J.S.Bach: a São Mateus por Karl Richter (1958) – Passio Secundum Matthæum

15d6s8pS.Mateus, Richter, 1958

REPOSTAGEM

Já faz várias semanas que o Avicenna preparou cuidadosamente os arquivos para esta postagem, convidando-me honrosamente a mais uma parceria no texto… e eu venho vergonhosamente adiando mais do que seria aceitável!

A razão é que tanto eu quanto o Avicenna não acharíamos graça em fazer esta postagem em particular sem um texto consideravelmente substancioso acompanhando-a – e já contei pra vocês que a saúde vem me impedindo de me jogar muito a fundo em atividades de tecelagem verbal.

Mas a vontade também é forte, e aí decidi que não deixaria a coisa passar deste penúltimo domingo de inverno. Aí vai, então: não é pra ser um tratado, mas também não deixará de tocar em duas ou três áreas que nos instigam em especial.

A ABORDAGEM DE KARL RICHTER (1926-1981) A J.S.BACH (1685-1750): É lugar-comum dizer que Richter foi um dos últimos a empregar uma abordagem “romântica” em Bach, numa época em Harnoncourt e tantos outros já haviam partido para a abordagem “histórica”, que se caracteriza basicamente por: (a) uso de instrumentos construídos na época, ou construídos hoje segundo modelos da época; (b) sobretudo nas obras sacras, emprego das vozes de contratenores homens no lugar da de contraltos mulheres, e de meninos antes da mudança de voz no lugar de sopranos mulheres; (c) tamanho menor dos grupos instrumentais e corais; (d) tempos mais acelerados (i.é, velocidade), articulação e agógica mais dinâmicas (jogo de ligado x destacado, fraseado, irregularidades expressivas no tempo etc).

Richter de fato não usou nada disso: usou instrumentos modernos, mulheres solistas, grupos consideravelmente volumosos… porém seus tempos não são só lentos: são sobretudo rigorosamente regulares – como de metrônomo ou relógio do princípio ao fim de cada trecho.

Isso me faz perguntar sobre a adequação de chamar “romântica” a sua abordagem… se o que talvez mais caracterize o romantismo seja o rubato, ou seja: um determinado tipo de irregularização expressiva do tempo. Em Richter inexistem tanto a “inegalité” e a agógica barrocas quanto o rubato, e nesse sentido eu chamaria sua abordagem de “classicista”, não de romântica.

Mas além disso Richter era filho de pastor luterano, e sua formação se deu fundamentalmente no espaço eclesiástico – diferente de regentes como um Klemperer, de quem também se diz ter abordado a São Mateus “romanticamente”. Minha impressão é que Richter foi mostrar no teatro o que se fazia nas igrejas… e isso embasaria o clima litúrgico e devocional que parecemos encontrar aqui, em contraste com abordagens mais teatrais, operísticas e/ou “de concerto”.

ALGUNS DESTAQUES DA REALIZAÇÃO E DA OBRA: Antes de mais nada, o coro – ou melhor: os coros (a obra inteira é composta para 2 coros a quatro vozes, 2 orquestras e 2 conjuntos de solistas, que se respondiam da frente e dos fundos da igreja, e ainda uma nona voz coral: um grupo de meninos em uníssono, que intervém somente nas faixas 1 e 35). Impressionam nesta realização a textura veludosa, a precisão e a qualidade expressiva das massas corais, quer nos COROS (peças livres) quer nos CORAIS (nome para “hinos” na tradição luterana).

Segundo, a participação do que foi talvez o melhor barítono do século 20: Dietrich Fischer-Dieskau (28.05.1925-18.05.2012). Destaque para os dois pares recitativo-e-ária que são as faixas 65-66 e 74-75. Para mim só essas quatro faixas já justificariam a preservação desta gravação e nossa atenção a ela!

Falar das diferentes árias maravilhosas da São Mateus é um assunto infinito em que não quero entrar – mas por afinidades pessoais não quero deixar de chamar atenção para o dueto soprano-alto com coro quase no final da primeira parte (faixa 33), e para a ária Aus Liebe (‘É por amor…’ – faixa 58) – esta especificamente porque para mim é um inegável CHORO – quero dizer no sentido musical brasileiro da palavra – com os volteios sentimentais da flauta apoiados (?) em acordes flutuantes de 2 oboés e um corne inglês mais ou menos na mesma tessitura de um cavaquinho, sem baixo nenhum. Como diria o filho do véio: IM-PER-DÍ-VEL!

SOBRE A RELAÇÃO COM O TEXTO: Hoje o interesse pela música de Bach é mais freqüente entre pessoas intelectualizadas… e justo entre essas não é freqüente conseguirem levar a sério o enredo e os sentidos teológicos que essa música se propõe a ilustrar. Surge daí com freqüência uma proposta de audição assim: “a composição musical é maravilhosa, mas os textos são uma baboseira superada que é melhor a gente nem ficar sabendo”.

Por um lado considero perfeitamente válido que para apreciar esta música ninguém precise acreditar que estaria condenado a assar no inferno pela eternidade caso Jesus não tivesse se disposto a sofrer para apaziguar um Deus-Pai capaz de determinar isso… Mas por outro lado acho que há uma inegável perda de experiência estética quando não nos dispomos a experimentar como é sentir isso – no mínimo do mesmo modo como nos dispomos a sentir os terrores e esperanças dos gregos ou dos indianos diante dos seus deuses e heróis, quando vamos conhecer a Ilíada ou o Mahabhárata.

