Que tal dar os parabéns atrasados ? Parabéns para o Mahler que fez 150 de nascimento: 7 de julho de 1860. Quem imaginava que nos confins da Boêmia estava nascendo um dos maiores compositores da história da música ?
Vamos ao que interessa.
Eu, no âmago da minha boa vontade, e na colaboração do FDP, que me deu um livro falando só das sinfonias de Mahler, eu pretendo postar uma integral das sinfonias de Mahler com a regência de nada mais nada menos que Rafael Kubelik. O livro está em inglês, e eu pedi a um amigo meu que traduzisse. Tudo 0800. O grande problema é que isso vai demorar um pouco e não quero atrasar mais essas homenagens. Enchi o saco de procurar um texto único e decente sobre as sinfonias de Mahler. Separei alguns textos de outros blogs para estas postagens. Eu mesmo gostaria de escrever, mais não disponho de tempo hábil para isso. Esse final de ano meu está uma loucura. Mas novamente vamos ao que interessa.
SINFONIA no.1
Apelido: Titã (oficial)
Tonalidade principal: Ré Maior
Composição: 1884-1888
Revisão: 1893 e 1896
Estréia: Budapeste, 20 de Novembro de 1889 (regência de Mahler)
1a.Publicação: 1899 (Viena, Weinberger)
Instrumentação:
4 flautas (2 alternando com piccolos)
4 oboés (um alternando com corne inglês)
4 clarinetes (Sib, Dó, Mib, La – um altenando com Clarone em Sib)
3 fagotes (um alternando com contrafagote)
7 trompas (8 com ‘reserva’)
4 trompetes (se possível, com reforço no último movimento)
3 trombones
1 tuba
4 tímpanos
Pratos
Triângulo
Tam-tam
Bombo
1 harpa
Quinteto de cordas (violinos I, II, violas, cellos e baixos)
Duração: aprox. 55 minutos
Movimentos:
I- Langsam. Schleppend – Immer sehr gemächlich
II- Kräftig Bewegt
III- Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
IV- Stürmisch bewegt
Programa: O terceiro movimento é uma marcha fúnebre de fina ironia, com o tema da canção folclórica Frère Jacques em modo menor. Descreve o enterro de um caçador, num corteja promovido pelos próprios animais que ele ameaçava.
Comentários: Originalmente concebida para ser um poema sinfônico, em 5 movimentos. Na primeira revisão, ela foi reduzida para 4 e adotada a disposição sinfônica.
( retirado do blog:http://repertoriosinfonico.blogspot.com )
PRIMEIRA SINFONIA
Assim, sua Primeira Sinfonia, nasceu depois de um longo percurso de trabalho e reflexão estética. Conhecida com o subtítulo de Titã, pela inspiração literária de uma novela homônima, a Primeira é, curiosamente, um resumo, um intróito, um prefácio que ao mesmo tempo introduz e resume todo o universo sonoro de Mahler. Poucas sinfonias iniciam num clima de tanta expectativa, tanta juventude e energia: É impossível ouvir alheio às fanfarras triunfantes dos trompetes que explodem na alegria do final, advinda de um tempestuoso conflito (o início do último movimento). Nesta sinfonia está patente o potencial melódico de Mahler (as melodias no cello e na trompa, no primeiro movimento; bem como o magnífico Scherzo dançante), sua fina ironia (o terceiro movimento, paródia musical da canção Frère Jacques), e suas preocupações filosóficas e espirituais (A agonia conflitante do último movimento, que culmina numa explosão de alegria e solenidade).
Sua música reflete com particular maestria todas as facetas de sua personalidade: A busca incessante pelo ideal da beleza, pela harmonia, pela renovação da vida e pela salvação do mundo. Era judeu de nascimento, mas nunca foi praticante. Converteu-se ao catolicismo em 1897, dizem, para poder assumir o posto na Ópera de Viena, mas que, sem dúvida, também por convicções muito pessoais, já que pouco antes disso, havia escrito sua Segunda Sinfonia com o subtítulo ‘A Ressurreição’, com coros no final sobre textos do poeta alemão Klopstock sobre a Ressurreição de Cristo.
