O que dizer? Um dos maiores filmes que vi e uma das melhores trilhas sonoras já compostas? Sim, é bom começo, é sincero. É um filme onde Juliette Binoche depara-se com toda a liberdade possível. Ela faz o papel de Julie, mulher de um importante compositor e regente francês que morre num acidente de carro. Com ele, morre também a única filha do casal. É uma liberdade de luto — incômoda, deprimente, indesejável, horrível. Junto a um amigo do casal, ela tenta finalizar uma composição para coro e orquestra que havia sido encomendada ao marido, a Canção pela Unificação da Europa, descobrirá detalhes da vida do marido e seguirá sua vida. Trois Couleurs: Bleu (A Liberdade é Azul), de 1993, é um filme belíssimo e importante do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski, o primeiro da Trilogia das Cores.
Zbigniew Preisner foi digno do filme. Deve ter trabalhado muito com Kieslowski, pois a música adapta-se ao filme — ou o filme a ela — de modo realmente arrepiante. Eu não consigo desgrudar o filme do CD da trilha sonora. A trilha faz parte do filme e gosto demais de ouvi-la para lembrar dele.
Zbigniew Preisner (1955): Trois Couleurs: Bleu (A Liberdade é Azul)
1. Song for the Unification of Europe (Patrice’s version) 5:17
2. Van Den Budenmayer – Funeral music (winds) 2:05
3. Julie – Glimpses of Burial 0:32
4. Reprise – First appearance 0:34
5. The Battle of Carnival and Lent 0:59
6. Reprise – Julie with Olivier 0:51
7. Ellipsis 1 0:23
8. First flute 0:52
9. Julie – in her new apartment
10. Reprise – Julie on the stairs
11. Second flute 1:18
12. Ellipsis 2 0:23
13. Van Den Budenmayer – Funeral music (organ) 1:59
14. Van Den Budenmayer – Funeral music (full orchestra) 1:49
15. The Battle of Carnival and Lent II 0:44
16. Reprise – flute (closing credits version) 2:21
17. Ellipsis 3 0:25
19. Olivier and Julie – Trial composition 2:01
20. Olivier’s theme – finale 1:40
21. Bolero – Trailer for “Red” film 1:11
22. Song for the Unification of Europe (Julie’s version) 6:50
23. Closing credits 2:06
24. Reprise – organ 1:15
25. Bolero – “Red” film
Flute – Jacek Ostaszewski
Music By – Zbigniew Preisner
Piano – Konrad Mastylo*
Recorded By – Sinfonia Varsovia
Soprano Vocals – Elzbieta Towarnicka*
Vocals [Soloist] – Beata Rybotycka
Hoje vamos trazer aos amigos do blog mais um grande compositor de trilhas sonoras: Patrick Doyle, ele nasceu em 6 de abril de 1953 em Uddingston , South Lanarkshire , Escócia . É um compositor com formação clássica que estudou na Royal Scottish Academy of Music e um colaborador de longa data do ator-diretor Kenneth Branagh.
Para começar: como uma trilha sonora como esta fica meio assim que desconhecida. Seria por causa do filme que ele não é “adequado para as massas” em termos de entretenimento? É certo que não é uma degustação leve, difícil de digerir e certamente não é adequado como um álibi de fundo para casais que querem se presentear com uma “aconchegante noite de cinema” como me arriscarei a comentar abaixo. Na opinião deste nulo admirador esta trilha sonora é apenas maravilhosa. Tá certo que estou caindo na mesmice, tudo é maravilhoso e lindo, mas esta…. putz sim é, e muito. Certa vez estava eu ouvindo no rádio a faixa “The Wedding Night” (faixa 21 do CD) e gostei tanto da peça que no fim de semana seguinte fui atrás de comprar a trilha. Não sei como achei o CD e lá estava ele com a capinha rachada no meio daqueles baldes de CDs encalhados em promoção que tinha nas lojas do centro de Sampa. Ouvi diversas vezes o CD nos dias seguintes. Que ma-ra-vi-lha !
O tema de ” The Wedding Night” é o tema romântico e muito tocante de Elizabeth (Helena Bonham Carter), ele percorre toda a trilha sonora e é repetidamente interrompido por inserções enormes, e é executado integralmente na faixa 22 “Elizabeth”. Este único tema suave e pausado e o contraste violento também mostram o confronto entre Elizabeth e seu amante, Victor Frankenstein (Kenneth Branagh). Outra grande parte é “The Creation” (faixa 9), uma explosão com cerca de um minuto de instrumentos enfurecidos acompanhada por uma série de batidas consistentes dos tímpanos. As trombetas fazem você estremecer de deleite, e a imagem de Victor correndo pelo sótão, em formato de catedral, com o manto longo e esvoaçante torna-se cristalina. A impressão geral da trilha sonora parecia confusa e pouco clara após a primeira audição. Isso é causado pela orquestra enorme e densa (uma orquestra completa foi necessária para a gravação!). As faixas são vibrantes, Doyle não se preocupou em dar “prazer de audição agradável e variada”, mas sim esta é uma obra orquestral baseada e classicamente estruturada em “leitmotif”. As nuances e ideias sutis do compositor tornam-se claras (às vezes você também pode ouvir ecos respeitosos ao estilo do compositor Vaughn-Williams, esta referência veio ao escrever estas mal traçadas linhas enquanto ouço novamente a trilha), e quanto mais vezes você ouve a trilha sonora, mais há para descobrir ! Eu posso comparar (posso estar errado) à um poema sinfônico. Esta obra é acima de tudo uma experiência de audição mais complexa, mas nunca entediante.
Os amantes da música densa de Wagner, talvez gostariam do seu design sinfônico – como um tipo especial de música para cinema. O uso de muitos instrumentos ao mesmo tempo para criar uma sensação de tensão é surpreendente e, combinado com o movimento ininterrupto da câmera, mantém a ação em movimento. É uma ótima trilha sonora que sincroniza totalmente com os visuais que foi planejada. Boyle incluiu momentos suaves que refletem os interesses amorosos de Victor Frankenstein e vai para uma música poderosa enquanto cria um monstro que ele não pode mais controlar. A música de encerramento do filme é uma das melhores músicas que já ouvi de Doyle, tão poderosa quanto a música que ele compôs para o filme Henrique V.
Quando assisti ao filme, praticamente sabia as sequencias da trilha de cor, e foi uma experiência diferente, arrepiante, estupenda. Me levou para o verdadeiro poder emocional do filme, permitindo experimentar os sentimentos dos personagens, bem como o horror da própria história. Recomendo fortemente que os amigos do blog, que gostam de música descritiva, baixem esta incrível obra. Totalmente comovente e muito contundente, intensa e poderosa, chocante, violento e às vezes perturbador, que é o que eu gosto mesmo na música para cinema e, acredito, um CD obrigatório para a coleção de qualquer fã de trilha sonora, bem como para os fãs do filme de Kenneth Branagh e do Robert de Niro (a criatura).
No encarte do CD Patrick Doyle nos conta: “Antes do início das filmagens, Ken me pediu para escrever uma melodia para um do poema de Byron, já que o plano inicial era ter uma música apresentada durante a cena do salão de baile. A ideia acabou sendo descartada, mas o tema permaneceu é o tema do amor, apresentado integralmente na cena “The Wedding Night”. O filme Frankestein tem inúmeras referências religiosas a Deus, à imoralidade e a criação da vida. Este foi um elemento crucial para eleborar e fica mais aparente quando Victor está se afastando do monstro, que está suspenso como o Cristo na Cruz nas vigas da magnífica “catedral” de Victor – o sótão (projetado por Tim Harvey). Havia muitos outros elementos dramáticos a serem abordados. A sensação subjacente de mau presságio, a obsessão de Victor em criar vida, a história de amor e as jornadas épicas, literal e figurativo, de Victor e sua criação. “The Creation” e “Elizabeth” foram dois grandes momentos orquestrais desafiadores, enquanto outras cenas mais íntimas, como ” She-s Beautiful” e ” Yes I Speak”, pediram uma menor força orquestral. O álbum é dedicado à memória do meu velho amigo, Denis Clarke, que morreu enquanto eu escrevia esta partitura.
Patrick Doyle, setembro de 1994.”
O Filme
Existe uma infinidade de adaptações para a obra de Mary Shelley, poucas são dignas de nota, e a maioria são deturpações que ridicularizam a criatura. Vou dar um “spoilerzinho” só: o principal aspecto desta versão reside em sua discussão moral que pode ser resumida em uma única pergunta: quem é, afinal, o “monstro” da história: a criatura sem nome (é comum, o equívoco de se referir a ela como “Frankenstein”) ou o homem que a concebeu ? Ou ainda a própria Humanidade, que aqui é sempre retratada como uma turba violenta e irracional disposta ao linchamento e a expulsar aqueles a quem julga estranhos ? Um belo exemplo é a maravilhosa cena na caverna de gelo, quando a Criatura indaga: “- Eu tenho uma alma ? Ou você se esqueceu desta parte? Quem eram estas pessoas das quais fui constituído? Pessoas boas? Pessoas más? (…) Sabia que eu sei tocar (flauta)? Em que parte de mim residia este conhecimento? Nestas mãos? Nesta mente? Neste coração? E ler? E conversar? Não foram coisas aprendidas, mas… lembradas. (…) Alguma vez você ponderou as conseqüências dos seus atos? (…) Quem sou eu?”
E a resposta de um Victor Frankenstein exausto e derrotado? “Eu não sei.” – um momento-chave do filme que leva o “monstro”, num reconhecimento irrefutável do caráter falho de seu criador, a dizer: “E você pensa que eu sou mau”….. Seja como for, mais importante do que a tecnofobia da narrativa é sua mensagem humanista – e, mais uma vez, é admirável que esta seja representada justamente por um dos “monstros” mais famosos do Cinema. E se antes a criatura era vista como um ser relativamente irracional e quase sempre estúpido, aqui se torna motivo de lágrimas vê-la exibir uma postura comovente de Fé na Humanidade ao dizer: “Pela compaixão de um único ser vivo eu faria as pazes com todos” – o que, por contraste, acaba ressaltando a mágoa contida em sua última frase no filme: “Estou farto do Homem”. Uma performance impecável do Robert de Niro como “a criatura”. (texto baseado na publicação de Pablo Villaça).
