Fréderic Chopin (1810-1849) – Complete Edition – CDs 11 e 12 de 17

Esta última semana foi de fortes emoções, envolvendo desde a perda dos arquivos armazenados no Mediafire, até “mudança” de emprego. Por este motivo, o PQPBach foi deixado de lado por alguns dias.
Como os senhores poderão notar, troquei de servidor, e optei pelo Uploaded. Tenho usado ele como usuário free para baixar coisas de outros lugares, e até agora ele foi bem eficiente. Está estabelecido na Suiça, talvez uma segurança para nós. Vamos ver até onde vai.
Temos neste sexto volume desta Chopin Complete Edtion da DG os Prelúdios e os Scherzos, além de alguns Rondós. Temos três ntérpretes muito conhecidos por aqui. Nos Prelúdios, nossa querida Martha Argerich, nos Scherzos, Maurizio Pollini, e uma participação especial de Mikhail Pletnev em um dos Rondos. Não tenho muita certeza, mas deve ser uma das primeiras gravações deste excelente pianista russo, mais dedicado à regência nos últimos anos. Destaco ele pois pertence à excelente escola russa de pianistas românticos, vide Gilels, Richter, Ashkenazy, entre outros.

CD 1 –

1 -24 – Preludes, op. 28
25 – Prelude in c# Op 45 – Sostenuto
26 Prelude in Ab Op posth

Martha Argerich – Piano

27 Impromptu 1 in Ab Op 29 – Allegro assai quasi Presto
28 Impromptu 2 in F# Op 36 – Andantino
29 Impromptu 3 in Gb Op 51 – Tempo giusto
30 Impromptu 4 ‘Fantaisie-Impromptu’ in c# Op posth 66 – Allegro agitato

Stanislav Bunin – Piano

CD 2
1 Scherzo 1 in b Op 20 – Presto con fuoco
2 Scherzo 2 in B-flat minor Op 31 – Presto
3 Scherzo 3 in c# Op 39 – Presto con fuoco
4 Scherzo 4 in E Op 54 – Presto

Maurizio Pollini

5 Rondo in c Op 1 – Allegro
6 Rondo à la mazur in F Op 5 – Vivace
Lilya Zilberstein – Piano

7 Rondo in Eb Op 16 – Introduzione. Andante – Rondo. Allegro vivace
Mikhail Pletnev – Piano

8 Rondo for Two Pianos in C Op Posth – Veloce – Sostenuto e legato
Kurt Bauer – Heidi Bung – Pianos

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FDPBach

Francisco Tárrega (1852-1909): Recuerdos De La Alhambra; Lágrima; Danza mora; Etc.

IM – PER – DÍ – VEL!!!! Este CD é um super-clássico da discografia de todos os tempos. Não sei quantas vezes foi reeditado. Francisco Tárrega foi um gênio espanhol que não julgava necessário refrigerar o violão abanando-o loucamente. É o anti-Al Di Meola, o calorento norte-americano que, quando não sabe o que fazer, usa a mão direita como leque. No violão, claro. Tárrega revolucionou a composição para o instrumento. Defendeu uma metodologia diferente da que era usada em sua época. Segundo ele, o toque realizado pela mão direita no violão devia ser feita num ângulo de 90º, e com a parte “macia” do dedo, ou seja, a unha não deveria ser utilizada. Tárrega justificava essa metodologia afirmando que o toque do dedo “nu” causava uma sensação de maior “controle emocional” e técnico da obra em execução.

Deve ter razão, pois aqueles abanos à base de unhadas — as quais apenas incentivam as dançarinas a matar todas as baratas do salão a sapatadas fulminantes — são detestáveis.

A obra mais famosa música de Tárrega é conhecida não é conhecida integralmente pela maioria das pessoas… Mas todas já ouviram um pedaço: é o toque padrão do celular Nokia…

Aqui estamos da mão de outro gênio: Narciso Yepes.

Abaixo, uma nota biográfica do violonista. Vai em inglês, acho que tudo lê, né?

Yepes was born into a family of humble origin in Lorca, southern Spain. His father gave him his first guitar when he was four years old. He took his first lessons from Jesus Guevara, in Lorca. Later his family moved to Valencia when the Spanish Civil War started in 1936.

When he was 13, he was accepted to study at the Conservatorio de Valencia with the pianist and composer Vicente Asencio. Here he followed courses in harmony, composition, and performance.

On December 16th 1947 he made his Madrid début, performing Joaquin Rodrigo’s Concierto de Aranjuez with Ataúlfo Argenta conducting the Spanish National Orchestra. The overwhelming success of this performance brought him renown from critics and public alike. Soon afterwards, he began to tour with Argenta, visiting Switzerland, Italy, Germany and France. During this time he was largely responsible for the growing popularity of the Concierto de Aranjuez.

In 1950, after performing in Paris, he spent a year studying interpretation under the violinist George Enesco, and the pianist Walter Gieseking. He also studied informally with Nadia Boulanger. This was followed by a long period in Italy where he profited from contact with artists of every kind.

In 1952 a song Yepes wrote when he was a young boy became the theme to the film Forbidden Games (Jeux interdits) by René Clément. However, the piece, Romance, has often speculatively been attributed to other authors, without conclusive evidence that can stand up to scientific scrutiny, and despite the fact that Yepes confessed to being its composer. If you have a good look at the credits of the movie “Jeux Interdits” however, you will see that Romance is credited as “Traditional: arranged – Narciso Yepes.” Yepes also performed other pieces for the “Forbidden Games” soundtrack. His later credits as film composer include the soundtracks to La Fille aux Yeux d’Or (1961) and ‘La viuda del capitán Estrada’ (1991). He also starred as a musician in the 1967 film version of El amor brujo.

