Mateus Alves (1982) – Música de Câmara e Orquestral [link atualizado 2017]

MAS É MUITO BOM!

Vem de Pernambuco o autor que vos apresentamos hoje, fazendo sua avant-première aqui no P.Q.P. Bach: Mateus Alves, jovem contrabaixista e promissor compositor da terra que nos deu Gilberto Freire e que encantou e acolheu nomes como Clóvis Pereira, Cussy de Almeida e Guerra Peixe. Bom, não é de se espantar: já faz um bom tempo que os estados vizinhos de Pernambuco e Paraíba são dois pólos de vanguarda da música erudita brasileira…
E Mateus Alves faz uma música leve, interessante, de sons longos, mas límpidos. Não tem medo de flertar com atonalismos e de, vez por outra, deixar-se tomar por rastros do Armorial, ainda muito presente na música de seu Estado e dos grandes compositores que estuda e com quem convive (que dádiva!). Não é música simples, e é possível que vocês nem gostem na primeira audição. Há que se esperar o ouvido se acostumar, ouvir novamente: Alves nos brinda com inesperadas continuidades; nos brinda, em suma, com o novo, com juventude!

Nem vou tomar mais o tempo de vocês, pois tem gente muito mais gabaritada que se debruça sobre as obras desse jovem que aqui apresentamos:
Não dis­por das lin­has de um pen­ta­grama para con­ce­ber algo lin­ear. Essa foi a mola-mestra de Mateus Alves ao com­por as três primeiras obras do pre­sente álbum, um inco­mum CD de Música de Con­certo Con­tem­porânea lançado em Per­nam­buco, que veio para estim­u­lar out­ros com­pos­i­tores eru­di­tos do estado, jovens e vet­er­a­nos, a divul­garem fono­grafi­ca­mente sua pro­dução, e cuja capa mate­ri­al­iza a metá­fora que guiou seu processo criativo.
Nas três primeiras peças citadas — exe­cu­tadas por músi­cos da Orques­tra Sin­fônica Jovem do Con­ser­vatório Per­nam­bu­cano de Música -, em que são tra­bal­ha­dos tec­ni­ca­mente e em sep­a­rado os naipes da orques­tra sin­fônica (exceto a per­cussão), Mateus frag­menta o dis­curso musi­cal e o dire­ciona de forma não pre­visível, criando uma espé­cie de cama de gato com os sons dos instru­men­tos e des­fazendo os desen­hos da corda tão logo lhe con­venha (cama de gato é aquela brin­cadeira infan­til con­hecida tam­bém como jogo do bar­bante). Às vezes, o entre­laça­mento dá lugar ao impro­viso, influên­cia declar­ada do jazz, como no quin­teto de madeiras e no quar­teto de cor­das. O Quin­teto de Madeiras No 1, que teve seu primeiro movi­mento exe­cu­tado pelo Quin­teto Villa-Lobos num work­shop no Recife, con­cede um breve momento, em espe­cial, para o uso de téc­ni­cas expandi­das em sua seção impro­visatória, no segundo movimento.
Já o “lado B” do CD, ocu­pado por “As Duas Estações Nordes­ti­nas”, toma rumo diverso da lin­guagem bus­cada pelo com­pos­i­tor no “lado A” a fim de prestar trib­uto a Clóvis Pereira, expoente vivo da música per­nam­bu­cana. Esta suíte orques­tral, objeto da mono­grafia de Mateus Alves na Uni­ver­si­dade Fed­eral de Per­nam­buco e super­vi­sion­ada por dois desta­ca­dos com­pos­i­tores nordes­ti­nos (Dier­son Tor­res e Eli-Eri Moura), segue influên­cia direta, mas não total, do Movi­mento Armo­r­ial. A peça foi escrita para a Orques­tra Sin­fônica Jovem do Con­ser­vatório Per­nam­bu­cano de Música, respon­sável pela primeira exe­cução da obra (reg­istrada no álbum), e que reúne músi­cos de todas as regiões do estado, inclu­sive o próprio com­pos­i­tor — agora ex-contrabaixista da orquestra.(Car­los Eduardo Ama­ral, jor­nal­ista e crítico musical)

Mateus Alves
Música de Câmara e Orquestral

Quinteto de Madeiras N° 1 (Granola)
1.  I – Lento melanconico (Leite [Milk])
2. II – Allegro giocoso, Lentissimo misterioso, Improvvisato (Azedo [Sour])
3. III – Andante dolce (Acucar [Sugar])
Quarteto de Metais
4. I – Adagio
Quarteto de Cordas N° 1
5. I – Andante espressivo, Adagio doloroso
6. II – Allegro agitato, Improvvisato, Andante espressivo
As Duas Estações Nordestinas
7. I. Chuva
8. II. Sol

Confira o trabalho do compositor em seu site oficial: www.mateusalves.net 
(Todas as peças estão disponíveis para download lá)
Mas, se quiser tudo de uma vez, BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (34Mb)
https://1drv.ms/u/s!Aj7AlViriTxyhQEw77l8D-OkR14R

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“Ôxe! O rapaz aí tem futuro…”

Bisnaga

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  1. Meu conterrâneo e eu fui apresentado a ele por Bisnaga. É fogo.
    E a foto de Bach pai com a legenda me fez rir tão alto aqui no trabalho que até o chefe veio ver o que foi.
    Valeu Bisnaga. Estou baixando, e assim que ouvir, volto e comento.

  2. Pô… fui me atrever a ouvir este nosso “patrício” logo após a 7ª de Beethoven… cara, foi louco!! Gostei e creio que gostarei cada vez mais com as próximas audições. E especialmente “As duas estações nordestinas” me chamaram atenção.

    Já estou fã do rapaz! 🙂

  3. E que futuro! Só de ouvir a primeira faixa já gostei de cara. É que nem todo mundo tem paciência para músicas, digamos, meio “paradas”, que parecem ficar o tempo inteiro naquela mesma coisa. Por isso é que nem todo mundo gosta de música erudita, porque acha uma coisa monótona, demorada, etc. Mas nem seja por isso! Mesmo uma música monótona pode ser legal.
    Se bem que esse Mateus Alves, apesar de construir uma música bem interessante, brinca demais. E parece não variar o tom, só constrói. Acho que, se ele tentasse seguir um estilo parecido com o de Stravinsky, Shostakovich, ou mesmo mesclando com o dos compositores mais clássicos, talvez conseguisse resultados um pouco melhores. Bem, não sei se tô falando besteira, mas vale a pena ouvir. Abraço.

    1. Calma, Vanderson… O rapaz tá começando. Tenho certeza que vem muita coisa por aí e, com certeza, o processo composístico vai se alterando e se aperfeiçoando com o tempo.

  4. muito bom. gostei tanto que entrei no site dele e la se encontra o mesmo CD com qualidade melhor.
    mais um grande post, e mais um músico brasileiro que conheço aqui pelo blog.
    alias, minha cultura musical está nas mãos deste blog aqui faz um bom tempo.

    acho que a gravação e execução talvez não tenham ajudado muito.
    mas mesmo assim gostei muito do compositor.

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