A belíssima trilha sonora conectadíssima com as cenas teremos o imenso prazer de compartilhar com os amigos do blog, trilha densa e dramática, sobretudo belíssima orquestração do Patrick Doyle !
Frankestein – Patrick Doyle
01 To Think Of A Story
02 What-s Out There_
03 There-s An Answer
04 I Won-t If You Won-t
05 A Perilous Direction
06 A Risk Worth Taking
07 Victor Begins
08 Even If You Die
09 The Creation
10 Evil Stitched To Evil
11 The Escape
12 The Reunion
13 The Journal
14 Friendless
15 William!
16 Death Of Justine _ Sea Of Ice
17 Yes I Speak
18 God Forgive Me
19 Please Wait
20 The Honeymoon
21 The Wedding Night
22 Elizabeth
23 She-s Beautiful
24 He Was My Father
Music Composed by Patrick Doyle
Music Conductor: David Snell
Orchestra Assembled by Tonia Davall
Hoje vamos trazer aos amigos do blog mais uma grande trilha sonora, “Legends of the Fall” (Lendas da Paixão – 1994), do compositor, regente e orquestrador americano, com mais de 100 trilhas sonoras no curriculum, James Roy Horner (14 de agosto de 1953 – 22 de junho de 2015). O compositor tinha um talento especial para a trilha sonora de dramas históricos, as trilhas para “Braveheart”, “Titanic”, “Mask of Zorro”, “Enemy at the Gates” e “Troy” são belíssimas e demonstram sua habilidade de capturar o clima da época envolvida na película. “Legends of the Fall” representa alguns dos melhores trabalhos de James Horner do que eu considero como sua “era de ouro”, começando com “The Wrath of Khan” em 1982 e terminando com Titanic em 1997.
Horner ganhou dois Oscars de “Melhor Trilha Sonora Original” ( Titanic ) e “Melhor Canção Original” (” My Heart Will Go On “) em 1998, e foi indicado a mais oito Oscars. Todas as três partituras que regeu para James Cameron (Aliens (1986), Titanic (1997) e Avatar (2009)) foram indicadas para Melhor Trilha Sonora Original. O cara era fera mesmo ! Infelizmente ele morreu cedo em um acidente de avião em 22 de junho de 2015, aos 61 anos de idade, enquanto pilotava sozinho seu avião Tucano em manobras acrobáticas de baixa altitude em Quatal Canyon, Califórnia.
Para quem ainda não assistiu “Legends of the Fall” o filme conta uma saga familiar ambientada em uma bela e gloriosa Montana na época da Primeira Guerra Mundial. Exigiu uma trilha profundamente romântica e dramática, entregue aqui com verdadeiro talento e comprometimento pela Orquestra Sinfônica de Londres. Este é realmente um trabalho lindamente expressivo, diferente das trilhas sonoras comuns aonde o foco está em enfatizar as perseguições, os clichês, clímax, ou ainda para suavizar os cortes em suaves transições, este trabalho é diferente. Em cada pequena história está um som tão profundo que ressoa harmonizando com os personagens da cena, é esse sentimento que o compositor busca fazer ouvir, James soube dar uma vida interior à música lhe dando uma alma que faz parte dos personagens ao mesmo tempo taciturna e exuberante, com cheiro de amor e perda, evocando imagens magníficas do oeste americano, planícies e pradarias abertas, coiotes, lobos e falcões, misturado ao poder arrebatador do romance.
Neste trabalho James lança mão da instrumentação tradicional de “cowboy” (guitarras, banjos, ukuleles) em favor de uma orquestra completa e abrangente composta por cordas, sopros, metais e percussão. Movimentos de cordas agitados combinam com solo de flauta japonesa (o mestre Kazu Matsui, talvez o melhor intérprete do mundo da flauta de madeira japonesa, o shakuhachi ) tenro e assustador com o piano brilhante em quase todas as faixas do CD. Os vocais sem palavras de Maggie Boyle se juntam a tambores trovejantes que galopam como batidas de cascos em faixas como “To the Boys” (para mim um primor de composição, lindimaiz) e “Farewell_ Descent into Madness”. Os assobios agudos do sopro japonês e os rosnados baixos e roucos se fundem perfeitamente com a orquestra. “Alfred, Tristin, The Colonel, The Legend” contém efeitos rítmicos de respiração, “Revenge” (mais tarde retrabalhado em “Coração Valente”) apresenta gritos de falcão, enquanto “Samuel’s Death” oferece uivos de lobo e lamentos prolongados. O filme é embalado do começo ao fim com música que pode ser grandiosa e arrebatadora, luxuriante e romântica e dolorosamente sentimental. Dado o drama, a aventura e a tragédia da história, este é um exemplo em que a trilha sonora quase converte o filme em uma ópera, com a música fazendo tanto para avançar a história quanto a dinâmica do filme. Existem muitos trabalhos da telona que são elevados a outro nível pela pontuação, este sempre vem à minha mente como um excelente exemplo. Na minha nula opinião acho que “Legends of the Fall” às vezes é classificado como um simples melodrama romântico, em parte devido à forma como foi comercializado na época, e também ao subsequente lançamento de Brad Pitt como um “destruidor de corações” … mas esta música é um maravilhoso trabalho que não pode ser enquadrado no rótulo que o filme ficou conhecido. A trilha de “Legends of the Fall” quebra as convenções do gênero ocidental ao trocar instrumentos estereotipados do “velho oeste” por uma abordagem orquestral nova. Romântica no sentido mais profundo mais marcante, tão requintada e refinada como uma taça de vinho, mas tão selvagem e indomada quanto a própria história da fronteira americana, a pontuação de James Horner supera em muito a atuação sem brilho de Hopkins e Pitt.
A primeira faixa, assim como as 3 seguintes, são simplesmente magníficas. Portanto, sentem-se com um bom par de fones de ouvido e viaje para o oeste americano. Vale a pena a audição !
Legends of the Fall – James Horner
01 Legends of the Fall
02 The Ludlows
03 Off to War
04 To the Boys
05 Samuel-s Death
06 Alfred Moves to Helena
07 Farewell_Descent Into Madness
08 The Changing Seasons, Wild Horses
09 The Wedding
10 Isabel-s Murder, Recollections of
11 Revenge
12 Goodbyes
13 Alfred, Tristan, The Colonel, The
Kazu Matsui, shakuhachi
Maggie Boyle, vocal
Música composta, regida e produzida por James Horner
Executado pela London Symphny Orchestra
Ennio MORRICONE (1928-2020), em colaboração com Andrea MORRICONE (1964)
Trilha sonora original para o filme “Nuovo Cinema Paradiso” (“Cinema Paradiso”) de Giuseppe Tornatore (1988)
1 – Cinema Paradiso (Main Theme)
2 – Maturity
3 – Love Theme
4 – Childhood and Manhood
5 – While Thinking About Her Again
6 – Cinema On Fire (Extended Version)
7 – Love Theme (2nd Version)
8 – Toto and Alfredo
9 – After The Destruction (Extended Version)
10 – Love Theme For Nata
11 – Visit to the Cinema
12 – First Youth
13 – Four Interludes
14 – Runaway, Search and Ritorno
15 – From American Sex Appeal to the First Fellini
16 – Love Theme (3rd Version)
17 – Projection For Two
18 – Toto and Alfredo (2nd Version)
19 – Bicycle Theme
20 – Visit to the Cinema (2nd Version)
21 – Maturity (2nd Version)
22 – For Elena
23 – Cinema Paradiso – Finals
“Un saluto pieno intenso e profondo ai miei figli, mia nuora e i miei nipoti. Spero che comprendano quanto li ho amati”
“Uma saudação intensa e profunda aos meus filhos, minha nora e meus netos. Espero que entendam o quanto os amei”
Ennio MORRICONE (1928-2020)
Trilha sonora original para “Marco Polo”, de Giuliano Montaldo (1982)
1 – Marco Polo (Titoli)
2 – Saluto alla Madre
3 – Nostalgia del Padre
4 – Adolescenza
5 – I Sogni (Versione Estesa)
6 – Il Lungo Viaggio Inizia
7 – I Crociati
8 – Tema di Marco (Morte nel Vento)
9 – Al Santo Sepolcro (Versione Estesa)
10 – Marco Chiede la Sepoltura di Guido
11 – Verso L’oriente (Viaggio)
12 – Marco Polo (Ornuz)
13 – I Mongoli
14 – Marco Polo e i Mongoli
15 – Tema di Marco (Dialogo)
16 – Verso L’oriente (Ripresa Viaggio)
17 – Risceglio Nel Tempo Tibetano
18 – Tema di Marco (Un Nuovo Mondo)
1 – Musica di Corte (Arpe)
2 – Tema di Marco (Nel Palazzo Imperiale)
3 – Festeggiamenti a Palazzo
4 – Una Nuova Civiltà
5 – Canzone di Mai-Li
6 – Tema di Marco (Nuove Sensazioni)
7 – Canzone di Mai-Li (Ripresa)
8 – Musica di Corte (Ripresa)
9 – Ricordo della Madre
10 – Il Sud Brucia
11 – La Città Proibita
12 – Tema di Marco (Nostalgia Di Venezia)
13 – Verso la Grande Muraglia
14 – La Leggenda della Grande Muraglia
15 – Kublai Khan
16 – La Grande Marcia di Kublai
17 – Tema di Marco (Ritorno Verso Casa)
18 – Primo Amore (Finale)
“Saluto con tanto affetto Ines, Laura, Sara, Enzo e Norbert per aver condiviso con me e la famiglia gran parte della mia vita”