In 1958 he married Marysia Szumlakowska, then a young Polish Philosophy student. They had two sons, Juan de la Cruz (deceased), Ignacio Yepes, an orchestral conductor and flautist, and one daughter, dancer and choreographer Ana Yepes.

In 1964, Yepes performed the Concierto de Aranjuez with the Berlin Philharmonic Orchestra, premièring the ten-string guitar, which he invented in collaboration with the renowned guitar maker José Ramírez III.

Yepes’ 10-string guitar tuning

The instrument made it possible to transcribe works originally written for baroque lute without deleterious transposition of the bass notes. However, the main reason for the invention of this instrument was the addition of string resonators tuned to C, A#, G#, F#, which resulted in the first guitar with truly chromatic string resonance – similar to that of the piano with its sustain/pedal mechanism.

After 1964, Yepes used the ten-string guitar exclusively, touring to all six inhabited continents, performing in recitals as well as with the world’s leading orchestras, giving an average of 130 performances each year.

Aside from being a consummate musician, Yepes was also a significant scholar. His research into forgotten manuscripts of the sixteenth and seventeenth centuries resulted in the rediscovery of numerous works for guitar or lute. He was also the first person to record the complete lute works of Bach on period instruments (14-course baroque lute). In addition, through his patient and intensive study of his instrument, Narciso Yepes developed a revolutionary technique and previously unsuspected resources and possibilities.

He was granted many official honours including the Gold Medal for Distinction in Arts, conferred by King Juan Carlos I; membership in the Academy of “Alfonso X el Sabio” and an Honorary Doctorate from the University of Murcia. In 1986 he was awarded the National Music Prize of Spain, and he was elected unanimously to the Real Academia de Bellas Artes de San Fernando.

Since 1993 Narcisco Yepes limited his public appearances due to illness. He gave his last concert on March 1st 1996, in Santander (Spain).

He died in Murcia in 1997, after a long battle with lymphoma.

Tárrega – Recuerdos de la alhambra

01. Lagrima – Andante
02. Estudio en forma de Minuetto
03. La Cartagenera
04. Danza mora
05. Columpio – Lento
06. Endecha – Andante
07. Oremus – Lento
08. La Mariposa – Allegro Vivace
09. Recuerdos de la Alhambra – Andante
10. Preludio in G major – Allegretto
11. Adelita – Lento
12. Sueno
13. Minuetto
14. Pavana – Allegretto
15. Estudio de velocidad – Allegro
16. Jota – Andante-Allegro-Tempo primo-Lento, expressivo-Cantabile

Narciso Yepes, violão

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PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Haydn Variations · Waltzes · Sonata in F minor

Baita disco, baita disco. Argerich e Rabinovitch enfrentam esplendidamente as três peças de Brahms, todas transcrições de obras para um número maior de instrumentos. A grande surpresa, em minha opinião, é a transcrição do extraordinário Quinteto para Piano Op.34, que desconhecia. As Valsas são levadas com grande elegância e as Variações sobre Haydn — peça mais conhecida da coleção — há anos faz parte do repertório de Argerich, a qual gosta de parcerias pianísticas. Meses atrás, postamos a mesma obra com ela e Nelson Freire. Aqui, ela está mais sanguínea.

Baita CD!

Brahms · Haydn Variations · Waltzes · Sonata in F minor

Haydn Variations for two pianos, Op.56b
1. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Chorale St. Antoni: Andante
2. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 1: Andante con moto
3. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 2: Vivace
4. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 3: Con moto
5. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 4: Andante
6. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 5: Poco presto
7. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 6: Vivace
8. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 7: Graziosos
9. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Var. 8: Poco presto
10. Variations On A Theme by Joseph Haydn For Two Pianos, Op. 56b: Finale: Andante

Sonata for two pianos in F minor, op.34b
11. Sonata For 2 Pianos In F Minor, Op. 34b: Allegro non troppo
12. Sonata For 2 Pianos In F Minor, Op. 34b: Andante, un poco adagio
13. Sonata For 2 Pianos In F Minor, Op. 34b: Scherzo: Allegro – Trio
14. Sonata For 2 Pianos In F Minor, Op. 34b: Finale: Poco sustenuto – Allegro non troppo

Waltzes, op.39 Version for two pianos
15. Waltzes, Op. 39: No. 1 In B Major: Tempo giusto
16. Waltzes, Op. 39: No. 2 In E Major
17. Waltzes, Op. 39: No. 3 In B Minor
18. Waltzes, Op. 39: No. 4 In G Sharp Minor
19. Waltzes, Op. 39: No. 5 In A Flat Major

Martha Argerich & Alexandre Rabinovitch, pianos

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PQP

Comunicado

No meio da tarde deste domingo acessei um blog que admiro muito, “The Music for Piano”,  e de onde baixo muita coisa. Eis que de repente sou surpreendido ao ler que o Mediafire havia suspendido sua conta.

E agora no final desta tarde, é a minha vez de receber um email do Mediafire dizendo que minha conta havia sido suspensa por ter violado diversos termos de utilização.  Portanto, todos as minhas postagens feitas com links do Mediafire foram canceladas.

O que significa que eles também não resistiram à pressão e sumiram com todo o meu acervo, assim como o de milhares de outros usuários que logo, logo também estarão reclamando. A vantagem no meu caso é que minha conta era de free user, ou seja, não pagava mensalidade. A única coisa que perdi foi meu tempo subindo arquivos para aquele servidor.