**(retirado: http://www.mnemocine.com.br/filipe/mahler.htm )
E por último esse texto retirado das tortas linhas da Wikipédia.
Como costumava fazer com outras obras suas, Mahler revisou a Sinfonia 1, entre os anos de 1893 e 1896. A mudança mais significativa foi retirada de um movimento andante chamado “Blumine”, sobra de uma música incidental que Mahler tinha escrito para Der Trompeter von Säkkingen (1884). Em 1894, depois de três apresentações, Mahler descartou o movimento e só permaneceram as referências a ele no segundo motivo do finale.
O movimento “Blumine” só foi redescoberto em 1966, por Donald Mitchell. Benjamin Britten conduziu a primeira apresentação da Sinfonia 1 com o movimento “Blumine”, desde que ele tinha sido executado pela última vez por Mahler em Aldeburgh. As maiorias das apresentações modernas da sinfonia não incluem o “Blumine”, ainda que seja possível não raramente se deparar com execuções do movimento em separado. De forma análoga, poucas gravações da sinfonia 1 incluem o movimento.
A obra inclui vários temas de um ciclo de canções composto por Mahler entre 1883 e final de 1884 chamado: Lieder Eines fahrenden Gesellen (Canções de um Viajante). Existem influências também de Das klagend Lied (A Canção da Lamentação), completada por Mahler em 1 de Novembro de 1880 para participar de um concurso de 1881 conhecido como Prêmio Beethoven.
A Sinfonia 1 de Mahler é uma sinfonia primaveril, semelhante em alguns aspectos com a Sinfonia 1 de Robert Schumann. Ela não é contudo uma simples descrição visual da natureza. Ela reflete uma natureza sob os inocentes olhos de uma criança, que ao mesmo tempo toma consciência da fragilidade e da morbidez inerentes à condição humana.
Os movimentos
Na sua forma final a sinfonia, cuja duração aproximada é de 55 minutos, é formada por quatro movimentos distribuídos da seguinte forma:
Langsam, schleppend – Devagar, arrastando (~ 16 minutos)
Scherzo, Kraeftig bewegt – Poderosamente agitado (~ 8 minutos)
Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen – Solene e moderado, sem se arrastar (~ 11 minutos)
Stuermisch bewegt – Agitado (~ 20 minutos)
A sinfonia inicia de forma misteriosa no primeiro movimento. Sons do cuco e de outros pássaros, representados musicalmente, anunciam o despertar da natureza e dão fim à tensão e às dúvidas. Um tema lírico segue.
O segundo movimento é um Landler-scherzo, parecido com os landlers de Anton Bruckner e de Haydn.
O terceiro movimento causou uma certa polêmica na época devido a sua aparente bizarrice. Adaptada como marcha fúnebre, é usada de forma paródica uma melodia infantil bastante conhecida, chamada em alguns países de Frère Jacques e em outros de Bruder Martin. A seu respeito Mahler escreveu no programa para os concertos em 1893 e 1894:
A idéia dessa peça veio ao autor por intermédio de uma gravura paródica conhecida por qualquer criança da Alemanha do Sul e intitulada “Os funerais do caçador”. Os animais da floresta acompanham o caixão do caçador morto; lebres empunham uma bandeira; à frente uma trupe de músicos boêmios acompanhados por instrumentistas gatos, corujas e corvos… Cervos, corças e outros habitantes da floresta, de pêlo ou pena, seguem o cortejo com fisionomias afetadas. A peça, com uma atmosfera ora ironicamente alegre, ora inquientante, é seguida de imediato pelo último movimento “d’all Inferno al Paradiso”, expressão súbita de um coração ferido no mais profundo de si…
O silêncio do terceiro movimento é abruptamente interrompido, de forma histérica, pela orquestra no quarto movimento. Conta-se que durante uma das primeiras apresentações da Sinfonia 1, uma senhora espantou-se e derrubou todos os objetos que carregava na mão.