“Saúdo com muito carinho Ines, Laura, Sara, Enzo e Norbert por terem compartilhado comigo e com minha família grande parte de minha vida”
Ennio MORRICONE (1928-2020)
Trilha sonora original para “Novecento” (“1900”), de Bernardo Bertolucci (1976)
1 – Romanzo
2 – Estate – 1908
3 – Autunno – 1922
4 – Regalo di Nozze
5 – Testamento
6 – La Polenta
7 – Il Primo Sciopero
8 – Padre e Figlia
9 – Tema di Ada
10 – Apertura della Caccia
11 – Verdi e’ Morto
12 – I Nuovi Crociati
13 – Il Quarto Stato
14 – Inverno – 1935
15 – Primavera – 1945
16 – Olmo e Alfredo
“Ma un ricordo particolare è per Peppuccio e Roberta, amici fraterni molto presenti in questi ultimi anni della nostra vita”
“Mas uma lembrança especial vai para Peppuccio e Roberta, amigos fraternos muito presentes nos últimos anos de nossa vida”
Ennio MORRICONE (1928-2020)
Trilha sonora original para o filme “Baarìa”, de Giuseppe Tornatore (2009)
1 – Sinfonia per Baarìa
2 – Ribellione
3 – Baarìa
4 – Il Corpo e la Terra
5 – Lo Zoppo
6 – Brindisi
7 – Un Gioco Sereno
8 – La Visita
9 – Un Fiscaletto
10 – Racconto di una Vita
11 – La Terra
12 – Verdiano
13 – Baarìa [Versione per Banda]
14 – Oltre
15 – Prima e Dopo
16 – I Mostri
17 – L’Allegro Virtuoso di Zampogna
18 – A Passeggio Nel Corso
19 – Il Vento, il Mare, i Silenzi
“Lo annuncio così a tutti gli amici che mi sono stati sempre vicino e anche a quelli un po’ lontani che saluto con grande affetto. Impossibile nominarli tutti”
“Assim o anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos e também àqueles que estão um pouco distantes, que saúdo com muito carinho. Impossível nomeá-los todos”
Ennio MORRICONE (1928-2020)
Trilha sonora original para o filme “Uccellacci e Uccellini” de Pier Paolo Pasolini (1966)
1 – Uccellacci e uccellini – titoli di testa (feat. Domenico Modugno)
2 – Aforismi
3 – Teatrino all’aperto
4 – Nidi di rondine
5 – Scuola di ballo al sole
6 – San Francesco parla agli uccelli
7 – Il corvo professore
8 – Teatrino all’aperto
9 – Scarpe rotte
10 – Uccellacci e uccellini – strumentale
11 – Funerale
12 – Uccellacci e uccellini – titoli di coda (feat. Domenico Modugno)
Trilha sonora original para o filme “Il Fiore delle Mille e Una Notte” de Pier Paolo Pasolini (1974)
1 – Tema di Aziza
2 – Tema di Dunja
3 – Tema del Demone – Primo
4 – Tema del Demone – Secondo
5 – Tema di Dunja – Seconda
6 – Tema della Battaglia
7 – Misterioso
8 – Tema di Aziza – Secondo
9 – Tema della Mounting di Pietra Nera – Primo
10 – Tema Del Demone – Terzo
11 – Mistico
12 – Tema di Dunja – Terzo
13 – Tema della Montagna di Pietra Nera – Secondo
14 – Tema del Demone – Quarto
15 – Rituale
16 – Tema di Dunja – Quarto
17 – Rituale – Secondo
18 – Tema del Demone – Quinto
19 – Tema della Montagna di Pietra Nera – Terzo
20 – Tema di Dunja – Quinto
21 – Tema del Demone – Sesto
22 – Rituale – Terzo
23 – Tema del Demone – Settimo
24 – Tema di Aziza – Terzo
Trilha sonora original para o filme “The Untouchables” (“Os Intocáveis”) de Brian de Palma (1987)
1 – The Strength of the Righteous
2 – Ness and His Family – Part I
3 – Warehouse* – False Alarm
4 – Ness Meets Malone
5 – Al Capone – Part II (version 2)
6 – A Mother’s Plea
7 – Ness meets Wallace* – Ness Meets Stone*
8 – Victorious
9 – Murderous – Goodnights
10 – Nitti harasses Ness
11 – Send Family Away
12 – Waiting for What? – Montana Intro
13 – Waiting at the Border
14 – The Untouchables
15 – Surprise Attack – Dead Man’s Bluff
16 – Ness and his Family – Part II
17 – In the Elevator
18 – Four Friends
19 – Payne and Bowtie – Ness Study* – Al Capone – Part I
20 – The Man with the Matches – Nitti Shoots Malone*
21 – Malone’s Death
22 – Machine Gun Lullaby – Kill Bowtie
23 – Courthouse Chase
24 – On the Rooftops – Nitti’s Fall
25 – He’s in the Car – Here endeth the Lesson
26 – Death Theme (02:42)
27 – The Untouchables (End Title)
1 – The Untouchables (End Title)
2 – Al Capone
3 – Waiting at the Border
4 – Death Theme
5 – On the Rooftops
6 – Victorious
7 – The Man with the Matches
8 – The Strength of the Righteous (Main Title)
9 – Ness and his Family
10 – False Alarm
11 – The Untouchables
12 – Four Friends
13 – Machine Gun
14 – Mood Indigo (D. Ellington, I. Mills, B. Bigard)
15 – Al Capone – Part II (version 1) (01:39)
16 – Machine Gun Lullaby–Part 1 (no celeste)
17 – On the Rooftops (no saxophone)
18 – Here Endeth the Lesson (alternate)
19 – Love Theme from The Untouchables (performed by Randy Edelman)
O filme de Roland Joffé A Missão explora um momento fascinante e polêmico da história da América do Sul: as missões jesuíticas entre os guaranis, cuja rede formou uma espécie de Estado autônomo por 158 anos – o qual, entre outras coisas, exportava violinos para a Europa.
Alguns, como o cineasta Silvio Back, tendem a ver as Missões (que deram nome à província argentina de Misiones) apenas como uma forma especialmente refinada da opressão dos ameríndios pelos colonizadores europeus. Outros, como o padre e historiador suíço Clóvis Lugon, as veem como o que houve de mais próximo da realização da Utopia.
Neste filme de 1986 Roland Joffé se alinhou com Lugon não porque quisesse tomar partido em uma polêmica sobre fatos acontecidos de dois a três séculos antes: seu filme é sobretudo um libelo em favor da prática política da Teologia da Libertação latino-americana no final do século XX –
… o que pode gerar uma polêmica adicional na qual não pretendo entrar: o que me interessa aqui é que A Missão é cinema do grande – e a marcante trilha de Ennio Morricone é um dos fatores que contribuem para isso.
Com, vocês, portanto, a trilha de A Missão:
01 On Earth As It Is In Heaven 3:50
02 Falls 1:55
03 Gabriel’s Oboe 2:14
04 Ave Maria Guarani 2:51
05 Brothers 1:32
06 Carlotta 1:21
07 Vita Nostra 1:54
08 Climb 1:37
09 Remorse 2:46
10 Penance 4:03
11 The Mission 2:49
12 River 1:59
13 Gabriel’s Oboe 2:40
14 Te Deum Guarani 0:48
15 Refusal 3:30
16 Asuncion 1:27
17 Alone 4:25
18 Guarani 3:56
19 The Sword 2:00
20 Miserere 1:00
Ennio Morricone nasceu em Roma a 10 de novembro de 1928 falecendo na data de hoje. Nós, do PQPBach, vamos prestar as devidas homenagens a este grande compositor contemporâneo. Ele foi um compositor, arranjador e maestro italiano que escreveu músicas em diversos estilos. Morricone compôs mais de 400 partituras para cinema e televisão, além de mais de 100 obras clássicas.
Sua trilha sonora para The Good, the Bad and the Ugly (1966) é considerada uma das trilhas sonoras mais influentes da história e foi introduzida no Grammy Hall of Fame. Sua filmografia inclui mais de 70 filmes premiados, todos os filmes de Sergio Leone desde A Fistful of Dollars, e do o filme de Giuseppe Tornatore Cinema Paradiso, além de The Mission, The Untouchables, Mission to Mars, The Hateful Eight, o qual ganhou um Oscar.
Começou a carreira tocando trompete em bandas de jazz na década de 1940, tornou-se arranjador de estúdio para a RCA Victor e, em 1955, começou a escrever trilhas para cinema e teatro. Ao longo de sua carreira, compôs músicas para artistas como Paul Anka, Mina, Milva, Zucchero e Andrea Bocelli. De 1960 a 1975, Morricone ganhou fama internacional por compor músicas para Westerns e — com uma estimativa de 10 milhões de cópias vendidas — “Era uma vez no Oeste” é uma das partituras mais vendidas em todo o mundo. A música de Morricone foi reutilizada em séries de televisão, incluindo The Simpsons e The Sopranos, e em muitos filmes, incluindo Inglourious Basterds e Django Unchained. Sua aclamada trilha sonora de The Mission (1986) foi certificada em ouro nos Estados Unidos. O álbum Yo-Yo Ma Plays Ennio Morricone ficou 105 semanas nos álbuns clássicos da Billboard e o mestre Aviccena já postou AQUI. (Wikipedia)
Era uma Vez no Oeste é uma p…. trilha sonora composta em 1968, dirigido por Sergio Leone, lançado em 1972. Alguma música de filme refletiu mais perfeitamente o conceito de “inimigo” do que o impressionante e ameaçador tema de “Man With A Harmonica” ? Enquanto o vingativo e solitário personagem de Charles Bronson persegue o assassino Frank na obra-prima de Sergio Leone em 1968, o trabalho explosivo e poderoso do compositor transmite a emoção solene de alguém prestes a distribuir justiça sangrenta – e o medo assustador de um vilão cujo passado violento está finalmente encontrando vingança. É, em suma, a personificação sonora de um acerto de contas.