Para mim o bonito dos tempos pós-modernos é justamente isso: o convívio entre múltiplas formas diferentes de experimentar a mesma coisa, formas muitas vezes incompatíves mas que nem por isso precisam incorrer na infantilidade de lutar para suprimir umas às outras. No caso: há gente que irá ouvir só pela música; alguns pela música e pelo mito entendido como fantasia; outros pelo mito entendido como verdade sagrada; outros ainda por nostalgia em relação aos seus queridos passados que cultivavam essa forma de religiosidade – etc. etc. etc.

Minha forma pessoal, se alguém se interessar em saber, eu classificaria como um tanto antropológica: entendo como essência do mythos cristão a admissão, por parte do ser humano, de um descompasso ou insuficiência de sua parte frente a uma ordem maior – e quem diz que isso se refere a um velho barbudo que diz que você não pode pensar no que tem por baixo da saia ou calça da/do coleguinha da escola, ou duvidar de que a mãe de Jesus era virgem ou coisas assim? A realidade da destruição ambiental do planeta, ou das crianças lançadas à fome por conta de disputas de poder-pelo-poder, não são amostras de que o ser humano realmente pisa na bola frente àquilo que ele mesmo é capaz de conceber como o bom e o desejável? E será assim tão ridículo dispor-se a deixar ressoar em cada um de nós o que é o sofrimento de um outro que tem raiz em atos nossos? E ainda: aspirar por que essa compreensão respeitosa do sofrimento do outro, e admissão de culpa, gere um desejo de superação das nossas insuficiências em questão – um desejo tal que se torne força capacitadora de uma tal superação?…

Essa é, no humilde ver de Ranulfus, uma tradução antropológica do mythos cristão – e não tenho dúvidas de que era com esse magma de emoções que Bach trabalhava, independente de se com pura intuição ou com maior ou menor dose de consciência. E quem se dispõe a empreender uma viagem através de imagens simbólicas desse drama fundamental da admissão de culpa e aspiração por redenção, com certeza irá extrair de Bach uma experiência estética ainda muito mais profunda que aquele que diz “a música é divina, os textos são pura baboseira”.

Foi assim que eu entendi o impulso que o colega Avicenna teve de não postar esta obra sem colocar à disposição o texto com tradução em português (mesmo se não há nenhuma poeticamente satisfatória!), bem como os títulos das faixas em português: contribuições para uma experiência mais integral desses “Autos de Mysterio” que são as Paixões de Bach –

… experiência para quê a atitude menos teatral e mais litúrgico-devocional adotada por Karl Richter talvez possa ser uma contribuição, apesar de todas as suas infidelidades musicológicas.

J.S. Bach: PASSIO SECUNDUM MATTHÆUM, BWV 244

1.ª das gravações dirigidas por Karl Richter: 1958, Herkules-Saal, München
Münchener Bach-Chor & Münchener Chorknaben (diretor do coro: Fritz Rothschuh)
Münchener Bach-Orchester
Tenor [Evangelista, árias]: Ernst Haefliger
Baixo [Jesus]: Kieth Engen
Soprano [árias]: Irmgard Seefried
Soprano [1.ª criada; esposa de Pilatos]: Antonia Fahberg
Contralto [árias, 2.ª criada]: Hertha Töpper
Baixo [árias]: Dietrich Fischer-Dieskau
Baixo [Judas, Pedro, Pilatos, Sumo Sacerdote]: Max Proebstl

LISTA DAS FAIXAS

Jesus ungido em Betânia (São Mateus 26: 1-13)
01 Vinde, filhas, auxilia-me no pranto (Kommt, ihr Töchter)
02 Quando Jesus terminou estas palavras (Da Jesus diese Rede vollendet hatte)
03 Amado Jesus (Herzliebster Jesu)
04 Então se reuniram em conselho (Da versammleten sich die Hohenpriester)
05 Que não seja em dia de festa (Ja nicht auf das Fest)
06 Estando Jesus em Betânia (Da nun Jesus war zu Bethanien)
07 Para que este desperdício (Wozu dienet dieser Unrat)
08 Os advertindo, Jesus os falou assim: (Da das Jesus merkete, sprach er zu ihnen)
09 Tu! Salvador bem amado! (Du lieber Heiland du)
10 Contrição e arrependimento (Buss’ und Reu’)

Última Ceia (São Mateus 26: 14-35):
11 Então um dos doze (Da ging hin der Zwölfen einer)
12 Sangra, querido coração! (Blute nur, du liebes Herz)
13 Então no dia dos primeiros ázimos (Aber am ersten Tage der süssen Brot)
14 Onde quer que façamos (Wo willst du, dass wir dir bereiten)
15 Ele os disse ide a cidade (Er sprach-Gehet hin & Rez (Ev)-Und sie wurden)
16 Sou eu. Deveria expiá-lo (Ich bin’s, ich sollte büssen)
17 Ele os respondeu (Er antwortete und sprach)
18 Apesar de que meu coração (Wiewohl mein Herz in Tränen schwimmt)
19 Quero entregar-te meu coração (Ich will dir mein Herze schenken)
20 E tendo proclamado o hino de ação de graças (Und da sie den Lobgesang gesprochen hatten)
21 Reconhece-me, meu Guardião (Erkenne mich, mein Hüter)
22 Porém Pedro, respondendo, lhe disse (Petrus aber antwortete)
23 Quero permanecer aqui junto de Ti (Ich will hier bei dir stehen)

