Antes de ser um músico de sucesso, Wes Montgomery cansou das turnês mal-pagas com Lionel Hampton e voltou para casa, em Indianapolis. Era um jovem, tinha 25 anos, sentia falta da família (e provavelmente não se divertia muito na estrada). Preferiu o dia-a-dia numa fábrica, pegando no batente às 7h, mais um turno extendido nos clubes locais – tocando até as 2h para ajudar no sustento das oito pessoas da família. Isso durou de 1950 até 57, quando Cannonball Adderley esteve na cidade, viu Wes tocando e praticamente forçou o produtor Orrin Keepnews a dá-lo um contrato com a Riverside.
Há de se amar não apenas o jazz, mas também suas histórias entrelaçadas.
Enquanto preparava o material para a Riverside, Wes gravou com seus irmãos, o baixista Monk e o vibrafonista Buddy. Monk, o mais velho dos irmãos, tocou com Wes no grupo de Hampton e seguiu caminhos diversos pelo jazz, até formar o Mastersounds em 1957. Nesse mesmo ano recebeu Buddy, o caçula, que voltava do exército. Wes estava na cidade, e a Pacific Jazz resolveu bancar uma sessão entre os Montgomery. O líder foi o vibrafonista, que inclusive levou quatro temas. O som aqui é o hard bop de enciclopédia, ou seja, ouvimos Wes integrado à banda, e não como voz principal, o que ocorreria a partir das gravações seguintes. Mas seu estilo pode ser facilmente reconhecido na faixa-título, composição sua, onde a técnica monstruosa já se aninha do feeling lendário do guitarrista.
E não apenas na sonoridade – também os créditos do sucesso se dividem entre o trio. Monk é um baixista ágil e seguro, e Buddy é um excelente vibrafonista. Ainda, como atração à parte, a sessão também marca a primeira gravação do talentoso e promissor Freddie Hubbard – então com apenas 17 anos. A gravação, de 30/12/1957, acaba na faixa sete; as três últimas são do musical Kismet, de 1953, que contou com o clã Montgomery e foi incluída na reedição em CD deste disco.
Wes Montgomery – Fingerpickin’ (128)
Wes Montgomery: guitar
Wayman Atkinson, Alonzo Johnson*: tenor saxophone
Freddie Hubbard: trumpet
Buddy Montgomery: vibraphone
Joe Bradley, Richie Crabtree*: piano
Monk Montgomery: electric bass
Paul Parker, Benny Barth*: drums
Produzido por Richard Bock para a Pacific Jazz
download – 52MB
01 Sound Carrier (B. Montgomery) 6’55
02 Bud’s Beaux Arts (B. Montgomery) 7’33
03 Bock To Bock (B. Montgomery) 10’07
04 Billie’s Bounce (Parker) 4’42
05 Lois Ann (B. Montgomery) 4’45
06 All The Things You Are (Hammerstein, Kern) 3’59
07 Finger Pickin’ (W. Montgomery) 2’32
08 Stranger In Paradise* (Borodin, Forrest, Wright) 4’55
09 Baubles, Bangles And Beads* (Forrest, Wright) 3’30
10 Not Since Nineveh* (Borodin, Forrest, Wright) 7’24
Boa audição!
BD
Fantastico esta album.Wes Montgomery tem uma expressão unica e impar nos moldes do jazz.não tenho uma envergadora moral de dissecar Wes em sua tematica mas digo q nos moldes da criação jazistica,seu conteudo preenche com maestria.
Estou ouvindo as postagens de uns três meses atrás e resolvi ouvir vários CDs postados por BlueDog em série. Coisa de louco!
Mas a maior usuária de BlueDog é minha irmã, que ouve os discos no carro e depois os compra. Segundo ela, já adquiriu 14 CDs apresentados por BD. Um deles foi o primeiro Wes postado, tenho certeza.
Ah, a história do jazz é tão fascinante quanto a audição. O cinema deveria aproveitar mais.
Abraço.
O ”Pai” dos guitarristas de Jazz foi Charlie Crhistian que morreu cedo por volta dos anos 40. Wes representa o toque nervoso e ágil do negro como se fosse um Parker da guitarra se me permitem a comparação. Influenciou certamente toda uma geração de guitarristas principalmente de Rock.
Do outro lado tinhamos Barney Kessel,Joe Pass e o ”cigano” Django Reinhardt dentre tantos e que possuiam um outro toque na Guitarra, mais ”branco” ou seja da guitarra vindo do Clássico com Harmonias ”mais limpas” ou seja acordes mais claros. Como sempre ,com Harmonias privilegiadas eles não tinham nem a ritmicidade e nem o ”virtuosismo” meio exibicionista de Wes que tanto nos fascinavam.
E os ”puristas” não sabem o que perdem ,deixando de ouvir a grande música de câmera da segunda metade do Sec XX : O JAZZ!
Meu pai dizia o mesmo, Kaissor. Ele ficava possesso quando vinha um purista chamar o jazz de música inferior.
E houve gente que disse que o PQP descaracterizava-se com a inclusão do jazz… que perdia… que ficaria igual a outros blogs… sinto não tê-los mandado à pqp.
O Jazz tem praticamente tudo que a música clássica tem, porém em proporções menores.Aliás a musica popular de boa qualidade também tem,em proporções minúsculas , mas tem.
Grandes músicos( Masur,Minczuk) já disseram e é verdade : existe musica boa e ruim.
Oi pessoal!
Música…
…o problema é que nossas emisoras de rádio, de televisão e mesmo as grande empresas patrocinadoras de apresentações públicas, nossos jornais, revistas e mesmo nossos publicitários e montadores de trilhas sonoras, sempre (ou quase sempre) escolhem o que há de pior.
Nem sei como a MÚSICA ainda sobrevive.
A Música, como Arte, ainda continua viva e pujante, mesmo no meio desse pandemônio musical que as enormes caixas de som e as malfadadas e enormes “carretas de som” nos enfiam ouvido a dentro.
É!
A Música é uma Arte.
Quando é feita como tal ela é boa, muito boa, ótima,excelente, não importando que seja árabe, indú, americana, brasileira, francesa, alemã, russa ou de qualquer nacionalidade, gênero ou forma.
Portanto, não sei porque o pessoal do jazz vive defendendo-o.
Ele não necessita ser defendido.
Ninguém vai ficar defendendo a música clássica porque Mozart ou Beethoven compuseram uma ou outra banalidades.
Ou mesmo Schubert, apesar da audição meio estranha de alguns melómanos.
É que, apesar de gênios, são todos humanos.
Pera aí!!!
Será que o Pai do 21º era humano?
É uma boa pergunta!
Eu não sei responder… …alguém ai sabe???
Um grande abraço.
Edson
Pois é Edson,infelizmente o Jazz precisa de defesa sim.Agora, o que me deixa mais consternado é que o pessoal que faz a crítica desconhece o assunto(Jazz) e o faz por puro esnobismo,diga-se de passagem, sem propósito.Melhor seria o famoso:”Eu não tenho opinião formada sobre o assunto”, que nem sempre ocorre.