Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Integral das Sinfonias – Sinf. Nros. 1 e 12 – (CD 1 de 11)

Consegui por aí a integral das Sinfonias de Shostakovich com Kirill Kondrashin e a Filarmônica de Moscou. Vocês não demonstram grande entusiasmo por Shosta, mas minha habitual falta de consideração e esquizofrenia me obrigará a publicar sua integral antes da de Mahler, Sibelius, Nielsen (adoro Nielsen) e outros. O CD Nro. 1 traz a esplêndida Sinfonia Nº 1 e a medonha 12ª, “O Ano de 1917”, talvez seu único fracasso artístico de grandes proporções. A Sinfonia Nº 12 soa falsa, nada convincente. As suas outras obras revolucionárias nos parecem sinceras, porém esta sinfonia é um exagero que torna-se uma espécie de caricatura involuntária. O livro Shostalkovich: Vida, Música, Tempo, de Lauro Machado Coelho não chega a dedicar uma página de suas quinhentas e duas à decima-segunda. Merece o desprezo.

Mas há a primeira, uma obra-prima que Mítia finalizou quando tinha apenas 19 anos!

Sinfonia Nº 1, Op. 10 (1924-1925) : Shostakovich começou a escrever esta sinfonia quando tinha dezessete anos. Antes disso, tinha composto alguns scherzi que só interessam à musicólogos. Sua estréia foi mesmo com esta Nº 1, terminada antes do autor completar vinte anos. Ela tornou aquele estudante de música, mais conhecido por ser o pianista-improvisador de três cinemas mudos de Petrogrado, internacionalmente célebre. Tal fama pode ser atribuída por Shostakovich ser o primeiro rebento musical do comunismo, mas ouvindo a sinfonia hoje, não nos decepcionamos de modo algum. É música de um futuro mestre.

Ela começa com um toque de trompete ao qual, se acrescentarmos um crescendo, tornar-se-á um tema de Petrouchka, de Igor Stravinski. Alguns regentes russos fazem esta introdução exatamemente igual à Petroushka. É algo curioso que o jovem Dmitri tenha feito esta homenagem, quando dizia que seus modelos – e isto foi comprovadíssimo logo adiante – eram Mahler, Bach, Beethoven e Mussorgski. Mas há mesmo algo de “boneca triste” no primeiro movimento desta sinfonia. O segundo movimento possui um curioso tema árabe, que é a primeira paródia encontrada em sua obra. Um achado.

O movimento lento, muito triste, é daqueles que a Veja consideraria uma comprovação do sofrimento do compositor sob o comunismo e de uma postura fatalista do tipo isto-não-vai-dar-nada-certo, porém acreditamos que a morte de seu pai, ocorrida alguns meses antes e a internação de Dmitri num sanatório da Criméia (ele contraíra tuberculose) tenha maior relação com tal tristeza. Há um belíssimo solo funéreo de oboé neste movimento.

CD 1

SYMPHONY No.1 in F Minor, Op.10

1. Allegretto. Allegro ma non troppo
2. Allegro
3. Lento
4. Allegro molto, Lento Allegro molto

Recorded: July 19, 1972

SYMPHONY No.12 in D Minor, Op.112, “1917”
5. Revolutionary “Petrograd”: Moderato, Allegro
6. Allegro
7. Aurora: Allegro
8. Down of Humanity: Allegro, Allegretto

Recorded: December 13, 1972

Moscow Philharmonic Orchestra
Kirill Kondrashin, Conductor

Total time 68:59

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17 comments / Add your comment below

  1. Eu ainda sinto muito entusiasmo diante de uma obra de Shostakovich! Por favor continue com a sua falta de consideração, e acredito que me sentirei feliz por um longo período!
    Muito Obrigada!

  2. Caríssimo PQP, para que não diga que não apreciamos o velho e bom Shosta, sou um grande apreciador da sua obra, em especial dos quartetos, entre os quais pontifica o Nº 8. Você não teria os quartetos completos pelo Quarteto Borodin, favorito de Shosta, e para quem ele chegou mesmo a compor? Entretanto, vou-me deliciando com esta sinfonia nº 1. Gracias!

  3. Adorei o último parágrafo. Estou rindo até agora. Quanto a Shostakovich, pouco ouvi ainda. Do que ouvi, o que mais sobressaiu é o pensamento: “esse cara não se presta a música de fundo, ele demanda atenção”.

  4. A sinfonia nº12 é desprezível?? Tá, é inferior à 1ª, 8ª, 10ª e 11ª por exemplo, mas o dia que eu chegar a ter o entendimento e sensibilidade de um Shostakovich – somente em uma outra vida, se houver, e se eu tiver uma educação musical somada a um talento nato que me permita compor desde os 15 anos de vida – aí sim eu vou ter condições de dizer que essa sinfonia não merece um vintém.

  5. Trabalho de Shostakovich nunca me agradou muito, mas admito que gosto muito da Sinfonia 5, da 7, do concerto para piano nº2 e os 24 preludios e fugas, do “resto”, nada.

    Claro, somente uma opinião minha.

  6. amei muito esta interpretação pelo kondrashin, muito estilosa cheia de um verdadeiro caracter de shostakovich. Para isso é que eu afirmo com total certeza os melhores shostakovich são interpretado por maestros russos, tal como o valery gergiev, vladimir a. kondrashin…..
    não por haitink ou pior deles morris jonsson… que lixo.

  7. hum…quantas opiniões….

    vai mais uma….. naum creio que alguém em sã consciencia naum se entusiasme pela música de Chosta…..

    por favor..continue postando..

    valew

  8. As obras do shosta são interessantes, as interpretações é que nem sempre ajudam. As gravações com interpretes bem acima da média mas não excelentes, têm sempre altos e baixos. De minuto a minuto está o nosso ouvido a corrigir aquilo que está assim e que devia estar assado. Comparem com a 10ª que o Karajan dirigiu para o próprio Shosta que ficou maravilhado, ou com as gravações do Mravinsky da etiqueta Erato.
    Pelo Kondrashin, muito boa é gravação com o Richter dos concertos para piano de Lizst (ainda que o som seja algo rígido, à soviet …)

  9. Dou todo o meu apoio ao gosto musical do responsáveis por este maravilhoso blog, afinal sem o trabalho deles nós ficaríamos sem muita coisa indispensável. Concordemos ou não com esse gosto, não importa, pois, felizmente, a música clássica tem universos sonoros para todos os ouvidos, inclusive aquela impressionante massa de trilhas sonoras orquestrais que constituem as Sinfonias de Shostakovich. Existe muita música bela por ali, mas sempre que as ouço fico imaginando o quanto hollywood deve para este compositor russo do século XX. É Boa música mas não GRANDE música.

  10. Caro PQP

    Confesso que não conhecia a obra de Shostakovich, mas depois de ouví-la aqui, fiquei encantado, grade música e que grande música.

    Grato por esta feliz descoberta e contiune descortinado os horizontes!

    abraço

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