O que irei fazer? Não sei. Dar um tempo, com certeza. E obviamente, por absoluta falta de tempo e de paciência, não tenho como respostar os links, assim como aconteceu com o MegaUpload e com o Rapidshare.

Abraços a todos e obrigado pelo tempo que os senhores dedicaram às minhas pretensiosas e mal escritas linhas.

Frederik Chopin – Complete Edition – CDs 9 e 10 de 17 – Polonaises


Enquanto preparava mais esta postagem, e aproveitava para ouvir estes cds também, tentei me lembrar de quando foi que ouvi a Polonaise nº1 e a em Lá Bemol pela primeira vez. Adentrando nas brumas do tempo, o que vem em mente é uma daquelas vitrolas pequenas, fáceis de carregar de um lado para outro. E também um LP de capa amarela. Creio que fazia parte de uma coleção da Editora Abril, Mestres da Música, ou algo assim. Mas como desde pequeno me ligava nestas questões de interpretação, lembro perfeitamente do nome do pianista: Peter Frankl. Ouvi aquele LP à exaustão. Não sei como foi parar lá em casa, talvez até mesmo minha mãe o tenha comprado. Meu pai não se ligava muito nestas questões de música. Mas nunca esqueço dos acordes iniciais da Polonaise nº1. Povoavam a imaginação fértil de uma criança de pouco mais de 10 anos de idade, vivendo em uma pequena cidade do interior, que tinha apenas uma loja de discos, loja essa que vendia apenas discos de música sertaneja, ou caipira. Nomes como Teixeirinha e Meri Terezinha, Mazaropi, José Rico e Milionário, entre tantos outros, enchiam as prateleiras da loja, e a vitrine da mesma, com umas capas medonhas. De vez em quando, em um cantinho escondido, encontravamos LPs de música clássica, ou até mesmo de rock.

É com estas lembranças em mente que trago mais um volume da Complete Edition de Chopin, da poderosa gravadora Deutsche Grammophon, lembrando das dificuldades de acesso a este material para quem vivia no interior. O intérprete desta vez é o imenso Maurizio Pollini, o ídolo do PQP. Gigante dos teclados, sem dúvida, nestas gravações das Polonaises fez um trabalho excepcional, para variar. Ah, e para ficar melhor, ainda temos a visceral Martha Argerich, também sensacional neste repertório e o para mim até então desconhecido Anatol Ugorski. Resumindo: o cerebral Pollini toca as mais célebres Polonaises, a visceral Argerich se encarrega da “Grande Polonaise Brillante”, e vindo diretamente das geladas estepes siberianas, Anatol Ugorski tenta esquentar um pouco mais este volume, tocando polonaises desconhecidas, com opus póstumos.
Pois então continuemos a nos enredar no complexo labirinto da música de Chopin.

CD 1
1 Polonaise in C# minor Op.26 No.1 – Allegro appassionato
2 Polonaise in Eb minor Op.26 No.2 – Maestoso
3 Polonaise in A Op.40 No.1 – Allegro con brio
4 Polonaise in C minor Op.40 No.2 – Allegro maestoso
5 Polonaise in F# minor Op.44 – Tempo di polacca – doppio movimento, tempo di M
6 Polonaise in Ab Op.53 – Maestoso
7 Polonaise in Ab Op.61 – Allegro maestoso

CD 2
1 Andante Spianato,Op.22-In Eb
Martha Argerich – Piano

2 Grande Polonaise,Op.22-In Eb-Allegro moderato
3 Polonaises,Op.71-No.1 in Dm
4 Polonaises,Op.71-No.2 in Bb
5 Polonaises,Op.71-No.3 in Fm
6 Polonaise,[KK1188-1189]-In Bbm-=Adieu=
7 Polonaise,[KK1197-1200]-In Gb
8 Polonaise,[KK889]-In Gm
9 Polonaise,[KK1182-1183]-In Bb
10 Polonaise,[KK1184]-In Ab
11 Polonaise,[KK1185-1187]-In G#m-Moderato
12 Bourrées,[KK1403]-No.1 in Gm
13 Bourrées,[KK1404]-No.2 in A
14 Galop Marquis,[KK1240a]-In Ab
15 Album Leaf,[KK1240]-In E-Moderato
16 Cantabile,[KK1230]-In Bb
17 Fugue,[KK1242]-In Am
18 Largo,[KK1229]-In Eb

Anatol Ugorski – Piano

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CD 2 – Baixe Aqui – Download Here

FDPBach

Elomar Figueira Mello (1937): Na Quadrada das Águas Perdidas (1978)

Com esta postagem do trovador renascentista do sertão baiano sinto que completo um ciclo de explorações sobre “o clássico fora do clássico” – ciclo que incluiu a kora ou harpa africana de Toumani Diabaté, as elaborações de cantos indígenas de Marlui Miranda, um balé instrumental de Gilberto Gil, os grupos instrumentais Quinteto Armorial e Uakti.

Não se trata do mesmo conceito das postagens usualmente rotuladas como “interlúdio” neste blog, que incluem jazz, blues, algumas coisas da chamada MPB – coisas que a maior parte de nós sente, mesmo sem saber explicar por quê, serem uma outra arte, como que paralela ao “clássico”, embora não necessariamente de menor valor ou grandeza. E é do mesmo modo difícil de explicar que sinto que certas coisas deveriam ser reconhecidas como propriamente clássicas, embora venham de ou por fora fora da linhagem europeia a que se costuma atribuir a palavra.