A trilha sonora apresenta temas que se relacionam com cada um dos personagens principais do filme (cada um com sua própria música tema), bem como com o espírito do oeste americano. O belo tema principal de Morricone para Once Upon a Time in The West, que toca pela primeira vez quando Jill, interpretada pela bela Claudia Cardinale, chega sozinha à estação de trem, os vocais operísticos assombrosos de Edda Dell’Orso, acompanhados de sinos e cordas, são tristes e comoventes. Eles evocam uma sensação de perda e desejo sem limites. Mas então a orquestra constrói um floreio triunfante quando a câmera se eleva para nos mostrar a agitação crescente da atividade e a ascensão da civilização, contra o deslumbrante cenário expansivo do Velho Oeste. O casamento da música e do visual reflete o espírito pioneiro da paisagem instável e a esperança de Jill por uma vida melhor, mas também a brutalidade e o desespero que a “civilização” está trazendo consigo. A ferrovia que se aproxima literalmente envia a morte para a fronteira, na forma do implacável executor de Henry Fonda, Frank, que mata o novo marido de Jill e sua família em uma tentativa de garantir sua terra. Contra essa dicotomia, a música é indescritivelmente emocionante. Imortal trilha !
Quanto à peça de gaita do personagem de Bronson é um contrapeso visceral e empolgante para o crescente tema principal. Este tema vem quase sempre acompanhado de derramamento de sangue iminente ou – pelo menos – a ameaça dele. Integrando de maneira inteligente a interpretação do próprio personagem na trilha sonora, ele confunde as linhas entre o som da realidade do filme e o nosso. E não vamos esquecer o maravilhoso tema do Chayenne, bandido engenhoso interpretado por Jason Robards. Como os outros temas, ele captura uma gama de emoções; quando ele é apresentado pela primeira vez, há um elemento de mistério e perigo para se adequar à sua entrada ambígua, mas também resume habilmente a brincadeira e o charme desonesto do personagem. Quase todos os personagens principais do filme são trágicos de alguma forma, e a pontuação de Morricone reflete isso.
Era o desejo de Leone ter a música disponível e tocada durante as filmagens. Leone mandou Morricone compor a trilha antes do início das filmagens e tocaria a música de fundo para os atores no set. E tocou a música durante as filmagens para inspirar seu elenco – que inspiração esses atores devem ter recebido.
Uma partitura que inspirou um filme. O filme é sem dúvida o maior dos “westerns spaghetti” de Sergio Leone: profundo, emocional e tematicamente rico, além de ser atmosférico, cativante de visão e, acima de tudo, majestoso da música. É o ponto culminante da imersão de Leone na violência e maravilha do oeste americano e da imaginação musical de Morricone desse cenário.
Descanse mestre, obrigado pelas suas lindas músicas !
Ennio Morricone (1928-2020): Era uma Vez no Oeste (Once Upon a Time in The West)
Once Upon A Time In The West – 01 – CEra Una Volta Il West
Once Upon A Time In The West – 02 – L-Uomo (Ennio Morricone)
Once Upon A Time In The West – 03 – Il Grande Massacro
Once Upon A Time In The West – 04 – Arrivo Alla Stazione
Once Upon A Time In The West – 05 – LOrchestraccia
Once Upon A Time In The West – 06 – L-America Di Jill
Once Upon A Time In The West – 07 – Armonica (by Ennio Morricone)
Once Upon A Time In The West – 08 – La Posada N1
Once Upon A Time In The West – 09 – Un Letto Troppo Grande
Once Upon A Time In The West – 10 – Jill
Once Upon A Time In The West – 11 – Frank
Once Upon A Time In The West – 12 – Cheyenne
Once Upon A Time In The West – 13 – La Posada N2
Once Upon A Time In The West – 14 – La Posada N3
Once Upon A Time In The West – 15 – Epilogo
Once Upon A Time In The West – 16 – Sul Tetto Del Treno
Once Upon A Time In The West – 17 – LUomo Dell Armonica
Once Upon A Time In The West – 18 – In Una Stanza Con Paca Luce
Once Upon A Time In The West – 19 – L-Attentato
Once Upon A Time In The West – 20 – Ritorno Al Treno
Once Upon A Time In The West – 22 – Come Una Sentenza
Once Upon A Time In The West – 23 – Duello Finale
Once Upon A Time In The West – 24 – L-Ultimo Rantolo
Once Upon A Time In The West – 25 – Nascita Di Una Citta-
Once Upon A Time In The West – 26 – Addio A Chayenne
Once Upon A Time In The West – 27 – Finale
À exceção de West Side Story, não creio que exista uma trilha sonora de qualidade tão alta quanto Black Cat White Cat. Então… Vamos nos divertir de um jeito diferente hoje. A música popular dos Balcãs é uma coisa de louco. E Goran Bregovic é um dos principais artistas da região. Já tocou muitas vezes no Brasil, inclusive fez duas apresentações em Porto Alegre. Compositor, instrumentista, cantor e extraordinário arranjador, seus discos nunca são esquecíveis. Black Cat White Cat é a trilha sonora do filme homônimo de Emir Kusturica. Depois de vários trabalhos juntos a dupla se desentendeu.
Este CD dá uma mostra de quem é Bregovic. Não há economia, nem de alegria ou de criatividade, e muito menos de recursos. Há cantores, flautistas, cordas, organistas, grupos peruanos, de salsa e muita mas, muita música da Bósnia e da Sérvia com seus metais, metais, metais. O que há de tubas, trombones, trompetes e trompas é um absurdo. Além disso, há um grupo de rock que chega a cantar I want to break free em ritmo marcial… E cada um dos 30 temas têm arranjos inteiramente diferentes, cada um com personalidade própria. Há um compositor alucinado e um arranjador do tamanho de George Martin dentro de Bregovic.
Goran Bregovic considera-se iugoslavo e os itálicos a seguir copio uma entrevista que ele concedeu ao El País espanhol em 2009, época do espetacular CD Alkohol:
Si tu país desaparece, descubres que no era algo político ni geográfico, sino emocional. No me siento represente de una nación o un Estado. Sólo represento ese territorio emocional que no tiene nada que ver con la política.
O que diz sobre os criminosos de guerra:
Creo que conozco a casi todos los criminales de guerra. Conozco a Radovan Karadzic, que antes de la guerra era poeta. Algunos de mis profesores de la Facultad de Filosofía están en La Haya. Eran políticos pequeños que creyeron interpretar personajes históricos. Los seres humanos están condicionados. Si les dejas la oportunidad de convertirse en animales se convertirán en animales. La cultura no nos protege.
Sobre o poder da arte mudar as pessoas:
A los artistas occidentales les gusta decir grandes cosas, como que la música puede cambiar el mundo. Vengo de un país comunista y sé dónde está el poder. Aunque trabajo con la misma temperatura que los artistas occidentales, sé que hay un largo camino hasta ser iluminado. Las luces pequeñas ayudan, pero en el fondo no cambian nada.
Sobre uma destas pequenas luzes, ele narra um acontecimento quando de seu primeiro concerto em Buenos Aires:
Al llegar al hotel me dieron un sobre que me habían dejado de parte de Ernesto Sábato. Contenía un libro, Sobre héroes y tumbas, y una carta en la que me pedía disculpas por no acudir al concierto. Me explicaba que mi música le había salvado en momentos de depresión. Lo curioso es que cuando hice el servicio militar en Nis, en la época comunista, robé de la biblioteca del cuartel un ejemplar de ese libro. Lo tuve en mi casa de Sarajevo durante años y lo perdí. Con la guerra perdí todo, también mi biblioteca. Puedes empezar dos veces tu vida, pero no puedes empezar dos veces una biblioteca. Todas las cosas grandes que me han pasado están guiadas por cosas pequeñas que se vuelven grandes, como el libro de Sábato.
Ele surpreende ao falar sobre algumas acusações de plágio:
Me llaman compositor porque compongo lo que ya existe. Así ha sido siempre, desde Stravinski, Gershwin, Bono, Lennon… Se trata de un viejo método: tomas algo de tu tradición, robas y dejas atrás cosas para que otros con talento roben también. La cultura es eso, una transformación continua.
E este filho de pai sérvio e mãe croata, casado com uma muçulmana, finaliza:
La guerra no es sólo matar gente, quemar casas, la guerra mata una infraestructura cultural, edificada por los hombres con gran dificultad durante mucho tiempo.
É uma boa entrevista. O que me emocionou foi a referência que ele fez a sua biblioteca perdida:
Com a guerra perdi tudo e também minha biblioteca. Podes começar tua vida duas vezes, mas não podes começar duas vezes uma biblioteca.