Após alguns minutos a fúria inicial do último movimento é contida e cede lugar a uma melodia lírica. Os temas dos movimentos anteriores são lembrados. Perto do final, ocorre uma nova tempestade sonora, porém, ao contrário do início, que lembrava uma “luta”, agora o sentimento é de “triunfo”. Nesta parte Mahler pede para que os trompetistas da orquestra toquem de pé.
Então é isso.
Gustav Mahler ( 1860 – 1911 ) Sinfonia Nº 01 – Titã – Kubelik – Bavarian Symphonic Orchestra
01 – Langsam, schleppend
02 – Scherzo, Kraeftig bewegt
03 – Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
04 – Stuermisch bewegt
Clique aqui para fazer o download – Megaupload
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Gabriel Clarinet
Tenho esta integral com o Kubelik,mas vou acompanhar as suas postagens, Gabriel. O fato é que os meus arquivos estão em 128 kbps. É indigesto ouvir Mahler com arquivos de tão baixa qualidade. Mahler é bom de ser ouvido de 256 kbps para frente.
Obrigado pelo primeiro post.
Excelente.
Esses 150 anos anos do nascimento de Mahler não devem passar despercebidos de maneira alguma.
Minhas sugestão? Mais canções ou mais sinfonias com a regência de Simon Rattle (ouçam a 8a, é maravilhosa).
Abraços.
Obrigado pela postagem.
Tive a maravilhosa chance de ver, há duas semanas atrás, uma aprensentação da sinfonia aqui no Rio de Janeiro pela Orquestra Filarmônica de Munique regida por Zubin Mehta. Êxtase.
Abraço.
Bruno, eu estava também lá. O concerto foi maravilho. Ainda por cima por combinar Verdi com Mahler. Fiquei quicando de felicidade quando acabou o concerto.
Abraços
Andre0991, aqui do lado tem uma caixinha, de pesquisa.
eis aí o que pedes.
http://pqpbach.opensadorselvagem.org/gustav-mahler-1860-1911-sinfonia-n%C2%BA-4-cd-4-de-14/
http://pqpbach.opensadorselvagem.org/gustav-mahler-1860-1911-sinfonia-n%C2%BA-3-e-os-8-lieder-aus-der-knaben-wunderhorn-cd-2-e-3-de-14/
http://pqpbach.opensadorselvagem.org/gustav-mahler-1860-1911-blumine-e-sinfonia-n%C2%BA-1-cd-1-de-14/
Tudo bem que faltam alguns CD’s mais ainda sim tem umas coisas boas lá.
Abraços
Instrumentos que se alternam – ou que “dobram” – são aqueles que são tocados pelo mesmo instrumentista durante a obra. Na “Titã”, um dos quatro oboístas “dobra” o corne inglês, o que significa que, no meio da obra, ele tem que deixar seu oboé de lado e tocar corne inglês.
Clarone é um clarinete baixo. As tonalidades são especificadas porque o clarinete é um instrumento transpositor, i.e., soa diferente do que está escrito na partitura. Um clarinete afinado em si bemol soa si bemol quando na partitura está anotado dó, por exemplo.
Muito obrigado José Eduardo pela explicação. Mas vale lembrar também, que embora raro, existem clarinetes em: Dó, Lá, Mib e Ré.
Abraços
Aqui o gravura que inspirou o 3o. movimento:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/Schwind_Begraebnis.jpg
Essa aqui também traduz bem o que a música passa, e é possível até “ver” os animais marchando ao ritmo de “Frère Jacques”:
http://web.bf.uni-lj.si/jbozic/muzej/konc12l.jpg
Nossa ”pai ambrosius”, muito obrigado por essa colaboração
Existe um livro sobre esta sinfonia: “Sinfonia Titã, Semântica e Retórica”. Vale bastante pela curiosidade que sinfonia suscita em nós. Há mais referências que a maioria do público sequer imagina. Enquanto o autor, Henrique Lian, ia descrevendo os movimentos, a música ia tocando na minha cabeça… Foi uma experiência diferente, hehehe.