No monte das Oliveiras (São Mateus 26: 36-56):
24 Então marchou Jesus com eles (Da kam Jesus mit ihnen zu einem Hofe)
25 Oh, dor! Como treme seu coração angustiado (O Schmerz & Chor-Was ist die Ursach’)
26 Quero velar ao lado do meu Jesus (Ich will bei meinem Jesu wachen & Chor-So schlafen unsre)
27 Avançou alguns passos (Und ging hin ein wenig)
28 O salvador cai de joelhos (Der Heiland fällt vor seinem Vater nieder)
29 Com prazer queria eu levar sua cruz (Gerne will ich mich bequemen)
30 E ao retornar até onde estavam seus (Und er kam zu seinen Jüngern)
31 Que se cumpra sempre a vontade de meu Senhor (Was mein Gott will, das g’scheh allzeit)
32 E retornando, os encontrou novamente (Und er kam und fand sie aber schlafend)
33 Assim meu Jesus é preso (So ist mein Jesus nun gefangen)
34 E eis que um dos que estavam com Jesus (Und siehe, einer aus denen)
35 Oh homem! Chora teu grande pecado (O Mensch, bewein dein Sünde gross)

Falso Testemunho (São Mateus 26: 57-63):
36 Ah! Meu bom Jesus já não está aqui! (Ach, nun ist mein Jesus hin!)
37 Os que prenderam a Jesus o conduziram (Die aber Jesum gegriffen hatten)
38 O mundo me julgou cruelmente (Mir hat die Welt trüglich gericht’t)
39 Apesar de tê-lo tentado com numerosos testemunhos falsos (Und wiewohl viel falsche Zeugen)
40 Meu Jesus guarda silêncio ante as calúnias (Mein Jesus schweigt zu falschen Lügen stille)
41 Paciência! Se línguas mentirosas me ofenderem (Geduld! Wenn mich falsche Zungen Stechen)

Jesus ante Caifás e Pilatos (São Mateus 26: 63-75; 27: 1-14):
42 O Sumo Pontífice o respondeu dizendo (Und der Hohepriester antwortete)
43 Então começaram a cuspir-lhe no rosto (Da speieten sie aus)
44 Quem te golpeia assim (Wer hat dich so geschlagen)
45 Pedro estava sentado fora (Petrus aber saß draussen)
46 Então se pôs a maldizer e a jurar (Da hub er an, sich zu verfluchen)
47 Tem piedade de mim, Meu Deus (Erbarme dich, mein Gott)
48 Ainda que me separe de Ti (Bin ich gleich von dir gewichen)
49 Pela manhã, todos os príncipes (Des Morgens abre)
50 Então ele lançou as moedas de prata no templo (Und er warf die Silberlinge)
51 Devolva-me o Meu Jesus! (Gebt mir meinen Jesum wieder!)
52 E depois de terem discutido (Sie hielten aber einen Rat)
53 Dirige teu caminho (Befiehl du deine Wege)

Entrega e Flagelação (São Mateus 27: 15-30):
54 Durante a festa era costume que o governador (Auf das Fest aber hatte der Landpfleger Gewohnheit)
55 Que incompreensível é este castigo! (Wie wunderbarlich ist doch diese Strafe!)
56 O governador replicou (Der Landpfleger sagte)
57 Ele fez o bem a todos (Er hat uns allen wohlgetan)
58 Por amor quer morrer meu Salvador (Aus Liebe will mein Heiland)
59 Porém eles, elevando a voz, gritavam (Sie schrieen aber noch mehr)
60 Piedade. Senhor! (Erbarm’ es Gott!)
61 Se as lágrimas do meu rosto (Können Tränen meiner Wangen)
62 Então os soldados do governador tomaram a Jesus (Da nahmen die Kriegsknechte)
63 Oh, cabeça lacerada e ferida (O Haupt voll Blut und Wunden)

A Crucificação (São Mateus 27: 31-54):
64 E depois de tê-lo humilhado (Und da sie ihn verspottet hatten)
65 Sim, ditosa a hora em que a carne e o sangue humanos (Ja! freilich will in uns das Fleisch und Blut)
66 Vem, doce cruz (Komm, süsses Kreuz)
67 E então chegaram ao lugar chamado Gólgota (Und da sie an die Stätte kamen)
68 Até os mesmos bandidos que haviam sido crucificados (Desgleichen schmäheten ihn auch die Mörder)
69 Ah, Gólgota (Ach, Golgatha)
70 Veja, Jesus estende sua mão (Sehet, Jesus hat die Hand)
71 E desde a hora sexta até a hora nona (Und von der sechsten Stunde)
72 Quando eu tiver que partir (Wenn ich einmal soll scheiden)
73 E eis que o véu do templo (Und siehe da)

O enterro (São Mateus 27: 55-66):
73b Estavam também ali, um pouco afastadas (Und es waren viel Weiber da)
74 Ao entardecer, quando refrescou (Am Abend, da es kühle war)
75 Purifica-te, Meu coração (Mache dich, mein Herze, rein)
76 José tomou o corpo e o envolveu em um lençol (Und Joseph nahm den Leib)
77 Agora o Senhor descansa (Nun ist der Herr zur Ruh gebracht)
78 Chorando nos prostramos ante teu sepulcro (Wir setzen uns mit Tränen nieder)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (Encarte incluso)
MP3 | 480 Mb | 3 h 20 min

• Tradução um pouco menos ruim que a do encarte:
http://www.bach-cantatas.com/Texts/BWV244-Por2.htm

Monge Ranulfus: texto & inspiração
Avicenna: digitalização, layout & mouse conductor

69 comments / Add your comment below

  1. Ranulfus e Avicenna, post absolutamente sensacional! É por coisas como essas que o PQP ainda abriga o melhor conteúdo sobre música clássica no Brasil – e não só na internet. Parabéns!

