.: interlúdio :. Billie Holiday (1915-1959): All or nothing at all – Songs for Distingué Lovers & Body and Soul (Produção de Norman Granz – Verve) ֍

.: interlúdio :. Billie Holiday (1915-1959): All or nothing at all – Songs for Distingué Lovers & Body and Soul (Produção de Norman Granz – Verve) ֍

All or nothing at all

Songs for Distingué Lovers

Body and Soul

Billie Holiday, vocals

Harry “Sweets” Edison, trumpet

Bem Webster, tenor sax

 

Jimmy Rowles, piano

Barney Kessel, guitar

Red Mitchell or Joe Mondragon, bass

Alvin Stoller, drums

 

Ela nasceu Eleanora Fagan, em 1915. Tornou-se Billie Holiday, cantora inovadora e precoce. Viveu num período difícil de ser mulher negra americana e teve uma vida cheia de relacionamentos complicados, com pessoas e substâncias. Ganhou de seu amigo e parceiro musical Lester Young o (lindo) apelido Lady Day. É uma das cantoras americanas mais incônicas e ao ouvir sua voz você entenderá a razão. Seu legado é apaixonante.

Suas principais inspirações, segundo ela mesma, foram Louis Armstrong e Bessie Smith, que ela conheceu ouvindo seus discos nos lugares onde viveu, trabalhou e começou a cantar. Ela tentava fazer com sua voz aquilo que ouvia Louis fazer com seus solos de trompete e de Bessie admirava a maneira intensa como ela cantava blues e como usava as suas características vocais.

Billie viveu 44 anos, dos quais muitos foram minados pelos seus problemas pessoais, mas seu legado é enorme. Aos 23 anos já havia gravado ou se apresentado com personalidades do jazz tais como Duke Ellington, Count Basie, Lester Young, Teddy Wilson, Benny Carter, Artie Shaw, entre outros.

Lester ‘Prez’ Young

Seu estilo de cantar se concentrava nas palavras, nas letras das canções, sua dicção e a maneira como apresenta a canção são inesquecíveis. Nesta postagem apresentaremos música que ela gravou em dois períodos (principais) de sua carreira. Por sete anos, iniciando em 1935, gravou lindas canções acompanhadas do pianista Teddy Wilson e seus músicos. Entre essas teremos as típicas I’ll Never Be the Same e Mean to Me, gravações onde poderemos ouvir o saxofone de seu amigo Lester Young, que ganhou dela o apelido de President, Prez… O estilo de Lester Young contrastava enormemente dos saxofonistas famosos daquela época, como Coleman Hawkins, por adotar uma maneira mais relaxada de tocar, mais cool, usando sofisticadas harmonias.

Norman Granz, produtor (Verve)

A partir de 1952 Billie Holiday gravou muitas canções para o selo Clef (posteriormente Verve) do produtor Norman Granz, culminando com uma série de seções em agosto de 1956 e janeiro de 1957.

O contraste entre as gravações feitas com Teddy Wilson e as gravações no selo Verve é grande. Muitos preferem as primeiras, onde a voz de Billie está em boa forma e as canções são dançantes e alegres. Nas gravações posteriores, a voz da cantora já apresentava o desgaste resultante de sua vida difícil. Por outro lado, a qualidade das canções escolhidas é espetacular assim como o acompanhamento musical, sem contar a qualidade sonora. Além disso, as interpretações certamente amadureceram com a cantora que ainda contava com perto dos 40 anos.

Ben Webster, sax tenor nas gravações da Verve

Escolhi três discos (CDs) para a postagem. Um disco de banca, da Coleção da Folha de São Paulo, trazendo 10 canções com produção de Norman Granz, gravadas principalmente em 1952, e 3 canções cujos acompanhamentos são de Teddy Wilson, gravadas na década de 1930.

Os outros dois CDs formam o Volume 7 da Billie Holiday Story na Verve. Esse conjunto reúne 26 canções que foram gravadas nas das seções de 1956 e 1957 e foram lançadas em três LPs – Body and Soul (1957), Songs for Distingué Lovers (1958) e All or Nothing at All (1959).

 

O primeiro CD dá um panorama desses dois períodos e contém algumas pérolas musicais, como Blue Moon, Love for Sale e How Deep is the Ocean? As outras músicas que formam os três LPs lançados entre 1957 e 1959 são verdadeiras joias musicais e formam um conjunto de canções americanas praticamente insuperáveis. Todos os monstros sagrados da música americana as gravaram e vários deles se declararam influenciados pelas interpretações de Billie Holiday. Você encontrará essas músicas associadas a nomes como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, entre outros. Os músicos que a acompanharam nestas gravações eram os melhores e todos se conheciam muito bem. No libreto descobrimos que essas gravações pareciam ser apenas ‘one more for the road’ – apenas uma saideira, até a próxima seção, mas tornaram-se muito especiais. Nestas canções, a cantora deu uma dimensão a mais, devido às suas experiências pessoais e com a música. Como disse Miles Davis: ‘Sometimes you can sing a song words every night for years, and all of a sudden it dawns on you what the song means’ (Você pode cantar as palavras de uma canção por anos a fio, e assim como que de repente, o significado da canção se revela para você). Ele certamente disse com bastante mais poesia…

Se você não conhece a língua inglesa, mas tem alguma curiosidade, vale a pena penetrar em algumas dessas canções. Eu sou fascinado por elas e acho que merecem nossa atenção por si só, mas a interpretação da Billie joga ainda mais beleza sobre elas.

Os compositores e letristas desse conjunto de canções formam um grupo formidável, como os irmãos Gershwin, Irving Berlin, Cole Porter, Kurt Weil e Duke Ellington, alguns dos mais conhecidos. Muitas delas foram escritas para musicais da Broadway e algumas foram cantadas pela primeira vez por Bing Crosby, no palco e nos filmes. As letras são a um tempo imaginativas e cativantes. Uma boa maneira de penetrar na língua inglesa, pelo menos como é falada na terra do Tio Sam.Se você tiver pouco tempo para essa coisa das letras, escolha algumas poucas e faça uma tentativa. As recompensas podem ser enormes. Veja, por exemplo, Let’s Call The Whole Thing Off, de George e Ira Gershwin. A canção é uma enorme brincadeira sobre as diferentes maneiras de pronunciar as palavras, dependendo do sotaque: you say ‘ider’ and I say ‘aider’, you say ‘nither’ and say ‘naither’… Adorable! Essa canção também faz parte do repertório de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, jogando um para o outro…

Outra letra adorável é Comes Love, de Lew Brown. Diante de qualquer eventualidade, mesmo uma dor de dente, você já sabe o que fazer… mas quando é amor, nothing can be done! Nada se pode fazer. Ah, e a música! Solos de guitarra, de sax, intermediados com as letras. Você precisa ouvir muitas vezes.

Há canções que contam uma pequena história, ou narram uma cena, coisa de crônica. Veja, por exemplo, A Foggy Day, ainda dos irmãos Gershwin. Em poucas palavras descobrimos que a americana está em um nublado dia em Londres, se arrastando pelo Museu Britânico, mas o dia se torna ensolarado (metaforicamente, dã…) com a presença de ‘alguém’… E lá está, de novo, a música do pequeno enorme conjunto musical. Outra pequena crônica está em One For My Baby (And One More for the Road). O pobre garçom do bar tem que ouvir mais uma história…

Aqui LD ao lado de Jimmy Rowles, o pianista das gravações para a Verve

Todas as letras dessas canções estão ao alcance de seus dedos, na internet, e se você se der ao trabalho, dobrará ainda mais o prazer de ouvir a maravilhosa Lady Day, acompanhada por Ben Webster, ora por Lester Young ou Oscar Peterson e tantos outros.

Moonlight in Vermont e Stars Fell on Alabama são também inesquecíveis. Na verdade, não se pode deixar qualquer uma de fora.

 

Solitude (Coleção Folha de S.Paulo)

  1. Solitude (Ellington/Mills/De Lange)
  2. Blue Moon (Rodgers/Hart)
  3. East of the Sun (Bowman/Brooks)
  4. These Foolish Things (Link/Marvell/Strachey)
  5. Tenderly (Gross/Lawrence)
  6. Autumn in New York (Vernon Duke)
  7. Love for Sale (Cole Porter)
  8. Stormy Weather (Arlen/Koehler)
  9. Yesterdays (Kern/Harbach)
  10. How Deep Is the Ocean? (Irving Berlin)
  11. I’ll Never Be the Same (Kahn/Malneck/Signorelli)
  12. Mean to Me (Turk/Ahlert)
  13. Miss Brown to You (Rainger/Robin/Whiting)

Billie Holiday, vocals

Faixas 1 a 6: Charlie Shavers (trompete); Flip Phillips (sax tenor); Oscar Peterson (piano); Barney Kessel (guitarra); Ray Brown (baixo); Alvin Stoller (bateria); Norman Granz (1952)

Faixa 7: Oscar Peterson (piano); Norman Granz (1952)

Faixas 8 e 9: Joe Newman (trompete); Paul Quinichette (sax tenor); Oscar Peterson (piano e órgão); Freddie Green (guitarra); Ray Brown (baixo); Gus Johnson (bateria); Norman Granz (1952)

Faixa 10: Charlie Shavers (trompete); Oscar Peterson (piano), Herb Ellis (guitarra); Ray Brown (baixo); Ed Shaughnessy (bateria). Norman Granz (1954)

Faixas 11 a 13: Teddy Wilson (piano); Buck Clayton (trompete, 11 e 12); Roy Eldridge (trompete, 13); Buster Bailey (clarinete, 11 e 12); Benny Goodman (clarinete, 13); Lester Young (sax tenor, 11 e 12); Ben Webster (sax tenor, 13); Freddie Green (guitarra, 11); Allan Reuss (guitarra, 12); John Trueheart (guitarra, 13); Walter Page (baixo, 11); Artie Bernstein (baixo, 12); John Kirby (baixo, 13); Jo Jone (bateria, 11); Cozy Cole (bateria, 12 e 13) – (1937, 11 e 12; 1935, 13)

Lester ‘President’ Young

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MP3 | 320 KBPS | 96 MB

Body and Soul

  1. Body And Soul (John W. Green – Edward Heyman – Robert Sour – Frank Eyton)
  2. They Can’t Take That Away From Me (George e Ira Gershwin)
  3. Darn That Dream (James Van Heusen – Edgar de Lange)
  4. Let’s Call The Whole Thing Off (George e Ira Gershwin)
  5. Comes Love (Lew Brown – Sam H. Stept – Charles Tobias)
  6. Gee, Baby, Ain’t I Good To You (Donald Matthew “Don” Redman – Andy Razaf)
  7. Embraceable You (George e Ira Gershwin)
  8. Moonlight In Vermont (Karl Suessdorf – John Blackburn)

Songs For Distingué Lovers

  1. Day In, Day Out (Rube Bloom – John Herndon “Johnny” Mercer)
  2. A Foggy Day (George e Ira Gershwin)
  3. Stars Fell On Alabama (Frank S. Perkins – Mitchell Parish)
  4. One For My Baby (And One More For The Road) (Harold Arlen – Johnny Mercer)
  5. Just One Of Those Things (Cole Albert Porter)
  6. I Didn’t Know What Time It Was (Richard Rodgers – Lorenz Hart)

All or Nothing at All

  1. Do Nothin’ Till You Hear From Me (Edward Kennedy “Duke” Ellington – Bob Russell)
  2. Cheek To Cheek (Irving Berlin)
  3. Ill Wind (You’re Blowin’Me No Good) (Harold Arlen – Theodore “Ted” Koehler)
  4. Speak Low (Kurt Weill – Ogden Nash)
  5. I Wished On The Moon (Ralph Rainger – Dororthy Parker)
  6. But Not For Me (George e Ira Gershwin)
  7. All Or Nothing At All (Arthur Altman – Jack Lawrence)
  8. We’ll Be Together Again (Carl Fischer – Frankie Lane)
  9. Sophisticated Lady (Duke Ellington – Mitchell Parish – Irving Mills)
  10. April In Paris (Vernon Duke – E. Y. “Yip” Harburg)
  11. Say It Isn’t So (Irving Berlin)
  12. Love Is Here To Stay (George e Ira Gershwin)

Billie Holiday, vocal

Harry Edison, trumpet

Ben Webster, tenor saxophone

Jimmy Rowles, piano

Barney Kessel, guitar

Red Mitchell, double bass

Alvin Stoller, drums

Joe Mondragon, double bass

Larry Bunker, drums

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MP3 | 320 KBPS | 311 MB

Billie Holiday, a Lady Day!