Eu nunca tinha pensado nisso. Uma biblioteca pessoal é algo que não se recomeça. Ou ela é inteira ou é um amontoado. Uma biblioteca sem as tantas bobagens lidas durante a adolescência, sem as anotações que não consigo deixar de fazer nos livros e sem as anotações dos amigos, deixaria de contar à sua maneira minha história e a de meu tempo. Eu não iria morrer sem esses 3000 ou mais paralelepípedos cheios de pó mal organizados às minhas costas. Mas perderia o meu mais importante meio de recordações, pois só consigo chegar ao PQP de 15 anos quando abro O Lobo da Estepe e constato o quanto amei e manuseei aquele exato livro que hoje leria com enfado. E quando abro Baía dos Tigres sei onde estava e o que pensava enquanto o lia e o mesmo ocorre com quase todos os outros. Sei lá por quê, minha vida tem largos períodos sem fotos e minha memória associa-se sempre aos livros. Não sei se esta é uma sensação comum às pessoas que leem permanentemente. Não sei mesmo. Aliás, antes do dia de hoje nem sabia que uma biblioteca não se recomeçava…
Goran Bregovic – Black Cat White Cat (Soundtrack) (2000)
01. Intro (El Pasa)
02. El Bubamara Pasa
03. Black Cat White Cat
04. Daddy Dance
05. The Szombathely Jiga (Ashik Cygan)
06. Bubamara (Main Version)
07. Daddy’s gone
08. Czardsz (Ashik Cygan)
09. Dejo dance
10. Lies
11. Flor De Venganza
12. Duj Sandale
13. Hunting
14. Bubamara (Spij Kochanie)
15. Spij Kochanie, Spij (Kayah)
16. Vivaldi (Bubamara Version)
17. Jek Di Tharin
18. Long Vehicle
19. Pit bull (Mixed by Pink Evolution)
20. Ja volim te jos – Meine Stadt
21. Bulgarian dance
22. Bubamara (Sunflower)
23. To Nie Ptak (Kayah)
24. Railway Station
25. Jek Di Tharin II (New Version)
26. Daddy, don’t ever die on a friday
27. 100 Lat Mlodej Parze (Kayah)
28. Bubamara (Tree Stump)
29. Prawy Do Lewego (Kayah)
30. Bubamara (Final)
O talentoso compositor americano Alex North (1910 – 1991) trabalhou em obras de Jazz, músicas da Broadway e trilhas de filmes onde integrou sua técnica modernista à estrutura típica de leitmotiv da música cinematográfica, rica em temas. Nomeado para quinze Oscars, não levou nenhuma estatueta. Porém foi o primeiro compositor a receber o Oscar Honorário. Embora North seja mais conhecido por seu trabalho em Hollywood, ele passou anos em Nova York escrevendo músicas para o palco, suas obras clássicas incluem duas sinfonias e uma rapsódia para piano, trompete obbligato e orquestra.
Começou a trabalhar em Hollywood na década de 1950. North foi um dos vários compositores que trouxe a influência da música contemporânea para o cinema, em parte marcada por um aumento no uso de dissonância e ritmos complexos. Mas há também uma qualidade lírica em grande parte de seu trabalho, que pode estar relacionada à influência de Aaron Copland, com quem ele estudou.
Uma ótima trilha sonora para um ótimo filme é o que trazemos hoje aos amigos do blog. A foto da capa é do LP que comprei na década de 80 em uma das lojas mais conceituadas de Sampa. Confesso que comprei o álbum principalmente por causa do ‘tema do amor’ faixa 05 CD1, que continua sendo um destaque, mas o álbum inteiro é excelente para ouvi-lo mais de uma vez, confirmando o quão bem ele fez ao ser parte integrante do filme – como de fato a música cinematográfica deveria fazer. Há dinamismo e profundidade nos temas.
Este conjunto com 3 CDs de “Spartacus” (1960) é essencial para os amantes de filmes! É um dos raros produtos que cobre toda a música do filme do início ao fim. A percussão estrondosa do tema do título principal (CD1 faixa2), o tema do amor de Spartacus, a canção de Antoninus (CD1 faixa 19) ou ainda uma dança posterior que precede a batalha final (CD2 faixa 06) e a música triste, mas esperançosa, do final que ressalta a morte de Spartacus na cruz e o sentimento de triunfo de Varinia enquanto ela segura seu filho recém-nascido enquanto proclamando sua liberdade antes de sua partida final (CD2 faixa 17), são sem dúvida os destaques musicais desta gravação.
A música de “Spartacus” é um complemento digno da coleção de qualquer amante de trilhas sonoras e este simples admirador acha altamente recomendável. Não deve ser comparado especialmente a trilha de “Ben-Hur”, que é como comparar banana com laranja. A música de Alex North é perfeita para Spartacus, evocando não apenas as paixões dos personagens, mas também um sentimento pelo final do primeiro século da nossa era.
Embora a qualidade do som na minha opinião não seja tão boa nesta cópia, parece que o som stereo foi gravado diretamente no CD sem remasterização, vale a pena. Se você é um fã da trilha sonora como eu, é uma adição decente à sua biblioteca.
O Filme
Spartacus (Kirk Douglas), um homem que nasceu escravo, labuta para o Império Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Apesar de não ter muito com o que sonhar, pois foi condenado morte por morder um guarda em uma mina na Líbia. Só que seu destino é mudado por um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que o compra para ser treinado nas artes de combate e se tornar um gladiador. Até que um dia, dois poderosos patrícios chegam de Roma com suas esposas, que pedem para serem entretidas com dois combates até morte e Spartacus é escolhido para enfrentar um gladiador negro, que vence a luta mas se recusa a matar seu opositor, atirando seu tridente contra a tribuna onde estavam os romanos. Este nobre gesto custa a vida do gladiador negro e enfurece Spartacus de tal maneira que ele acaba liderando uma revolta de escravos, que atinge metade da Itália do século primeiro. Inicialmente as legiões romanas subestimaram seus adversários e foram todas massacradas, por homens que não queriam nada de Roma, além de sua própria liberdade. Até que, quando o Senado Romano toma consciência da gravidade da situação, decide reagir com todo o seu poderio militar.
O filme venceu o Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Peter Ustinov), melhor direção de arte, melhor fotografia e melhor figurino e ainda foi indicado nas categorias de melhor edição e melhor trilha sonora. Diretor: Stanley Kubrick. Elenco: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Tony Curtis e Peter Ustinov.
Os CDs 1 e 2 fazem parte da sequência lógica das cenas do filme. O CD 3 é um bônus.
Recomendo, incondicionalmente, a todos os amantes da música. Divirtam-se !
Spartacus by Alex North CD1
01 – OVERTURE
02 – MAIN TITLE
03 – THE MINES
04 – SLAVE SHIP
05 – I’M NOT AN ANIMAL
06 – TRAINING – MARCELLUS PAINT – DIFFERENT CELL
07 – DID THEY HURT YOU
08 – CRASSUS ARRIVES
09 – THE ROMANS
10 – CHOOSING THE GLADIATORS
11 – CRASSUS MEETS VARINIA
12 – GLADIATORS FIGHT TO THE DEATH – DRABBAS DEATH
13 – MARCELLUS SOUP – REVOLT – ROME
14 – CRASSUS VILLA
15 – LOOTING – DESERTED SCHOOL
16 – ARMY OF GLADIATORS – REUNION WITH VARINIA
17 – OYSTERS AND SNAILS
18 – VESUVIUS CAMP – VOLUNTEERS – GRACHUS DRUNKEN MARCH
19 – ANTONINUS SONG – BLUE SHADOWS AND PURPLE HILLS
20 – GLABRUS SIGHTED – BURNING CAMP
21 – FINALE – ACT ONE
CD2
01 – INTERMISSION MUSIC
02 – CROSSING THE ALPS – DEAD BABY – BY THE POOL
03 – METAPONTUM
04 – BATH HOUSE
05 – THE SEA
06 – CELEBRATION
07 – THE PEOPLE ASSEMBLE
08 – THE TWO ARMIES MARCH
09 – NIGHT BEFORE THE BATTLE
10 – THE BATTLE
11 – FIELD OF BODIES – VARINIA’S BABY
12 – I AM SPARTACUS – CRASSUS FINDS VARINIA IN THE FIELD
13 – SLAVE LINE – MASS CRUCIFIXION
14 – NIGHT CRUCIFIXIONS
15 – CRASSUS AND VARINIA
16 – FEAR OF DEATH – CRASSUS SLAP – ANTONINUS DEATH
17 – GOODBYE MY LIFE, MY LOVE
18 – EXIT MUSIC
Music Composed and Conducted by Alex North
Orchestra from the Universal Studios
Nascido em Budapeste o compositor Miklós Rózsa (1907-1995) foi um ponto de referência para muitos compositores, mais lembrado pelas composições em filmes épicos e religiosos do que pelas composições iniciais de sua carreira, obras neoclássicas, além de balés e sinfonias. Seu trabalho de concerto foi promovido por artistas como o violinista Jascha Heifetz.
O mestre húngaro começou a trabalhar em filmes no final da década de 30. Em 1949 foi contratado pelos estúdios da MGM e participou da fase das grandes produções épicas. A obra que ora trago aos amigos do blog é a sensacional composição do incrível clássico “Ben-Hur” (1959) um marco memorável na carreira de Miklós e que ainda lhe renderia um Oscar da Academia. Eu sempre gostei muito do filme “Ben Hur” e algumas das músicas nele contida são incríveis, um verdadeiro “poema sinfônico”. Rózsa teve o extraordinário luxo de dispor quase um ano inteiro para escrever a trilha sonora do filme de três horas e meia. Esta trilha influenciou outros filmes épicos por mais de quinze anos. A sequência das faixas dos dois CDs é a mesma sequência que as músicas apareceram no filme e nos permite ouvir e imaginar as cenas, um exemplo bem marcante é a faixa 14 do CD1 ”The Rowing of the Galley Slaves” onde Ben-Hur está condenado nas galés, a tensão entre os condenados do navio de guerra vai crescendo a medida que a música vai acelerando ao ritmo da batalha. O resultado é uma trilha sonora totalmente envolvente, a faixa 02 do CD 1 “Overture” explode como um trovão melodioso do passado, e a faixa 06 do CD 1 “Title Music” soa como se a orquestra estivesse cercando o ouvinte. A música se mantém excepcionalmente envolvente, proporcionando assim cerca de duas horas de audição.
O filme
O filme lançado em 1959 tem como diretor o William Wyler e o elenco com figuras carimbadas como Charlton Heston, Jack Hawkins, Haya Harareet. Teve doze indicações ao Oscar e acabou levando onze estatuetas para casa, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator além da composição de Miklós.
