Hoje é um dia especialíssimo e escrevo esta introdução com a certeza de que o P.Q.P. Bach chegou a um ponto onde eu nunca imaginaria ser possível chegar. Hoje, temos a honra de divulgar em primeira mão a obra de um jovem compositor brasileiro. Vou dar a palavra para que ele se apresente e depois retorno.
Meu nome é Gilberto dos Santos Agostinho Filho, tenho vinte e dois anos e nasci em São Paulo. Quando pequeno estudei alguns anos de piano e flauta transversal, mas acabei abandonando meus estudos musicais quando tinha doze anos. Minha primeira composição data desta época, uma inocente e pequena peça para piano, mas minha professora de teoria deu pouca importância para ela. Acho que talvez tenha sido isso que atrasou em tantos anos a minha decisão de me tornar compositor. Desde pequeno fui muito sensível às críticas, apesar de estar conseguindo mudar isso radicalmente no momento. Aos dezessete anos fui aprovado no curso Engenharia Aeronáutica na Universidade de São Paulo, o qual freqüentei durante um ano pois, em seguida, percebi que a vida de engenheiro não me satisfazia. Procurei algo mais purista e fui parar na Física, a qual cursei por um pouco mais de um ano. Neste meio tempo retomei minhas aulas de música com uma professora alemã e viajei para Londres por três meses, dois acontecimentos que iriam mudar a minha vida. Em Londres percebi, depois de muitas crises, que eu queria mesmo era ser compositor. Nessa época eu já estava arriscando alguns rabiscos nas pautas, mas nada a ser levado a sério. Voltei a São Paulo e procurei um professor de composição. Topei com Mário Ficarelli, meu grande mestre e amigo, que durante um longo ano me guiou com a maior paciência do mundo. Também tive aulas de regência com Paulo Rydlevski, outra pessoa que me ajudou muito. Eu fui aprovado no curso de composição da ECA, que faz parte da Universidade de São Paulo, mas desde o princípio senti que aquilo também não era para mim. O curso era fraco e eu já tinha uma boa base musical, além de não ter recebido o apoio que procurava. Larguei o curso após apenas quatro ou cinco meses. Me apliquei como nunca após isso e fiquei praticamente um ano sem aulas de composição, vivendo como um monge: comendo, rezando e compondo. Rezando pela minha aprovação em alguma boa instituição européia, o que veio a se concretizar no meio deste ano. “Conservatório de Praga”, dizia a carta. Acho que ainda não acredito, mesmo estando aqui por mais de um mês. Atualmente estudo sob orientação do professor Otomar Kvech.
A respeito das composições aqui publicadas: a primeira é o meu “Trio para piano, flauta e violino”, minha mais recente composição. Acredito que seja uma das melhores peças que já escrevi. São cinco movimentos, nos quais os instrumentos tocam todos juntos apenas no primeiro e no último. Reservei os centrais para duos entre tais instrumentos. Em seguida vem a “Sonata para piano”, música mais pesada e intelectualizada. A sonata não agradou muita gente, mas eu ainda aposto minhas fichas nela. Acho que é uma boa composição. O trio surgiu justamente como uma contraposição a sonata pois queria ver se eu era capaz de compor algo diametralmente oposto. As outras peças, “Prelúdio para piano”, “Prelúdio para violão” e “Pequenas peças para flauta” são mais antigas, mas ainda guardo um grande carinho por elas.
Saibam todos que fiquei extremamente lisonjeado com o convite de postar minhas músicas no PQP. Sou um freqüentador assíduo deste blog, além de outros do OPS!. Espero que vocês gostem do que irão ouvir. Lamento muito o fato de as músicas não serem executadas por instrumentistas reais, e sim por um software, mas saibam que essa vida de compositor não é fácil e às vezes faltam tempo e paciência para procurar, convencer e ensaiar os músicos. Apesar disto, estou em busca de instrumentistas para gravar meu Trio, e se isso acontecer, terei imenso prazer em compartilhá-los com todos.
Quem se interessar em fazer algum comentário diretamente para mim, meu email é gsagostinho e estou no hotmail.com. Será um prazer para mim receber alguma mensagem.
Obrigado novamente, PQP, FDP, CDF, Clara, Blue Dog e CVL.
