sobre esta combinação: Esta é uma parceria de sonhos com o solista e o regente trabalhando como uma mão na luva, e mesmo se considerar tantos nomes gloriosos em tal repertório (de Schnabel a Lupu) você dificilmente ouvirá interpretação de tão livre e invejável graça e fluência musical. É pouco ou quer mais?
Este disco está na lista dos melhores cinquenta discos de Beethoven da Gramophone! Confira aqui.
Esclareço que devemos ter um certo cuidado com as listas, mesmo as mais famosas. Mas em última instância, é preciso ouvir e decidir por si mesmo. Não se faça de rogado. Eu aposto um download que você vai gostar.
Ludiwig van Beethoven (1770-1827)
Concerto para piano No. 4 em sol maior, Op. 58
- Allegro moderato
- Andante com moto
- Vivace
Concerto para piano No. 5 em mi bemol maior, Op. 73
- Allegro
- Adagio um poco moto
- Allegro, ma non troppo
Till Fellner, piano
Orchestre Symphonique de Montréal
Kent Nagano
Produção: Manfred Eicher
Som: Markus Heiland
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
FLAC |431MB
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 167 MB
Mais uma do crítico da Gramophone: Till Fellner certamente faz parte daquela elite que Charles Rosen tão memoravelmente definiu como aqueles que, enquanto aparentemente fazem nada, alcançam tudo! Basta ouvir o álbum.
Aproveite!
René Denon
Ainda não ouvi, mas veio faltando, tanto no flac qto no mp3, o 3° movimento do concerto n°5.
Parabéns pelo excelente, primoroso trabalho q vcs tem feito!
Olá! Respondo aqui pelo René: acredito que meu sempre zeloso colega tenha unido os dois últimos movimentos do Concerto no. 5 em uma só faixa. Conforme indicação do compositor, estes movimentos devem ser executados “attacca”, ou seja, sem interrupção entre um e outro. Se os movimentos ficam em faixas separadas, surge durante a reprodução uma pequena, mas muito desagradável pausa entre eles. Tenho a certeza de que René tomou esta atitude em consideração aos leitores-ouvintes, para que pausa alguma quebre a mágica da transição entre o maravilhoso, onírico Adagio em Si maior e o impetuoso Finale na distante tônica. Veja lá, por favor, se não foi exatamente isso o que houve no arquivo que você baixou.
Acabo de ver que René respondeu, e que eu estava certo na minha suposição.
Querido Vassily!
Como sempre, você além de correto, muito elegante!
Abraços!
RD
Olá, CP!
Obrigado por suas palavras de incentivo!
Quanto à sua observação, as faixas 2 e 3 do Concerto foram unidas em um único arquivo, tanto no arquivo flac quanto no mp3. Isso evita que haja uma pequena interrupção ao tocá-los em um mp3 player, em particular. Isso por que considero importantíssimo que esses dois movimentos sejam tocados em sequência, fluentemente.
Caso você tenha qualquer dificuldade, por favor, escreva e disponibilizarei o arquivo com as faixas separadas (também). Eu fiz isso no mp3 de uma outra postagem que fiz do Imperador. Veja aqui: https://pqpbach.ars.blog.br/2019/07/06/beethoven-1770-1827-concerto-para-piano-no-5-op-73-emperor-christoph-eschenbach-boston-so-seiji-ozawa/
Abração!
René Denon
Grato pelas respostas, Vassily & René,
Como havia dito, ainda não ouvi essa versão do concerto e não atinei para essa possibilidade.
Reitero minha reverência pela qualidade do q vcs estão fazendo, novamente demonstrada na presteza da explicação!
Abraços
Boa versão. Sempre aprendo com estes textos. Sobre transição em Beethoven, me impressiona também o op. 131, o quarteto n. 14, especialmente a passagem do primeiro ao segundo movimento, por meio da qual me lembro de um conto do Tchekhov sobre a transição que culmina no nascimento da primavera, instantes estes cujos efeitos se assemelham à convalescença.
Olá, Otavio Ferraz!
Realmente, estas passagens de um tipo de andamento para outro, súbito attaca, é tão presente na obra de Beethoven. Estou ouvindo as Sinfonias 5 e 6 e algo semelhante acontece nestas peças.
Na quinta, a passagem do terceiro para o quarto movimento é importantíssima. Dá para sentir a orquestra mudando a ‘marcha’…
Abração!
RD