György Ligeti (1923-2006): Peças Diversas – Vários Intérpretes – ֍ — 28/05/2023 — 100 anos de Ligeti!

György Ligeti (1923-2006): Peças Diversas – Vários Intérpretes – ֍  — 28/05/2023 — 100 anos de Ligeti!

Ligeti • Nancarrow

Dutilleux • Scarlatti

Ravel • Chopin

Debussy • Kapustin

 

 

28/04/2023 — 100 anos de Ligeti!

Mais Ligeti aqui.

Para esta postagem comemorativa dos 100 anos de nascimento de György Ligeti imaginei uma reunião de amigos, de pessoas com muitas afinidades que se encontram para um animado papo…

É claro, deve estar presente a música do homenageado. Mas, optei por trazer algumas de suas composições misturadas a peças de outros compositores que lhe fazem, assim, companhia. Imagino que se eles estivessem todos reunidos (quem sabe?) estariam batendo papo, trocando figurinhas.

Alim ao lado do grand piano do PQP Bach Hall em Bucareste

Começo com um disco curto de um jovem pianista – Alim Beisembayev – que ganhou o Leeds Interational Piano Competition em 2021. Andrew ficou aMa(n)zed com os dotes pianísticos do Alim enquanto regia a régia RPO na linda Rapsódia sobre um tema de Paganini, do Sergei Rachmaninov – feito que lhe rendeu a Gold Medal do concurso. Nascido no Cazaquistão no apagar das luzes do século passado, Beisembayev já tem um carreira de pianista consolidada e um disco comercial com os endiabrados estudos para piano de Liszt.

Neste disco (associado ao concurso) ele mostra suas credenciais tocando três lindas sonatas de Scarlatti, duas peças de Miroirs de Maurice Ravel e três estudos para piano do nosso homenageado. É interessante ver a música de Ligeti ao lado de peças de compositores que contribuíram enormemente para o desenvolvimento da técnica de tocar instrumentos com teclado. Mesmo tendo apenas três dos estudos de Ligeti neste disco, já dá para se ter uma ideia do escopo da criatividade do sujeito. Cordes à vide é o segundo estudo do primeiro livro e é estranhamente sereno, calmo e lembra o universo de Debussy. Depois deste momento de reflexão, dois estudos do segundo livro que levam a técnica de piano ao extremo. Der Zauberlehrling (O Aprendiz de Feiticeiro) e L’escalier du diable (que dispensa tradução) são estudos que dão nós nos dedos dos pianistas e deixam todos (inclusive os ouvintes) sem fôlego.

O segundo disco da postagem foi gravado ao vivo (há palmas no final dos números musicais, mas as gravações são impecáveis) na série Wigmore Hall Live no concerto do famoso Arditti String Quartet, cuja identificação com a música moderna é notória. Para este recital eles escolheram quartetos de Conlon Nancarrow, Henri Dutilleux e o Segundo Quarteto de Ligeti. O disco é realmente muito intenso, mas uma audição cuidadosa, de mente aberta às novidades, pode render muitos bons frutos. Desses dois ‘vizinhos’ de Ligeti, Nancarrow é possivelmente o menos conhecido, mas desfrutava um enorme reconhecimento do György. Veja o que ele disse sobre Conlon Nanacarrow: This music is the greatest discover since Webern and Ives… his music is so utmost original, enjoyable, constructive and at the same time emotional… for me it’s the best music of any living composer. […] para mim, é a melhor música de qualquer compositor vivo.

Irvine tentando afinar um Guarneri da coleção do PQP Bach…

Na apresentação do disco, o quarteto de Ligeti é considerado a peça mais difícil. But while both of these works are undeniably impressive for the great difficulties they present, the tour de force of this recording is György Ligeti’s enormously demanding String Quartet No. 2 (1968), a masterpiece of extended string techniques and sonorities that is a bold continuation of the explorations of Béla Bartók. O ‘tour de force’ deste disco é o terrivelmente exigente Quarteto de Cordas No. 2 (1968) de Ligeti, uma obra de técnicas e sonoridades de cordas levadas ao extremo e é uma ousada continuação dos avanços feitos por Béla Bartók.

Ligeti foi um compositor de música para piano, que ele tocava com uma técnica inadequada, como ele mesmo afirmou. Esta técnica inadequada aliada a uma imaginação prodigiosa o fez produzir peças que o colocam como mestre na linha de grandes compositores para piano, como Chopin, Liszt e Debussy.

Antes de Chopin os estudos para piano (Czerny, Moschelles, por exemplo) eram peças que tinham caráter técnico e visavam os estudantes de piano. Schumann e (principalmente) Chopin levaram o gênero a outro nível, devido à qualidade artística das obras que criaram.