  2. Em verdade, em verdade, eu vos digo: o tempo passa, o tempo voa, mas ainda me ajoelho perante Richter: o cara era foda. E daí que se utilize de uma grande orquestra, que seja o último dos intérpretes românticos de Bach? O que importa é que, através da obra de papi, além de outras interpretações, foi o cara que me mostrou que o divino pode se expressar através da música.

  3. Eis a razão da passagem abaixo, da Ata do 3º ou 5º encontro pelo Filho de Bach:

    “(…) Avicenna veio com uma parruda versão da São Mateus de Bach, gravada por Karl Richter em 1958. O vinil histórico é de propriedade do Ranulfus, (…)”.

  4. Quase desmaiei quando vi um elogio do Vanderson ( brincadeirinha )

    Caraca, como temos usuários assíduos neste blog. Olha eu que eu li essa Ata e nem me atentei para esse ”pista” dada.
    Abraços !

  5. Que maravilha de postagem!
    Ainda não terminei de baixar, mas sobre a questão religiosa queria citar um trecho do Richard Dawkins, um dos ateus mais convictos do mundo atualmente, falando sobre um programa de rádio em que tinha que escolher os oito discos que levaria para uma ilha deserta:
    “Entre meus escolhidos estava A Paixão segundo São Mateus, de Bach. O entrevistador não entendeu como eu podia escolher música religiosa sem ser religioso. Também dá para perguntar: como você pode gostar de O Morro dos Ventos Uivantes sabendo perfeitamente que Cathy e Heathcliff jamais existiram de verdade?”

  6. UMA CORREÇÃO – DESCULPEM!! O dueto soprano-contralto com coro a que eu me refiro é a faixa 33 (já corrigi no texto).

    A faixa 36, que abre a segunda parte, é na verdade um solo de contralto também com intervenções de coro, estas com texto extraído do Cântico dos Cânticos segundo a tradicional reintepretação cristã, onde “o amado” passa a ser Cristo, “a amada” ou a igreja (nas concepções mais institucionais) ou a alma humana (nas concepções mais místicas).

    Os dois são belíssimos, mas o primeiro é uma peça-em-si mais completa e inquietante…

  7. Verdade Gabriel, somos muito assíduos… Hã… pessoal, embora eu não comente sempre, mas todo dia visito o blog. Nem sei como agradecer os pedidos que já foram atendidos. E olha que não foram poucos! PQP Bach e Carlinus (principalmente), já postaram muita coisa que eu pedi… Eu preciso confesar uma coisa diante dessa postagem… Eu NÃO CONSIGO GOSTAR DE MÚSICA CLÁSSICA QUANDO ELA É CANTADA! Deixa ver se eu consigo explicar: Eu não consigo ver beleza em cantores eruditos, na forma da música erudita cantada … E adoro música erudita… Desde de Bach a Bártok… Ouço e estudo música clássica. Queria muito pedir a ajuda de vocês… O que é que há de errado comigo? Por favor, PQP, Carlinus, FDP, todos, me ajudeeeeeeeeeemmmmmm!

  8. Raphael, eu era assim também, adorava Beethoven e gostava de Mozart por exemplo mas não conseguia não rir ao ouvir uma soprano cantando A Flauta Mágica ou um tenor cantando Fidélio com aquelas vozes empostadas de ópera.

    No meu caso, Bach foi a solução. Como a música de Bach é religiosa e não dramática, os (bons) cantores não cantam com aquela emoção exageradada da ópera. E fui gostando lentamente, primeiro de uma cantata aqui, depois outra ali, e hoje já digo com orgulho que estou começando, aos poucos, a me acostumar com as óperas de Mozart.

  9. Bem, Raphael, não sei como ajudá-lo. Desde pequeno ouço música clássica e ouço cantores como Maria Callas, Tito Gobbi, Di Stefano, Mario Del Mônaco, Dietrich Fiescher-Dieskau, entre tantos outros. E sempre admirei sua capacidade técnica. Não sei se a gente aprende a gostar desse tipo de música, pois já gostei quando a conheci. Acho que o que precisas é educar os ouvidos, talvez baixando algum cd que tenha sido postado aqui mesmo no PQP, como por exemplo, o da von Otter cantando Schubert. Não se trata ali de ópera, e sim de belíssimas canções, esplendidamente interpretadas por uma das maiores cantoras de sua geração. Os corais de Haendel também são maravilhosos, pegue por exemplo, “O Messias”, ou então os corais e árias de “As Estações” ou “A Criação” de Haydn. São alguns exemplos de peças já devidamente reconhecidas e aclamadas do repertório, ou então, para dar um último exemplo, a mais bela ária já composta pelo ser humano, “Erbarme dich, mein Gott”, desta mesma “Paixão Segundo Matheus” de Bach, faixa 47, para facilitar sua busca. É música para se ouvir de joelhos, louvar os anjos, ou quem quer que seja.

  10. PARA RAPHAEL CELLO sobre música vocal – Acredite, Rafael, não é só você que tem essa dificuldade. Muita gente a tem, inclusive eu mesmo tenho em certa medida. Mas tenho algumas sugestões:

    Antes de mais nada, sugiro pensar em quê descoberta técnica espantosa foi a impostação da voz, séculos, talvez milênios antes de existir a amplificação elétrica. Trata-se de usar o próprio corpo como ressoador: em parte a caixa torácica, mas pincipalmente a caixa craniana! É interessante pensar que a voz de uma Nara Leão, p.ex., já não seria audível a poucos metros de distância, mas com a amplificação elétrica se tornou audível por multidões sem perder o seu caráter despojado e intimista. Só que antes isso não era possível. A impostação fez que a voz de um ser humano preenchesse salas imensas, anfiteatros, alncançasse platéias ao ar livre – mas isso ao preço de essa voz deixar de ser voz no sentido da fala cotidiana e ser convertida num instrumento.

