Este é um resumo bastante incompleto do que foi a carreira do extraordinário Collegium Aureum, grupo que teve sua origem na Harmonia Mundi e que foi um dos principais pioneiros das interpretações historicamente informadas.
Este CD é um bem curto, de mais ou menos 36 minutos, que traz um surpreendente Collegium Aureum interpretando músicas da renascença. O conjunto liderado por Franzjosef Maier mantém a classe habitual e sai-se muito bem na tarefa pouco habitual. Os compositores são o bando desconhecido de sempre com destaque para o onipresente Susato destas coleções. É um bom disco. Entrei numa loja com os fones nos ouvidos tocando a primeira faixa. A balconista me perguntou se eu estava ouvindo heavy metal. Respondi que sim… mas que era algo muito antigo, pré-Elvis. Ela ficou me achando meio idiota, penso. Deve ter razão.
Danças da Renascença de diversos compositores — Coleção Collegium Aureum Vol. 6 de 10
CD06: Dance Music of the Renaissance (35:47)
JACQUES MODERNE (first half of the XVIth century)
01. 3 Branles De Bourgogne & Branle gay nouveau
TIELMAN SUSATO (died c.1561)
02. Pavane ‘Mille Regretz’ – Ronde – Pavane ‘Si pas souffrir’ – Ronde & Saltarelle – Hoboecken dans – Ronde ‘Il estoit une fillette’
CLAUDE GERVAISE (XVIth century)
03. Branle [00:01:43]
PIERRE PHALESE (c.1510-c.1573)
04. L’arboscello ballo Furlano
MELCHIOR FRANCK (1573-1639)
05. Pavana – Galliarda
HANS LEO HASSLER (1564-1612)
06. 3 Intraden
PIERRE ATTAIGNANT (before 1500-1553)
07. Tordion – Pavane – Galliarde
CHRISTOPH DEMANTIUS (1567-1643)
08. Polnischer Tanz – Galliarde
Harmonia Mundi: História da Música Sacra vol 04: O moteto polifônico, da Ars Antiqua à Renascença
A partir do sec. XIII, a crescente reorganização social em plena Idade Média, acabaria lentamente por desembocar no Renascimento, período não só de esplendor artístico e cultural, mas de ressurgimento e poder das cidades, que entrariam para a história com uma fama até então desconhecida. É neste contexto de transição, que na música os compositores vão se exercitar numa técnica, que viria a ser, talvez, a mais genial contribuição da música ocidental: a polifonia.
Pretender esgotar este tema em poucas palavras seria o mesmo que explorar os meandros da história desde a Idade Média até o séc.XX numa conversa rápida. Podemos dizer que após um período de quase mil anos de hegemonia monofônica do canto gregoriano, apresentou-se para os compositores da Ars Antiqua o problema de como estruturar suas obras vocais com objetivo de alçar vôo a formas de composições mais complexas, que garantissem meios de expressão musical, uma nova estética, onde unidade e contraste se opusessem de maneira harmônica.
O Moteto, assim, é este verdadeiro laboratório, que oriundo do cerimonial sacro, de funcionalidade ritual e mística, vai dar vazão à presença simultânea do elemento profano, como meio de excitar a arte da criação. Assim não será de se estranhar a presença nos motetos medievais e renascentistas de duas línguas como o latim e o francês, cantadas simultaneamente, por vozes diferentes. Aliás, é importante lembrar que uma das funções do moteto é justamente explorar a possibilidade musical da palavra. Notar a etmologia de moteto, que vem de mot (palavra), francês.
Outra característica importante seria a crescente independência das vozes, pois enquanto o cantus firmus, que trazia uma melodia gregoriana conhecida, se mantinha estável, outra voz ornamentava esta melodia, à maneira de um melisma, ou seja um tipo de vocalise. Posteriormente as melodias sacras foram substituídas por temas profanos, aonde se adaptavam os textos sacros. A isorritimia foi o início de um processo de composição que abriu as fronteiras para as complexas técnicas de composição que haveriam de se seguir, criando na música mistérios ocultos, revelados pelos apaixonados e estudiosos. Arte è cosa mentale (Leonardo da Vinci).