Dora sendo simplesmente adorável…

Assim, o último disco da postagem coloca Ligeti em companhia destes dois gigantes, Chopin e Debussy, sem contar três lindas peças de Nikolai Kapustin. Dora Deliyska é uma ótima pianista que também é uma artista versátil e interessante. Ela tem criado projetos que resultam em discos como este, um lançamento recente. Inspirada nas muitas coleções de 24 peças, ela escolheu entre as obras desses quatro compositores – Chopin, Debussy, Ligeti e Kapustin – uma coleção de 12 estudos e 12 prelúdios, criando assim o orgânico programa do disco – Études & Préludes.

A contribuição de Ligeti está na primeira metade do programa – quatro estudos, três dos quais já apresentados no disco do Alim Beisembayev. Você poderá ouvi-los na sequência integrada aos outros estudos dos outros compositores, mas também poderá perceber as nuances entre as diferentes interpretações dos dois pianistas. O quarto estudo é do primeiro livro e chama-se Fanfares. Deve ser tocado tão presto quanto possível, vivacissimo! Em um outro livreto este estudo é caracterizado como uma furious piece, baseado em um ostinato (teimosias) e está relacionado com o Trio para Violino, Trompa e Piano, escrito uns anos antes, em homenagem à Brahms. Resolvi incluir este disco na postagem pelo Ligeti ao lado dos outros compositores, mas também pela criatividade da pianista Dora Deliyska.

E agora, aqui estão eles:

Domenico Scarlatti (1685 – 1757)

  1. Sonata em dó menor, Kk. 22, L. 360
  2. Sonata em dó sustenido menor, Kk. 247, L. 256
  3. Sonata em sol maior, Kk. 13, L. 486

György Ligeti (1923 – 2006)

  1. 6 Études, Livro 1, No. 2 Cordes à vide
  2. 8 Études, Livro 2, No. 10 Der Zauberlehrling
  3. 8 Études, Livro 2, No. 13 L’escalier du diable

Maurice Ravel (1875 – 1937)

  1. Miroirs, M. 43, II. Oiseaux tristes
  2. Miroirs, M. 43, III. Une barque sur l’océan

Alim Beisembayev, piano

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MP3 | 320 KBPS | 85 MB

Conlon Nancarrow (1912 – 1997)

Quarteto de Cordas No. 3

  1. Primeiro Movimento
  2. Segundo Movimento
  3. Terceiro Movimento

György Ligeti (1923 – 2006)

Quarteto de Cordas No. 2

  1. Allegro Nervosa
  2. Sostenuto, Molto Calmo
  3. Come Un Meccanismo Di Precisione
  4. Presto Furioso, Brutale, Tumultuoso
  5. Allegro Con Delicatezza

Henri Dutilleux (1916 – 2013)

Quarteto de Cordas ‘Ainsi La Nuit’

  1. Introduction
  2. I Nocturne
  3. Parenthese 1
  4. II Miroir D’Espace
  5. Parenthese 2
  6. III Litanies
  7. Parenthese 3
  8. IV Litanies 2
  9. Parenthese 4
  10. V Constellations
  11. VI Nocturne
  12. VII Temps Suspendu

Arditti String Quartet

Irvine Arditti, violino

Graeme Jennings, violino

Ralf Ehlers, viola

Rohan de Saram, violoncelo

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MP3 | 320 KBPS | 125 MB

Études & Préludes

  1. Ligeti: Études pour piano, Livro 2, No. 10, Der Zauberlehrling
  2. Debussy: 12 Études, L. 136, No. 7, Pour les Degrés chromatiques
  3. Chopin: Étude em lá menor, Op. 25 No. 11
  4. Ligeti: Études pour piano, Livro 1, No. 4, Fanfares
  5. Chopin: Étude dó sustenido menor, Op. 25 No. 7
  6. Ligeti: Études pour piano, Livro 1, No. 2, Cordes á vide
  7. Chopin: Étude em ré bemol maior, Op. 25 No. 8
  8. Ligeti: Études pour piano, Livro 2, No. 13, L’escalier du diable
  9. Chopin: Étude em si menor, Op. 25 No. 10
  10. Debussy: 12 Études, L. 136, No. 11, Pour les Arpèges composés
  11. Chopin: Étude em lá bemol maior, Op. 25 No. 1
  12. Debussy: 12 Études, L. 136, No. 12, Pour les Accords
  13. Chopin: Prélude ré bemol maior, Op. 28 No. 15
  14. Chopin: Prélude em mi menor, Op. 28 No. 4
  15. Chopin: Prélude em fá sustenido menor, Op. 28 No. 8
  16. Chopin: Prélude em fá sustenido maior, Op. 28 No. 13
  17. Chopin: Prélude em si bemol menor, Op. 28 No. 16
  18. Debussy: Préludes, Livro 1, L. 117, No. 6, Des pas sur la neige
  19. Debussy: Préludes, Livro 2, L. 123, No. 6, General Lavine – eccentric
  20. Debussy: Préludes, Livro 2, L. 123, No. 3, La puerta del Vino
  21. Debussy: Préludes, Livro 1, L. 117, No. 7, Ce qu’a vu le vent d’ouest
  22. Kapustin: 24 Préludes in Jazz Style, Op. 53, No. 12, Allegretto em sol sustenido menor
  23. Kapustin: 24 Préludes in Jazz Style, Op. 53, No. 11, Andante em si maior
  24. Kapustin: 24 Préludes in Jazz Style, Op. 53, No. 6, Animato em si menor