    Então, tendo pensado nisso, sugiro que esqueça QUALQUER comparação da voz impostada com o uso da voz no cotidiano e na música popular. Nenhuma delas é melhor, ou mais elevada: são fenômenos diferentes, elaborações tão diferentes da mesma matéria-prima quanto um ovo frito e uma clara batida em neve com açúcar cobrindo um bolo.

    E volto a dizer: experimente pensar na voz impostada mais como um instrumento. Experimente por exemplo essa mesma faixa 47 de que o FDP acaba de falar (Erbarme Dich) e imagine que o solo feito todo no agudo do cello, ou no grave de um violino – de qualquer modo, que é música instrumental, não palavra cantada. Ouça várias vezes essa peça “instrumental”, e aposto que logo você não a estará estranhando mais.

    Finalmente, também dê um voto de confiança a si mesmo: boa parte da música vocal dita clássica é de qualidade muito ruim mesmo. Esses famosos tenores midiáticos, aquilo é uma meleca sentimentalóide, cheia de portamentos, apelações e (SIM) notas mal-afinadas, que na verdade nem merece ser confundido com música séria. Grande parte dos músicos populares fazem, dentro do seu estilo, um trabalho de muitíssimo mais qualidade que esses apeladores pseudo-clássicos – dos quais garanto que eu mesmo jamais farei nenhum esforço pra aprender a gostar… rsrs.

    Boas audições e… depois me conte se estas sugestões lhe fizeram alguma diferença!

  11. Senhores Ranulfus e Avicenna, quando passeei com o mouse do computador pela página a fim de aferir o conteúdo, eu não acreditei naquilo que os meus olhos viram. SIMPLESMENTE SENSACIONAL!!! Acredito que com este post, os senhores tenham conseguido trazer ao público que gosta de música clássica, algo verdadeiramente grandioso. Uma das maiores postagens que o PQP Bach já fez. Parabéns! Falo isso com imenso júbilo no coração. Sem demagogias. Serei compelido a ler linha por linha o bonito trabalho que os senhores realizaram.

    Tenho esta gravação. Pensei em postá-la. Mas quando os senhores falaram nos bastidores que iriam postá-la, desisti por saber que um trabalho de forte cunho pedagógico surgiria. Mesmo tendo a gravação com Richter, de 1958, vou baixar para alimentar minha luxúria.

    Obrigado!

  12. O Ranulfus foi muito generoso em por meu nome na assinatura de uma das melhores postagem que eu já lí. É um privilégio ter um ‘cabeção’ como o Ranulfus entre nós.

    A minha contribuição foi no editor de áudio e, exímio operador de mouse que sou, a de escrever cada faixa em português. Demorei também um pouco pois quando me dava conta, estava de olhos fechados ouvindo a Paixão com uma reverente paixão.

    Parabéns, Ranulfus!

  13. Olha,
    eu não tenho palavras para o trabalho que o Avicenna e que o Ranulfus fizeram. Eu realmente estou sem palavras.
    Muito boa postagem

  14. De jeito nenhum “fui generoso” com você, Avicenna!! E as suas SEMANAS de trabalho editando cada faixa dessas 2 horas e 40 minutos de música? Sua pesquisa de imagens e de traduções na net, o escaneamento do encarte… o preparo do pacote todo, os uploads… E só a organização dessa lista bilíngüe de 78 faixas… um BAITA trabalho!

    PENSA QUE É TUDO? … Pois saiba que foi um comentário de passagemseu, numa conversa pessoal, que me convenceu da relevância de tentar enfrentar a questão do conteúdo do texto, em lugar de esquivar-se dela mais uma vez… e mais: que fez identificar o sentimento de culpa/insuficiência humana e aspiração por redenção como o ponto central desse drama – quem sabe o grão de areia que faz a ostra produzir a pérola.

    Quer dizer: não se tratou de nenhum modo de um mero reconhecimento “pro forma”, Herr Kollege!

  15. Assino embaixo o que o Ranulfus escreveu sobre música vocal.

    Complemento um pouco: o segredo de toda audição é a escolha do repertório. Seleções “picadinhos” para cantores demonstrarem suas habilidades são realmente pouco palatáveis. Parece-me melhor apreciar a voz quando ela faz parte de um “todo” coerente.

    Por isso, a dica: tem bastante música vocal inserida em contexto sinfônico. A aproximação com a música instrumental, nesses casos, é bastante imediata. Exemplos: Mahler, as Sinfonias nos. 2, 3 e 4. A “Sinfonia espansiva” de Nielsen. A “Sinfonia Fausto” de Liszt. A Sinfonia “Romeu e Julieta” de Berlioz. A Primeira de Vaughan Williams. A “Sinfonia da primavera” de Britten. E, claro, a Nona de Beethoven!

  16. Pessoal, muito, muito obrigado mesmo pela ajuda! E valeu também pela aula Ranulfus! Mesmo! Vou de imediato baixar este post e começar minha jornada, agora, firmado nas palavras dos senhores… Prometo que depois de ouvir as obras que me foram indicadas, volto aqui pra falar do resultado! Muito obrigado a todos!