Eu conheci Gilberto através de e-mails e só depois ele mandou obras de sua autoria para que eu conhecesse. A primeira obra que ouvi é até hoje a minha preferida: a Sonata para Piano. Fiquei entusiasmadíssimo com seu primeiro e último movimentos (Allegro energetico e Fuga com variazione). Vocês sabem o quanto sou franco e penso que o Adagio meditativo seja bom, mas que fique abaixo da companhia. Os dois primeiros movimentos citados são realmente notáveis e, é claro, qualquer fuga logo recebe a simpatia deste filho de Bach, ainda mais esta.
O Trio é expansivo e feliz. O software que o executa deixa a desejar em sonoridade, mas dá para ouvir bem. O Trio também não é música fácil, é polifônico de cabo a rabo e penso que aqui não se repita o provável defeito da sonata. Inicia com um tremendo Allegro, segue um Adagio ainda melhor e nunca cai. Tudo é muito interessante e a ironia que se insinua no Scherzo comparece plenamente no Tempo di valse o qual é seguido por um Finale em que ouço citações de alguma música nordestina — algum baião — que não consigo identificar. É tudo bom humor e inventividade.
As Pequenas peças para flauta são ótimas, mas acho que uma delas – uma rápida – tem um parentesco irritante com o som do videogame de meu ex-vizinho. Pode ser efeito do software-executante. Não há nada a criticar no belo Prelúdio Nº 2 para piano. Gostei muito. O curto Prelúdio para violão é um triste noturno que me deixa com vontade de ouvir mais.
Há um fato importantíssimo que devo salientar: FALO DE UM JOVEM DE 22 ANOS e sou, digamos, um experiente ouvinte de muito boa música, interpretada por grandes artistas. Ou seja, sou um ouvinte exigente e tudo o que ouvi do Gilberto aponta para um baita compositor.
Fico muito feliz por ele ter concordado em expor-se (ou jogar-se) para o público (aos leões) do PQP.
Gilberto Agostinho – Trio, Sonata pata piano e outras peças
01 Agostinho – Trio – allegro.mp3
02 Agostinho – Trio – adagio.mp3
03 Agostinho – Trio – scherzo.mp3
04 Agostinho – Trio – tempo di valse.mp3
05 Agostinho – Trio – finale.mp3
06 Agostinho – Sonata – allegro energetico.mp3
07 Agostinho – Sonata – andante meditativo.mp3
08 Agostinho – Sonata – fuga con variazione.mp3
09 Agostinho – Pequenas peças para flauta.mp3
10 Agostinho – Prelúdio No2 para piano.mp3
11 Agostinho – Prelúdio para violão.mp3
PQP
A citação nordestina do final do Trio não seria de “Baião”, de Luiz Gonzaga? “Vou mostrar pra vocês como se dança o baião (…)”?
“Kudos” para o Gilberto: que coragem e que talento! Gostei especialmente do Trio (que combinação inusitada – piano, flauta e violino!). A Sonata para piano me pareceu um pouco interminável, embora o primeiro movimento demonstre claramente que o compositor tem sentido aguçado da forma.
“No kudos” para o sintetizador MIDI… como eu gostaria de ouvir o Trio com bons artistas!
Villalobiano,
eu gostei muito da Sonata, mas o adágio me incomoda um pouco, ele me parece alongado demais. Será que é isto que tu chamas de “interminável”?
Se é, a gente MANDA o compositor podar alguma coisa!
hahahahahahaha
Aí, PQP, gostei da iniciativa! Tanto da sua parte quanto da do Gilberto. Eu também sou compositor novo (faço 26 anos daqui a menos de 1 mês) e coisas como essa só me deixam com mais esperanças de divulgações de trabalho, seja do Gilberto, meu ou de vários outros.
Tenho um grupo de câmara aqui na minha cidade (São José dos Campos-SP) iniciado esse ano de 2008 mesmo, e já fizemos 3 apresentações com peças compostas por mim e outras por um outro amigo também compositor (de 25 anos), todas executadas pela gente. E estamos com um projeto de gravar tudo em janeiro de 2009. Caso interesse, lhe mando algo por email quando tiver tudo pronto.
Ainda não ouvi as peças do Gilberto, mas tô baixando aqui, hehehe! :¬)
‘té mais!
É só mandar que a gente divulga, Dino. Os trabalhos do Giberto são excelentes.
