César Franck (1822-1890), obra para Órgão: primeira gravação integral, em 6 CDs

César Franck (1822-1890), obra para Órgão: primeira gravação integral, em 6 CDs

PQP Bach
12 anos de Prazer

Franck por Ross vol.1 capa
Se, no cair da noite, algo em você pedir um clima litúrgico, experimente Franck.

Se pedir intelectualidade vibrante, desenvolvimentos de idéias ousados levando a orgasmos mentais, experimente Franck.

Se pedir contemplação serena, experimente Franck.

E se estiver num estado de sensualidade mais corpórea… mesmo isso eu digo que é possível encontrar em Franck – embora admita que sintonizá-lo nesse canal já não é bem assim pra qualquer um.

É domingo e não quero torrar ninguém falando de como Franck gera obras inteiras de motivos de duas notas, das construções em arco ou espelho tipo 12321, da quase obsessão com o número 3 (3 temas, 3 partes divididas em três, 3 na cam… – ops, aí eu já não tava lá pra ver). Digo apenas: aqui você tem 3 x 2 CDs, desfrute!

As peças famosas estão sempre no segundo CD de cada par. Tudo em ordem cronológica, dá pra ver como através de diversas tentativas menores um compositor prepara os músculos para um tour de force.

No caso de Franck isso parece se dar, justamente, em três grandes ondas. No topo da última reuniu em si o potencial de ruptura de um Wagner com o potencial de renovação-do-herdado de um Brahms. Inventou o uso do órgão como orquestra, e elevou a aplicação do intrumento até um nível onde, estendendo os olhos até o horizonte, a única outra coisa que se avista é Bach.

E no entanto mais de metade da obra, em volume, consiste de pequenas peças pra tocar nos ofícios ordinários de pequenas igrejas, concebidas para caber naquela sanfona com fole de pedal que se chama harmônio. Treinado pelo pai para a carreira de pianista-prodígio, fugiu dos teatros e palcos para ir criar belezas inconspícuas em espaços de devoção obscuros.

Não se negue que em algumas dessas peças o cheiro de igreja chega a ser incômodo – mas muitas outras são arranjos de noëls – cantos populares de Natal – que parecem conversar diretamente com as miniaturas para jovens pianistas de Tchaikovski, tão divinamente gravadas por Rimma Bobritskaia neste post do PQP aqui.

Pra terminar: já disse em outro post que, no meu ouvir, Hans-Eberhard Ross não declama as frases de Franck com a clareza desejável. Mas isso não quer dizer que o interesse desta edição seja só histórico, “aqui tem a obra inteira, embora esteja ruim de ouvir”. De jeito nenhum! No mínimo os timbres do instrumento são os mais incríveis que já vi brotar de um órgão: flautas mais azuis que céu do Sul em dia de geada, baixos abismais pra DJ nenhum botar defeito…

Para cada volume (par de CDs) tem ainda um livrim com quase 30 páginas, em ingrêis e alemão. Diverti-vos!

CD 1.1
01 Piece en mi bemol, 1846
02 Piece pour Grand Orgue, 1854
03 Andantino Gm, 1856
04 Fantaisie en C, version I, 1856
05-09 Cinq pieces pour Harmonium transcrites pour Grand Orgue par Louis Vierne
10 Offertoire, Allegretto moderato en A, ~1858
11 Fantaisie en C, version II, 1863
12 Quasi Marcia op. 22 pour Harmonium, ~1865

CD 1.2
Six Pieces pour Grand Orgue, 1859-1863
01 Fantaisie op16
02 Grande Piece Symphonique op17
03 Prelude, Fugue et Variations op18
04 Pastorale op19
05 Priere op20
06 Final op21

CD 2.1
01-39 Pieces pour harmonium ou orgue a pedales (L’Organiste II)