Dora Deliyska, piano

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MP3 | 320 KBPS | 184 MB

Aproveite e festeje a data do Ligeti!

René Denon

É bem possível que György ficaria feliz com as postagens da semana…

Conlon Nancarrow (1912-1997) / George Antheil (1900-1959): Música para Piano

Conlon Nancarrow (1912-1997) / George Antheil (1900-1959): Música para Piano


O pianista Herbert Henck tem uma série de CDs na grande ECM que vale muito a pena explorar. Este disco une duas importantes figuras — por muito tempo ignoradas — da música americana moderna. Sabemos que muitas vezes se passam anos entre a inovação e a sua aceitação geral. Hoje, nós tiramos de letra o distorcido jazz dos anos 30 presente nas composições eruditas modernosas de Nancarrow e Antheil.

Ficou complicado levar George Antheil (1900-1959) a sério nos EUA após o fracasso de seu Méchanique Ballet. Ele foi um ser humano severamente multifacetado. Escreveu muita música e também foi escritor. Sua excelente e divertida autobiografia, “O Bad Boy da Música”, é elogiadíssima. Sua música alegre e cheia de invenção fazia discreto sucesso… na França. Esta é uma seleção bem dele, e mostra seu amor pelo ritmo e o interesse pelo jazz. Vários dos títulos aludem às máquinas. Leiam abaixo, a relação de obras mais parece um rol de equipamentos industriais. Há uma Sonatina para rádio (?) e outra chamada de “O Aeroplano”, mas também uma Sonata Sauvage… E aquele monte de “Acelerandos” ali?

Conlon Nancarrow (1912-1997) é conhecido por seus estudos para o piano, que também incluía aquelas pianolas mecânicas das quais acabo de esquecer o nome. Algumas de suas obras são tão complexas em termos de ritmo que é melhor programar o piano com aqueles rolos de papel (ei, alguém me ajude!). Somente em seus últimos anos de vida, Nancarrow desfrutou de fama internacional e seus estudos chegaram ao status de cult. (Ouvi uma vez a música programada em rolos de papel, achei mais apaixonante do que bela).

A capa do CD da ECM traz uma vaquinha tão triste quanto o destino da música moderna em nossos dias — vejam o ocorre com o pianista na imagem que finaliza o post. Triste fiquei eu ao notar que o CD tem apenas 38 minutos!

Conlon Nancarrow (1912-1997) / George Antheil (1900-1959): Música para Piano

1. Nancarrow – Three 2-part studies – I. Presto
2. Nancarrow – Three 2-part studies – II. Andantino
3. Nancarrow – Three 2-part studies – III. Allegro
4. Nancarrow – Prelude (Allegro molto)
5. Nancarrow – Blues (Slow Blues Tempo)

6. Antheil – Sonatina für Radio (allegro moderato)
7. Antheil – Second Sonata, ‘The Airplane’ – I. To be played as fast as possible
8. Antheil – Second Sonata, ‘The Airplane’ – II. Andante moderato
9. Antheil – Mechanisms
10. Antheil – A machine
11. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – I. Moderato
12. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – II. Accelerando
13. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – III. Accelerando
14. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – IV. Accelerando
15. Antheil – Jazz Sonata (Sonata No. 4)
16. Antheil – Sonata Sauvage – I. Allegro vivo
17. Antheil – Sonata Sauvage – II. Moderato
18. Antheil – Sonata Sauvage – III. Moderato/Xylophonic, Prestissimo
19. Antheil – (Little) Shimmy

Herbert Henck, piano

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Nancarrow e seus rolos
Nancarrow e seus rolos

PQP