Aproveite!

René Denon

Diversos Compositores: Retrospectiva de 2022 do René Denon ֍

Diversos Compositores: Retrospectiva de 2022 do René Denon ֍

Retrospectiva

2022

Mais uma vez a Terra está a completar uma volta em sua órbita celeste e nos aproximamos do fim deste peculiar ano de 2022. Alguns ciclos se completam, outros estão a vir, já anunciados. É um bom momento para, como Janus, olharmos para trás, considerando o que foi feito e desejarmos o que está chegando. Eu estou tentando criar espaço no presente para receber o que o futuro trará.

Passei em revista minha atividade no blog, entre 1 de dezembro de 2021 e 30 de novembro de 2022. Este ano não tive energia para verificar todas as publicações e limitei às que resultaram de meus próprios esforços. Estas postagens refletem meu envolvimento com música, que posso observar, é grande. Algumas delas foram fáceis de preparar, vindas de alguma boa inspiração, outras demandaram mais estudo e dedicação, mas todas me deram bastante prazer, ao longo do caminho. Prazer em ouvir a música, de eventualmente comparar com outras interpretações ou de seguir as direções que ela me apontava. Prazer também em burilar o texto, em catar as ilustrações e depois esperar que elas surgissem, no blog. Esperar os aguardados comentários, estes mais parcos do que eu gostaria. De qualquer forma, os que recebi ao longo deste período me pareceram sinceros e foi gratificante lê-los.

Olhar estas postagens mais uma vez me fez pensar o quanto é importante valorizar o tempo, que ouvir música demanda tempo. Talvez seja por isso que alguns de nós se agarre a um repertório mais restrito, voltando sempre aos mesmos intérpretes. Eu sou por demais curioso para isso, o que me força a constantemente abrir mão desse tipo de segurança, abrindo espaço para as novidades.

Neste período fiz 64 postagens e acabei selecionando uma playlist entre as peças que considerei representativas do total. Caso você tenha o tempo de ouvir, poderá se interessar em visitar a correspondente postagem e descobrir algumas outras novidades.

Três dessas postagens selecionadas são de nosso padroeiro, São Sebastião Ribeiro. Uma gravação estalando de nova das seis sonatas para cravo e violino, com o violinista Andoni Mercero e o cravista Alfonso Sebastián; um disco com cantatas para baixo interpretadas pelo (jovem) David Greco, acompanhado pelo Luthers Bach Ensemble, sob a direção de Tymen Jan Bronda; uma outra gravação (plena de reflexões feitas durante o afastamento social resultado da pandemia) das seis (maravilhosas) suítes para violoncelo pelo jovem e talentoso Bruno Philippe.

Duas postagens refletem essa minha busca por novidades. Assim, na minha playlist de Retrospectiva 2022 há duas peças que conheci este ano e que me impressionaram: num deles, o Concerto para Piano de Sir Michael Tippett, interpretado pelo veterano pianista Howard Shelley, com a Bournemouth Symphony Orchestra, regida pelo (late) Richard Hickox, num disco do selo Chandos, inglês em todas as instâncias; no outro, o Cantus Articus do compositor finlandês Einojuhani Rautavaara. A peça Cantus Articus foi a que me motivou investigar a música de Rautavaara e o disco também traz a sua Sinfonia No. 7 e o Concerto para flautas.

O repertório de música francesa dos séculos 19 e 20 aparece sempre nas minhas postagens e um exemplo é este disco de músicos poloneses (ótimos) tocando lindas peças de câmara com instrumentos de sopros, o Gruppo di Tempera. Veja o discreto charme deste La chaminée du roi René, de Darius Milhaud.

Outro exemplo é o disco Exotisme, sonorités pittoresques, com peças para piano solo ou a quatro mãos, interpretadas pelos ótimos Ludmilla Guilmaut e Jean-Noël Dubois. Uma mescla de música de compositores mais conhecidos com música de compositores que recebem menos exposição e que merecem maior divulgação. Muita alegria, charme e beleza, como num lindo buque de flores.

Cantores também me interessam muito e adorei ter conhecido o trabalho da mezzo-soprano Elisabeth Kulman cantando algumas canções de Mahler, acompanhada por um pequeno conjunto de músicos com o sugestivo nome Amarcord Wien.

Muito trabalho me deu a postagem das 40 árias, que passou incólume pelos nossos leitores. Muito trabalho, uma vez que ópera é um gênero musical que eu conheço pouco, mas muito prazer também em descobrir um pouco o sentido de tão belos momentos musicais. Para esta Retrospectiva 2022 escolhi algumas das árias que considerei mais emblemáticas. Entre elas Casta Diva, da ópera Norma, composta por Bellini, e Vissi d’arte, de Tosca, composta por Puccini.

Uma grata surpresa neste ano foi a descoberta da música para piano de Radamés Gnattali, num disco primoroso. O intérprete Luís Rabello é sobrinho do violonista Raphael Rabello e ótimo pianista.

Para completar essa retrospectiva, não poderia deixar de mencionar mais música barroca. Escolhi algumas sonatas de Scarlatti, parte da postagem de um disco da espetacular pianista Zhu Xiao-Mei e uma postagem dedicada ao Opus 3 de Vivaldi, pelo Concerto Italiano, sob a direção de Rinaldo Alessandrini. Esta coleção tem de especial o fato de que os concertos de Vivaldi estarem entremeados com algumas das suas transcrições feitas por Bach.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata No. 6 em sol maior, BWV1019
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro
  4. Adagio
  5. Allegro

Andoni Mercero, violino

Alfonso Sebastián, cravo

Cantata BWV 82 ‘Ich habe genug’
  1. Ich habe genug
  2. Ich habe genug! Mein Trost ist nur allein
  3. Schlummert ein, ihr matten Augen
  4. Mein Gott! Wann kömmt das schöne
  5. Ich freue mich auf meinen Tod

David Greco, baixo

Joanna Huszcza, violino

Amy Power, oboé

Luthers Bach Ensemble

Tymem Jan Bronda

Suíte para Violoncelo No. 6 in D major, BWV1012
  1. Prélude
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Gavottes I & II
  6. Gigue

Bruno Philippe, violoncelo

Michael Tippett (1905 – 1998)

Concerto para Piano e Orchestra
  1. I Allegro non troppo
  2. II Molto lento e tranquilo
  3. III Vivace

Howard Shelley, piano

Bournemouth Symphony Orchestra

Richard Hickox

Darius Milhaud (1892 – 1962)

Le cheminée du Roi René, Op. 205
  1. Cortege
  2. Aubade
  3. Jongleurs
  4. La Maousinglade
  5. Joutes sur l’arc
  6. Chasse a Valabre
  7. Madrigal – Nocturne

Gruppo di Tempera

Agnieszka Kopacka, piano
Agata Igras-Sawicka, flauta
Sebastian Aleksandrowicz, oboé
Adrian Janda, clarinete
Artur Kasperek, fagote
Tomasz Bińkowski, trompa

Gustav Mahler (1860 – 1911)

  1. Ging heut morger übers Feld – Mahler (Lieder eines fahrenden Gesellen)
  2. Ich atmet’ einen linden Duft – Rückert-Lieder
  3. Blicke mir nicht in die Lieder – Rückert-Lieder
  4. Liebst du um Schönheit – Rückert-Lieder
  5. Adagietto – 4 movimento da Quinta Sinfonia

Elisabeth Kulman, mezzo-soprano

Amarcord Wien:

Tommaso Huber, acordeão

Sebastian Gürtler, violino

Michael Williams, violoncelo

Gerhard Muthspiel, contrabaixo

Einojuhani Rautavaara (1928 – 2016)

Cantus Arcticus, Op. 61 (Concerto para Pássaros e Orquestra)
  1. Suo (Pântano)
  2. Melankolia
  3. Joutsenet muuttavat (Cisnes migrando)

Sinfonia Lahti

Osmo Vänskä

Claude Debussy (1862 – 1918)

Préludes, Livre 1, L. 117
  1. Voiles

Ludmilla Guilmault, piano

Déodat de Séverac (1872 – 1921)

En Vacances, Vol. 1
  1. Où l’on entend une vieille boîte à musique
  2. Valse romantique

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Dolly, Op. 56
  1. Le pas espagnol

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

40 Best Arias

  1. Bellini- Norma – Casta Diva – Maria Callas
  2. Verdi- Rigoletto – La Donna E Mobile – Richard Leech
  3. Bizet- Carmen – Habanera – ‘L’amour Est Un Oiseau Rebelle – Julia Migenes
  4. Bizet- Carmen – Flower Song – Placido Domingo
  5. Offenbach- Les Contes d’Hoffmann – Barcarolle – Jennifer Larmore & Hei-Kyung Hong
  6. Mozart- Don Giovanni – Dalla Sua Pace – [Don Ottavio] – Hans-Peter Blochwitz
  7. Delibes- Lakme – Flower Duet – [Lakme, Mallika]) – Jennifer Larmore & Hei-Kyung Hong
  8. Verdi- La Traviata – Brindisi- Libiamo Ne’Lieti Calici – Neil Schicoff & Edita Gruberova
  9. Puccini- La Boheme – Che Gelida Manina [Rodolfo]) – Jose Carreras
  10. Puccini- La Boheme – Si. Mi Chiamano Mimi – Barbara Hendricks
  11. Puccini- Tosca – Vissi D’arte’ [Tosca] – Kiri Te Kanawa
  12. Puccini- Tosca – E Lucevan Le Stelle [Cavaradossi] – Placido Domingo
  13. Gluck- Orphee Et Eurydice – J’ai Perdu Mon Eurydice – Susan Graham
  14. Rossini- La Cenerentola – Non Piu Mesta [Angiolina] – Jennifer Larmore

Radamés Gnattali (1906 – 1988)

  1. Rapsódia Brasileira
  2. Poema de Fim de Tarde
  3. Manhosamente
  4. Uma rosa para o Pixinguinha

Luís Rabello, piano

Domenico Scarlatti (1685 – 1757)

  1. Sonata em mi maior, K. 531 (L. 430)
  2. Sonata em si menor, K. 87 (L. 33)
  3. Sonata lá maior, K. 533 (L. 395)
  4. Sonata em ré menor, K. 32 (L. 423)
  5. Sonata em lá maior, K. 39 (L. 391)

Zhu Xiao-Mei, piano

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto No. 8 for 2 Violins in A Minor, Op. 3, RV 522
  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concerto for organ after RV 522 in A Minor, BWV 593
  1. [Allegro]
  2. Adagio
  3. Allegro

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto No. 10 for 4 Violins in B Minor, Op. 3, RV 580
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concerto for 4 Harpsichords after RV 580 in A Minor, BWV 1065
  1. [Allegro]
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto Italiano

Rinaldo Alessandrini, cravo e regência

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MP3 | 320 KBPS | 681 MB

Assim, mantendo ainda viva a memória da música que nos alegrou no ano que passou, voltamos os planos e as expectativas para este ano novo.

Aproveite!

René Denon

Diversos compositores: Forza Azurri! (Música Barroca Italiana) – La Serenissima & Adrian Chandler ֍

Diversos compositores: Forza Azurri! (Música Barroca Italiana) – La Serenissima & Adrian Chandler ֍

Zavateri • G. Sammartini

Dall’Abaco • Vivaldi

Brescianello

Concertos • Suíte

La Serenissima

Adrian Chandler

 

O título deste disco – Forza Azurri! – soa um pouco estranho, uma vez que há uma Copa do Mundo acontecendo (pelo menos nos dias em que escrevo estas mal traçadas linhas) e a seleção da Itália não está participando. Não que já tenha sido eliminada, como a seleção da Alemanha, Holanda, Uruguai e Brasil, mas não chegou a passar da fase de eliminatórias.

Isto pode parecer insignificante para nossos leitores de gerações mais recentes, mas uma Copa do Mundo sem a Squadra Azzurra é um pouco estranha para mim. A Itália é tetra campeã e foi vice em 1970 (!) e 1994, quando Roberto Baggio chutou o último pênalti lá nas alturas.  Talvez o título seja um incentivo visando as próximas competições vindo deste grupo de ótimos músicos (ingleses) – La Serenissima – que sob a liderança de Adrian Chandler toca maravilhosamente o repertório barroco italiano.

Durante o período que chamamos barroco havia uma grande demanda por música nos estilo ‘italiano’, não só nas cidades da Itália, mas também nas outras cidades europeias. Sempre havia emprego nas cortes e igrejas para um compositor ou músicos de origem italiana, especialmente violinistas e violoncelistas. Essa demanda determinou o destino de vários dos compositores representados neste disco.