Poxa… excelente!!!
tenho orgulho da minha geração
Parabéns Gilberto e também ao P.Q.P. Bach pela divulgação
grande abraço as todos
Paz e Luz
Cara, eu não gostei. A sonata até que vai, mas as músicas para flauta são muito chatas. E no trio, por vezes, o Sr. Gilberto parece o Hegel da música.
Ola’ a todos,
Eu fiquei realmente feliz com toda a atencao que o post recebeu e aos varios downloads que foram feitos, alem de varios emails que recebi.
A citacao do trio e’ da musica do Luiz Gonzaga sim, e eu quero tentar grava’-lo quando possivel. Quanto ao 2o mov. eu ainda quero pensar sobre ele, quem sabe numa revisao futura eu nao sigo a orientacao do PQP e uso uma tesoura ao inves de lapis para compor.
Aos que gostaram, eu agradeco os elogios. E aos que nao gostaram, bem, este e’ um direito de voces, mas de qualquer forma eu agradeco a atencao recebida. Falo isso sem hipocrisia.
Um grande abraco a todos!
Gilberto Agostinho
70 downloads até este momento, Gilberto.
Uau…
Muito bom! Fico imensamente contente em prestigiar o surgimento de novos compositores eruditos brasileiros. Parabéns, Agostinho. Doravante busque cada vez mais a perfeição e um estilo próprio, para que seu nome seja impresso a ferro quente na história da música! E não se esqueça de botar aqui estas obras quando elas forem interpretadas por músicos com coração ao invés da execução por uma máquina sem sentimentos.
Caro Gilberto, peço-lhe perdão e compreensão. Meu gosto pessoal (incondicional pelos três B da Alemanha) não permitiu gostar de suas obras, mas continue neste caminho que você segue. Não faça nenhuma modificação nas suas peças. Se Beethoven tivesse seguido o conselho de Haydn não teríamos hoje seu trio op.1 nº3. Deixe a sua individualidade agir. Logo logo você poderá fazer uma grande obra.
Parabéns! Continue assim que posto que ainda vou ouvir muito o seu nome.
Gostei muito das composições, especialmente do Trio.
E sim, não deixe de mostrar quando alguma de suas obras forem executadas por músicos!!!
Achei fantásticas. Ainda não ouvi tudo, mas o Trio me deixou boquiaberta. Quando forem gravadas por músicos, por favor, não deixe de nos mostrar; tenho certeza de que elas ficarão com uma sonoridade infinitamente melhor.
PS.: Ouvindo aqui a sonata e amando.
Parabéns Gilberto!
Bom demais o Trio!
Quebra tudo!!
Abraço!
Obrigado a todos que continuam baixando minhas composições! Isto é uma surpresa, já que eu achei que este post ficaria esquecido tão logo tivesse saido da primeira página do blog. Obrigado, obrigado, obrigado. E a gravação humana está entre as minhas prioridades, e assim que ela sair eu terei o maior prazer em compartilhar com todos.
Um grande abraço!
e ae pessoal blz,gosto de música erudita mas gostaria de saber qual a opnião de vocês com relação a outras músicas como o rock,o reggae e etc.
Nicolas, eu ouço apenas música erudita, basicamente. Os outros estilos pouco me interessam, para ser honesto.
O arquivo não existe mais. Poderiam reenviar novamente, por favor…
Obrigado
George, eu irei conversar com o PQP e repassar o arquivo novamente. Obrigado pelo interesse.
Reforço o pedido do George.
Grata
Reforço ainda mais o pedido, estou muito interessado em ouvir essas composições.
Caros, uma nova postagem irá aparecer em alguns dias. Muitíssimo obrigado pelo interesse!
Caro Gilberto
Gostaria, se não houver outro modo, que tu implorasses, até mesmo de joelhos, para P.Q.P. Bach, filho do ilustríssimo J.S. Bach,a recolocação do Trio etc. para que possa ouvir/conhecer.
Os Quartetos etc. já baixei. Obrigado
link corrompido…
Não sei se já foi repostado (estou lendo todo o blog desde o início), espero que sim. De qualquer maneira, um aspecto interesante é esse de tocar com software. Hoje em dia os instrumentos virtuais estão bastantes realistas, com amostras fidedignas de instrumentos reais e tal, isso facilita enormemente pra quem não pode arcar com músicos em pessoa inclusive eu. Em breve devo enviar também composições minhas, parece que este blog é o veículo perfeiro para começar uma divulgação de obras próprias.