O período de ouro do moteto realmente é grande, desde a Ars Antiqua, com os mestres Léonin e Pérotin da École de Nôtre Dame, tendo a seguir na Ars Nova o brilho de Philippe de Vitry, Guillaume de Machaut e Guillaume Dufay. O ciclo continua com a Escola Flamenga, onde o contaponto é exercitado de maneira quase matemática, trazendo ao moteto todas as possibilidades de cânon. É claro, que já no séc. XVI, no auge da polifonia, com Palestrina, o moteto não encerra sua trajetória na arte da composição. Muitos séculos ainda testemunhariam as possibilidades inesgotáveis desta arte de explorar da palavra os seus recursos musicais, e colocar a música ao serviço do ritmo da palavra. Ainda teremos, Bach, Mozart, Brahms, Bruckner…para citar apenas alguns.
Palhinha: ouça 12. Renaissence: 3. Cantiones sacrae: Peccantem me quotidie
History of the Sacred Music vol. 04: The Polyphonic Motet from Ars Antiqua to the Renaissance
Anonymous
Theatre of Voices – Director: Paulo Hillier 01. Ars Antiqua – École de Notre Dame 1. Virgo flagellatur
Pérotin (France, fl. c. 1200), also called Pérotin the Great
Theatre of Voices – Director: Paulo Hillier 02. Ars Antiqua – École de Notre Dame 2. Mors
Anonymous
The Hilliard Ensemble – Director: Paulo Hillier 03. 14th-Century England 1. Campanis cum cymbalis. Honorem Dominan 04. 14th-Century England 2. Worldes blisse have good day (Benedicamus Domino) 05. 14th-Century England 3. Valde mane diluculo 06. 14th-Century England 4. Ovet mundus letabundus
Guillaume Dufay (Du Fay, Du Fayt) (Franco-Flemish, 1397? – 1474)
The Orlando Consort 07. Ars Nova & Pre-renaissance: 1. Ave Regina coelorum
John Dunstaple (or Dunstable) (England, c.1390 – 1453)
The Orlando Consort 08. Ars Nova & Pre-renaissance: 2. Salve scema sanctitatis/Salve salus servulorum/ Cantant celi agmina
John Plummer (also Plomer, Plourmel, Plumere, Polmier, Polumier (c.1410 – c.1483)
The Hilliard Ensemble – Director: Paulo Hillier 09. Ars Nova & Pre-renaissance: 3. Anna Mater Matris Christi
Josquin Desprez (Franco-Flemish, c.1450 to 1455 – 1521)
La Chapelle Royale – Director: Philippe Herreweghe 10. Renaissance: 1. Salve Regina
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 12. Renaissence: 3. Cantiones sacrae: Peccantem me quotidie
Carlo Gesualdo, aka Gesualdo da Venosa (Italy, 1566 – 1613)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 13. Renaissence: 4. Tribulationem et dolorem 14. Renaissence: 5. Ecce quomodo moritur justus (Sabbato Sancto)
Hans Leo Hassler (Germany, 1564 – 1612)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 15. Renaissence: 6. Ad Dominum
History of the Sacred Music vol. 04: The Polyphonic Motet from Ars Antiqua to the Renaissance – 2009 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
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Em janeiro de 2016 Curitiba realizou sua 34.ª Oficina de Música anual. Notável, não? Mas seria ainda mais caso se contassem junto os nove “Festivais” realizados antes, ano a ano de 1965 a 1970, e depois em 74, 75 e 77, todos (exceto o de 74) com a apaixonada direção de Roberto Schnorrenberg.
Apaixonada e competentíssima! Schnorrenberg, que nos deixou em 1983, com apenas 54 anos, era um músico extraordinário. Eu, monge Ranulfus, posso testemunhar porque estava lá nos três últimos festivais (como vocês poderão perceber distinguindo minha maviosa e inconfundível voz em meio às outras seiscentas do coral, na segunda postagem desta série…)
Figura inesquecível, “o Schnô” – suas fúrias teatrais nos ensaios: “trrrrogloditas!” para os baixos, “galinááááceas!” para as sopranos. Nos atuais tempos mal humorados isso talvez lhe tivesse rendido algum processo, mas a verdade é que só nos divertia e estimulava.
Mas não era só onda: neste país em que tanta realização musical ainda permanece no nível das excelentes intenções mas afinação nem tanto – para ficar só no mais elementar – é vitalmente necessário resgatar e preservar os sons produzidos sob a batuta de Schorrenberg e seus amigos – gente que a partir do Collegium Musicum e da Escola Livre de Música Pro Arte iluminou a vida musical de São Paulo nos anos 50 e 60, e de quebra também a de Curitiba e muitos lugares mais.