A ideia de postar Elomar nesta série é antiga, mas – confesso – eu vinha adiando por medo de escrever sobre ele, cuja arte ao mesmo tempo me encanta e perturba, causa uma estranheza inquietante. Mas hoje, ao atender um pedido de revalidação do link do disco “Música Renascentista para Alaúdes, Vielas e Bandurra”, senti que não podia deixar passar a oportunidade: ouçam os dois discos, e acredito que “ouverão” que não foi sem razões sonoras que liguei Elomar ao rótulo “renascentista”.

Nem sem razões históricas que o liguei ao rótulo “trovador”: sugiro uma visita à sua página oficial e (mais rápido) uma lida na sua biografia na Wikipedia, de onde destaco: “Elomar, assim como Glauber Rocha e [seu primo] Xangai, é descendente direto do bandeirante e sertanista João Gonçalves da Costa, fundador em 1783 do Arraial da Conquista, hoje a cidade de Vitória da Conquista”. Além disso, embora formado em Arquitetura na UFBA – justo no período em que esta fez de Salvador um dos maiores polos de efervescência cultural do país – nosso artista sempre deu preferência a viver em uma ou outra das três fazendas que herdou.

Ou seja, engana-se quem o liga à palavra “menestrel” – na Idade Média e Renascença um cantador e entertainer pertencente às classes populares, geralmente itinerante: Elomar vincula-se literalmente à tradição dos trovadores, sempre “filhos de algo” (isto é: nobres, proprietários de terras) com condições de estudar e se dedicarem a experimentações artísticas sem preocupações de sobreviver disso. E seu uso da linguagem sertaneja não tem nada de brotação espontânea: trata-se de um projeto artístico-intelectual tanto quanto o de Guimarães Rosa.

Por favor: com isto não estou nem valorizando nem depreciando a arte e a pessoa de Elomar: estou apenas caracterizando, e isso numa dimensão que nada tem a ver com valor ou desvalor!

Termino com uma observação musical e uma literária facilitadas pela marcante canção “Arrumação” – tão marcante, aliás, que acrescentei no final mais três versões, além da original que constitui a faixa 5 do disco (sendo que a releitura pelo próprio Elomar, com coral, me parece a menos brilhante das três – aproveitando ainda pra confessar que não gosto muito das duas primeiras faixas do disco e peguei o hábito de começar a ouvir pela terceira – mas isso vai naturalmente do gosto de cada um!).

A observação musical: começo a suspeitar que boa parte da estranha pungência melódica de Elomar deriva do seu frequente uso da escala menor melódica, cujos 6º e 7º graus têm caráter de escala maior nas frases ascendentes e de menor nas descendentes – um recurso técnico do qual também Bach extraía efeitos de pungência.

A literária: não se confunda esta exploração literária do dialeto sertanejo por um estudado com um certo “fazer gênero ‘povo’ falando ‘errado'” – pois, antes de mais nada, quem estudou mesmo sabe que não há propriamente “errado” em línguas. Mas a coisa aqui vai além das variantes de classe social: está-se lidando com um falar que descende de um português migrado para o Brasil antes da codificação clássica da língua. Quem estudou um pouco de linguística românica sabe que há bem umas duas dezenas de falares derivados do latim além dos cinco oficializados como idiomas nacionais. E porque cargas d’água é chique quando um francês chama de ail (pronúncia “ái”) o tempero que em latim se chamava allium, e seria errado quando mãe Prudença pede a sua neta Jusefina “vai cuiê u ái, ái de tua vó”?

Pra mim, pelo menos, o que é é arrepiantemente belo.
E deixo vocês com Elomar.

Elomar Figueira Mello: NA QUADRADA DAS ÁGUAS PERDIDAS
LP duplo, 1978

1. A Meu Deus Um Canto Novo
2. Na Quadrada Das Aguas Perdidas
3. A Pergunta
4. Arrumacao
5. Deseranca
6. Chula No Terreiro
7. Campo Branco
8. Parcelada
9. Estrela Maga Dos Ciganos
10. Função
11. Noite De Santo Reis
12. Cantoria Pastoral
13. O Rapto De Joana Do Tarugo
14. Canto De Guerreiro Mongoio
15. Clariô
16. Bespa
17. Dassanta
18. Curvas Do Rio
19. Tirana
20. Puluxias
EXTRAS:
21. Arrumação – versão de 1989 (Elomar em Concerto)
22. Arrumação – versão de 1988 com Francisco Affa (Cantoria 2)
23. Arrumação – realização instrumental do grupo Uakti, 1996

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Ranulfus

Johann Nepomuk Hummel (1778-1837): Sonatas para Piano

Imaginem um mundo ainda pior do que o nosso, um mundo onde Haydn (1732), Mozart (1756) e Beethoven (1770) tivessem sucumbido à alta mortalidade infantil de suas épocas. Bem, neste caso, Hummel seria muito famoso. OK, você, que é inteligente, dirá que se o trio fundamental acima não tivesse produzido nada, o Hummel que ouvimos seria outro, pois ele foi formado por Haydn e Mozart e foi contemporâneo de Beethoven. Concordo e peço que não levem tão a sério minha ficção. O que desejo dizer é que Hummel é um sub-Beethoven que não merece o pouco caso que nossa época dá a ele. Tudo porque ele é MUITO BOM.

Estas sonatas para piano gravadas por Stephen Hough para a sensacional Hyperion deveriam fazer parte do repertório usual de pianistas que tocam obras do período clássico. Peço a vocês que confiram. Se as sonatas de Hummel não superam as de Mozart e Beethoven, deixam longe as de Haydn e as de quase todos os compositores do período.