Giuseppe Sammartini nasceu em Milão, filho do oboísta francês Alexis Saint-Martin e irmão do também compositor e oboísta Giovanni Battista Sammartini. Após sua formação em Milão, Giuseppe mudou-se para Bruxelas e depois para Londres, onde ficou pelo resto de seus dias. Atuou como compositor e músico, inclusive fazendo parte da orquestra das produções de Handel. Neste disco você ouvirá um concerto para flauta composto por ele.

Evaristo Felice Dall’Abaco nasceu em Verona e estudou violino e violoncelo com Torelli. Dall’Abaco foi músico e compositor da corte do eleitor Maximiliano Emmanuel, em Munique. Como este sofreu alguns revezes, Dall’Abaco seguiu com a corte para o exílio na Bélgica e depois para a França. Isso lhe deu a oportunidade de conhecer outros estilos musicais. No programa um dos seus concertos para cordas.

Outro compositor que cruzou os Alpes para viver mais ao norte foi Giuseppe Antonio Brescianello, que também estudou com Torelli. Brescianello teve uma passagem por Munique, mas firmou-se em Stuttgart, na Corte de Württemberg. Sua música está no disco na forma de uma suíte para orquestra de cordas.

A primeira peça do disco, que deve ter sido composta para abrir alguma apresentação teatral, é de Lorenzo Gaetano Zavareti, que nasceu e formou-se em Bolonha (outro aluno de Torelli). Diferente dos outros compositores apresentados, Zavareti permaneceu na Itália, atuando principalmente como violinista.

As outras três peças são de um compositor veneziano que dispensa apresentações, três lindos concertos do padre Antonio Vivaldi.

La Serenissima e Adrian Chandler nas escadarias do Castelo do PQP Bach em Novo Hamburgo

Lorenzo Gaetano Zavateri (1690 – 1764)

Introducione em sol maior para cordas e contínuo, Op. 1
  1. Largo e spicco – Allegro assai – Largo e spicco – Allegro assai – Largo e spicco – Adagio
  2. Allegro

Giuseppe Sammartini (1695 – 1750)

Concerto para flauta doce, cordas e contínuo em fá maior
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro assai

Evaristo Felice Dall’Abaco (1675 – 1742)

Concerto No. 12 para cordas e contínuo em ré maior, Op. 6
  1. Allegro
  2. Grave
  3. Allegro mà non troppo

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto para violino, cordas e contínuo em lá maior, RV 353
  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro
Concerto para flauta doce sopranino, cordas e contínuo em dó maior, RV 433
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro molto
Concerto para violino, cordas e contínuo em mi menor, RV 281
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Giuseppe Antonio Brescianello (1758 – 1690)

Overture-Suite para cordas e contínuo em ré maior
  1. Ouverture – Fuga
  2. Aria – Allegro
  3. Aria – Presto
  4. Rondeau
  5. Bourée
  6. Aria – Adagio
  7. Ciaccona

Tabea Debus, flauta doce

La Serenissima

Adrian Chandler, violino e direção

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MP3 | 320 KBPS | 194 MB

Adrian Chandler visitando os jardins do Castelo do PQP Bach

Há outras gravações do conjunto La Serenissima/Adrian Chandler postadas aqui no blog. Em particular, uma outra que faz menção ao futebol.

Aproveite!

René Denon

Joseph Haydn (1732 – 1809): Sinfonias No. 6 (Le Matin), No. 7 (Le Midi) & No. 8 (Le Soir) – Florilegium & Ashley Solomon ֎

Joseph Haydn (1732 – 1809): Sinfonias No. 6 (Le Matin), No. 7 (Le Midi) & No. 8 (Le Soir) – Florilegium & Ashley Solomon ֎

Haydn

Sinfonias Nos. 6 a 8

Le Matin • Le Midi • Le Soir

Florilegium

Ashley Solomon

Vai aqui um CD luminoso, presentinho de Natal! Nesta gravação a orquestra conta com 18 músicos, o mesmo número com que contava a orquestra a disposição de Haydn quando este compôs estas sinfonias, em 1761. Isso aconteceu logo que ele chegou a Esterhazy, para a alegria do príncipe que o contratara e que encomendou algumas peças programáticas, a là Quatro Estações.

Os nossos seguidores que moram próximos ao Rio de Janeiro e ouvem a Rádio MEC, certamente vão reconhecer trechos da Sinfonia No. 6, usados pela Rádio como vinhetas em alguns momentos.

Além de terem este aspecto programático, as três sinfonias apresentam momentos em que este ou aquele instrumento se apresenta como solista. Desde a flauta até o contrabaixo, passando pelas trompas, os músicos têm suas oportunidades de brilhar. Especialmente os operáticos violino e violoncelo.

A Solomon

Certamente os mais saudosistas vão suspirar pela ótima gravação da Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob a regência de Neville Marriner, mas quem se aventurar a navegar por estas novas águas e ouvir esta gravação feita em Londres, em março deste ano (2022), será recompensado pela habilidade dos músicos em realizar tudo o que Haydn preparou para impressionar o príncipe e sua corte. Sem esquecer também a espetacular produção do selo Channel Classics.

Ashley Solomon é flautista e regente da orquestra Florilegium que atua há muitos anos e grava para o selo Channel Classics desde 1995. Com bastante flexibilidade, o grupo conta com excelentes músicos, como Bojan Čičič (violino), Jennifer Morsches (violoncelo), Reiko Ichise (viola da gamba) e Terence Charlston (cravo/órgão).

Solomon’s luminous tone and unfussy command of the complicated melodies conflate into something utterly beautiful. Slow movements are soulful in their infinite variety, fast ones are clever and with a wealth of invention behind them.

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Sinfonia No. 6 em ré maior ‘Le Matin’

  1. Adagio – Allegro
  2. Adagio – Andante
  3. Minuet
  4. Finale. Allegro

Sinfonia No. 7 em dó maior ‘Le Midi’

  1. Adagio – Allegro
  2. Recitativo. Adagio
  3. Minuet
  4. Finale. Allegro

Sinfonia No. 8 em sol maior ‘Le Soir’

  1. Allegro molto
  2. Andante
  3. Minuet
  4. La Tempesta. Presto

Florilegium

Ashley Solomon

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MP3 | 320 KBPS | 165 MB

BBC Music Magazine – Christmas 2022

Solomon coaxes lively performances out of the members of Florilegium, with the depictions of rain, lightning and thunder conjured up by Haydn in the concluding storm movement of ‘Le Soir’ sounding particularly vivid.

Para colorir

Aproveite!

René Denon

Debussy (1862 – 1918): Peças para Piano (2022) – Steven Osborne ֍

Debussy (1862 – 1918): Peças para Piano (2022) – Steven Osborne ֍

 

Debussy

Peças para Piano

Steven Osborne, piano

 

O ano que chega ao seu último mês viu o aniversário de 160 anos de Claude Debussy e tivemos nossa série de postagens dedicadas às suas obras. Você poderia até imaginar que depois de um fartum como aquele ficaríamos sem muita vontade de ouvir ou postar qualquer outra coisa dele… Mas, quando um disco deste calibre surge, toda lógica vai por água abaixo. O disco do selo Hyperion com o ótimo pianista Steven Osborne apresenta uma coleção de peças (quase) avulsas, que como o título do disco – Early and Late Piano Pieces – sugere, foram compostas no início de sua carreira ou nos seus últimos anos. Na verdade, essas últimas são uma minoria, mas isso não importa.

Entre as peças do início da carreira, temos algumas pequenas gemas, como os dois Arabescos, de 1890. Numa coleção como esta não poderia faltar Clair de lune, que aí está assim como suas peças irmãs, compondo a Suite bergamasque.

Você também vai encontrar uma coleção intitulada Images, que ao ser bem posteriormente publicada passou a ser conhecida como Images oubliées, para diferencia-la das outras duas coleções que levam este nome e foram publicadas durante a vida do compositor. Assim como as outras, esta coleção é um tríptico e a peça central, a Sarabande, aparece de maneira revisada em mais outra coleção, Pour le piano. Com tantas interpretações postadas recentemente, vale a pena buscar uma delas e comparar as duas versões.

Entre as peças compostas nos últimos anos da vida do compositor, há uma pequena valsa escrita em 1909 para homenagear Haydn, nos 200 anos de sua morte, assim como a Élégie e Les soirs illuminés par l’ardeur du charbon, todas com mais ou menos dois minutos de duração. Esta última foi composta para homenagear seu fornecedor de carvão, que foi providencial no especialmente difícil inverno de 1916-17.

Steven adorou conhecer a Lagoa de Piratininga, onde fica uma das sedes sociais do PQP Bach Corp.

O pianista Steven Osborne é figurinha constante nas postagens aqui e você poderá dar uma busca, caso ainda não tenha ouvido seus discos. Em particular, seus outros dois discos com música de Debussy para o selo Hyperion você poderá encontrar aqui e aqui.

Claude Debussy (1862 – 1918)

[1] – Danse bohemienne (1880)
[2] – Mazurka (1890)
[3-4] – Deux arabesques, L. 66 (1890)
  1. Andantino
  2. Allegretto scherzando
[5] – Rêverie (1890)
[6] – Valse romantique (L. 71) (1890)
[7] – Ballade slave (1890)
[8-11] – Suite Bergamasque (1890)
  1. Prélude
  2. Menuet
  3. Clair de lune
  4. Passepied
[12] – Danse (Tarentelle styrienne) (1890)
[13] – Nocturne (1892)
[14-16] – Images oubliées (1894)
  1. Lent: Mélancolique et doux
  2. Sarabande
  3. Quelques aspects de ‘Nous n’irons plus au bois’ parce qu’il fait un temps insupportable (1917)
[17] – Morceau de concours (1904)
[18] – Hommage à Haydn (1909)
[19] – Le petit nègre (1909)
[20] – Pièce pour l’oeuvre du ‘Vêtement du blessé’ (1915)
[21] – Élégie, L138 (1915)
[22] – Les soirs illuminés par l’ardeur du charbon (1917)

Steven Osborne, piano

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MP3 | 320 KBPS | 203 MB

A programme which bridges Debussy’s first work for piano (the Danse bohémienne, from 1880) and his last (Les soirs illuminés par l’ardeur du charbon, from 1917). Steven Osborne is equally responsive to the very different musical moods of both.

Aproveite!
René Denon

Vivaldi (1878-1741) • Veracini (1690-1768) • B. Marcello (1686-1739): Lost in Venice – Infermi d’Amore & Vadym Makarenko ֍

Vivaldi (1878-1741) • Veracini (1690-1768) • B. Marcello (1686-1739): Lost in Venice – Infermi d’Amore & Vadym Makarenko ֍

Vivaldi • Veracini

Marcello

Concertos, Abertura & Sinfonia

Infermi d’Amore

Vadym Makarenko

 

Veneza é uma cidade surpreendente. Há o Grande Canal, canais, canaletti, não ruas. E não há carros, ônibus ou metro. Há vaporetti e gôndolas. Um dia, quando estava lá no meio das pessoas, esperando pelo vaporetto, vi passar ao meu lado Mia Farrow e Woody Allen. Bom, eu sei, isso foi há muito tempo, eu posso estar enganado…

Mas ouvir um concerto com música de Vivaldi em uma igreja centenária, mesmo que o conjunto não tivesse muitos músicos e que eles eram apenas estudantes de música, é uma inspiração para quase toda uma vida. Bom, meia vida já é bastante.

Pois foi por isso que esse disco me chamou a atenção. Pois que seguindo as tendências atuais, a capa não ajuda muito. Mesmo assim, ouvi o disco e, pura sorte minha, gostei muito. O título Lost in Venice é bem apropriado, pois Veneza é realmente um ótimo lugar para ficar perdido, cada recanto vale a pena, e o três compositores aqui reunidos têm suas vidas ligadas, em boa parte, à Veneza.

Francesco Veracini nasceu em Florença, mas seus talentos o levaram pelo mundo… Veneza, Londres. Mas foi em Veneza que impressionou tanto Tartini com sua técnica que o outro músico se mudou para outra cidade, para estudar e poder evitar comparações. Neste disco ouvimos uma de suas muitas Aberturas.

Quanto aos outros dois compositores, Antonio Vivaldi e Benedetto Marcello, eles nem sempre viveram assim, como diríamos, de boas. Enquanto Vivaldi vinha de uma família de pessoas simples e seguiu a carreira religiosa com expectativa de ter um futuro assegurado, Benedetto Marcello nasceu em berço nobre e era músico diletante e advogado de carreira. Vivaldi que era padre, mas músico verdadeiramente, algumas vezes se meteu em problemas judiciais, devido a alguns fracassos operísticos. Pois é, quem não? É possível que os dois tenham se encontrado em circunstâncias, digamos assim, nem tão favoráveis a Vivaldi. Mas, o que realmente importa para nós é a música, que interpretada como é no disco, nos faz ficar mais próximos de Veneza… ou de casa, como você preferir.