Quatro discos de vinil documentaram uma fração da música que se fez em Curitiba naquele janeiro de 1975 – tudo ensaiado em um mês, ou menos, por músicos vindos dos mais diversos lugares – profissionais os instrumentistas e solistas vocais, amadores os coralistas. Mestre Avicenna teve um trabalho hercúleo para digitalizá-los e limpar os ruídos. Em uns poucos casos sobrou um resíduo impossível de eliminar, como no final do 2º movimento da Pastoral, mas mesmo assim, @s senhor@s hão de convir: isso não é uma realização menor da Pastoral, que possa ser esquecida.
Com a exceção do belo salmo cromático de Hassler, o segundo bloco é só de autores contemporâneos – que estiveram todos presentes e lecionando nesse mesmo festival. Muitas obras, de brasileiros e estrangeiros, estreavam nessas ocasiões – a exemplo da “Metánoia” do Padre Penalva, que no festival seguinte ganharia a companhia de “Dóxa” e “Eiréne”, sob o nome conjunto de “Agápe”. O polonês Krzysztof Meyer, que comparece aqui com um quarteto de cordas de altíssima qualidade (para quem já aprendeu a ouvir a música mais experimental do século XX) estrearia seu “Concerto Retrô” no festival do ano seguinte – cujo registro ainda hei de postar.
O Estudo Aberto de Henrique de Curitiba não impressiona muito na gravação: sua intenção era observar as mudanças de textura com os diferentes músicos se deslocando no palco. A obra brasileira mais bem sucedida aqui me parece ser a de Edino Krieger – pois a do Padre Penalva… ah, que drama: as texturas corais e instrumentais dessa obra são admirabilíssimas, coisa de Penderecki – mas confesso que não aguento ouvi-la – isso porque se há modalidade artística em que o Brasil me parece realmente fraco, incompetente de tudo, é a da locução artística, tanto solo quanto coral [jogral]. Alemães sabem fazer isso como grande arte; acho que precisaríamos de anos de treinamento com eles para realizar adequadamente um obra desta complexidade. O que ouço em matéria de texto falado é constrangedor (ainda mais lembrando que é minha uma das vozes que engrolam “Miserere mei, Deus…” logo no início. Bota misericórdia nisso!). Mesmo assim recomendo a vocês no mínimo zapearem pela obra e conferirem as texturas de que falei.
Enfim, senhor@s, divirtam-se com estes vinis 1 e 2. Logo voltaremos à carga com os 3 e 4: a Missa Solemnis Op.123, de vocês-sabem-quem. Aguardem!
8º CURSO INTERNACIONAL DE MÚSICA DO PARANÁ e 8º FESTIVAL DE MÚSICA DE CURITIBA (1975) Postagem 1/2
• VINIL 1/4
Ludwig van Beethoven (1770-1827) Sinfonia No.6 em Fá maior, op.68 ‘Pastoral’ 1. Despertar de alegres emoções ao chegar ao campo – Allegro ma non troppo 2. Cena junto ao regato – Andante con moto 3. Convívio divertido da povo da roça – Allegro 4. Tempestade – Allegro 5. Cantos dos pastores: sentimentos de alegria e gratidão após a tempestade – Allegretto Orquestra do 8º Festival de Música de Curitiba – Reg. Roberto Schnorrenberg
1. Hans Leo Hassler (1564-1612): Salmo 119, v.1-2: Ad Dominum cum tribulare clamavi
(faixa incluída originalmente no vinil 1/4) 2. Pe. José de Almeida Penalva (Campinas, 1924 – Curitiba, 2002) Metánoia (1ª versão)
Madrigal dos Alunos do 8º Curso Internacional de Música do Paraná.
Narração: Pe. Nereu Teixeira. Regência: Henrique Gregori
3-4. Henrique de Curitiba (Zbigniew Henrique Morozowicz) (Curitiba, 1934-2008) Estudo Aberto
Faixa 3: Primeira posição / Improviso
Faixa 4: Segunda posição / Final
Flauta: Norton Morozowicz
Clarinete: Daniel Blech
Fagote: Noel Devos
5. Edino Krieger (Brusque, SC, 1928) Estro Armonico
Orquestra do 8º Festival de Música de Curitiba.