Ah, não acreditam? Então ouçam. BAITA CD.

Johann Nepomuk Hummel (1778-1837): Sonatas para Piano

Piano Sonata in F sharp minor, Op 81
1. Allegro
2. Largo Con Molt’espressione
3. Vivace

Piano Sonata in D major, Op 106
4. Allegro Moderato, Ma Risoluto
5. Un Scherzo All’antico: Allegro, Ma Non Troppo
6. Larghetto A Capriccio
7. Allegro Vivace

Piano Sonata in F minor, Op 20
8. Allegro Moderato
9. Adagio Maestoso
10. Presto

Stephen Hough, piano

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PQP

Krzysztof Penderecki (1933-) – Concerto for cello and orchestra No. 1 , Concerto for cello and orchestra No. 2 e Concerto for viola and chamber orchestra

“Hoje cedo eu e PQP estabelecemos um rapido diálogo sobre o sábado mais polaco da história do PQP Bach. Já que apareceram Chopin e Szymanovsky, decidi postar um outro polonês da pesada – Penderecki. Acredito que Penderecki seja um dos compositores vivos mais renomados da atualidade. Esse respeito não se deve a aspectos gratuitos, mas a uma qualidade não encontrável em muitos compositores contempôraneos. Fiquei impressionado com a qualidade desse CD. Traz os dois concertos para cello e o concerto para viola e orquestra de câmera. É notável como o compositor polônes consegue produzir um tipo de música pessimista, com cintilações macabras; como se uma esponja estivesse apagando o céu; como se unhas invisíveis estivessem dilacerando os nossos ouvidos. É o que senti, por exemplo, quando estava ouvindo o concerto no. 1 para Cello. Olhe, esse é um dos melhores Cds que postei nos últimos tempos. Exige audácia e um entusiasmo blindado para quem quiser ouvi-lo. Não deixe de ouvir. Uma aboa apreciação!

Krzysztof Penderecki (1933-) – Concerto for cello and orchestra No. 1 , Concerto for cello and orchestra No. 2 e Concerto for viola and chamber orchestra

Concerto for cello and orchestra No. 1 (1967_1972)
01. Concerto for cello and orchestra No. 1

Concerto for cello and orchestra No. 2 (1982)

02. Concerto for cello and orchestra No. 2

Concerto for viola and chamber orchestra (1983)
03. Concerto for viola and chamber orchestra

Sinfonia Varsovia
Krzysztof Penderecki, regente
Arto Noras, cello

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Carlinus

Karol Szymanowski (1882-1937): obras sinfônico-corais: Stabat Mater, Deméter, Litanias à Virgem, Sinfonia 3 [REVALIDADO]

PARA COMPLETAR A INVASÃO POLONESA AO BLOG NESTE SÁBADO! (Postagem original 31.05.2010)

Começo este post do polaco Szymanowski falando de samba – e nem é porque considero ‘As Rosas Não Falam’ um finíssimo prelúdio de Chopin tropicalizado, e sim devido à genial análise do sentido do samba feita por Caetano Veloso e Gilberto Gil em 1993: ‘o samba é pai do prazer / o samba é filho da dor / o samba é o grande poder / transforma-dor’.

E aí? Aí que, antes de mais nada, considero essas palavras uma teoria da arte em geral, e não apenas do samba. Segundo, que tratamos aqui de um polonês – ou seja, membro de um povo que (perdoem se generalizo, mas…) desenvolveu a arte de extrair sensações orgásticas do pranto – e não um pranto de lagriminha discreta, não, mas de irrigar plantações…

Verdade que não será essa a sensação de quem começar a audição pela 3.ª Sinfonia – a “Canção da Noite”, baseada em textos do poeta e místico persa Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī (1207-1273 – bendita Wikipedia!) – peça de 1914-16 que sinceramente me soa pouco pessoal, afim demais ao Zarathustra composto por Richard Strauss 20 anos antes. E, acreditem: soa sóbria. Mas esperem só chegar o Stabat Mater…

Stabat Mater é um poema em latim medieval, derivado inteiro da seguinte cena “Estava a mãe cheia de dor, / cheia de lágrimas, junto á cruz / de onde pendia seu filho” – e que chega lá pelas tantas à súplica: “Ó virgem das virgens, ilustre, não sejas dura ou pão-dura comigo (amara ou avara, discute-se): concede-me que chore contigo”. Querem prato mais cheio para um polonês – ainda por cima, ao que parece, com fixação pela mãe?

Mas não estou ridicularizando o poema nem a música! Não comecei falando do poder transforma-dor? Tenho essa obra entre as mais belas do século 20, não só em emoção mas também em invenção: combinando partes vocais neo-modais com partes orquestrais muitas vezes de extrema dissonância, consegue o milagre de fundir sentimentos de devoção mística autêntica e de experiência moderna também autêntica numa só voz, e desta vez uma voz pessoal. (Digo-o em contraste com a Sinfonia, à qual o Stabat Mater é uns 10 anos posterior).

Só não espere, quem está acostumado, reconhecer as palavras rimadas em latim: o texto – como nas demais peças do disco – está em polonês (mas se você quer acompanhar pelo poema latino, que também se encaixa na música, você acha aqui).

As outras duas peças são mais breves, embora não sem peso – nem sem mãe: as Litanias à Virgem Maria (1930-33, de linguagem mais afim à do Stabat Mater), e a cantata Deméter, um dos nomes gregos para Terra-Mãe – cujo mito também envolve perda de mãe, desta vez de uma filha, e ressurreição. Composta em 1917, a linguagem ainda é próxima da Sinfonia, embora os solos já pareçam anunciar o que virá depois. E bom proveito!

