Reconheço que ao fazer uma postagem como esta estou adentrando em terras desconhecidas, e um tanto quanto temerosas. Não conheço a obra de Arvo Pärt, nem tenho alguma familiaridade com sua vida. Estou aqui apenas como o fornecedor do CD, que adquiri há alguns anos atrás, não me perguntem onde nem quando. O que me chamou a atenção foi a reunião de dois de meus ídolos, Gidon Kremer e Keith Jarrett para a interpretação de “Frates”, uma peça um tanto quanto minimalista, eu arriscaria dizer. Mas não quero me mover muito no meio desta areia movediça, por isso deixo maiores detalhes para o novo integrante da família PQPBach, Luke D. Chevalier.
Comentários de Luke D. Chevalier
Nos bastidores desse blog, existe uma discussão que não quer cessar: Pärt se pronuncia Piart ou Pért? Cada um apresenta seus argumentos para fundamentar suas “hipóteses”, digamos assim, mas nada que dê um fim à discussão. Essa discussão se soma às outras grandes questões deste blog que os senhores podem perceber nas postagens e nos comentários que vocês leitores fazem: Vivaldi pegava ou não pegava as menininhas do orfanato? E Brahms, comia ou não comia Clara Schumann? São questões que cada um toma seu lado. Eu, como bom sociólogo que sou, cito Max Weber e fingo exercer uma “neutralidade”.
Mas vamos ao álbum prezados leitores. Provavelmente essas são as melhores interpretações para essas obras que qualquer um poderia querer. Gidon Kremer assume o violino e faz muito bonito como lhe é de costume (a obra Tabula Rasa, pivô deste álbum, foi de certa forma uma recomendação do violinista para Pärt). O interessante do álbum é Alfred Schnittke tocando o piano preparado em Tabula Rasa; um compositor inovador tocando a música de outro compositor inovador de seu tempo. Pena que Schnittke já se foi, Pärt, para nossa alegria, ainda está ai. E falando de idas e vindas, o belíssimo Cantus… é justamente em homenagem à outro compositor que já se foi, Benjamin Britten. Pärt diz que se entristece com o fato de Britten ter morrido logo quando ele tinha percebido a beleza de sua música, e que assim não poderia mais se encontrar com ele. Sentimento parecido sofri eu ao ler este ano o livro “Ostra Feliz Não Faz Pérola” de Rubem Alves. Enquanto lia achava que o autor ainda estava vivo, mas quando descobri que ele havia falecido no ano anterior, 2014, fiquei muito triste, pois havia gostado tanto do livro que estava pensando em ir visitá-lo em Campinas.
Enfim, já deu pra ver que tem muita coisa boa aqui. A única coisa ruim nesse álbum é a capa, mas como vocês perceberão ao longo das minhas próximas postagens com obras de Pärt, a ECM nunca foi criativa com elas, quando não são feias, são sem graça. Mas confesso que eu até gosto da simplicidade de algumas delas (não é o caso da capa deste álbum).
Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa
01.Fratres
Gidon Kremer – Violino
Keith Jarrett – Piano
02.Cantus in Memory of Benjamin Britten
Staatsorchester Sttutgart
Dennis Russel Davis – Regente
03.Fratres
Os 12 violoncelistas da Berlin Philharmonic Orchestra
04.Tabula Rasa
Gidon Kremer, Violino
Tatjana Gridenko, Violino
Alfred Schnittke, Piano preparado
Lithuanian Chamber Orchestra
Saulus Sondeckis – Regente
Grande disco!
Acho que se pronuncia Pért. Este ano, numa igreja bem pequenininha, assisti a um concerto em que Jordi Savall e os seus tocavam e cantavam coisas de Pärt. O próprio Pärt estava lá e me chamou a atenção, nos agradecimentos finais (os dois no palco), ver que Savall pronunciava Pért. Como o próprio estava com ele, deduzo que estava bem dito… Deixo aqui a entrada inglesa da wikipedia, que confirma. A transcrição fonética não deixa lugar a dúvidas:
“Arvo Pärt (Estonian pronunciation: [ˈɑrvo ˈpært]; born 11 September 1935)…”
Interessante, onde foi? Em Berlim?
Barcelona.