  17. Que post belíssimo, fez recordar meus tempos na Holanda. Lá as duas paixões de Bach são apresentadas religiosamente, no período de páscoa, em quase todas as principais igrejas da região. E como não poderia deixar de ser, eu não perdia esses concertos-missa. Entrávamos na igreja calados, recebíamos os músicos sem aplausos, e depois de 3 horas de música, íamos para casa, em transe, em silêncio fúnebre. Mesmo sendo um descrente, não poderia perder essa experiência mística, principalmente dentro de uma igreja dessas (http://noordbrabantchurches.tripod.com/eindhovencatharina.html).

    Sobre a parte técnica, os holandeses realmente (como criadores dessa mania de instrumentos de época) usam poucos músicos, a Paixão de Bach vira quase música de câmara. Mas devo dizer que essa doutrina vem mudando no mundo. Hoje podemos ouvir as paixões sendo interpretadas com instrumentos modernos com maior freqüência. Há uma ótima gravação recente com Riccardo Chailly (http://ecx.images-amazon.com/images/I/51jy6sATyPL._AA300_.jpg) e um concerto sublime de Simon Rattle em Berlim (http://www.digitalconcerthall.com/en/concert/318) aqui você tem que pagar 10 euros, mas a emoção é incrível (vejam o trailer).

  18. E essa gravação nova do Chailly é bem legal mesmo. A orquestra é grande e a afinação é alta, “à moderna”, mas os tempos e as articulações são bem próximas das adotadas pelos HIPongas (*). Vale ouvir.

    (*) HIP = Historically informed performance.

  19. Uma característica das gravações do Richter que fica clara nessa Paixão é o órgão que ele usa como continuo, que tem um som bem mais imponente e destacado do que nas outras gravações, que costumam deixar o continuo em último plano. Pessoalmente, acho que isso contribui para o tom religioso da obra.

    José Eduardo, me explica melhor esse caso da afinação alta? Porque estava ouvindo o Ricther e depois fui ouvir umas árias com o Gardiner pra comparar, e me parecia haver um semitom ou talvez um pouco menos de diferença entre as gravações… Pra quem tem ouvido absoluto isso deve ser angustiante!

  20. Concordo e assino embaixo dessa frase do FDP, em seu primeiro comentário: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: o tempo passa, o tempo voa, mas ainda me ajoelho perante Richter: o cara era foda. E daí que se utilize de uma grande orquestra, que seja o último dos intérpretes românticos de Bach?”

    Aliás, FDP, já que você mencionou Callas, Gobbi e Di Stefano, vocês bem que poderiam postar alguma ópera por aqui, principalmente com esse trio excepcional. Sugiro a Tosca, gravada em 1953.

    Já que foram feitos tantos elogios ao Fischer-Dieskau, há uma outra excelente Tosca com ele no papel de Scarpia, Birgit Nilsson no papel principal e Franco Corelli como Cavaradossi. Gravação de 1966.

    Sei que vários membros da familia PQPBach (principalmente o próprio PQP) não gostam de Puccini, mas seria justo conceder um espaço (mesmo que diminuto) à ópera e ao Puccini e essas gravações seriam excelentes exemplos.

  21. Eu tbem sempre volto a me ajoelhar diante do Richter…digam o q quiserem…o mesmo se aplica a sua interpretação ao órgão da obra de Bach…existe algo de atemporal, universal na visão musical dele…enfim, ele era um músico de primeira grandeza…

  22. Martini, um dos pontos mais marcantes das interpretações “de época” é a afinação dos instrumentos, mais grave. O usual das orquestras modernas é o lá em 440 Hz. A prática HIP afina o lá em 415 Hz (às vezes menos). A diferença é cerca de um semitom.

  23. Raphael – Cello
    Eu NÃO CONSIGO GOSTAR DE MÚSICA CLÁSSICA QUANDO ELA É CANTADA!

    Sr Raphael, eu também não! Somos companheiros neste infortúnio! Fiz a mesma pergunta a outros apreciadores de m.clássica e uma resposta interessante foi que o cérebro mais “intelectualizado” não admira cantorias, enquanto o mais “emotivo”, sim!Tem a haver com o lado direito e esquerdo do nossos miolos. Como sou um profissional de Ciências Exatas, achei que quem me respondeu, estava me puxando o saco ou por outro lado, me rebaixando por não ter as emoções necessárias…Dúvida atroz!

  24. Quero agradecer ao Lucas e ao Vanderson pela ajuda! Ambos, obrigado! Ah, e Vanderson, muito tem me agradado suas colocações agora. Sério. Antes eu enjoava quando aparecia aquele papo sobre erros de gramática, etc,etc, mas você tem se mostrado muito voltado agora para a música, em sua essência e totalidade. Sei que você não tem obrigação nenhuma de me agradar e eu muito menos de lhe agradar também, mas eu lhe fiz uma dura crítica há um tempo atrás, e em momento algum, você a rebateu sem educação, mostrando-se uma pessoa disposta a aprender. Admiro isso. Um abração a todos companheiros do blog e muito obrigado pela ajuda! Valeu pessoal!

  25. Parei pra ouvir a faixa 58 só por causa do comentário de Ranulfus: é um choro puro. Também não é à toa que muitos instrumentistas e musicólogos enxergam Bach no chorinho.

  26. Que ótimo ouvir esse comentário DE VOCÊ, CVL… Garantia de que não é delírio meu, rsrs.

    O fato está ali, fantástico. E aí a gente fica se perguntando: “mas COMO?” Talvez a gente nunca chegue a saber – mas curtir esse tipo de perplexidade já é em si uma delícia!

