Eu não sou desses caras malucos por gravações históricas. Esta aqui me interessou mais por envolver Hermann Scherchen (1891-1966) — na minha opinião um grande e originalíssimo regente — do que por Mahler, apesar da imensa admiração que tenho pelo compositor. Os discos de Scherchen com arranjos e regências para A Arte da Fuga e A Oferenda Musical, de Bach, quase furaram na casa de meu pai. Passei grande parte da adolescência ouvindo-os repetidamente e lendo uma frase de Scherchen na contracapa: “A música não precisa ser entendida, ela precisa ser ouvida”. Era exatamente isso que eu fazia.
Bem, o som não é lá essas coisas, mas Scherchen faz um excelente Mahler. Não curti muito o primeiro movimento, mas o resto é indiscutivelmente bom. Em mim, não é automática a lembrança de A Morte em Veneza a cada audição do Adagietto, mas desta vez fiquei tão emocionado que o filme de Visconti me veio logo à memória. Vale a audição!
(Ah, antes que alguém reclame: o selo da Amazon acima é de outra gravação do mesmo Scherchen para a mesma obra, mas outra orquestra, OK?)
Gustav Mahler: Symphony No. 5 (Hermann Scherchen, 1953)
1. Part One, Movement I: Trauermarsch. In gemessenem Schritt.
2. Movement II: Stürmisch bewegt. Mit größter Vehemenz
3. Part Two, Movement III: Scherzo. Kräftig, nicht zu schnell
4. Part Three, Movement IV: Adagietto. Sehr langsam
5. Movement V: Rondo – Finale. Allegro
Hermann Scherchen
Vienna State Opera Orchestra
PQP
Interessante, PQP. Tem gente que só quer saber dos grandes intérpretes, dos grandes regentes, das grandes orquestras, etc. Mas às vezes o maior nem sempre é o melhor, se bem me entende. Às vezes uma versão de outro regente e outra orquestra menos conhecidos nos cativa mais do que as “célebres”. Por exemplo, eu tenho aqui em casa meu primeiro grande contato com a música erudita, um CD da Série Música Clássica, lançada pela Sony se não me engano, chamado “O Melhor da Música Clássica, Vol. 1”. A primeira faixa do disco é o Scherzo da Nona Sinfonia de Beethoven. Até hoje não sei o nome dos intérpretes, porque perdi a capa, mas aquela interpretação daquele famosíssimo Scherzo pra mim é a melhor que eu já ouvi até hoje.
Também achei interessante as palavras de Scherchen. Foi por procurar “entender” a música mais do que ouvi-la que criticaram Mozart e Beethoven no passado, eu acho. Excelente postagem.