Szymanowski: obras sinfônico-corais: Stabat Mater, Deméter, Litanias à Virgem, Sinfonia 3

Sinfonia n.º 3, “Canção da Noite”, op.27 (1914-16)
sobre textos do poeta persa Jalal ad-Din Rumi

01 I. Moderato assai (O, nie spij, druhu, nocy tej!)
02 II. Vivace, scherzando
03 III. III. Largo (Jak cicho. Inni spia…)

Solista: Wieslaw Ochman – Coro da Rádio Polonesa de Krakow
Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio Polonesa
Regência: Jerzy Semkow

04 Litanias à Virgem Maria, op. 59 (1930-33)
Dois fragmentos para soprano, coro feminino e orquestra
Solista: Jadwiga Gadulanka
Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio Polonesa
Regência: Antoni Wit

05 Deméter, op.37b (1917)
Cantata para contralto, coro feminino e orquestra
sobre textos de Z. Szymanowska
Solista: Jadwiga Rappé
Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio Polonesa
Regência: Antoni Wit

Stabat Mater op. 53 (1925-26)
para solistas, coro misto e orquestra

06 I. Stala Matka bolejaca (Stabat Mater dolorosa)
07 II. I któz widzac tak cierpiaca (Quis est homo qui non fleret)
08 III. O Matko, zródlo wszechmilosci (Eia Mater, fons amoris)
09 IV. Spraw, niech placze z Toba razem (Fac me tecum pie flere)
10 V. Panno slodka racz mozolem (Virgo virginum praeclara)
11 VI. Chrystus niech mi bedzie grodem (Christe, cum sit hinc exire)

Solistas: Jadwiga Gadulanka, Jadwiga Rappé, Andrzej Hiolski
Coro da Rádio Polonesa de Krakow
Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio Polonesa
Regência: Antoni Wit

. . . . . . BAIXE AQUI – download here (Rapidshare)

Ranulfus

Fréderic Chopin (1810-1839) – Complete Edition – CDs 7 e 8 de 17 – Nocturnes – Daniel Baremboim

Os Noturnos devem ser as peças mais intimistas da obra de Chopin. É um mergulho no subconsciente do ouvinte, quando aquelas notas o atingem com mais veemência, ainda mais se a pessoa se encontra naquela fase da vida em que resolve fazer um checkup de tudo o que passou até então, uma sessão de psicanálise sem precisar procurar um profissional na área.
Esta gravação de Baremboim é muito boa, que mostra um intérprete seguro, conhecedor dos mistérios destas peças. Mas não diria que é a melhor das gravações do mercado. Nem preciso dizer que meu ídolo sempre será Rubinstein, mas recentemente tivemos uma excelente gravação do nosso brasileiríssimo Nelson Freire, já postada aqui no blog. Lembro também que esta gravação do Baremboim foi realizada em 1982, ou seja, creio que mais cedo ou mais tarde, o pianista deva lançar uma nova versão, mais madura, assim como o fez com os Concertos para Piano do mesmo Chopin.

CD 1

1 Nocturnes Op.9 No.1, N. in B flat minor_ Larghetto
2 Nocturnes Op.9 No.2, N. in E flat major_ Andante
3 Nocturnes Op.9 No.3, N. in B major_ Alegretto
4 Nocturnes Op.15 No.1, N. in F major_ Andante cantabile
5 Nocturnes Op.15 No.2, N. in F sharp major_ Largheto
6 Nocturnes Op.15 No.3, N. in G minor_ Lento
7 Nocturnes Op.27 No.1, N. in C sharp minor_ Largheto
8 Nocturnes Op.27 No.2, N. in D flat major_ Lento sostenuto
9 Nocturnes Op.32 No.1, N. in B major_ Andante sostenuto
10 Nocturnes Op.32 No.2, N. in A flat major_ Lento
11 Nocturnes Op.37 No.1, N. in G minor_ Andante sostenuto

CD 2

1 Nocturne in G major Op.37 No.2_ Andantino
2 Nocturne in C minor Op.48 No.1_ Lento
3 Nocturne in F sharp minor Op.48 No.2_ Andantino
4 Nocturne in F minor Op.55 No.1_ Andante
5 Nocturne in E flat major Op.55 No._ Lento sostenut
6 Nocturne in B major Op.62 No.1_ Andante
7 Nocturne in E major Op.62 No.2_ Lento
8 Nocturne in E minor Op.posth.72 No.1_ Andante
9 Nocturne in C sharp minor Op.posth.
10 Nocturne in C minor Op.posth.

Daniel Baremboim – Piano

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FDPBach

Karol Szymanowski (1882-1937): Sinfonias Nº 2 e 3 / Béla Bartók (1881-1945): Two Pictures

As Two Pictures, de Béla Bartók, que fecham este CD, são obras orquestrais da juventude do compositor. Datam do período em que o compositor se familiarizava com a música de Claude Debussy. O anacronismo deste trabalho fez que Two Pictures fosse a obra orquestral mais executada durante sua vida. Hoje, a lembrança da descoberta de Debussy por Bartók está esquecido. Não esqueçam que o regente deste CD, o grande Antal Doráti (1906 – 1988), foi aluno de Bartók. Sim, BB fora seu professor de piano na Hungria.