  27. Raphael,
    Não há nada de errado com você, teria algo de errado se desconsiderar-se a música erudita como o maior triunfo musical. Estou me acostumando aos poucos com diversas óperas principalmente, as recitativas. Um dos compositores mais complexos se tratando da música vocal na minha modesta opinião é Richard Wagner, pois nelas encontramos diversas influências de um poeta imponente. São obras que requerem uma atenção em dôbro para se reconhecer. A afirmação de Ranulfus foi bastante justificada, concordo com tudo que ressaltou.

  28. Como não costumo nem suportar cantores líricos, eu realmente não vejo nada de errado em seu problema, Raphael. Embora fizesse algum sentido em tempos antigos (mas mesmo nestes casos tenho minhas ressalvas), antes de termos amplificação, a verdade é que ver a voz como instrumento significa perder significativamente seu potencial de expressão verbal. A ópera, como drama, e mesmo o lied não procuram se dissociar do aspecto verbal do texto e, portanto, a voz não poderia ser vista meramente como instrumento (ou seria mal aplicada enquanto tal). No entanto, em sutileza de inflexão e tato, o canto lírico costuma ser extremamente pobre ao abordar o texto. Além disso, no mais das vezes, há uma mecanização técnica do canto, seja porque os cantores cantam em qualquer língua, independente do seu feeling para tirar expressão dela, seja porque, embora tenha suas vantagens de afinação e potência, o canto lírico limita frequentemente a dinâmica do cantor (em geral, a música me soa arrastada). Para quem hoje conta com possibilidades muito mais cuidadosas e variadas de expressão verbal em decorrência da amplificação e se interessa sobretudo por música moderna (como eu), não é difícil considerar anacrônico o esforço de continuar a escrever música com pretensões dramáticas dentro dessa técnica (e para mim, só por uma questão histórica manter o que já foi produzido). Isso não impede que aqui e ali eu encontre interpretações que me atraem muito e muito menos imagino que não haja como adaptar a técnica para torná-la mais interessante (o que exige, no entanto, criatividade – o que, de qualquer forma, julgo essencial para uma interpretação valer a pena – e muito cuidado com repertório). Particularmente gosto de algumas peças para coro, e há peças como o Xangô do Villa-Lobos com a Kathy Berberian ou o Ayre do Golijov com a Dawn Upshaw que me entusiasmam bastante.

  29. E o Karl mais a Julia Hamari, já postaram? Bom, encontrei o vídeo na Fnac, no momento ta difífil por causa dos gastos com remédios e blá,blá, blá, mas assim q conseguir e quiserem, posso da um jeito de enviar…Gosto da interpetação dela…

  30. Ranulfus e Itadakimasu, valeu pela aula! Nossa!Me espantou o quanto meu comentário gerou outros e outros comentários! E para minha felicidade, é ótimo conhecer o ponto de vista de pessoas que conhecem, e muito bem, sobre o que falam. Analisei o ponto de vista do FDP Bach, do Ranulfus, dos outros colegas aqui do blog, que também foram de grande ajuda, e agora, conheci e aprendi com seu ponto de vista Itadakimasu. Valeu mesmo!

  31. Raphael, uma dica que eu lhe dou para se familiarizar com o elemento da voz na música clássica é ouvir a Rapsódia para Contralto do Brahms. Obra tremenda, em que o rigor composicional e a expressividade fundem-se numa tacada só.

  32. Com efeito, música clássica, em sentido estrito, não é sinônimo de música de qualidade – essa ‘lei’ vale igualmente para o canto lírico. Para cada obra-prima vocal, milhões de sequelas como que produzidas em série; para cada partitura possivelmente interpretada com adequação, uma infinidade de enrolação paralela. Entretanto, a tentativa de anatematizar numa só varrida toda história da voz ‘impostada’ como se fora anacrônica, museal, carente de sutilezas e pobre (?) na abordagem de seu texto específico, etc, parece-me uma generalização. Concordo com Ranulfus, mas nem sempre com Itadakimasu. O fato é que nem sempre gostamos das “obras-primas consagradas”, muitas vezes por causa (culpa) do intérprete, e aí temos de perseverar na tentativa de subir o Everest da Música, quando certamente seremos recompensados. Com a ressalva de que o melhor intérprete lírico é o mais sublime dos instrumentos, mas, evidentemente, nunca conseguirá atingir todos os possíveis matizes técnicos e emocionais – não encontraremos na audição de Wagner o intimismo de João Gilberto, por exemplo… Mas sem dúvida as obras mestras do repertório lírico, e mais um monte de outras menos célebres, ajudam-nos a chegar próximo ao verdadeiro dukkha – ops, quis dizer, nirvana… Só temos de encontrar e escolher as peças do repertório pelas quais estaremos apaixonados, porque nem sempre somos obrigados a gostar do que já foi aclamado. Apenas mais um lembrete, que todos sabem, e o Raphael também, mas não custa repetir: essa música etérea e sublime raramente vem correndo ao nosso encontro – temos de cortejá-la (ah! isso é mesmo coisa antiga), respeitá-la, e ir caminhando ao encontro dela, sorvendo sua inesgotável fertilidade de emoções.

  33. Avicenna / Ranulfus, se possível, por favor, revalidem os links dessa FANTÁSTICA postagem, certamente uma das melhores de todo o PQPBach.

    Abraços.

    1. André,

      Somente o link do MegaUpload foi descontinuado.
      Os 5 links do Rapidshare estão funcionando normalmente.