Regência: Roberto Schnorrenberg
6. Krzysztof Meyer (Kraków, Polônia, 1943) Quarteto de Cordas nº 4, op. 33 (1973):
I. Preludio interroto – II. Ostinato – III. Elegia e Conclusione
Quarteto Wilanow
Violino: Tadeusz Gadzina
Violino: Pawel Losakiewicz
Viola: Arthur Paciorkiewics
Violoncelo: Wojciech Walasek
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Senhores, aparentemente meus problemas técnicos se resolveram, e estarei voltando aos pouquinhos, à medida que o tempo permitir.
Após a sutil e delicada apresentação do segundo CD dessa série gentilmente feita por meu mano PQP, trago o terceiro cd da série, uma das mais belas coleções que possuo. Sempre fui aficcionado pela obra de Haendel desde a primeira vez que ouvi o tradicional “Halleluiiah” quando ainda era criança. Seus corais sempre me deixam extasiado, parece sempre que estou chegando aos céus e um grupo de anjos me recepciona.
Estou com uma baita gripe, com direito a uma tosse horrível, que minha esposa diz parecer com a tosse de nossa cachorra, portanto, não quero mais perder tempo com detalhes, e prefiro deixá-los com estes magníficos hinos haendelianos, interpretados com maestria pelos “”The Sixteen”, sob direção de Harry Christophers Deleitem-se..
George Frederic Handel (1685-1759) – Chandos Anthems – CD 3
01- Anthem 7 – Sonata
02 – Anthem 7 – My song shall be alway
03 – Anthem 7 – For who is he among the clouds
04 – Anthem 7 – God is very greatly to be feared
05 – Anthem 7 – The Heav’ns are thine
06 – Anthem 7 – Righteousness and equity
07 – Anthem 7 – Blessed is the people
08 – Anthem 7 – Thou art the glory
09 – Anthem 8 – Sonata
10 – Anthem 8 – O come let us sing unto the Lord
11 – Anthem 8 – O come let us worship
12 – Anthem 8 – Glory and worship
13 – Anthem 8 – Tell it out
14 – Anthem 8 – O magnify the Lord
15 – Anthem 8 – The Lord preserveth
16 – Anthem 8 – As High as the heaven is
17 – Anthem 8 – A light sprung up
18 – Anthem 9 – O praise the Lord with one consent
19 – Anthem 9 – Praise Him
20 – Anthem 9 – Our Truest interest is
21 – Anthem 9 – God is great
22 – Anthem 9 – With cheerful notes
23 – Anthem 9 – God’s tender mercy
24 – Anthem 9 – Realms of joy
25 – Anthem 9 – Your voices raise
Patrizia Kwella (Soprano)
James Bowman (Alto)
Ian Partridge (Tenor)
The Sixteen Choir & Orchestra
dir. Harry Christophers
Este CD é um bem curto, de mais ou menos 36 minutos, que traz o Collegium Aureum surpreendentemente interpretando músicas da renascença. O conjunto liderado por Franzjosef Maier mantém a classe habitual e sai-se muito bem da tarefa, a meu ver, um pouco fora do habitual. Os compositores são o bando desconhecido de sempre com destaque para o onipresente Susato destas coleções. É um bom disco. Entrei numa loja com o iPod nos ouvidos tocando a primeira faixa. A balconista me perguntou se eu estava ouvindo heavy metal. Respondi que sim… mas que era algo muito antigo, pré-Elvis. Ela ficou me achando meio idiota, penso. Deve ter razão.
Renaissance Dances – Collegium Aureum
1. Jacques Moderne – Branles de Bourgogne Nr. 1-3 / Branle gay nouveau
2. Tielman Susato – Pavane “Mille regretz”-Ronde-Pavane “Si pas souffrir”-Ronde; Saltarelle-Hoboecken dans-Ronde
3. Claude Gervaise – Branle
4. Pierre Phalèse – L’arboscello ballo Furlano
5. Melchior Franck – Pavana a 4
6. Hans Leo Hassler – 3 Intraden
7. Pierre Attaignant – Tourdion – Pavane – Galliarde
8. Christophe Demantius – Polnischer Tanz (Galliarde)