E voltamos ao polonês Chima, como disse o Ranulfus. Apesar da insistência das gravadoras com suas sinfonias, tenho certeza de que o filé não está nelas e sim em outras obras, como aliás, também disse o Ranulfus. Certa vez, Simon Rattle fez uma curiosa declaração: “Não posso falar sobre Szymanowski de maneira objetiva porque não se pode esperar de um namorado que seja objetivo ou tenha juízo”. Pois é, mas para mim a obra de câmara e o Stabat Mater é que são o centro da obra do Chima. Porém, repito o que disse (ou não, pois não lembro mais…) no post anterior: não sou um grande conhecedor do Chima e estou aqui em trabalho missionário de divulgação.

Karol Szymanowski (1882-1937):
Symphony No. 3, Op. 27, “Piesn o nocy” (Song of the Night)
1. I. Moderato assai
2. II. Allegretto tranquillo
3. III. Largo

Symphony No. 2 in B flat major, Op. 19
4. I. Allegro moderato – Grazioso
5. II. Theme: Lento –
6. II. Variation 1: L’istesso tempo –
7. II. Variation 2: L’istesso tempo –
8. II. Variation 3: Scherzando. Molto vivace –
9. II. Variation 4: Tempo di gavotte –
10. II. Variation 5: Tempo di minuetto –
11. II. Variation 6: Vivace e capriccioso –
12. II. Fuga

Béla Bartók (1881-1945):
Two Pictures (Két kép), Op. 10.
13. Viragzas (In Full Flower)
14. A falu tanca (Village Dance)

Ryszard Karczykowski, tenor*
The Kenneth Jewell Chorale (Chorus master: Eric Freudigan)*
Detroit Symphony Orchestra
Antal Doráti, conductor

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PQP

Karol Szymanowski (1882-1937): Symphony No. 3, 'Song of the Night' / Violin Concerto No. 1

Devo dizer que gosto de algumas coisas de Szyma, mas não sou um apaixonado. Este CD abre muito bem com o Concerto Nº 1 para violino e orquestra, mas logo depois vem aquilo que detesto: aquele êxtase contínuo de violinos tocando melodias semelhantes às dos filmes mudos de Eisenstein.  Aquela coisa de tentar prolongar o orgasmo por vários minutos me acaba me enchendo o saco em vez de esvaziá-lo.

Bem, mas eu tentei. Peguei uma gravação ultra-premiada do Boulez para ver se não me trancava na garganta, mas não adiantou. Tive de empurrar com um tinto. Mas é um CD que deve ser indispensável para quem gosta. Não os censuro. E bola pra frente!

Karol Szymanowski (1882-1937) : Symphony No. 3, ‘Song of the Night’ / Violin Concerto No. 1

1. Violin Concerto No. 1, Op. 35, M37: Vivace assai
2. Violin Concerto No. 1, Op. 35, M37: Cadenza – Allegro assai
3. Symphony No. 3 (‘The Song of the Night’), Op. 27, M36: Moderato assai
4. Symphony No. 3 (‘The Song of the Night’), Op. 27, M36: Allegretto tranquillo
5. Symphony No. 3 (‘The Song of the Night’), Op. 27, M36: Largo

Christian Tetzlaff, violino
Vienna Philharmonic Orchestra
Pierre Boulez

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PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Piano Completas

Sim, voltei às postagens épicas, ao menos hoje. Aqui estão as nove Sonatas para Piano de Prokofiev. Há mais alguns fragmentos aqui e ali, mas completas há nove. O cidadão Yefim Bronfman, um usbeque que emigrou para Israel durante a adolescência, leva bem a coisa, mas não é muito inteligente colocá-lo ao lado de Maurizio Pollini ou de Grigory Sokolov (abaixo, no Precipitato da Sonata Nº 7). Na minha opinião, as primeiras quatro sonatas são fracas, mas depois a coisa toma forma absolutamente única e incontornável. Um bom domingo para todos os pequepianos.

Prokofiev (1891-1953: Sonatas para Piano Completas

Piano sonata № 1, f-moll Op. 1
1. Allegro

Piano sonata № 2, d-moll Op. 14
2. Allegro ma non troppo
3. Scherzo, allegro marcato
4. Andante
5. Vivace

Piano sonata № 3, a-moll Op. 28
6. Allegro tempestoso

Piano sonata № 4, c-moll Op. 29
7. Allegro molto sostenuto
8. Andante assai
9. Allegro con brio, ma non leggiero

Piano sonata № 5, C-dur Op. 38
1. Allegro tranquillo
2. Andantino
3. Un poco allegretto

Piano sonata № 6, A-dur Op. 82
4. Allegro moderato
5. Allegretto
6. Tempo di valzer
7. Vivace

Piano sonata № 7, B-dur Op. 83
8. Allegro inquieto
9. Andante caloroso
10. Precipitato

Piano sonata № 8, B-dur Op. 84
1. Andante dolce
2. Andante sognando
3. Vivace

Piano sonata № 9, C-dur Op.103
4. Allegretto
5. Allegro strepitoso
6. Andante tranquillo
8. Allegro con brio, ma non troppo presto

Yefim Bronfman, piano

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PQP

.: interlúdio :. Clube da Esquina, 40 anos

Já publicamos o Led Zeppelin I em 2009, quando completou 40 anos. Depois foi a vez dos afro-sambas. Dia desses postei o ConSertão. Não há motivo para o povo pequepiano não comemorar a quarta década do Clube da Esquina 1. É obra de alto nível que merece ser conhecida, ouvida e reouvida.

Mais detalhes, aqui.