CD 2.2

01-05 Pieces pour harmonium ou orgue a pedales (L’Organiste II)
06 Fantaisie C major, version III, 1868
07 Entree pour Harmonium, 1875
08 Fantaisie en A (3 pieces pour Grand Orgue, 1878)
09 Cantabile (3 pieces pour Grand Orgue, 1878)
10 Piece heroique (3 pieces pour Grand Orgue, 1878)
11 Petit Offertoire pour Harmonium, ~1880
12 Andante quasi lento pour Harmonium, ~1880

CD 3.1
Pieces pour Orgue ou Harmonium, 1990
(7 sobre cada nota, em maior ou menor; projeto inconcluso, faltando 3 grupos: A, Bb, B)
01-08 Sept Pieces en C et Cm (+ Amen = 8 faixas)
09-16 Sept Pieces en Db et C#m
17-24 Sept Pieces ‘Pour le temps de Noel’ en D et Dm
25-32 Sept Pieces en Eb et Ebm
33-40 Sept Pieces en Em et E
41-48 Sept Pieces en F et Fm

CD 3.2
Pieces pour Orgue ou Harmonium, 1990 (continuação de 3_1)
01-08 Sept Pieces en F# et Gbm
09-16 Sept Pieces ‘Pour le temps de Noel’ en G et Gm
17-23 Sept Pieces en Ab et G#m
24 Choral I en E, 1890
25 Choral II en Bm, 1890
26 Choral III en Am, 1890

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Ranulfus

César Franck (1822-1890): String Quartet in D major / Gabriel Fauré (1845-1925): String Quartet in E minor

César Franck (1822-1890): String Quartet in D major / Gabriel Fauré (1845-1925): String Quartet in E minor

Aqui temos dois importantes representantes da música francesa do final do século XIX e início do século XX. Fauré, especificamente, é mais conhecido pelo seu Réquiem, com certeza uma das páginas mais belas da história música, tanto pela pureza, quanto pela simplicidade daquilo que ouvimos. No Réquiem de Fauré, percebemos um senso de equilíbrio, de elegância, clareza, recato poético, o que torna a obra absolutamente arrebatável. Sua música possui uma fragrância inconfundível. César Franck também foi o criador de um estilo bem singular no qual os atributos mais densos podem ser verificados em sua Sinfonia em D menor. Ou seja, nestes dois belos e tristes quartetos de cordas aqui apresentados, temos a oportunidade de descobrirmos um pouco mais do mundo artístico desses dois importantes compositores. Boa apreciação!

César Franck (1822-1890) – String Quartet in D major
01. Poco lento – Allegro
02. Scherzo:Vivace
03. Larghetto
04. Allegro molto

Gabriel Fauré (1845-1925) – String Quartet in E minor
05. Allegro moderato
06. Andante
07. Allegro

Dante Quartet
Krysia Osostowicz, violino
Giles Francis, violino
Judith Busbridge, viola
Bernard Gregor-Smith, violoncelo

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O Dante: não lembro de outro quarteto formado por dois casais
O Dante: não lembro de outro quarteto formado por dois casais

Carlinus

Camille Saint-Säens (1835-1921) – Concerto No. 2 in G minor, Op. 22, César Franck (1822-1890) – Symphonic Variations e Franz Liszt (1811-1886) – etc

Camille Saint-Säens (1835-1921) – Concerto No. 2 in G minor, Op. 22, César Franck (1822-1890) – Symphonic Variations e Franz Liszt (1811-1886) – etc

Lembrei do Rubinstein esses dias… após o Roger Waters (Pink Floyd) se posicionar sobre a grave situação brasileira, se arriscando a levar vaias de parte da classe média paulistana e do nosso digníssimo Ministro da Cultura, que disse: “A gente não consegue mais ir a um show ou ver um filme sem que haja algum tipo de manifestação política.”

Deixo vocês com uma reportagem de 1964 e em seguida com a postagem original do Carlinus sobre um dos grandes pianistas do século XX. Rubinstein, Roger Waters e o ministro de Temer, quem será que está certo?

Músicos protestam contra a exclusão de negros das salas de concerto

O pianista Julius Katchen, que toca frequentemente na Europa e na Ásia, disse que a segregação é “uma fonte profunda de vergonha e constrangimento” para os norte-americanos no exterior.