O enredo se passa em Jerusalém, no início do século I, vive Judah Ben-Hur (Charlton Heston), um rico mercador judeu. Mas, com o retorno de Messala (Stephen Boyd), um amigo da juventude que agora é o chefe das legiões romanas na cidade, há entre os dois um desentendimento devido a visões políticas divergentes e faz com que Messala condene Ben-Hur a viver como escravo em uma galera romana, mesmo sabendo da inocência do ex-amigo. Mas o destino vai dar a Ben-Hur uma oportunidade de vingança que ninguém poderia imaginar. Ao voltar sua família fora destruída então ele jura vingança contra Messala, porém, seu caminho é cruzado por um misterioso homem de Nazaré. Tal encontro faz Judah se questionar se vale a pena viver com ódio. Uma das cenas mais icônicas, a corrida de bigas, é lembrada como um dos momentos mais marcantes da história do cinema. Foram necessários três meses de filmagens e um total de 15 mil figurantes para realizar a cena. De fato, Ben-Hur é uma verdadeira obra prima da sétima arte, um grandioso clássico.
Miklós Rózsa conduziu uma pesquisa sobre a música grega e romana do século primeiro para dar à partitura um som autêntico enquanto moderno. O próprio Rózsa dirigiu a MGM Symphony Orchestra de 100 peças durante as 12 sessões de gravação, que se estenderam por 72 horas. Considerada a melhor obra de sua carreira. Um dos maiores compositores de trilhas de todos os tempos, permaneceu profundamente influente em meados da década de 1970, particularmente nas trilhas épicas e atrevidas do jovem John Williams.
O som da gravação é excelente, assim como a execução da orquestra. Excelente música para um dos melhores filmes de todos os tempos ! Esta trilha sonora composta é impactante e emocionante, um verdadeiro espetáculo. Divirtam-se !
Ben-Hur by Miklós Rózsa
CD1
01 – Miklos Rozsa – Prologue
02 – Miklos Rozsa – Overture
03 – Miklos Rozsa – Prelude
04 – Miklos Rozsa – Star of Bethlehem
05 – Miklos Rozsa – Adoration of the Magi
06 – Miklos Rozsa – Title Music
07 – Miklos Rozsa – Roman March
08 – Miklos Rozsa – Friendship
09 – Miklos Rozsa – The House of Hur
10 – Miklos Rozsa – Love Theme
11 – Miklos Rozsa – Gratus’ Entry into Jerusalem
12 – Miklos Rozsa – Messala’s Revenge
13 – Miklos Rozsa – The Burning Desert
14 – Miklos Rozsa – The Rowing of the Galley Slaves
15 – Miklos Rozsa – Naval Battle
CD2
01 – Miklos Rozsa – Victor Parade
02 – Miklos Rozsa – Fertility Dance
03 – Miklos Rozsa – Arrius Party
04 – Miklos Rozsa – Farewell to Rome
05 – Miklos Rozsa – Return to Judea
06 – Miklos Rozsa – Memories
07 – Miklos Rozsa – The Mother’s Love
08 – Miklos Rozsa – Intermission Entr’acte Music
09 – Miklos Rozsa – Bread and Circus March
10 – Miklos Rozsa – Parade of the Charioteers
11 – Miklos Rozsa – Death of Messala
12 – Miklos Rozsa – Sermon on the Mount
13 – Miklos Rozsa – Valley of the Dead
14 – Miklos Rozsa – The Lepers search for the Christ
15 – Miklos Rozsa – Procession to Calvary
16 – Miklos Rozsa – Golgotha
17 – Miklos Rozsa – Christ Theme
18 – Miklos Rozsa – The Miracle and Finale
Miklós Rózsa e Carlo Savina – Regentes
The National Philharmonic Orchestra and Chorus
Elmer Bernstein (1922 – 2004) nasceu nos Estados Unidos, nasceu para Hollywood, nasceu para musicar a sétima arte. Tendo feito cerca de incríveis 150 trilhas sonoras originais, além de quase 80 produções televisivas, Musicais da Broadway, trabalhou também na década de 80 no famoso videoclipe da música “Thriller”, de Michael Jackson. O cara era f…., ao longo de sua carreira Bernstein emplacou um Oscar dos 14 que concorrera no total.
Em sua juventude tocou algumas de suas improvisações para o compositor Aaron Copland, que empolgado com o garoto o aceitou como aluno de composição. Bernstein também atuou como pianista de concertos entre 1939 e 1950 e escreveu numerosas composições clássicas, incluindo três suítes de orquestra, dois ciclos de canções, várias composições para viola e piano e para piano solo, quarteto de cordas e um concerto para guitarra. Na Segunda guerra mundial Elmer foi convocado para a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos, onde escreveu músicas para a Rádio das Forças Armadas.
Na década de 50 um executivo de música de estúdio apresentou-o a Cecil B. De Mille, que estava gravando “Os Dez Mandamentos” e que precisava de música com som de época. O compositor Victor Young – que originalmente fora contratado para escrever a música dramática – desistiu por motivos de saúde, e DeMille substituiu o compositor doente pelo jovem promissor. Elmer Bernstein se lembra de seu primeiro encontro com Cecil B. DeMille e sua grande chance em “Os Dez Mandamentos”: “‘Senhor. Bernstein “, disse DeMille em grande voz,” você acha que pode fazer pela música egípcia antiga o que Puccini fez pela música japonesa em “Madame Butterfly?” Ele trabalhou na composição por um ano e meio. Criando uma das maiores trilhas já feitas para o cinema. Se os amigos do blog se interessarem pela brilhante carreira do Elmer segue o link de sua página (https://elmerbernstein.com), vale a pena conhecer as grandes obras deste mestre do século XX.
Ao contrário da suposição popular, ele não era parente do célebre compositor e maestro Leonard Bernstein, mas os dois homens eram amigos.No mundo da música profissional, eles se distinguiram pelo uso dos apelidos Bernstein West (Elmer) e Bernstein East (Leonard). Eles também pronunciaram seus sobrenomes de maneira diferente. Elmer pronunciou seu “BERN-steen”, e Leonard usou “BERN-stine”.
Hoje tenho a alegria de poder compartilhar com os amigos do blog uma das maiores páginas musicais já escritas para o cinema: “The Ten Commandments” do compositor Elmer Bernstein. Eu amo essa composição. Adorei quando criança, adorei quando tocava o LP (aliás a foto da capa é do LP que comprei na década de 80 em uma das lojas mais conceituadas de Sampa) e continuo adorando agora aos cinquenta. Espero que outros possam apreciar o trabalho do Bernstein. Na minha opinião de admirador, essa composição conta a história de Moisés tão bem quanto Charleton Heston e o resto do elenco. Acredito que sem esta ótima composição o filme não seria o mesmo. John Williams utilizou a faixa 19 como base para o final do Star Wars Episode IV. Poderoso, épico e clássico ouçam a magistral página que é a faixa 23! Todo o CD é soberbo !
O filme Considerado como o maior épico bíblico já feito, “Os Dez Mandamentos”, de Cecil B. DeMille, é uma obra-prima. O elenco é incrível e apresenta Charlton Heston, Yul Brynner, Anne Baxter e Edward G. Robinson em performances inesquecíveis. Heston, em particular, apresenta uma performance icônica; como se ele tivesse nascido para brincar de Moisés. Os cenários e figurinos são especialmente ambiciosos e são feitos em uma escala notável. Além disso, DeMille traz uma perspectiva interessante ao material e o enquadra como uma luta entre liberdade e tirania. Os Dez Mandamentos é uma peça extraordinária de cinema e um clássico amado. “Então, deixe que seja escrito, que seja feito”. Baseado nas Escrituras Sagradas, com diálogos adicionais de várias outras mãos, “Os Dez Mandamentos” foi o último filme dirigido por Cecil B. DeMille. A história relata a vida de Moisés, desde o momento em que ele foi descoberto nos juncos quando criança pela filha do faraó, a sua longa e difícil luta para libertar os hebreus da escravidão pelas mãos dos egípcios. Moises (Charlton Heston) começa seguro como o filho adotivo de Faraó (e um gênio em projetar pirâmides, dando conselhos no local de construção), mas quando descobre sua verdadeira herança hebraica, ele tenta: tornar a vida mais fácil para o seu povo. Banido por seu meio-irmão ciumento Ramsés (Yul Brynner), Moisés retorna totalmente barbado à corte do Faraó, avisando que recebeu uma mensagem de Deus e que os egípcios devem libertar os hebreus imediatamente. Somente depois que as pragas mortais dizimaram o Egito, Ramsés cedeu. Quando os hebreus alcançam o Mar Vermelho, eles descobrem que Ramsés voltou à sua palavra e planeja matá-los todos. Mas Moisés resgata seu povo com um pouco de domínio divino, separando os mares. Mais tarde, Moisés é novamente confrontado por Deus no Monte. Sinai, que lhe entrega os Dez Mandamentos.
Os Dez Mandamentos de DeMille pode não ser o entretenimento mais sutil e sofisticado já inventado, mas conta sua história com uma clareza e vitalidade que poucos estudiosos da Bíblia jamais foram capazes de fazer. Com um tempo de execução de quase quatro horas, o último longa-metragem de Cecil B. De Mille não é chato nem por um minuto. O que faz esse filme funcionar – algo que os filmes religiosos recentemente perderam completamente o fio – é que não é um sermão. É atraente, apesar de suas alianças religiosas.
Mesmo para quem não conhece, ainda, o filme muitos temas são familiares. Uma das minhas composições preferidas do século XX. Uma composição refinada e tremenda. Divirtam-se com mais este tesouro da música!