Vadym Makarenko

Quanto ao intérprte, Vadym Makarenko nasceu na Ucrânia e começou a estudar violino aos cinco anos. A música lhe abriu muitas portas e em 2012 graduou-se em violino no Instituto de Música de Kyiv. O contato com Oleg Timofeev e Andrey Pracht, que tocam tiorba e cravo, lhe mostraram as possibilidades de práticas com instrumentos de época. Isso o levou a estudar na Schola Cantorum da Basileia, onde recebeu o apoio e a inspiração de Amandine Beyer, levando-o definitivamente para essas práticas. Makarenko agora mora em Madri e fundou seu próprio grupo musical – Infermi d’Amore. O nome para o grupo veio de uma coleção de cantatas, chamada Il pazzo com la pazza ristampata e Uno ospedale per gl’Infermi d’amore, publicada em Nápoles.

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto para violino em dó maior, RV 182

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Francesco Maria Veracini (1690 – 1768)

Abertura No. 6

  1. Allegro
  2. Largho
  3. Allegro

Antonio Vivaldi

Concerto para violoncelo em si bemol maior, RV 788

  1. Allegro
  2. Largheto
  3. Allegro

Concerto para violino em sol menor, RV 320

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro non molto

Sinfonia a quatro em ré maior, RV 786

  1. Allegro molto
  2. Andante
  3. Minuetto

Benedetto Marcello (1686 – 1739)

Concerto para violino, Op. 1, No. 9

  1. Presto-Largo
  2. Presto-Adagio e staccato
  3. Prestissimo

Antonio Vivaldi

Concerto para violino em mi maior, RV 263

  1. Allegro non molto

Concerto para dois violinos em lá maior, RV 521

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Infermi d’Amore

Vadym Makarenko, violino e direção

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MP3 | 320 KBPS | 163 MB

Para quem sempre achou que os locais de gravação são aconchegantes…

 

Aproveite!René Denon

Marco Uccellini (1603-1680): Sonatas para Violino dos Opp. 3 – 5 – Conor Gricmanis e Noxwole ֎

Marco Uccellini (1603-1680): Sonatas para Violino dos Opp. 3 – 5 – Conor Gricmanis e Noxwole ֎

Uccellini

Sonatas para Violino

Conor Gricmanis, violino

Noxwole (Conjunto)

Bojan Čičić, violino

Timothy Roberts, cravo/órgão

 

No feliz ano de 2019 eu fiz duas postagens cuja música é interpretada pelo conjunto Palladian Ensemble, intituladas An Excess of Pleasure e The Winged Lion. Os discos contêm música de vários compositores do período barroco e em cada um deles há uma peça de Marco Uccellini. Particularmente cativante é a Aria a quinta sopra la Bergamasca – uma dessas melodias que lhe entra pelo ouvido para nunca mais ser esquecida. Também, pudera, Uccellini usou uma canção popular de seus dias, a tal Bergamasca, para construir suas variações. Assim, quando dei com esse disco fiquei logo interessado e coloquei-o na lista de audições.

As composições de Uccellini contribuíram para o desenvolvimento de um estilo idiomático de composição para violino, expandindo as possibilidades técnicas do instrumento de maneira muito expressiva, o chamado stylus fantasticus. Observe que Uccellini é anterior a Bach e Vivaldi, só para dar uma perspectiva.

Conor mostrando o Amati para a turma do PQP Bach na entrevista dada no auditório do PQP Bach Center de Niterói

Conor Gricmanis estudou violino barroco na Royal Academy of Music com Rachel Podger por cinco anos. Ela que naquelas gravações mencionadas fazia parte do Palladian Ensemble. Posteriormente, Gricmanis estudou com Bojan Čičić que toca junto com o grupo na faixa 10 do disco. O grupo Noxwole foi fundado por Conor Gricmanis, que é muito ativo em diversos grupos e orquestras que adotam o estilo de instrumentos e práticas de época.

Além disso, na gravação deste disco Gricmanis toca o que se acredita ser o mais antigo violino em plenas condições de uso no mundo – um instrumento Andrea Amati, feito em 1542.

Marco Uccellini (1603 – 1680)

Sonate over Canzone, Op. 5

  1. Sonata para Violino No. 1 em ré maior “La musica”

Sonate, correnti et arie, Op. 4

  1. Sonata para Violino No. 1 em lá maior “La vittoria trionfante”
  2. Sonata para Violino No. 2 em sol menor “La Luciminia contenta”
  3. Sonata para Violino No. 3 em mi maior “La ebrea maritata”
  4. Sonata para Violino No. 4 em dó menor “La Hortensia virtuosa”

Sonate, arie et correnti, Op. 3

  1. Sonata No. 4 para dois Violinos em sol maior “La trasformata”

Sonate, correnti et arie, Op. 4

  1. Sonata para Violino No. 5 em dó menor “La Laura rilucente”
  2. Sonata para Violino 12 em lá maior

Sonate, arie et correnti, Op. 3

  1. Sonata para Violino 1 em lá menor “La poggia”

Sonate, correnti et arie, Op. 4

  1. Sonata No. 18 para dois Violinos em lá maior

Sonate over Canzone, Op. 5

  1. Sonata para Violino 4 em lá menor “La bugia”

Sonate, arie et correnti, Op. 3

  1. Sonata 5 – Aria sopra “La Bergamasca”

Noxwode

Conor Gricmanis: violino
Claire Edwards: violino (10)
Jonatan Bougt: guitarra, tiorba
Miriam Nohl: violoncelo
Josie Jobbins: violone

Bojan Čičić: violino (6)
Timothy Roberts: cravo, órgão

Conor Gricmanis

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MP3 | 320 KBPS | 218 MB

 

“Lively performances from the group Noxwode… it’s exuberant and playful music” (BBC Radio 3 ‘Record Review’)

Não deixe de comparar as interpretações da ‘Bergamasca’ deste álbum com a gravação do Palladian Ensemble. Lá a combinação de instrumentos é outra… Depois, me conte!

Aproveite!

René Denon

40 Most Beautiful Arias – Vários Intérpretes e Compositores – Warner Classics ֍

40 Most Beautiful Arias – Vários Intérpretes e Compositores – Warner Classics ֍

 

 

40 Mais Belas Árias

 

 

 

Estes dois discos têm me acompanhado no caótico trânsito de minha cidade nas últimas semanas e me dado tanto prazer que decidi fazer a postagem. Se o carro para no sinal, na geleia geral do trânsito ou no posto de gasolina, abro os vidros e deixo que essa exuberante arte do excesso se espalhe e impressione as pessoas, que me olham com alguma curiosidade.

As óperas têm estado presentes no blog, especialmente nas edições completas (e vastamente comentadas), mas aqui temos uma proposta diferente – coleção de árias – o crème de la crème. Veja o título: 40 Most Beautiful Arias – 40 Mais Belas Árias !

Há uma certa simplificação, pois que nem todas as faixas são árias, há alguns duetos também.

Eu confesso que costumava olhar com um certo desdém para este tipo de edição, por parecer um pouco populista, mas rendi-me à efetividade do produto, adorei ouvir essas belezuras, uma depois da outra… Realmente, é fácil criticar este tipo de lançamento, inclusive por deixar esta ou aquela outra ária de fora, pois que há muitas tantas tão bonitas, mas no fim dos discos chegamos ao entendimento de porque tantas pessoas se apaixonam por ópera. Além disso, a alternância tanto dos tipos de vozes quanto de estilos funcionou bem para mim.

No pacote há 18 compositores representados e o campeão é Puccini, com 11 árias, seguido de Mozart e Verdi, cada um com 5 números. Bizet tem 4 faixas, Handel 2 e o resto, uma cada.

Na escolha dos intérpretes os produtores devem ter tido um olho nos contratos, de forma que se poderia dizer que este ou aquele intérprete teria sido uma melhor opção. Mas não nos prendamos a essas coisas e se deixe levar pela onda da ópera, no que ela tem de melhor.

Há uma certa aura em torno de música clássica, ópera em especial, deixando uma impressão de inacessibilidade, que é necessário ter um gosto adquirido para de fato apreciar, mas isso é falso. As pessoas gostam (sempre gostaram) de ópera. Eu gosto do filme ‘O Feitiço da Lua’ (Moonstruck) pela história, mas também pela cena da ópera. O mocinho do filme (Nicholas Cage, quando jovem) é um padeiro que ama ópera e consegue levar a mocinha (Cher, a noiva de seu irmão mais velho) para uma noite na ópera. Mas não é um teatro qualquer, é o Metropolitan! A cena transmite toda a excitação e expectativa que antecede o espetáculo e mostra como as pessoas se envolvem com a apresentação. Pois bem, nem precisa vestir sua roupa de domingo, apenas ouça e deixe-se encantar pela magia dessas peças.

Moonstruck – Loretta e Ronny vão à Opera

As estrelas do disco:

Disco 1

Nessun dorma (Ninguém durma) – ária do Ato III de Turandot (1926), de Giacomo Puccini. A princesa Turandot decretara que ninguém poderia dormir na cidade de Pequim até o nome do príncipe (Calaf) lhe ser revelado. Calaf havia concordado que morreria caso seu nome fosse descoberto antes do amanhecer. Ele canta certo de que o esforço será em vão e que ao amanhecer ele mesmo dirá seu nome à princesa ganhando assim a sua mão em casamento. O papel é de um tenor. Neste disco, a ária é cantada por Placido Domingo que teve uma voz maravilhosa…

Turandot, no Met…
Carmen foi uma ópera revolucionária

L’amour est un oiseau rebelle (O amor é um pássaro rebelde) – Habanera – Ária do Ato I de Carmen (1875), de Georges Bizet. A ária é cantada pela própria protagonista, ao sair do trabalho, na fábrica de charutos. Carmen é a própria sedução, falando sobre o amor e as loucuras de amar. O papel é escrito para um mezzo-soprano, e a intérprete é Julia Migenes. Carmen é uma ópera especial entre todas, não só pela música maravilhosa, mas pela audácia dos temas e, é claro, termina em tragédia.

Una furtiva lacrima – ária de L’elisir d’amore (1832), ópera de Gaetano Donizetti, cantada por Nemorino, um jovem camponês. Ele está cheio de confiança por ter tomado a segunda dose da Poção do Amor (na verdade, apenas vinho) e esnoba todas as belas da vila, reunidas e interessadas nele devido à fortuna que acabara de herdar. Entre elas está Adina, que fica magoada com sua indiferença e sai. Nemorino assim descobre que ela está interessada nele e canta sua alegria por descobrir que ela o ama. Aqui o tenor é Roberto Alagna.

Je dis que rien ne m’épouvante (Posso dizer que nada me assusta…) – ària de Carmen, cantada por Micaëla, uma jovem da vila de Don José e que está apaixonada por ele. Carmen mete Don José em tantas confusões que a ele só resta unir-se aos contrabandistas (Dancaïre e Remendado, ótimos nomes…) que vivem escondidos nas montanhas. A pobrezinha Micaëla vai a sua procura e para afugentar seu próprio medo, canta essa canção.

Bizet

Au fond du temple saint também é de Bizet, mas da ópera Les pêcheurs de perles (1863) e não é uma ária, é um dueto. Os personagens são Nadir e Zurga, dois vértices de um (surpresa) triângulo amoroso. Os cantores aqui são Jerry Hadley e Thomas Hampson.

Ombra mai fu (também conhecida como Largo de Handel) – é uma ária da ópera Xérxes (1739), de Georg Frideric Handel. Muito conhecida, a ária é cantada por Xérxes para uma árvore, um plátano, louvando suas maravilhas… Aqui Xérxes é a cantora Jennifer Larmore.

When I am laid in earth – é um lamento cantado por Dido, na ópera Dido and Aeneas (década de 1680) de Henry Purcell. O sem-coração do Aeneas se apaixona por Dido, uma rainha, mas deve retornar à sua pátria e a abandona. É claro que ela vai se matar por isso, mas não sem antes nos cantar este maravilhoso lamento… Remember me, remember me, but ah! forget my fate! Aqui o lamento é da maravilhosa Véronique Gens.