Clube da Esquina (1972) — Milton Nascimento & Lô Borges

Lado Um
  1. “Tudo Que Você Podia Ser” (Lô Borges, Márcio Borges) – 2:56
    Interpretação: Milton Nascimento
  2. “Cais” (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 2:45
    Interpretação: Milton Nascimento
  3. “O Trem Azul” (Lô Borges, Ronaldo Bastos) – 4:05
    Interpretação: Lô Borges
  4. “Saídas e Bandeiras nº 1” (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 0:45
    Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
  5. “Nuvem Cigana” (Lô Borges, Ronaldo Bastos) – 3:00
    Interpretação: Milton Nascimento
  6. “Cravo e Canela” (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 2:32
    Interpretação: Lô Borges e Milton Nascimento
Lado Dois
  1. “Dos Cruces” (Carmelo Larrea) – 5:22
    Interpretação: Milton Nascimento
  2. “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” (Lô Borges, Márcio Borges) – 4:13
    Interpretação: Lô Borges
  3. “San Vicente” (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 2:47
    Interpretação: Milton Nascimento
  4. “Estrelas” (Lô Borges, Márcio Borges) – 0:29
    Interpretação: Lô Borges
  5. “Clube da Esquina nº 2” (Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges) – 3:39
    Interpretação: Milton Nascimento
Lado Três
  1. “Paisagem da Janela” (Lô Borges, Fernando Brant) – 2:58
    Interpretação: Lô Borges
  2. “Me Deixa em Paz” (Monsueto, Ayrton Amorim) – 3:06
    Interpretação: Alaíde Costa e Milton Nascimento
  3. “Os Povos” (Milton Nascimento, Márcio Borges) – 4:31
    Interpretação: Milton Nascimento
  4. “Saídas e Bandeiras nº 2” (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 1:31
    Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
  5. “Um Gosto de Sol” (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 4:21
    Interpretação: Milton Nascimento
Lado Quatro
  1. “Pelo Amor de Deus” (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 2:06
    Interpretação: Milton Nascimento
  2. “Lilia” (Milton Nascimento) – 2:34
    Interpretação: Milton Nascimento
  3. “Trem de Doido” (Lô Borges, Márcio Borges) – 3:58
    Interpretação: Lô Borges
  4. “Nada Será Como Antes” (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – 3:24
    Interpretação: Beto Guedes e Milton Nascimento
  5. “Ao Que Vai Nascer” (Milton Nascimento, Fernando Brant) – 3:21
    Interpretação: Milton Nascimento

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PQP

.: interlúdio :. Cannonball Adderley: Jazz Workshop Revisited

(Link revalidado pelo PQP, que uiva de saudades do Blue dog, o cão pulguento e marginal).

1955. Um professor de música sai da Flórida para Nova Iorque, para continuar seus estudos.

1955, ano que a educação perde um grande mestre para o jazz.

Fascinado e com tenacidade, Julian Adderley resolve montar seu próprio quinteto. Contando com o apoio (tanto de incentivo como na banda) de seu irmão Nat, passa a freqüentar fervilhantes noites em clubs onde seria destacado pela sua leitura mais relaxada do bebop, mais ‘funky’, mais intimista e divertida.

O quinteto, no entanto, não é sucesso – principalmente numa cena dominada pelo hard bop. Ele subsiste até que Coltrane saia (temporariamente) do grupo de Miles Davis, quando então este elenca como substituto o promissor Cannonball Aderley. A dupla gravaria cinco discos numa das maiores formações do jazz, em Milestones, Miles & Monk at Newport, Jazz at the Plaza, Porgy and Bess e Kind of Blue.

Cannonball ganhou notoriedade na Big Apple com uma gravação de “This Here”, em 1955, no mesmo Jazz Workshop. Com Miles, desenvolveu sua técnica e tornou-se um músico superior. Ao sair do quinteto gravou com Coltrane e Bill Evans, reativou seu grupo (agora um sexteto) em 1960, estabeleceu-se como maior expoente do soul jazz e voltou ao clube onde surgiu – nas noites de 22 e 23 de setembro de 1962 – para gravar o disco deste post.

Soul jazz: bop e hard bop, mas com ênfase na melodia e no swing. Mais relax, como o imenso carisma de Adderley sugeria – e se pode notar nas conversas que tem com o público, e nos gritos de incentivo à banda durante os solos. Cannonball, corruptela de “cannibal” porque comia muito e tinha porte avantajado (que manteve), gosta de ser técnico como Davis e de balançar como Duke Ellington. Morreu antes dos 50 anos, em 1975, de ataque cardíaco. Sua música vive bem mais: é alegre e upbeat sem fazer concessões à complexidade. Também por isso atingiu tantas camadas de público; tinha a alma da músia negra, celebrativa e convidativa. No final da gravação, Cannonball se despede do público pedindo desculpas, entre gritos de que não saia do palco.

Ainda não saiu.

Cannonball Adderley: Jazz Workshop Revisited (320)

Cannonball Adderley: alto sax
Nat Adderley: cornet
Yusef Lateef: tenor saxophone, flute, oboe (“and etc”)
Joe Zawinul: piano
Sam Jones: double bass
Louis Hayes: drums

Produzido por Orrin Keepnews para a Riverside

01 Opening Comment 0’51
02 Primitivo (Cannonball Adderley) 9’11
03 Jessica Day (Quincy Jones) 6’29
04 Marney (Donald Byrd) 6’52
05 A Few Words… 0’13
06 Unit 7 (Sam Jones) 9’02
07 Another Few Words 0’26
08 The Jive Samba (Nat Adderley) 10’59
09 Lillie (Sam Jones) 4’43
10 Mellow Buno (Yusef Lateef) 6’00
11 Time To Go Now – Really! 0’36

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Blue dog