(Só PQP Bach dá a você um porre não programado de alaúde. É o terceiro post consecutivo em que tal instrumento é protagonista. Como vemos, o alaúde está na crista da onda… Há coisas que só aqui mesmo! Um dia, ainda vamos programar um ciclo de viela de roda!)
Quem mora no sul do Brasil sabe que Odete é um nome típico de nossas respeitadas trabalhadoras de prostíbulos. Então, creio que nosso alaudista Paul O`Dette teria sérios problemas se tivesse nascido em nosso ambiente cheio de preconceitos para com estas trabalhadoras — as quais preferem transferir-se para Portugal e arredores. Uma lástima.
Lord Herbert of Cherbury (1582-1648) era tudo o que Alexandre Soares Silva gostaria de ser. Era um verdadeiro homem da Renascença. Gentleman, diplomata (bem, então não serve para ser um sonho de ASS, pois trabalhava un peau), poeta, historiador, teólogo, soldado (opa!), compositor e alaudista, é mais lembrado por sua controversa autobiografia. Ele foi amigo dos grandes alaudistas e compositores franceses de sua época. Para os momentos de lazer, tinha um caderninho onde anotava suas pecinhas. Ah, também foi professor da Rainha Henriette-Marie na corte da Inglaterra. Neste ponto, cessam minhas informações históricas e peço ajuda à Clara Schumann para descobrir que Rainha é esta. Eu apenas suponho que Lord Herbert tinha um caso amoroso com ela. Ah, mais: ele tratou de importar o alaudista Jacques Gaultier para seu país. Após intensas negociações, Luís XIII vendeu o passe do atleta.
Escrevo todo este besteirol enquanto ouço o CD, que é muito bom. Finalizando aproveito para fazer uma saudação a O`Dette. Belo sobrenome, meu amigo!
LORD HERBERT OF CHERBURY’S LUTE BOOK – Paul O’Dette, lute
CD 16
Lord Herbert of Cherbury’s Lute Book – Various Composers – 76’32
Anônimo
1. ‘En Me Revenant’ – Paul O’Dette
Jacques Gaultier
2. Courante – Paul O’Dette
3. Courante ‘Son Adieu’ – Paul O’Dette
4. Courante Sur ‘J’Avois Brise Mes Fers’ – Paul O’Dette
Anônimo
5. Chacogne – Paul O’Dette
Luc Despond
6. ‘Filou’ – Paul O’Dette
Daniel Bacheler
7. Prelude – Paul O’Dette
8. Fantasie – Paul O’Dette
9. Galliard Upon a Galliard By John Dowland – Paul O’Dette
Robert Johnson
10. Pavin – Paul O’Dette
11. Almaine – Paul O’Dette
Lorenzini di Roma
12. Fantasia – Paul O’Dette
Diomedes Cato
13. Fantasia Sopra ‘La Canzon Degli Uceli’ – Paul O’Dette
Cuthbert Hely
14. Fantasia – Paul O’Dette
15. Fantasia – Paul O’Dette
Robert Johnson
16. Fantasie – Paul O’Dette
Jacob Polonais
17. Ballet – Paul O’Dette
Julien Perrichon
18. Courante – Paul O’Dette
Jacob Polonais
19. Courante Sur Le Courante De Perrichon – Paul O’Dette
20. Sarabande – Paul O’Dette
Cuthbert Hely
21. Fantasia – Paul O’Dette
22. Sarabrand – Paul O’Dette
Daniel Bacheler
23. Pavin – Paul O’Dette
24. Courante – Paul O’Dette
25. Courante – Paul O’Dette
26. Courante – Paul O’Dette
27. ‘La Jeune Fillette’ – Paul O’Dette
28. Pavan – Paul O’Dette
Paul O’Dette, Alaúde
PQP,
Henriette-Marie de França, rainha de Inglaterra, mulher de Carlos I Stuart, o decapitado, e mãe de Carlos II. Exilada em França durante a República de Cromowell.
Bjs
Vocês não imaginam como Clara Schumann conhece história. Qualquer papo sobre história com ela no MSN é uma coisa verdadeiramente humilhante.
Então, é mais inteligente perguntar logo.
Perdão, é Cromwell, um republicano detestável!
bjs!
P.s – PQP, Meu negócio tb é literatura 😛 😉
PQP Bach, assim que possível por favor nos presenteie com Romeu e Julieta de Tchaikovski. Essa obra é magnífica e não consigo encontrá-la em lugar algum.
Obrigada.
Que maravilha!!! Um CD com Paul O’Dette tocando alaúde!!! Parabéns, o blog está fantástico!
Robert Johnson? Alaúde?
Sim, Robert Jonhson, que tocava pra rainha e blablabla, era genial e blabla, mas vc deve tá confundindo com outro Robert Jonhson, O do Blues, provalvelmente a reincarnação negra do alaúdista, pq tem gente que acredita em papai noel e coelho da pascoa, no Lula e em ET´s, já eu não acredito no Robert Jonhson..(do Blues.. e do Alaúde..)
Rapaz, o mais fantástico deste site é que dá pra garimpar ANOS e continuar se surpreendendo. Fiz busca com a palavra “alaúde” procurando uma coisa e achei outra que procurava HÁ MUITO: a confirmação de como era a sarabande/zarabanda DA RENASCENÇA, antes de sua conversão barroca em peça lenta e introspectiva.
Pois diversos textos dizem que a zarabanda era abominada pela igreja como indutora de lascívia e pecado… e é difícil imaginar as de Bach fazendo isso, né? Minha curiosidade aumentou depois de ler o fantástico conto de Cervantes ‘El celoso extremeño’ (“o ciumento da Extremadura?”), das Novelas Exemplares, que narra como um legítimo playboy sevilhano arquiteta um plano para comer (perdão, mas é bem o clima) a jovem esposa que o velho comerciante trancou numa verdadeira fortaleza, e o faz tocanda zarabanda AO VIOLÃO toda noite até que o segurança lhe pede para aprender, e logo toda criadagem vem ouvir a irresistível zarabanda do playboy, esquecendo de portas e trancas…
Ao ler eu imaginei que só podia se tratar de algo como a famosa “Folia”: ternária, arrebatadora, de certa forma obsedante por reconduzir infinitamente ao seu reinício – e que já lá no século XVI prefigura nitidamente o flamenco.
E não deu outra: este CD traz duas amostras, e as duas, se não idênticas à “Folia”, são realmente do mesmo espírito e natureza.
E finalmente a novela de Cervantes se completou na minha mente com sua devida trilha sonora! ¡Vale!
O Link encontra-se off, haveria como repostar novamente?
Muito obrigado.
Excelente blog, ajuda-me muito nos estudos de música. =]
O Link encontra-se off, haveria como repostar novamente?
Muito obrigado 2.