Voi che sapete che cosa è amor – ária da ópera Le Nozze di Figaro (1786) do cara que sabia de tudo sobre ópera, Wolfgang Amadeus Mozart. A ária é cantada por Cherubino, um jovem pajem que vive apaixonado por todas as mulheres da ópera e canta para elas essa linda canção sobre o amor de dentro de seu uniforme militar… É claro que o papel é sempre de uma cantora (contralto) e aqui é a spettacolare Cecilia Bartoli.

Soave sia il vento – duetto de Così fan tutte (1790), outra do grande Mozart. Esta ópera é sobre (in)fidelidade no amor – rola uma aposta e dois casais serão submetidos a uma série de provas. Os mocinhos partem em um barco (de mentirinha, é claro) e as mocinhas, Dorabella e Fiordiligi, junto ao cético Don Alfonso, dão adeusinhos a eles, desejando que bons ventos os levem… As cantoras aqui são as famosas Kiri Te Kanawa e Frederica von Stade, que leva nobreza até no nome.

Mon coeur s’ouvre à ta voix – ária da ópera Samson and Delilah (1877) de Camille Saint-Saëns. Não consigo pensar nessa ópera sem lembrar dos filmes de Cecil B. DeMille, com Victor Mature e a deslumbrante Hedy Lamarr (deve ser um lance de numerologia, esse nome). Mas, voltando ao assunto, temas bíblicos como esse eram usados para um bom libreto, e essa ária é o momento no qual Dalila encanta e seduz o povero Sansão. A cantora aqui é o mezzo-soprano Olga Borodina e no finalzinho da ária o tenor José Cura da a voz a um balbuciante Sansão.

Nossa foto é apenas ilustrativa…

Pourquoi me réveiller, ária da ópera Werther (1887), de Jules Massenet. Você provavelmente sabe, Os Sofrimentos do Jovem Werther é um livrinho escrito por Goethe contando a história do mísero Werther, que está apaixonado pela Charlotte, que o ama de volta, mas está casada com outro homem. Sofrência no úrtimo com o terrível desfecho, suicídio do pobrezinho. O livro é um clássico, dizem autobiográfico (menos a parte do suicídio…) e gerou uma onda de suicídios nos dias de seu lançamento. Nesta ária, Werther lembra-se, ao lado de Charlotte, das suas leituras de poesias… O cantor é o tenor Jerry Hadley.

La donna è mobile, canzone do ato III, de Rigoletto (1851) ópera de Giuseppe Verdi. Essa é uma dessas óperas que você precisa ouvir pelo menos uma vez. Aqui o Duque de Mantua, um grande mulherengo, a là Don Giovanni, canta disfarçado de soldado está linda ária com palavras nada altaneiras sobre o caráter mundano das mulheres… O tenor aqui é Richard Leech.

Canção da Lua é uma ária da ópera Rusalka (1901), de Antonín Dvořák, mais conhecido pelo seu belíssimo Concerto para Violoncelo e pela Sinfonia ‘do Novo Mundo’. Rusalka conta a história de uma ninfa aquática que se apaixona por um humano. Aqui ela implora à Lua que revele ao príncipe (claro que o humano seria um príncipe…) o seu amor. A popularidade da ária sobrepujou a ópera e faz parte do repertório de grandes sopranos. Aqui está a cargo de  Eva Urbanová.

Un bel di é uma ária de nosso campeão Puccini, da ópera Madama Butterfly (1904). Cio-Cio-San, a Madame Butterfly, espera já há três anos a volta de seu marido americano. Sua empregada Suzuki tenta convence-la que ele não retornará, mas ela crê na volta dele – Un bel di, vedreno o barco chegando e tal… Aqui a cantora é Cristina Gallardo-Domâs.

 

Donna non vidi mai é uma ária da ópera Monon Lescaut (1893), de (ta dã…) Puccini. O jovem cavaleiro Renato des Grieux acaba de conhecer e se apaixonar por Manon Lescaut. Desafortunadamente ela deve atender ao chamado de seu irmão, mas promete retornar. Ficando sozinho des Grieux canta nesta ária todo o seu amor por Manon. Quem empresta a voz a des Grieux aqui é José Cura.

Brindisi, de outra maravilhosa ópera de Verdi. Mais uma que precisa ser ouvida – La Traviata (1853). Alfredo, o mocinho da ópera, é convencido por Gastone e Violetta, a mocinha, a exibir sua voz. Ele então canta esta Canção de Brindar. Na gravação Alfredo é Neil Shicoff.

La Divina interpretou Tosca como poucas…

Vissi d’arte é a ária! Como todas as próximas neste disco, é de Puccini, da ópera Tosca (1900), talvez a ópera das óperas. A mocinha é ela mesma uma cantora de ópera (o cara era bom). Amor e música – as razões de viver de Tosca (Vissi d’arte = Eu vivo para a arte). A primeira cantora a cantar no papel de Tosca foi Giuditta Pasta, a mais famosa cantora lírica do século XIX. Foi Desdemona em Otello e teve três grandes óperas escritas para ela – Anna Bolena, La Sonnambula e Norma, na qual está a ária Casta Diva, que faz parte do segundo CD. Foi a partir daí que se passou a chamar essas mega artistas de Diva. Giuditta Pasta foi a primeira Diva! Aqui a Diva é Kiri Te Kanawa.

Che gelida manina (Que mãozinha gelada!) ária cantada por Rodolfo para Mimi, quando eles se encontram pela primeira vez. Eles são os protagonistas de mais uma ópera emblemática, La Bohème (1896), de (adivinhe) Giacomino Puccini. Ele aproveita para dizer que está apaixonado por ela. Aqui, o Rodolfo é o ótimo José Carreras.

Si, mi chiamano Mimi é da mesma ópera, mesmo momento. Rodolfo acabou de se declarar a Mimi e pede que lhe fale algo sobre ela. Bom, ela então lhe diz (cantando lindamente) que a chamam Mimi, apesar de seu nome ser Lucia. Ah, o amor! Mimi aqui é interpretada pela espetacular Barbara Hendricks.

O soave fanciulla – Depois dessas duas árias, os enamorados se reúnem nesse dueto que encerra o Primeiro Ato da ópera La Bohème. De novo, José Carreras e Barbara Hendricks são Rodolfo e Mimi.

Disco 2

O mio babbino caro (cuidado, não é ‘bambino’!) é uma ária famosa de uma (não tão famosa) ópera de um ato de Puccini, chamada Gianni Schicchi (1918). A ária é cantada por Lauretta, que implora a seu pai (babbino) – Ganni Sichicchi – que a ajude casar-se com o amor de sua vida, Rinuccio. Bom, nem os nomes ajudam muito, mas a ária é daquelas que está no repertório de todas as grandes cantoras. Aqui, Lauretta é interpretada por Cristina Gallardo-Domâs.

Ebben? Ne Andrò Lontana é uma ária da ópera La Wally (1892), escrita por Alfredo Catalani. Essa ária é cantada pela heroína, quando ela decide sair de casa para sempre. Bom, ela é uma garota tirolesa que morre jogando-se em uma avalanche de neve… Pois é, vá entender libretos de óperas. A cantora aqui também é Cristina Gallardo-Domâs.

Les Contes d’Hoffmann, no Met!

Barcarolle é um dueto para soprano e mezzo-soprano de Les Contes d’Hoffmann (1881), a última ópera de Jacques Offenbach. Offenbach foi ótimo violoncelista e compôs inúmeras operetas de enorme sucesso. Essa Barcarolle tem uma das melodias mais populares do mundo e aposto como você vai se lembrar de já tê-la ouvido antes. Aqui as intérpretes são Jennifer Larmore e Hei-Kyung Hong.

La fleur que tu m’avais jetée é outra pérola de Carmen, de Bizet. A canção da flor é um dos momentos mais líricos da ópera e traz o motivo do destino. Don José aqui é interpretado por Placido Domingo.

Puccini

Signore, ascolta! É uma ária de Turandot, que como você já sabe, é de Puccini. A ária é cantada por Liu, uma escrava, para o príncipe Calaf, por quem está secretamente apaixonada! Ela o alerta para não arriscar sua vida pela fria princesa Turandot… Liu aqui é interpretada por Kiri Te Kanawa.

Un di felice é um dueto do primeiro ato da espetacular La Traviata (1853) de Giuseppe Verdi. Alfredo e Violetta cantam o tema mais famoso da ópera, que aqui são interpretados por Neil Shicoff e Edita Gruberova.

Dôme épais le jasmin – dueto da ópera Lakmé (1883), de Léo Delibes, cantado por Lakmé e sua serva Mallika, enquanto vão colher flores às margens de um rio. Um destes temas que são maiores do que a própria ópera, assim como a Barcarolle, de Offenbach. Aliás, cantados aqui pelas mesmas intérpretes, Jennifer Larmore e Hei-Kyung Hong.

Porgi amor – Cavatina do Segundo Ato de Le Nozze di Figaro (1786), de Mozart. A condessa, Rosina, só em seu quarto, lamenta a infidelidade de seu marido, o Conde de Almaviva. Ária curta, sem repetições, na qual a quase impossível simplicidade de Mozart transborda numa pequena joia. Aqui a condessa é Lella Cuberli.

Esse sabia de tudo e mais ainda, sobre óperas…

Dalla sua pace – Ária da ópera Don Giovanni (1787), composta pelo divino Mozart, e é cantada por Don Otavio, noivo de Donna Anna. Eu tinha um amigo que o chamava Don Otário, pois o personagem é assim, um dois de paus, nada faz de interessante, mas é o tenor da ópera, onde o Don, Leporello e Masetto são todos baixo-barítonos. Isso sem contar o Comendador, que é um baixo à la Ghiaurov.  Dalla sua pace foi composta para a apresentação da ópera em Viena, depois do sucesso em Praga, pois o tenor do dia não conseguia cantar a segunda ária de Don Otavio – Il mio tesoro – cuja parte …cercate…, é de matar de difícil. Aqui a bela Della sua pace está aos encargos de Hans Peter Blochwitz.

Casta Diva, assim como Vissi d’arte, é uma das mais famosas árias do repertório de soprano. A ópera é Norma (1831), de Bellini. Não é o capitão da Seleção Brasileira de Futebol de 1958, cuja estátua se encontra em frente ao Maracanã, mas Vincenzo Bellini, que escreveu o papel para Giuditta Pasta, a primeira das Divas. Aqui, a intérprete é Maria Callas, a Diva do século XX. O que realmente torna uma cantora uma Diva é a paixão que coloca em suas interpretações, assim como seu senso teatral.

 

Lascia ch’io pianga – Retornando no tempo, essa é uma ária da ópera Rinaldo (1705), de Handel. Como você pode imaginar, este é um lamento, construído sobre uma sarabanda. Logo após se casar com Rinaldo, Almirena é raptada por Armida. Ela está só no jardim de Armida e canta este seu lamento. A cantora na gravação é Marilyn Horne.

J’ai perdu mon Eurydice – essa memorável ária é da versão em francês de Orpheé et Eurydice (adaptada em 1774 da versão em italiano). Em italiano é Che faro senza Euridice (1762). Uma das mais lindas melodias colocadas em uma ária. Inesquecível mesmo após a primeira audição. A cantora aqui é Susan Graham.

Bein Männern, welche Liebe fuhlen – é um dueto da ópera Die Zauberflöte (1791), de Mozart. Pamina e Papageno cantam juntos um dueto sobre o amor em geral, mas não cantam um para outro, pois que não são parte de um par amoroso. Nesta gravação os cantores são Rosa Mannion e Anton Scharinger

Celeste Aida é a ária na qual Radamés, escolhido para comandar os invasores etíopes, canta sua esperança de ser o grande vencedor para assim ganhar também o amor de Aida. A ópera Aida (1871), de Giuseppe Verdi, é uma daquelas obras que é reconhecida por todos e as suas montagens podem envolver quase um universo. Aqui Radamés está ao encargo de Placido Domingo.

Chi il bel sogno di Doretta, da ópera La Rondine (A Andorinha) (1917) de Puccini. Nesta ária a protagonista Magda conta como Doretta se apaixonou por um estudante. Na ópera, por sua performace, Magda ganha um colar de pérolas, que aqui vai para Kiri Te Kanawa.

Quizz do PQP Bach: Qual é a série de cuja trilha sonora esta ária faz parte?

Amor ti vieta é uma ária da ópera Fedora, de Umberto Giordano. Como parte de seu plano de vingança, Fedora (1898) seduz o Conde Loris Ipanov. Nesta ária eles se encontram em uma festa e ele diz a ela que realmente a ama. O conde aqui é Placido Domingo.

