Caminhando uma noite qualquer por Nova York nos anos 40 ou 50, você podia acabar caindo em um clube – digamos, Minton’s ou Five Spot – e dar de cara com músicos como Monk, Coltrane e Dizzy Gillespie cozinhando revoluções no jazz. Rio de Janeiro, começo dos anos 60, se passasse pelo pequeno Beco das Garrafas, a sensação não seria diferente: jovens estudados em discos americanos injetavam novas possibilidades na bossa nova criando o samba-jazz.
São Paulo, 2010, por uma rua do Centro ou Pinheiros, momento parece oferecer efervescência similar. Jovens na faixa dos vinte e algo se juntam em diversas formações e dezenas de grupos, tocam em cada vez mais casas dedicadas ao gênero, para um público cada vez maior e mais interessado e trazem novas idéias ao jazz feito na cidade.
Continuando uma tradição paulistana que já viveu momentos de auge nos bares do Centro como Baiúca e Juão Sebastião Bar na década de 50 e pequenos bares como Supremo Musical nos anos 00, hoje você pode sair em qualquer dia da semana e ouvir música criada no calor do momento.
Saiu matéria sobre a nova cena de jazz paulista na Folha de hoje. Vale mais a pena ler no blog do autor a versão original/expandida, e com vários links, aqui: http://vitrola.blogspot.com/2010/05/jazz-sao-paulo-2010.html
É uma excelente notícia. Fazemos música de tantos estilos, porque não o jazz? Ora bolas. Deveria ser fácil sair à noite para ocupar um bom bar de jazz. Pelo jeito, em SP isso está se tornando possível. No vilarejo onde moro, infelizmente, isso não passa de sonho. Ficarei invejando.
(Os leitores estão convidados a usar os comentários para dar suas dicas locais de jazz, se houver. E eu faço votos que haja.)
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Sem nenhuma relação aparente, mas pra não fazer um post sem música, deixo um disquinho fantástico. (Que sempre começo ouvindo pelo lado B. Mania.) Quem quiser um review, pode ler aqui, do AMG; quem gosta de efemérides pode viajar na imaginação. O álbum foi gravado em duas sessões, 14 e 15 de maio de 1957, ou seja: praticamente aniversariando. (É uma bobagem, mas acrescenta um certo sabor. Ou sou só eu?)
Art Blakey’s Jazz Messengers with Thelonious Monk /1958 (V2)
A
01 Evidence (Monk)
02 In Walked Bud (Monk)
03 Blue Monk (Monk)
B
04 I Mean You (Monk, Hawkins)
05 Rhythm-A-Ning (Monk)
06 Purple Shades (Griffin)
Bonus tracks (edição de 1999)
07 Evidence [alt take]
08 Blue Monk [alt take]
09 I Mean You [alt take]
Art Blakey: drums
Thelonious Monk: piano
Johnny Griffin: tenor saxophone
Bill Hardman: trumpet
Spanky DeBrest: bass
Produzido por Nesuhi Ertegün para a Atlantic
Boa audição!
Blue Dog
Um verdadeiro flashback, Blue Dog! De arrepiar!
Pois veja que eu passei meus vinte anos indo na Baiuca (que comida e que som!)e era rato do Juão Sebastião Bar. De sobra, nos anos 00 morava pertinho do Supremo que, além da música, tinha o melhor “picadinho paulista” do mundo. Depois que o Supremo fechou, nunca mais encontrei picadinho igual.
Atualmente, quem quizer curtir um jazz agradável, pode ir ao “All Of Jazz”, no Itaim (http://www.allofjazz.com.br/programa/program.htm). No andar de cima da casa tem uma lojinha de CD/DVD “muito manera”!
Em Salvador, há mais de dez anos, ocorre a Jam session no Solar do Unhão — na avenida contorno, onde fica o MAM da cidade; outrora ocorria no Instituto Goethe, no corredor da Vitória. Jazz com pôr-do-sol e a majestosa intervenção do oceano atlântico!
Outro ponto de encontro para ouvir jazz é na frente da famosa igrejinha, no bairro do Pirajá, local mais afastado do centro, no subúrbio da cidade, mas que já foi palco de um importante acontecimento na Bahia.
Pois é, nem só de axé respira a terra do grande Castro Alves!
Abraços.
Ai, ai, que inveja.. aqui na minha cidade o máximo que temos é a apresentação de uma banda cover do Queen (que até pode ser legal) ou então lotação completa para um show do Victor & Léo.
Para compensar, tô ouvindo um cd do Monk absolutamente genial.
Eu não sou fã de Jazz, mas de alguns músicos que caíram nessa categoria, como esses músicos aqui. Excepcional. Destaque para Rhythm-A-Ning.
Tinha o Tambar na Iguatemi,o Flag na Faria Lima e o Stardust,
onde tocava o Hermeto.Além do All of jazz tem o Bourbon Street
No Citibank Hall(rua dos Jamaris,213,Moema)dia 20,nada menos
que Ahmad Jamal.IM-PER-DÍVEL!
No Rio de Janeiro há um trio de jazz com bateria (o líder), baixo e piano/órgão, que improvisa alucinadamente sobre temas brasileiros (e às vezes um Miles Davis), normalmente ao ar livre em lugares históricos da cidade: Pedra do Sal (onde nasceu Machado de Assis e tocou Pixinguinha), Morro do Castelo, Praça Tiradentes (onde foi enforcado o mesmo)
Caro P.Q.P,
estava eu cá pensando com meu botões que não seria nada mal ter mais Thelonious Monk ofertado pelo senhor. Tudo, claro, acompanhado de seus belos comentários. Brinde-nos como seu conhecimento da matéria, por favor!
Um abraço!