The Ten Commandments by Elmer Bernstein
Ten Commandments -01- Overture
Ten Commandments -02- Main title
Ten Commandments -03- Murder Firstborn, Moses conqueror&cour
Ten Commandments -04- Foods from the Gods
Ten Commandments -05- Treasure City, Erecting monolith
Ten Commandments -06- A city of sethi’s glory
Ten Commandments -07- Hard bondaje
Ten Commandments -08- Nefretiris’ barge
Ten Commandments -09- You are the reedemeri, Lilia begs
Ten Commandments -10- Into blistering wilderness of Shur
Ten Commandments -11- Well of Midiam, Stranger in wise, Stro
Ten Commandments -12- Moses questions Sephora about
Ten Commandments -13- Moses and Sephora to be his wife
Ten Commandments -14- Royal falcon is flown sun, Lilia
Ten Commandments -15- Plague of blood
Ten Commandments -16- Green cloud descends
Ten Commandments -17- Death of Pharaohs son
Ten Commandments -18- I set you free
Ten Commandments -19- A new Day, Exodus
Ten Commandments -20- Ride of the chariots
Ten Commandments -21- And the sea covered him
Ten Commandments -22- His God, Is God, Mount Sinai
Ten Commandments -23- Commandments. Golden Calf
Ten Commandments -24- Wrath of God, Law is restored
Ten Commandments -25- Exit music
Composed & Conducted by Elmer Bernstein
Paramount Pictures Studio Orchestra
Este CD é para aqueles que como eu cresceram lendo ‘O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien, e que mais tarde ficaram fascinados pela exuberante e tremendamente bem produzida versão cinematográfica da Saga dos Hobbits. Pela primeira vez na minha vida fui assistir a um filme em Pré -Estréia. Como comentei acima, li toda a saga até mesmo antes de ser traduzida para o português do Brasil, em uma edição portuguesa cara, e para piorar, publicada em papel jornal, horrível de se ler, mas era o que tinhamos para o momento.
Deve ter sido muito difícil transpor toda a mitologia criada por Tolkien para o cinema, e mais difícil ainda compor uma trilha sonora para aquele universo. Por isso minha admiração pelo diretor Peter Jackson, e pelo compositor Howard Shore, que encarou o desafio. Quem assistiu aos filmes vai reconhecer a música. Não sou muito fã de trilhas sonoras, mas tenho de reconhecer a qualidade dessa aqui.
Ela foi composta para uma orquestra completa com coro. Na verdade, segundo o texto do booklet, esta orquestra, 21 º Century Symphony Orchestra & Chorus foi montada a dedo, cada um dos músicos foi escolhido pessoalmente pelo compositor. É um trabalho grandioso, com muitos elementos envolvidos.
Então vamos ao que viemos. Espero que apreciem.
Disc One
Movement One ´The Fellowship of the Ring
The Prophecy – Concerning Hobbits – The Shadow of the Past – A Short Cut to Mushrooms – The Old Forrest – A Knife in the Dark
Movement Two
Many Meetings – The Ring Goes South – A Journey in the Dark – The Bridge of Khazad-dûm – Lothlórien – Gandalf´s Lament – Farewell to Lórien – The Great River – The Breaking of the Fellowship
Disc Two – the Two Towers
Movement Three
Foundation of Stone – The Taming of Sméagol – The Riders of Rohan – The Black Gate is Closed – Evenstar – The Wide Rider – Treebeard – The Forbidden Pool
Movement Four
The Hornburg – Forth Eorlingas – Isengard Unleashed – Gollum´s Song
The Return of the King
Movement Five
Hope and Memory – The White Tree – The Steward of Gondor – Cirith Ungol – Andúril
Composed by Howard Shore
21º Century Symphony Orchestra & Chorus
Kaitlyn Lusk – Soloist
Ludwig Wicki – Conductor
Longo, belo e seriíssimo, Camille Claudel parece muito mais antigo do que seus meros trinta e um anos fazem parecer. Claro que não nos debruçaremos aqui sobre suas virtudes e problemas. Limitar-nos-emos a uma menção à interpretação maiúscula de Gérard Dépardieu como Auguste Rodin e ao papel da vida de Isabelle Adjani, absurdamente bela e transcendentemente imbuída da personagem-título dessa obra que também produziu. Camille Claudel interessa-nos, dentro do escopo deste blogue, pela grande música que lhe compõs o libanês Gabriel Yared, que se inspirou escarradamente em Mahler, Schönberg e Richard Strauss para criar uma trilha que, acredito, se sustenta sozinha. E aos tantos fãs do filme que a gente sempre encontra pelos caminhos do planeta, e que estavam desesperados à cata de sua “bande originale”, a busca acabou: ei-la, direto de um sebo de Bonn!
CAMILLE CLAUDEL – BANDE SONORE ORIGINALE DU FILM – GABRIEL YARED
Um filme visualmente suntuoso como “O Jardim Secreto”, baseado no romance homônimo de Frances Hodgson Burnett e sensivelmente realizado por Agnieszka Holland, não poderia ter uma música que causasse menor impressão. Preisner, compatriota de Holland, caprichou e legou-nos uma trilha sonora que, talvez, seja entre as suas a que melhor se sustente sem as imagens. A agitada abertura, com toda sua percussão, soa pouco “preisneriana”, mas em seguida todos os gestos tão caros ao compositor – os temas singelos, a preferência pelos sopros (especialmente o oboé e as flautas-doces) e pelo piano, o uso econômico da instrumentação, com diálogos instrumentais como que em prosa – vão surgindo, entremeados por todos os melífluos clichês que imaginaríamos num filme sobre crianças – violinos trinando, glockenspiele, coros angélicos. Quando nos damos conta, depois de uma que outra sugestão de Dvořák, já se foram, muito belos, seus trinta e poucos minutinhos.
THE SECRET GARDEN – ORIGINAL MOTION PICTURE SOUNDTRACK MUSIC COMPOSED BY ZBIGNIEW PREISNER
1 – Main Title
2 – Leaving The Docks
3 – Mary Downstairs
4 – First Time Outside
5 – Skipping Rope
6 – Entering The Garden
7 – Walking Through The Garden
8 – Mary And Robin Together
9 – Shows Dickon Garden
10 – Awakening Of Spring
11 – Craven Leaves
12 – Taking Colin To The Garden
13 – Colin Opens His Eyes
14 – Colin Tries Standing
15 – Colin Loves Mary
16 – Craven’s Return
17 – Looking At Photos
18 – Craven To The Garden
19 – Colin Senses Craven
20 – Happily Ever After
“A Dupla Vida de Véronique” é um dos filmes mais belos e estranhos que conheço. Belo pela luz dourada, por seus suaves verdes e vermelhos, pelos imensos silêncios entremeados pela música de Zbigniew Preisner, e sobretudo pelo rosto da divina Irène Jacob – no papel de sua vida -, iluminado maravilhosamente por Sławomir Idziak e seguido com discrição e sensibilidade por Krzysztof Kieślowski. Estranho porque, entre outros motivos, muito pouco acontece em “Véronique” e, no entanto, nada nele é tedioso. Poucas vezes vi a introspecção, que me é tão cara, retratada na tela assim, vivamente. É um filme, talvez, sobre a sensação de não estarmos sozinhos, de que há algo ou alguém a viver paralelamente conosco; uma experiência tão bela quanto estranhíssima, que abre mais questões do que as responde, e inda mais a cada revisita.
ZBIGNIEW PREISNER – LA DOUBLE VIE DE VERONIQUE – BANDE SONORE ORIGINALE DU FILM
1 – Weronika
2 – Véronique
3 – Tu Viendras
4 – L’Enfance
5 – Van den Budenmayer: Concerto en Mi Mineur, Version de 1798
6 – Véronique
7 – Solitude
8 – Les Marionnettes
9 – Theme: Première Transcription
10 – L’Enfance II
11 – Alexandre
12 – Alexandre II
13 – Theme: Deuxième Transcription
14 – Concerto en Mi (Instrumentation Contemporaine No. 1)
15 – Concerto en Mi (Instrumentation Contemporaine No. 2)
16 – Concerto en Mi (Instrumentation Contemporaine No. 3)
17 – Van den Budenmayer: Concerto en Mi Mineur, Version de 1802
18 – Générique de Fin
Jacek Ostaszewski, flauta Elzbieta Towarnicka, soprano Coro Filarmônico da Silésia Orquestra Filarmônica de Katowice Antoni Wit, regência
O “Decálogo” – uma guirlanda de, bem, dez brilhantes filmes de 55 minutos, cada qual uma pequena obra-prima – constitui o opus magnum de Kieślowski. Produzido pela televisão polonesa e de distribuição modesta quando de seu lançamento, repercutiu enormemente mundo afora, em especial junto aos cineastas – até mesmo o mui recluso e extremamente crítico Stanley Kubrick teceu loas ao roteiro -, e abrindo caminho no exterior para a carreira do diretor. Apesar de algumas semelhanças, como o entrelaçamento de tramas e os personagens demiúrgicos recorrentes, Kieślowski – que iniciou a carreira como documentarista – não lança mão aqui do virtuosismo que exibiria em sua muito mais famosa Trilogia das Cores, iniciada cinco anos depois. A despeito do título, a alusão aos Dez Mandamentos é, para o dizer o mínimo, bastante oblíqua. Pouquíssimo há de bíblico ou religioso nessas histórias que se desenrolam num austero e feiíssimo conjunto habitacional em Varsóvia. O estilo é muito enxuto, a atmosfera é quase árida, e os longos silêncios e ênfase nos closeups exigem um protagonismo da música, que Zbigniew Preisner garante com uma trilha sonora extraordinária, que depois adaptaria para os dois longa-metragens feitos a partir de episódios da série: “Não Matarás” (Krótki film o zabijaniu) e “Não Amarás” (Krótki film o miłości), ambos de 1988. Digna de nota, também, é a primeira menção a Van den Budenmayer, compositor neerlandês fictício, criatura de Kieślowski e Preisner, a quem se atribuem temas e composições que apareceriam também em “A Dupla Vida de Véronique”, “Azul” e “Vermelho”.