Es lebt eine Vilja (Vilja-Lied) é da ópera Die Lustige Witwe (1905), de Franz Lehár. Em sua festa Hanna conta a história de um espírito da montanha, uma Vilja, que vaga por lá e seduz os caçadores com sua beleza. A cantora aqui é Karita Mattila.

E lucevan le stelle é do Terceiro Ato de Tosca, de Puccini. Mario Cavaradossi é o mocinho (literalmente) da ópera, um jovem e liberal pintor, amante de Tosca. Nesta belíssima ária Cavaradossi troca sua última posse, um anel, para que um guarda leve uma carta para sua amada Tosca. Enquanto ele escreve a carta, canta seu amor por Tosca e pela vida. Mais uma vez, a voz linda de Placido Domingo.

Verdi

Ave Maria é uma ária da ópera de maturidade de Verdi, Otello (1887). Desdemona reza à Virgem Maria um pouco antes de Otello entrar e cego de ciúmes, matá-la. Pois é, feminicídio é comum nas óperas… A Desdemona da vez é Cristina Gallardo-Domâs.

Non più mesta accanto al fuoco é da ópera La Cenerentola (1817), de Gioacchino Rossini. Ele mão poderia faltar , este genial compositor. Essa ópera é baseada no conto de fadas Cinderela, e foi composta em apenas 24 dias. Este é um dos momentos finais da ópera, onde a Cinderela canta que já não fica mais triste perto do fogo. Muito virtuosismo, mas a melodia aqui é a mesma de uma ária cantada pelo Conde Almaviva no final de O Barbeiro de Sevilha. Não por pouco que Rossini tinha fama de preguiçoso. Compunha deitado em sua cama. Se a folha em que estava escrevendo caísse, em vez de pegá-la do chão, ele começava tudo novamente em uma outra mais à mão. A cantora aqui é Jennifer Larmore.

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MP3 | 320 KBPS | 345 MB

Acredito que Ammiratore gostaria desta postagem.

Faça você também a experiência do carro…

Aproveite!

René Denon

Resposta do Quizz:

 

JS Bach (1685 – 1750): Concerto Italiano e outras peças para teclado – Rafał Blechacz, piano ֎

JS Bach (1685 – 1750): Concerto Italiano e outras peças para teclado – Rafał Blechacz, piano ֎

JS BACH

Concerto Italiano BWV 971
Partita No. 1 BWV 825
Quatro Duetos BWV 802 – 805
Fantasia e Fuga BWV 944
Partita No. 3 BWV 827
Jesus, Alegria dos Homens (de) BWV 147

Rafał Blechacz, piano

Há já um bom tempo não tenho visto no blog um disco do tipo deste – a excelente música para teclado de nosso compositor mor interpretada em um grand piano!

Pois que num domingo pela manhã é esse tipo de música que vai bem, especialmente naqueles ensolarados.

Rafal explicando para o pessoal do PQP Bach que ainda gosta muito de tocar órgão…

Rafał Blechacz é mais conhecido como intérprete de Chopin, pois quando um polonês ganha o Concurso Internacional de Piano Frédéric Chopin, isso é o que ele faz de melhor. Ele foi o vencedor em 2005, mas está absolutamente à vontade neste repertório, pois que técnica não lhe falta e ele iniciou sua carreira musical interessado em órgão, instrumento que tocou por algum tempo. Sendo assim, quando passou a dedicar-se ao piano, levou junto o amor pela música de Bach.

O programa é ótimo, começando com o Concerto Italiano, sublimação das transposições para instrumentos de tecla dos concertos de Vivaldi que Bach tanto praticou. As Partitas são importantes na obra de Bach, fazendo parte de suas primeiras publicações. Intercaladas uma Fantasia e os Quatro Duetos. Para completar, a título de bis, a transcrição feita para piano por Dame Myra Hess do belíssimo coral que é cantado duas vezes na Cantata Herz und Mund und Tat und Leben.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concerto Italiano, BWV971

  1. (Allegro)
  2. Andante
  3. Presto

Partita No. 1 em si bemol maior, BWV825

  1. Prelude
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Menuet I & II
  6. Gigue

Duetos Nos. 1-4, BWV802-805

  1. Dueto 1 em mi menor, BWV 802
  2. Dueto 2, em fá maior, BWV 803
  3. Dueto 3, em sol maior, BWV 804
  4. Dueto 4, em lá menor, BWV 805

Fantasia e Fuga em lá menor, BWV944

  1. Fantasia
  2. Fugue

Partita No. 3 em lá menor, BWV827

  1. Fantasia
  2. Allemande
  3. Corrente
  4. Sarabande
  5. Burlesca
  6. Scherzo
  7. Gigue

Cantata BWV147 ‘Herz und Mund und Tat und Leben’

  1. Jesus, Alegria dos Homens (Arr. Myra Hess para Piano)

Rafał Blechacz, piano

Gravado: 2016

Local da Gravação: Meistersaal, Berlin

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MP3 | 320 KBPS | 154 MB

Blechacz is a superlative pianist – BBC Music Magazine

Celebrated by his Chopin awarded recordings and cited by critics as one of those talents that only come along every few decades – has now turned to Bach. The now 31-year-old winner of the 2005 International Chopin Piano Competition, has been immersed in Bach since his childhood and has cultivated a strikingly natural eloquence in his mature interpretations of the composer’s keyboard works.

Um lindo disco para manhãs de domingo, mas pode ser ouvido com muito prazer em outras ocasiões.

Aproveite!

René Denon

Brahms (1833-1897): Quinteto com Piano, Op. 34 e Quinteto de Cordas, Op. 111 – Pavel Haas Quartet, Boris Giltburg (piano) e Pavel Nikl (viola) ֎

Brahms (1833-1897): Quinteto com Piano, Op. 34 e Quinteto de Cordas, Op. 111 – Pavel Haas Quartet, Boris Giltburg (piano) e Pavel Nikl (viola) ֎

BRAHMS

Quinteto com Piano em fá menor, Op. 34

Quinteto de Cordas em sol maior, Op. 111

Pavel Haas Quartet

Boris Giltburg, piano

Pavel Nikl, viola

Um disco com dois quintetos de Brahms – o Quinteto com Piano e o Segundo Quinteto de Cordas (quarteto mais segunda viola) – em interpretações que (acredito) nossos leitores de Portugal vão chamar: uma power! Tanto que eu sugiro não ouvir com volume muito alto, especialmente no fone de ouvido.

O Quarteto Pavel Haas já nos visitou tocando três quartetos do grande Ludovico, mas era um disco de início de carreira deles, que começou em 2002. A formação daquela gravação, que você poderá acessar aqui, era Veronika Jarůškova, violino; Eva Karová, violino (Op. 18, 4 e Op. 135); Maria Fuxová, violino (Op. 95); Pavel Nikl, viola; Peter Jarůšek, violoncelo. Confira a formação atual logo após as faixas do disco.

Pavel Nikl

Pavel Nikl e Veronika Jarůškova são fundadores do quarteto, mas Pavel Nikl precisou se afastar por razões pessoais. No entanto, ele continua colaborando com o grupo, como é o caso no disco da postagem.

O pianista na primeira peça é Boris Giltburg, que desde 2002 tem se destacado em vários concursos para piano e já tem uma carreira de concertista consolidada. Entre seus projetos está o ciclo das Sonatas para Piano de Beethoven, para a Naxos, assim como um disco com os Concertos Nos. 1 e 2. Ele tem se destacado bastante por suas interpretações de Rachmaninov. Veja como a Gramophone aprecia suas características: His originality stems from a convergence of heart and mind, served by immaculate technique and motivated by a deep and abiding love for one of the 20th century’s greatest composer- pianists.

Boris adorando os Arcos da Lapa…

Uma frase que pesquei em uma das críticas do disco é reveladora sobre a natureza das duas peças: Where the String Quintet is radiant and vivacious, the Piano Quintet of almost 30 years earlier is stormy and impetuous. Arriscando uma traição: Onde o Quinteto de Cordas é radiante e vivaz, o Quinteto com Piano de quase trinta anos antes é tempestuoso e cheio de ímpeto. Eu conhecia mais o Quinteto com Piano (já com duas postagens aqui no Blog, aqui e aqui), mas esta gravação me revelou aspectos do Quinteto de Cordas que eu, definitivamente, conhecia pouco. Fica, assim, a dica…

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Quinteto com Piano em fá menor, Op. 34

  1. Allegro non troppo
  2. Andante, un poco adagio
  3. Scherzo. Allegro – Trio
  4. Finale. Poco sestenuto – Allegro non troppo

Quinteto de Cordas No. 2 em sol maior, Op. 111

  1. Allegro non troppo, ma con brio
  2. Adagio
  3. Un poco allegretto
  4. Vivace ma non troppo presto

Pavel Haas Quartet

Veronika Jarůšková, violino
Marek Zwiebel, violino
Karel Untermüller, viola
Peter Jarůšek, violoncelo

Com Boris Giltburg, piano (Op. 34)

Pavel Nikl, viola (Op. 111)

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FLAC | 301 MB

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MP3 | 320 KBPS | 167 MB

Over 20 years of performing, the Haas Quartet have lost none of their east European spunk and folksy edge, qualities just as valuable when playing Brahms. Fiery passions and the crispest of rhythms mark outer movements, while slow movements bask in heartfelt nostalgia. Either way, everybody wins.
The Times, Maio de 2022

Aproveite!
René Denon

Pavel Haas Quartet na ante-sala do Music Hall do PQP Bach em São Gonçalo…

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para violino e cravo, BWV 1014 – 1019 – Andoni Mercero & Alfonso Sebastián ֎

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para violino e cravo, BWV 1014 – 1019  –  Andoni Mercero & Alfonso Sebastián ֎

J.S. Bach

Sonatas BWV 1014 – 1019

Andoni Mercero, violino

Alfonso Sebastián, cravo

 

Vinte quatro anos depois da morte de Johann Sebastian, CPE Bach escreveu: Os Trios com Teclado estão entre as melhores obras do meu querido falecido pai. Eles ainda soam muito bem e me dão muito prazer, mesmo tendo sido compostos há mais de cinquenta anos. Eles têm um número de adágios que não poderiam ter sido escritos de maneira tão cantante, caso tivessem sido compostas hoje.

Qual é o segredo destas maravilhosas peças, escritas por Bach há mais de trezentos anos? O (ótimo) livreto desta nova (e excelente) gravação dá uma boa pista: A escrita densa em estrito contraponto apresentada por estas sonatas está dentro da grande tradição alemã, mas a vitalidade, flexibilidade e o sentimento cantabile de suas linhas melódicas mostram a inconfundível estampa italiana. A genialidade de Bach estava em amalgamar o melhor de cada uma dessas diferentes abordagens musicais, talvez.

A história das Sonatas para cravo e violino remonta aos anos 1719 quando Bach trabalhava para o Príncipe Leopoldo na Corte de Cöthen e envolve a compra de um magnífico cravo. Mas a cópia mais antiga destas composições data de 1725 e foi feita pelo sobrinho de Bach, Johann Heirich, que era aluno de St. Thomas em Leipzig. A letra de Bach irrompe no manuscrito nos três últimos movimentos da Sexta Sonata, indicando que poderiam ter sido compostos neste período.

As peças foram revisadas em um outro manuscrito feito por Johann Friedrich Agricola, de 1741, e novamente, em 1750, agora num manuscrito feito pelo genro de Bach, Johann Christoph Altnickol, quando o título passou a ser Sechs Trios für Clavier und Violine.

Eu simplesmente adoro essas peças e não canso de ouvi-las. Já fiz algumas postagens com interpretações bastante diferentes delas aqui no blog e quando ouvi essa gravação, não tive dúvidas em fazer mais uma postagem.