Com o projeto de lei dos direitos civis agora no Congresso*, ele afirmou, “torna-se o dever de todos os artistas se recusarem a tocar em auditórios onde políticas de segregação são praticadas”.

Apesar de Arthur Rubinstein não ter chegado tão longe a ponto de endossar um boicote organizado, ele disse que os jovens artistas que se manifestaram contra a segregação deram “um passo certo e natural”.

Os perigos para uma sociedade livre, ele disse, são “apatia e complacência” em face da injustiça. Rubinstein disse que, como judeu, ele experimentou pessoalmente as consequências dolorosas do preconceito.

Ele discordou fortemente de uma declaração do pianista alemão Hans Richter Haaser de que os músicos deveriam se distanciar dos problemas raciais e políticos. “Os músicos também são seres humanos”, disse Rubinstein, “e eles têm a mesma responsabilidade moral que todo mundo em relação à sua sociedade.”

(Canadian Jewish Review, May 8, 1964, p.5)

*A Lei dos Direitos Civis (Civil Rights Act, em inglês), que pôs fim aos diversos sistemas de segregação racial, foi promulgada em 2 de julho de 1964

Esta série da RCA é espantosa. Têm gravações absurdas. Coisas realmente atordoantes. E este CD, por exemplo, que ora posto, é maravilhoso. A qualidade do áudio é ímpar.

Acredito que tenha mais de um ano que eu queria postá-lo. O disco possui um conjunto que dispensa comentários. Três compositores que souberam impingir um traço fantástico ao piano – Saint-Saëns, Franck e Liszt. Ou seja, o melhor que se produziu na segunda metade do século XIX. E ao piano, Arthur Rubinstein, um dos maiores pianistas e virtuoses do século XX. Das peças do post, gosto particularmente do Concerto No. 2 de Saint-Saëns. A obra é repleta de passagens belíssimas.  Um bom deleite!

Camille Saint-Säens (1835-1921) – Concerto No. 2 in G minor, Op. 22
01. Andante sostenuto
02. Allegro scherzando
03. Presto

César Franck (1822-1890) – Symphonic Variations
04. Poco allegro
05. Allegro non troppo

Franz Liszt (1811-1886) – Concerto No. 1 in E Flat*
06. Allegro maestoso
07. Quasi adagio
08. Allegretto vivace
09. Allegro marziale animato

Symphony of the Air
*RCA Victor Symphony Orchestra

Alfred Wallenstein, regente
Arthur Rubinstein, piano

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Rubinstein imitando o ministro da “cultura” de Temer

Carlinus
Repostagem por Pleyel

César Franck (1822-1890) – Trio concertant No. 2 in B flat major, Op. 1, No. 2, "Trio de salon", Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2, M. 4: Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2 e Trio concertant No. 3 in B minor, Op. 1, No. 3

Como prometi, segue o outro CD com mais trios de César Franck. É mais um CD para nos fazer pensar na importância do compositor. Penso que Franck não seja um compositor coadjuvante. Sua importância ainda não foi revelada. Sua obra geralmente fica obscurecida, talvez pela dificuldade no acesso ao material musical do franco-belga César Franck. Todavia, é uma das maiores obras do século XIX. Bom deleite!

César Franck (1822-1890) – Trio concertant No. 2 in B flat major, Op. 1, No. 2, “Trio de salon”, Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2, M. 4: Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2 e Trio concertant No. 3 in B minor, Op. 1, No. 3

Trio concertant No. 2 in B flat major, Op. 1, No. 2, “Trio de salon”
01. I. Allegro moderato
02. II. Andantino
03. III. Minuetto
04. IV. Final: Allegro molto

Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2, M. 4: Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2
05. 5. Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2, M. 4: Piano Trio No. 4 in B minor, Op. 2

Trio concertant No. 3 in B minor, Op. 1, No. 3
06. I. Allegro
07. II. Adagio – Quasi allegretto – Meno vivo
08. III. Poco lento – Moderato ma molto energico – Il doppio piu lento

The Bekova Sisters

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Carlinus