      Um abraço,

      Avicenna/Ranulfus

      1. Avicenna/Ranulfus, obrigado pelo retorno!

        É que esses dias o Rapidshare impôs uma limitação para os usuários free e agora os downloads estão muito instáveis (se não me engano, limitaram pra 30kb/s. Aqui ele fica parando e voltando, tá horrível).

        Mas não tem problema, baixo por aí mesmo. Fichinha pra quem foi acostumado a baixar centenas de mbs numa conexão discada 😀

        Abraços.

      2. Parabens pela postagem. Estava ansioso para ouvir.

        Entretanto estou tendo dificuldades de baixar todos os arquivos.
        Ha alguma pratica diferente a ser realizada?

  34. Queridos, vocês tem colaborado para que meus dias sejam mais alegres, seja pelas maravilhosas postagens, seja pelos comentários interessantíssimos. Quando vai sair um livro com a compilação desses comentários? Vida longa a todos e ao blog.

  35. Sensacional esta versão. Passei dias ouvindo. Agradeço a postagem, mesmo já tendo baixado ela. Pois outras pessoas poderam baixar e ouvir esta música poderosa, e isto é digno de louvor.
    Parabéns.

  36. Conseguiste captar aquela que é, na minha opinião, a essência do cristianismo. Que é a ideia de que nunca seremos bons o suficiente. Por melhor que a pessoa seja, sempre terá que lidar com algum demônio interior. A auto-vigilância será sempre necessária. Nunca podemos nos entregar ao conformismo, e acharmos que já somos “evoluídos” o suficiente, pois diante de nós sempre estará um ideal ainda mais perfeito. Não importa o quanto você já mudou, o quanto você já é bom, é preciso continuar melhorando.

    Essa ideia, em parceria com outra ainda mais poderosa: o conceito de que sempre é possível, que com o auxílio do Espírito Santo não importa quão degenerado você seja, Ele pode te transformar; resume toda a beleza do cristianismo. Não há lugar no cristianismo para a auto-complacência, mas apenas para um contínuo esforço de auto-aprimoramento.

    Eu considero o cristianismo a mais nobre e digna religião que o homem já conheceu.

  37. Olá,cheguei aqui a pouco tempo e cada vez mais gosto deste site,
    esse texto foi muito bem escrito,consigo concordar com tudo que escreveu,
    obrigado por postar esta musica maravilhosa,eu estava planejando ouvi-la nessa semana ou na outra,agora com certeza vou ouvir,não sou um grande conhecedor das performances desta musica mas a que mais gosto é a conduzida por Richter.

  38. Monge Ranulfus e Dr. Ibn-Sina,
    Não baixei nem baixarei esta gravação. Tenho-a faz tempo. Apesar de fã de Richter (foi num concerto dele com sua Münchener Bach-Orchester aqui em SP que tive uma das maiores epifanias musicais da minha vida), não é minha gravação favorita. A melhor é de Gardiner, mas a que mais curto é (sem gozações) a de Karajan, também com o insuperável D F-D. Ganhei-a da minha então namorada, hoje patroa, porque cantei a Paixão, com meus companheiros do Coral Pró-Música Sacra de SP, do inesquecível Luiz Roberto Borges, em cinco apresentações, todas capitaneadas pela saudosa Renata Braunwieser. Considerando que isso já tem pra mais de 35 anos, que amo Bach e sua Grande Paixão, que ainda sei de cor a minha parte de baixo e que seu texto é uma das melhores coisas que já lia respeito, chorei pra cacete. Peço autorização para guardá-lo em meus arquivos pessoais como testemunho de conhecimento e discernimento crítico.
    Obrigadaço!

  39. Acabei de baixar o arquivo gigantesco e, uta ue ariu, PQP! Seis minutos pra 480 megas foi, de fato, muito rápido. Mais tarde vou descompactá-lo e ouvir a Paixão. São as organizações PQP diversificando suas atividades para proveito maior de seus súditos. Parabéns aos incansáveis construtores do blog!

  40. Que surpresa! Anteontem, 16/04/14, publiquei um comentário neste post, datado de 27/05/12, que encontrei enterrado lá página 53 deste blog. (E embora o arquivo estivesse hospedado no maldito Rapidshare, consegui baixar.) No dia seguinte, eis que o mesmo post aparece republicado. Legal! É o orgulho mais idiota que já tive, mas não deixa de ser uma sensação boa a ideia de que influenciei um tiquinho os rumos deste glorioso blog.

    1. Por causa desse seu comentário, Hudson, que transferimos o link para o PQPShare.
      Obrigado pelo aviso, é o nosso combustível.

      Avicenna

  41. PQPShare? Isso sim, é uma surpresa! Mas vocês estão chiques, hein!
    Não sei como isso funciona, mas tenho a esperança de que daqui por diante as hospedagens serão mais estáveis. Tomara!
    Parabéns a todos aos mantenedores e colaboradores deste magnífico blog.

  42. Estive relendo os comentários acima e fiquei arrepiado com a quantidade e densidade do conteúdo. Apesar de quase todos concordarem que Richter é quadrado, essa sua realização parece ter mesmo uma magia especial, que se comunicou ao conjunto da postagem.

    Mas reparei também em mais uma coisa: nas duas versões da ária “Erbarme dich” compartilhadas nos comentários – e isso me estimulou a compartilhar mais uma, que alguns veriam como uma extravagância, mas que me tocou incrivelmente e acabou me viciando: “Erbarme dich” cantada em árabe – língua cuja timbrística me parece especialmente apropriada para a tessitura em que esta peça foi escrita:

    https://www.youtube.com/watch?v=IZzxLJGrru0

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