Andoni Mercero e Alfonso Sebastián

Os nomes Andoni Mercero, Alfonso Sebastián e Eudora podem não ser muito conhecidos, mas deveriam, pois, tudo aqui é excelente. Mercero estudou violino em vários importantes centros musicais em Madri, Toronto, Berlim, Amsterdam. Atuou como membro e como solista nos principais grupos e orquestras especializados em práticas de época. Foi membro do Cuarteto Casals até pouco tempo e até toca viola… Alfonso Sebastián estudou piano e cravo inicialmente na Espanha e em Paris, com Patrick Cohen. Aperfeiçou-se também com grandes nomes como Gustav Leonhardt e Lars-Ulrik Mortensen. O selo independente Eudora tem sede em Madri e foi fundado pelo produtor e engenheiro de gravações Gonzalo Noqué, com o objetivo de capturar as melhores performances musicais com a melhor qualidade sonora possível. Se tomarmos este disco, que foi gravado na Igreja de San Miguel, em Doroca, Zaragoza, como amostra, podemos acreditar que eles são realmente excelentes.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonatas para Cravo e Violino, BWV 1014 – 1019

Sonata No. 1 em si menor, BWV1014

  1. Adagio; 2. Allegro; 3. Andante; 4. Allegro

Sonata No. 2 em lá maior, BWV1015

  1. Dolce; 6. Allegro; 7. Andante un poco; 8. Presto

Sonata No. 3 em mi maior, BWV1016

  1. Adagio; 10. Allegro; 11. Adagio ma non tanto; 12. Allegro

Sonata No. 4 em dó menor, BWV1017

  1. Largo; 2. Allegro; 3. Adagio; 4. Allegro

Sonata No. 5 em fá menor, BWV1018

  1. [sem indicação]; 6. Allegro; 7. Adagio; 8. Vivace

Sonata No. 6 em sol maior, BWV1019

  1. Allegro; 10. Largo; 11. Allegro; 12. Adagio; 13. Allegro

Andoni Mercero, violino

Alfonso Sebastián, cravo

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FLAC | 563 MB

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MP3 | 320 KBPS | 221 MB

Andoni Marcero

Aproveite!
René Denon

Bach (1685-1750): Pure Bach – Sonatas para violino e cravo – Rahel Maria Rilling & Johannes Roloff ֎

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para violino e cravo obbligato, BWV 1014-1019 – Chiara Banchini & Jörg-Andreas Bötticher

Mozart (1756 – 1791): Abertura de Don Giovanni, Concerto para Piano No. 23 & Sinfonia 40 – Andreas Staier, Le Concert de la Loge & Julien Chauvin ֍

Mozart (1756 – 1791): Abertura de Don Giovanni, Concerto para Piano No. 23 & Sinfonia 40 – Andreas Staier, Le Concert de la Loge & Julien Chauvin ֍

MOZART

Don Giovanni – Abertura

Concerto para piano No. 23

Sinfonia No. 40

Andrea Staier

Le Concert de la Loge

Julien Chauvin

Julien mostrando toda a alegria de aparecer de novo no PQP Bach…

Com a caneta ainda quente da última postagem, ouvi este disco e (quase) pude afirmar – é ainda melhor! O Concerto para Piano No. 23 de Mozart é um primor de simplicidade! E ainda temos um solista espetacular. Os discos de Andreas Staier podem ser um pouco estranhos, mas são sempre interessantes. Aqui ele é o solista de uma das obras e precisa ser ouvido. O piano participa (discretamente) do tutti inicial, como deve ter sido nos dias de Mozart, aguça a nossa curiosidade, antecipando sua entrada como solista.

O formato do disco segue o do álbum anterior – uma abertura de ópera, um concerto e uma sinfonia. Enquanto no disco anterior, a abertura do Fígaro era pura alegria e júbilo, a do Don Giovanni tem também um clima de mistério, de tons ameaçadores, como era de se esperar para uma ópera que mistura com maestria drama, comédia e uma dose de sobrenatural.

No concerto temos uma aula prática de ornamentação, pois que Andreas Staier é um solista sensacional. E a aula continua numa ótima entrevista dele no livreto. Ele fala de uma partitura com anotações de Barbara Ployel, uma aluna de Mozart. Essas anotações teriam sido feitas logo após uma das aulas com o compositor. Staier, no entanto, diz: Boa ornamentação não é como colocar maionese e ketchup sobre todas as (batatas) fritas, mas é preciso saber quando deixar espaços entre certas passagens, ornamentando outras, de maneira bem elaborada. Staier também tem uma palavra sobre o instrumento usado: magnífico, construído por Christoph Kern, uma cópia de um fortepiano construído por Anton Walter, por volta de 1790. Para a música de Mozart, você precisa de um teclado que possa cantar

Para concluir, a Sinfonia No. 40, em sol maior, que contrasta com sua irmã – Júpiter – que está no outro disco, por ser um pouco mais tímida, mas quem pode esquecer de seus primeiros acordes – ta-da-dam, ta-da-dam, ta-da-dam-tam… e que aqui termina com uma imensa alegria. Um disco para ouvir várias, várias vezes!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Don Giovanni

  1. Abertura

Concerto para Piano No. 23 em sol maior, K. 216

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro assai

Sinfonia No. 40 em sol menor, K. 550

  1. Molto allegro
  2. Andante
  3. Menuetto
  4. Alegro assai

Andreas Staier, fortepiano

Le Concert de la Loge

Julien Chauvin, violino e regência

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

Uma das críticas: But all-in-all these are challenging and rewarding performances of familiar masterpieces that make the listener prick up his ears anew, not always a foregone conclusion.  Brian Robins

Aproveite!
René Denon

Haydn (1732 – 1809) & Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano No. 11 (H) & No. 12 (M) – Musikkollegium Winterthur & See Siang Wong ֎

Haydn (1732 – 1809) & Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano No. 11 (H) & No. 12 (M) – Musikkollegium Winterthur & See Siang Wong ֎

1782

Haydn & Mozart

Concertos para Piano

Musikkollegium Winterthur

See Siang Wong

O ano de 1782 encontrou Haydn trabalhando para o príncipe Miklós (Nicolau) Esterházy e já no auge de sua maturidade como compositor. Nessa época ocorre a publicação de seus Seis Quartetos Op. 33, pela firma Artaria, de Viena, que estabelece um nível altíssimo para esse gênero. É também dessa época o Concerto para Piano em ré maior, sua última composição desse tipo, que foi publicado em 1784. Assim como os concertos contemporâneos de Mozart é uma peça no Estilo Galante e uma das melhores. O seu último movimento, um Rondó Húngaro, tem todas as características do que Haydn fazia de melhor…

A orquestra em frente ao Musikkollegium esperando o pessoal do PQP Bach que viria para fazer umas entrevistas…

Enquanto Haydn vivia e produzia no palácio Hesterhaza, em 1782 Mozart estava finalmente em Viena, fora dos muros de Salzburgo. Neste ano, em 16 de julho, estreia no Burgtheater a ópera (deliciosa) Die Entführung aus dem Serail. O Concerto em lá maior, K. 414, foi composto no outono, junto com seus irmãos K. 413 e 415 (Nos. 11 – 13) como parte das obras a serem apresentadas para o público de Viena nos Lenten Concertos (Concertos do Período da Quaresma, quando os teatros de ópera ficavam fechados), em janeiro de 1783. O Concerto No. 12 tem em seu movimento lento a menção de um tema de Johann Christian Bach, o Bach de Londres, que morrera no início do ano, e era muito admirado por Mozart.

O piano do PQP Bach Lounge deixou o Wong de cabeça para baixo…

O disco completo deve conter mais uma Sinfonia e outras peças orquestrais, mas os Concertos e uma minúscula peça para piano solo foi o que consegui. Demorei um pouco até chegar ao disco, mas depois que o ouvi, gostei tanto que tenho o ouvido com alguma frequência agora. Como vocês sabem, quando isso acontece, acabo trazendo para vocês também aproveitarem. O See Siang Wong é ótimo, muito simpático e foi aluno do Bruno Canino no Hochschule der Künste Bern.

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Concerto para Piano No. 11 em ré maior, Hob. XVIII: 11

  1. Vivace
  2. Um poco adagio
  3. Rondo all’Ungarese

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para Piano No. 12 em lá maior, K. 414

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegretto

Suíte para Piano K, 399

  1. Courante

See Siang Wong, piano

Musikkollegium Winterthur

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FLAC | 179 MB

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Mozart e Haydn se conheciam e tinham uma alta estima mútua. Há também relatos de ocasiões nas quais ambos tomaram parte de concertos de música de câmara. Dizem os detratores que eles tocavam bem viola…

Aproveite!

René Denon

PQP Bach – Quizz: Quem é o músico tocando viola na foto a seguir?

Mozart (1756 – 1791): Abertura de Le nozze di Figaro, Concerto para Violino No. 3 & Sinfonia Júpiter – Le Concert de la Loge & Julien Chauvin ֍

Mozart (1756 – 1791): Abertura de Le nozze di Figaro, Concerto para Violino No. 3 & Sinfonia Júpiter – Le Concert de la Loge & Julien Chauvin ֍

MOZART

Le nozze di Figaro – Abertura

Concerto para Violino No. 3

Sinfonia Júpiter

Le Concert de la Loge

Julien Chauvin

Aqui [em Praga] todos só falam de uma coisa – Fígaro;

Nada é tocado, assobiado, cantado ou cantarolado como – Fígaro!

Mozart escreveu de Praga para um Gottfried Emilian, de Viena: Eu vejo com enorme prazer as pessoas saltitando de puro deleite ao som da música de meu Fígaro, arranjado inteiramente como contradanças ou danças alemãs – Figaro, um não mais se acabar de Fígaro! Uma enorme honra para mim!

Teatro em Praga, onde Mozart regeu o Fígaro…

Pois é uma alegria saber que Mozart desfrutou do sucesso dessa ópera com música maravilhosa. Pois é com a abertura dessa obra que começa esse disco, da orquestra HIP, Le Concert de la Loge, regida pelo seu fundador, que também toca o violino e é o solista na próxima peça – o Concerto No. 3, em sol maior, K. 216, com seu deliciosos rondó final.

Talvez eles assustem um pouco, no início, pois que se atracam com o Fígaro em high speeds, mas depois as coisas vão se serenando um pouco mais. As peças são muito bem escolhidas, a Sinfonia Júpiter, enorme para os padrões da época, é uma maravilhosa peça e devia ser mais tocada.

Enfim, um programa especial para quem gosta da música de Mozart, mas com ares mais clássicos do que românticos, se é que você me entende…

Julien Chauvin

Julien Chauvin estudou violino, especializou-se em música antiga, ganhou vários prêmios e, por dez anos, participou do grupo Le Cercle de l’Harmonie, cuja direção dividiu com Jérémie Rhorer. Julien também tocou em vários grupo e orquestras barrocas até que em 2015 fundou uma nova orquestra especializada em música antiga, a Le Concert de la Loge. A inspiração veio de uma orquestra que fora fundada em 1783 pelo Conde d’Ogny – Concert de la Loge Olympique, o conjunto que encomendou as Sinfonias Paris, de Haydn. Aliás, esse grupo [o grupo do Chauvin, é claro… ah, marvada língua…] gravou essas sinfonias, intercaladas com obras de compositores franceses que fizeram sucesso naqueles dias, mas que hoje raramente têm suas obras executadas.

O disco tem todas as características dos álbuns de grupos que usam instrumentos e práticas de época, como os ritmos mais rápidos, maior transparência no som, maior equilíbrio entre os grupos de instrumentos. Acho que vale a pena ouvi-los!

A alegria de Mozart certamente seria grande, caso ele soubesse!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Le Nozze di Figaro

  1. Abertura

Concerto para Violino No. 3 em sol maior, K. 216

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Rondeau: Allegro

Sinfonia No. 41 em dó maior, K. 551 – Júpiter

  1. Allegro vivace
  2. Andante cantabile
  3. Menuetto – Allegretto
  4. Molto alegro

Le Concert de la Loge

Julien Chauvin, violino e regência

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In any case, the French musicians’ view of Mozart represents an interesting alternative to that of the competition from other historically informed ensembles. The successful recording technique of this download does the rest to make the Mozart album by Le Concert de la Loge recommendable.

Julien bem mais relaxado, na entrevista com o pessoal do PQP Bach, depois que o post foi ao ar…

DESAFIO PQP! -> Beethoven (1770 – 1827): Concertos para Piano Nos. 1 & 2 ֍

DESAFIO PQP! -> Beethoven (1770 – 1827): Concertos para Piano Nos. 1 & 2 ֍

BTHVN

Concertos para Piano 1 & 2

Louis Schwizgebel, piano

London Philharmonic Orchestra

Thierry Fischer, regente

 

 

Nos anos 1788 e 1789 Beethoven morava em Bonn e havia composto um concerto para piano (que sobrevive graças à parte de piano e uma redução da parte da orquestra, como WoO 4). Foi neste período que produziu versões do que viria a ser o Concerto para Piano No. 2, em si bemol maior. Este acabou registrado como o Opus 19, em 1801. A estreia fora em 1795 com interpretação de Beethoven e regência de Haydn, em Viena, num primeiro concerto na nova cidade.