DEKALOG – MUZYKA FILMOWA – ZBIGNIEW PREISNER
1 – Dekalog I Part 6
2 – Dekalog I Part 5
3 – Dekalog II Part 1
4 – Dekalog II Part 2
5 – Dekalog III Part 2
6 – Dekalog III Part 3
7 – Dekalog IV Part 1
8 – Dekalog IV Part 2
9 -Dekalog V Part 1
10 – Dekalog V Part 6
11 – Dekalog V Part 9
12 – Dekalog V Part 12
13 – Dekalog VI Part 1
14 – Dekalog VI Part 2
15 – Dekalog VI Part 3
16 – Dekalog VI Part 4
17 – Dekalog VII Part 6
18 – Dekalog VII Part 8
19 – Dekalog VIII Part 1
20 – Dekalog VIII Part 4
21 – Dekalog VIII Part 7
22 – Dekalog IX Part 3
23 – Dekalog IX Part 7
24 – Dekalog IX Part 12
25 – Dekalog IX Part 13
Grande Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão Polonesa em Katowice Zdzisław Szostak, regência
Tão logo terminaram os créditos finais de “Azul”, e enquanto ainda ecoava em meus pouco impressionáveis ouvidos médios a sensacional música de Zbigniew Preisner, determinei a mim mesmo:
– Sai AGORA dessa sala, criança, e consegue essa trilha.
Como naquela época ainda não havia o PQP Bach, e tampouco sonhávamos com a internet para, entre um download e outro, brigarmos com pessoas que sequer conhecemos, fui feito um Dodge na única loja em que eu tinha certeza de que encontraria a gravação. Lá atendia uma gentil, floral senhorinha, mui apropriadamente chamada Margarida, que me serviu café e bolachas e, entre renovados votos de que eu voltasse em breve para sangrar um pouco mais meus já anêmicos bolsos de estudante, entregou-me o CD em troca do que me seriam alguns almoços no bandejão.
Toquei de volta para casa, louco para encontrar meu “toca-discos-laser” – pois assim chamávamos as engenhocas -, enquanto planejava como inserir mais aqueles jejuns em meu minguado orçamento nutricional. Ouvi a trilha com o devido deleite; mais que isso, lambuzei-me com ela. Não só pela música, mas porque escutá-la com atenção me fez perceber detalhes que me escaparam do estupor que foi assistir a “Azul”. Dei-me conta, entre tantas outras coisas, de que o “Canto pela Reunificação da Europa”, a peça cuja composição é um dos fios condutores da trama, era baseado no texto grego da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, aquela extravagante apologia do Amor – e isso bem antes dele virar o batido tema da prédica dos sacerdotes em 9 em cada 10 casamentos. Constatei, também, que havia excertos da trilha sonora de “Vermelho”, que eu nem imaginava estar em produção, posto que nem sabia tratar-se duma trilogia (o que era uma senhora patetice minha, considerando com a considerável dica das “Três Cores” nos prenomes dos filmes) e, menos ainda, que as tramas, assim como as trilhas sonoras, se entrelaçavam.
Ao ouvir aquela vinheta do filme vindouro, um sinuoso bolero, flagrei-me novamente falando comigo mesmo:
– Véronique.
Sim, Véronique – que, esclareço, que não era propriamente Véronique, mas sim sua intérprete, a magnífica Irène Jacob, que me fizera prostrar em admiração, sialorreia e silêncio durante toda projeção de “A Dupla Vida de Véronique”, também de Kieślowski, alguns anos antes. Aquele bolero, repetia para mim mesmo, era a CARA dela.
Alguns meses depois, “Branco” chegou aos cinemas e, na saída, dei de cara com Irène/Véronique no pôster de “Vermelho”. Sim, eu acertara em cheio: aquele bolero era seu retrato sonoro, e Preisner, tsc, sabia mesmo das coisas. E não só isso: a seu lado no pôster, estava o mítico Jean-Louis Trintignant, o que, com a música de Preisner e sob a direção de Kieślowski, só me podia deixar a esperar o sublime. Alguns poucos e apreensivos meses depois, “Vermelho” veio e arrebentou todas minhas expectativas: este então jovem saco de tripas deixou a sala com a certeza de ter assistido a um dos melhores filmes que veria em toda sua vida.
Conto-lhes tudo isso para admitir que é difícil falar criticamente de algo que se adora tanto. Posso, num arremedo de crítica, admitir que falta aqui a opulência da trilha de “Azul” e a acidez da de “Branco”. O supracitado bolero, leitmotiv de Irène/Valentine e formoso como a protagonista, flerta de perto com o mundo do easy listening – e meu pai, fã do gênero, chegou-me mesmo a perguntar se quem tocava era Franck Pourcel. Talvez a música não se sustente sozinha como a das trilhas que a antecederam. Se ela, todavia, tão só instigar o leitor-ouvinte a conhecer a Trilogia das Cores, obra-prima e canto do cisne de Kieślowski, lamentavelmente falecido dois anos após o lançamento de “Vermelho” – bem, este meu bolero todo já terá valido a pena.
TROIS COULEURS: ROUGE
Trilha sonora original do filme
Música composta por Zbigniew Preisner
1 – Miłość od pierwszego wejrzenia
2 – Fashion Show I
3 – Meeting the Judge
4 – The Taped Conversation
5 – Leaving the Judge
6 – Psychoanalysis
7 – Today is my Birthday
8 – Do Not Take Another Man’s Wife I
9 -Treason
10 – Fashion Show II
11 – Conversation at the Theatre
12 – The Rest of the Conversation at the Theatre
13 – Do Not Take Another Man’s Wife II
14 – Catastrophe
15 – Finale
16 – L’ Amour Au Premier Regard
Silesian Philharmonic Choir Sinfonia Varsovia Wojciech Michniewski, regência
Nota: a trilha sonora abre com um recitativo baseado num poema da polonesa Wisława Szymborska, Prêmio Nobel de Literatura em 1996, interpretado no original pelo ator Zbigniew Zamachowski (protagonista de “Branco”), e encerra-se com uma versão francesa. A peça não é ouvida em momento algum no filme, e sua audição, dessa forma, parece-me uma sugestão de poslúdio ao convoluto amor que se desenrola na tela.
AMOR À PRIMEIRA VISTA Wisława Szymborska
Ambos estão certos de que uma paixão súbita os uniu.
É bela essa certeza, mas é ainda mais bela a incerteza.
Acham que por não terem se encontrado antes nunca havia se passado nada entre eles. Mas e as ruas, escadas, corredores nos quais há muito talvez se tenham cruzado?
Queria lhes perguntar, se não se lembram – numa porta giratória talvez algum dia face a face? um “desculpe” em meio à multidão? uma voz que diz “é engano” ao telefone? – mas conheço a resposta. Não, não se lembram.
Muito os espantaria saber que já faz tempo o acaso brincava com eles.
Ainda não de todo preparado para se transformar no seu destino juntava-os e os separava barrava-lhes o caminho e abafando o riso sumia de cena.
Houve marcas, sinais, que importa se ilegíveis. Quem sabe três anos atrás ou terça-feira passada uma certa folhinha voou de um ombro ao outro? Algo foi perdido e recolhido. Quem sabe se não foi uma bola nos arbustos da infância?
Houve maçanetas e campainhas onde a seu tempo um toque se sobrepunha ao outro. As malas lado a lado no bagageiro. Quem sabe numa noite o mesmo sonho que logo ao despertar se esvaneceu.
Porque afinal cada começo é só continuação e o livro dos eventos está sempre aberto no meio.
Inaugurar a Trilogia das Cores com um filme tão soberbo quanto “Azul” trouxe uma imensa expectativa sobre como seria em seu ato seguinte. Surpreendentemente, Krzysztof Kieślowski serviu ao público, ainda assoberbado pelo grande drama cerúleo, uma comédia que teve recepção morna, e não sem “nhés” de decepção.
Explicar-lhes por que adorei este filme sucinto e ácido, algo como um “Andantino semplice” inserido entre dois suntuosos movimentos sinfônicos, foge ao escopo deste blogue, mas não me furto a afirmar-lhes que trilha sonora que Zbigniew Preisner lhe compôs é tão essencial à trama quanto a do primeiro filme. Não cabe à música, aqui, o protagonismo que tivera em “Azul”, como força condutora a sublinhar os longos close-ups da personagem da divina Juliette Binoche e entrecortar-lhe os doídos silêncios. O que ouvimos, reiteradamente, é um tango – o gênero tragipatético por excelência – a acompanhar o protagonista em sua volta do exílio, seu reencontro humilhante com o rincão e suas tentativas de recomeço (e, enquanto escrevo isso, dou-me conta de que no tango, assim como em “Branco”, o homem conduz os passos, enquanto “Azul” e “Vermelho” são conduzidos por mulheres). Não haveria espaço, entre tanta neve e bruscos diálogos em polonês, para as grandes massas sonoras da trilha sonora anterior. Assim, Preisner limita-se a comentar cameristicamente, e com modos eslavos bem apropriados à desolação do inverno em Varsóvia, o tema comum a todos os filmes da trilogia: o trôpego caminhar de uma criatura rumo ao que pensa ser sua redenção.
TROIS COULEURS – BLANC
Trilha sonora original do filme
Música composta por Zbigniew Preisner
1 – The Beginning
2 – The Court
3 – Dominique tries to go home
4 – A Chat in the Underground
5 – Return to Poland
6 – Home at last
7 – On the Wisla
8 – First Job
9 – Don’t fall asleep
10 – After the first transaction
11 – Attempted Murder
12 – The Party on the Wisla
13 – Don Karol I
14 – Phone Call to Dominique
15 – Funeral Music
16 – Don Karol II
17 – Morning at the Hotel
18 – Dominque’s Arrest
19 – Don Karol III
20 – Dominique in Prison
21 – The End
Mariusz Pedzialek, oboé Jan Cielecki, clarinete Zbigniew Preisner Light Orchestra Zbigniew Paleta, violino e regência