Beethoven (1770-1828): Hammerklavier & Moonlight – M. Perahia – DG

Beethoven – Sonatas para Piano

Hammerklavier & Ao Luar

Murray Perahia

Eu já não me lembro qual das sonatas para piano de Beethoven ouvi primeiro. Certamente uma do triunvirato – Pathétique, Appassionata ou Ao Luar. Lembro-me de um LP da Supraphon com o pianista Jan Panenka. Mas posso estar errado, minha memória anda rebelde, lembra-se apenas daquilo que quer. Supraphon era, assim, a Naxos daqueles dias nos quais os LPs chegavam ao interior do Brasil em caixas de madeiras de formato  cúbico, levadas por kombis que iam sacolejando por estradas poeirentas ou lamacentas, dependendo da sorte do vendedor.

A Hammerklavier veio bem depois e não foi fácil. Lembro-me agora bem dos CDs da Deutsche  Grammophon com as últimas gravações do Emil Gilels, que ia comprando já morando aqui, na grande cidade. Estes CDs já morreram, oxidados. Ainda guardo os livretos, mas os falecidos foram devidamento substituidos pela caixota de nove CDs nos quais estão todas as sonatas que o Emil conseguiu gravar naquela ocasião. Não é um ciclo completo. Falta a última sonata, por exemplo (sigh). Mas entre elas uma imensa, enorme Hammerklavier, com um dos mais lindos e perfeitos Adagio sostenuto que já ouvi.

Mas não estamos aqui para falar do passado, vamos ao (quase) presente. Comprei este disco que estou postando assim que bati os olhos nele. Pois é, eu ainda vou a lojas (as que restaram) de CDs, com aquela expectativa de encontrar algo que acelere as batidas do coração e que crie aquela ansiedade de, ao chegar em casa, na primeira audição, confirmar o antecipado prazer. Estes momentos estão se tornando mais e mais raros, mas este disco me deu essas sensações no ano passado.

Ouço gravações do Murray Perahia há muito tempo. Ele me ensinou que Chopin é coisa demais de boa e dá-me constante aulas sobre os Concertos para piano de Mozart. Mais recentemente ele andou pelas terras barrocas e eu fui junto, com muito prazer. Já havia ouvido algumas de suas gravações de sonatas para piano de Beethoven, mas este disco está demais. Vejam, para mim, a Hammerklavier é assim, uma sonata mais cabeça, enquanto a Ao Luar, mais coração. E aí é onde mora o perigo! Muita cabeça ou muito coração pode não ser uma boa coisa. Creio que ele conseguiu um equilíbrio que me fizeram ouvir essas sonatas com o mesmo prazer de ouví-las pela primeira vez, de (re)descobrimento. Eu não conheço outro disco que junte as duas sonatas. Só estão juntas nas integrais, mas mesmo aí, em discos separados. Ele ousou e, na minha opinião, fez muito bem.

Talvez não seja nada disso, talvez eu esteja apenas ficando nostálgico. Mesmo assim, vá em frente. Se você gosta de piano e de boa música, estará em ótimas mãos! Que o disco lhe agrade à mente e ao coração!

Ludwig van Beethoven (1770-1828)

Sonata para piano No. 29, em si bemol maior, Op. 106, Hammerklavier

  1. Allegro
  2. Scherzo. Assai vivace
  3. Adagio sostenuto
  4. Introduzione. Largo – Fuga: Allegro risoluto

Sonata para piano No. 14, em dó sustenido menor, Op. 27, 2,  Ao Luar

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato

Murray Perahia, piano

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MP3 | 320 KBPS | 127 MB

Murray Perahia, dando um toque de Rodin na Hammerklavier…

Aproveite!

René Denon

10 comments / Add your comment below

  1. A propos… alguém tem pista da origem do tão estranho sobrenome desse pianista notável?

    De início eu até pensei que se pronuncia-se “peraháia”, fazendo a linha de Ohio… mas os atuais programas de pronúncia audível me garantem que é “peráhia” mesmo – mas isso não diminui em nada a estranheza!

    1. Ops! “Que se pronunciasse” (corrigindo o acima). Desculpem o lapso, e não pensem que eu esteja ensaiando pra me candidatar a ministro ou presidente!

    2. Olá, Ranulfus!

      Notável, realmente! Eu ouço as gravações dele há muito tempo e tive o privilégio de assistir um concerto dele em Chicago. No programa, concertos de Mozart, acompanhado pela Orpheus Chamber Orchestra.
      Ele é americano de nascimento, mas acredito que tem ascendência de peruanos. Ele teve uma excelente formação, devido a qualidade dos artistas com quem conviveu na juventude: Casals, Rudolf Serkin, Alexander Schneider. Ele foi aluno de Mieczyslaw Horszowski. Também teve uma ótima relação como Hororwitz. Sei que agora mora na Inglaterra.
      Ele é capaz de tocar o que quiser. Há discos com peças mais virtuosísticas (Liszt, Cesar Franck), mas centrou seu repertório nos clássicos. Houve um período em que teve problemas de saúde, creio que não podia tocar. Foi aí que começou seu interesse por música (digamos) barroca: Bach, Haendel e Scarlatti. É claro que a amizade com Horowitz deve ter dado uma ajuda. Horowitz tem algumas lindas gravações de Sonatas (exercícios) de Scarlatti…
      Bom, é isso.
      Abração!
      René Denon

  2. Obrigado pelas valiosas informações, René!

    Da minha parte, conheci o Perahia nos anos 90 através do maravilhoso CD em que ele toca Brahms e Bartók em duo (dois pianos) com Sir Georg Solti (!), e depois passei muitos anos sem ouvir falar muito dele. Tenho ouvido mais agora!

    O CD a que me refiro foi postado por mim aqui no PQPBach, em https://pqpbach.ars.blog.br/2017/08/17/bartok-1881-1945-sonata-para-2-pianos-e-percussaobrahms-1833-1897-variacoes-haydn-para-2-pianos/

    1. Este é um dos CDs que ocupa a minha prateleira de “os mais mais”…
      Adoro as Haydn Variations de Brahms. Depois, fui pegando amizade com esse áspero húngaro, o Bartók. Hoje somos quase compadres…
      Abração!!
      René

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