O Concerto No. 1 em dó maior, Op. 15 começou a ser composto em 1795, quando Beethoven estava já morando em Viena. Este concerto também ‘evoluiu’ após ser apresentado algumas vezes, antes de sua publicação. Era comum que o compositor-intérprete, como era o caso de Beethoven naqueles dias, ou Mozart, alguns anos antes, reservasse suas obras para os seus próprios concertos, antes de finalmente os publicarem, quando novas obras já estavam prontas para o repertório, mantendo assim o interesse e a curiosidade do público. Além disso, com as publicações e dedicatórias desses dois Concertos para Piano, Beethoven mostrou como era excelente negociador com as editoras.

Eu gosto muito destes dois concertos de Beethoven, que são mais próximos dos modelos clássicos (estilo galante) dos primeiros concertos de Mozart ou do Concerto em ré maior, de Haydn. Eles já mostram a linguagem individual de Beethoven, que se firmaria no Concerto No. 3 em dó menor. Este se pautava nos dois concertos em tons menores, de Mozart. Beethoven realmente admirava estas obras de Mozart, ao ponto de ter deixado cadências compostas para eles.

Mas, o disco da postagem permanece nesse momento pré-romântico – com dois lindos concertos para piano de um jovem compositor-intérprete confiante em seus talentos e com tanto ainda para dizer.

Espero que a gravação que escolhi para o DESAFIO PQP! lhe agrade, lhe traga muito prazer e o ajude a olhar estas duas obras pelo que são, sem comparações com seus Big Brothers que ainda estavam por vir.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 1 em dó maior, Op. 15

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo (Allegro scherzando)

Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19

  1. Allegro con brio
  2. Adagio
  3. Rondo (Allegro molto)

Louis Schwizgebel, piano

London Philharmonic Orchestra

Thierry Fischer

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 147 MBOuça e veja se gosta pelo que seus ouvidos lhe dizem, não a capa do disco (armação minha…) ou as críticas. Depois, tente adivinhar os nomes dos intérpretes. Se descobrires, já sabes, o premio será de uma centena de free-downloads do blog mais sensacional de música que há por aí e uma tradicional cocada virtual!

Como tem sido o caso aqui nesta ‘coluna’, depois de algumas tentativas, os intérpretes receberão os devidos créditos para que ganhem os louros ou os tomates, conforme a turba assim decidir…

A identidade do pianista mascarado foi revelada pelo leitos Albinoni. Vejam os comentários…

Parabéns!

René Denon

Ao vencedor, as cocadas!

Schubert (1797–1828): Quinteto de Cordas em dó maior, D. 956 & Quartettsatz, D. 703 – Brodsky Quartet & Laura van der Heijden ֍

Schubert (1797–1828): Quinteto de Cordas em dó maior, D. 956 & Quartettsatz, D. 703 – Brodsky Quartet & Laura van der Heijden ֍

Schubert

Quinteto de Cordas, D. 956

& Quartettsatz, D. 703

Brodsky Quartet

Laura van der Heijden, violoncelo

Eu sempre me pergunto – até quando as pessoas seguirão ouvindo música como essa da postagem? Parece não haver mais tempo na vida das pessoas para tão longa música. Só o primeiro movimento do quinteto toma mais de 21 minutos.

Eu, que busco seguir o mandamento de ouvir a peça toda, uma vez iniciada uma audição, já tenho considerado trocar a letra por ‘ouvir o movimento todo’, dada a profusão de ofertas e considerando que os dias, como na canção, parecem tornar-se cada vez mais curtos.

Mas eu não resisto a um novo disco com o Quinteto de Schubert, como foi o caso deste. E gostei tanto que o ouvi até o fim e sempre dá vontade de ouvir de novo. Adoro essa maneira de Schubert parecer recomeçar de novo e de novo. Enfim, adivinhe o que está tocando agora, enquanto escrevo estas mal traçadas?

Laura, ainda jovem…

O disco é todo inglês, uma vez que o Quarteto Brodsky está baseado em Londres e comemora este ano (2022) 50 anos de apresentações. O quinto elemento é uma jovem e mais do que promissora violoncelista inglesa, Laura van der Heijden. O selo CHANDOS é British to the core.

A diferença de idades – de gerações – pode ter trazido uma rara felicidade ao disco, que além da qualidade artística, oferece uma produção excelente.

O que dizer da peça? Certamente é facilmente citada nas famosas listas de ‘as melhores 100 peças de música clássica’ ou ‘peças que levaria para uma ilha deserta’.

Na lista (famigerada e politicamente incorreta) do Otto Maria Carpeaux, é a peça de câmara do ano 1828 e acompanha apenas mais dois Quintetos de Cordas, ambos de Mozart, que usam uma segunda viola, não um segundo violoncelo. As peças de Mozart são Quinteto em sol menor, K. 516 (1787) e Quinteto em mi bemol maior, K. 614 (1791). Depois, só o Sexteto de Schoenberg, o Verklaerte Nacht, de 1899.

Um enorme Allegro, ma non troppo, de 21 minutos, que finge que acaba, apenas para recomeçar no próximo compasso, um Adagio profundo (o coração da peça, para muitos críticos) de 14 minutos seguidos de um Scherzo e terminando num quase dançante Allegretto. Nem dá para dizer que Schubert morreria algumas semanas depois de tê-lo terminado.

O disco é arrematado por uma linda interpretação de um primeiro movimento para algum enorme quarteto de cordas, que Schubert também (pena…) nunca terminou, o Quartettsatz.

Franz Schubert (1797 – 1828)

Quinteto de Cordas em dó maior, D. 956

  1. Allegro ma non troppo
  2. Adagio
  3. Scherzo
  4. Allegretto

Quarteto de Cordas No. 12 em dó menor, D. 703

  1. Allegro assai

Laura van der Heijden, violoncelo (D. 956)

Brodsky Quartet

              Krysia Osostowicz, violino

              Ian Belton, violino

              Paul Cassidy, viola

              Jacqueline Thomas, violoncelo

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FLAC | 269 MB

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MP3 | 320 KBPS | 155 MB

Quarteto Brodsky pousando para o lambe-lambe oficial do PQP Bach

Schubert’s String Quintet is one of those timeless and universal works, like Beethoven’s late quartets, which can be interpreted in so many different ways and yet be equally valid.

Celebrating its fiftieth anniversary in 2022, the Brodsky Quartet has performed more than 3000 concerts on the major concert stages of the world and has released more than seventy recordings. A natural curiosity and insatiable desire to explore have propelled the group in many artistic directions and continue to ensure it not only a place at the very forefront of the international chamber music scene but also a rich and varied musical existence. As they comment in their booklet note: ‘It seems fitting to mark the milestone by recording this epic and most celebrated of chamber works, Schubert’s String Quintet in C major, a piece which we have lived with since childhood, and which we have played with a long line of illustrious cellists. One of our earliest performances took place with Terence Weil, our mentor at college, at his retirement concert, just as we were starting out on our professional journey. Now the wonderful young Laura van der Heijden, who comes to this recording with a maturity which belies her years, represents with respect to us a similar age gap, proving that age is insignificant where there is a meeting of musical minds. Now we look forward to whatever our sixth decade might bring.’

Laura adorando conhecer o Jardim do PQP Bach, no Tibau

With all the external factors happening in the world we live in, this performance enables us to stop for a brief moment and let its moments of stillness and tranquility create a sense of hope as we ponder and our hearts are warmed.

Aproveite!

René Denon

Música Española por un poeta del piano – Joaquín Achúcarro ֎

Música Española por un poeta del piano – Joaquín Achúcarro ֎

Música Española

Albéniz, Granados,

Falla, Turina & Mompou

Joaquín Achúcarro, piano

 

Não se deixe enganar pela capa deste disco, certamente o resultado do esforço de algum estagiário que ficou encarregado do Departamento de Arte da gravadora. O disco é ótimo, assim como o título – música espanhola.

Joaquín adorou o trabalho da manicure do pessoal do PQP Bach…

Você deve saber, eu tenho uma queda por esse tipo de música e aqui o programa é todo em torno do excelente pianista basco Joaquín Achúcarro, que no dia 1 de novembro completará 90 anos. A postagem é também uma forma (modesta) de celebrarmos sua arte.

O disco foi lançado em 2014, mas o conteúdo é uma antologia de gravações feitas em 1978.

A primeira peça, Noches en los jardines de España, de Manuel de Falla, ocupa as três primeiras faixas e é para piano e orquestra. A peça que começara como uns noturnos para piano, acabou nesta forma graças ao incentivo do pianista francês Ricardo Viñes – a quem foi dedicada.

A segunda parte do recital, digamos assim, consiste em um conjunto de peças para piano solo. De Isaac Albéniz temos Granada e Sevilla, da Suíte Espanhola, que provavelmente você conhece nas transcrições para violão, nas interpretações de grandes como Andrés Segóvia, Julian Bream ou John Williams. Além dessas, também Navarra, que foi completada por Déodat de Séverac.

As três outras peças são danças. A Danza de la seducción, das Danzas Gitanas de Joaquín Turina; Andaluza, a quinta das Danzas Españolas de Enrique Granados; Canción y danza No. 6, de Federico Mompou.

O libreto descreve tudo: com suas grandes ondulações melódicas. A influência da guitarra com seu som ponteado e seco e, apesar de tudo, rico em harmonias… a influência árabe, cigana. Bom, got it?

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Há um nome não citado no disco, mas que talvez deva ser lembrado, antes de seguirmos para as letrinhas finais. Isaac Albéniz, Enrique Granados e Manuel de Falla estudaram com Felipe Pedrell (1841 – 1922), que dedicou sua vida ao desenvolvimento de uma escola de música espanhola, fundamentada nas canções nacionais folclóricas e nas obras primas do passado. Estes três compositores, assim como os outros dois (mais recentes) Joaquín Turina e Federico Mompou, estudaram em Paris e lá se aperfeiçoaram, mas retornaram à Espanha, onde continuaram a desenvolver suas carreiras. Na música, assim como nas ciências, experiências no exterior são vitais. Pedrell e seu pessoal sabia disso… e hoje?

Manuel de Falla (1876 – 1946)

Noches en los jardines de España
  1. En el Generalife
  2. Danza lejana
  3. En los jardines de la Sierra de Córdoba

Isaac Albéniz (1860 – 1909)

  1. Granada

Joaquín Turina (1882 – 1949)

  1. Danza de la seducción

Issac Albéniz (1860 – 1909)

  1. Sevilla

Enrique Granados (1867 – 1916)

  1. Danza española No. 5: Andaluza

Federico Mompou (1893 – 1987)

  1. Canción y danza No. 6

Isaac Albéniz (1860 – 1909)

  1. Navarra

Joaquín Achúcarro, piano

London Symphony Orchestra

Eduardo Mata

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FLAC | 192 MB

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MP3 | 320 KBPS | 118 MB

Achúcarro, feliz por reaparecer no blog, depois de tantos anos…

Se lamenta Joaquín Achúcarro (Bilbao, 1932) de que los melómanos comiencen a referirse a él como ‘leyenda viva del piano’. “Ni soy tan viejo ni soy tan grande; además, con los años, uno va encogiendo”, dice con sonrisa cómplice y casi picarona. A sus contentas 88 primaveras, el maestro bilbaíno conserva intacta su mirada inteligente, contagiosa y franca. Los ojos transparentes también mantienen la luminosidad de siempre.  Veja a entrevista aqui.

Aproveite!

René Denon

PS: A outra postagem do Joaquín…

Manuel de Falla (1876 — 1946) – Obras Para Piano [link atualizado 2017]

PQP Bach – Quizz:

Quem se parece mais com quem? Saramago ou Mompou?

Harrison Birtwistle (1934-2022): Responses & Gawain’s Journey – Pierre-Laurent Aimard – SO des Bayerischen Rundfunks & Stefan Asbury ֎

Harrison Birtwistle (1934-2022): Responses & Gawain’s Journey – Pierre-Laurent Aimard – SO des Bayerischen Rundfunks & Stefan Asbury ֎

BIRTWISTLE

Responses

Gawain’ Journey

Pierre-Laurent Aimard, piano

SO des Bayerischen Rundfunks

Stefan Asbury

A tal capa…

Quando vi a notícia da morte de Sir Harrison Birtwistle lembrei-me da capa de um disco que vi em uma das revistas Gramophone, muitos anos atrás. O álbum ficou entre aqueles muitos que, por razões diversas, nunca cheguei a ouvir. Pode parecer um desinteresse pela música do nosso tempo, mas não é, pois que sou demais curioso pelo que se passa em torno de mim. Talvez oferta demais, tempo de menos e limitações físicas (acesso aos discos, pois que ir à concertos é ainda mais complicado, no meu caso). Foi assim, tentando contornar essa falta que coloquei uns dois ou três discos de Sir Harry no meu pen-drive. Ainda estou lidando com eles, mas achei que já era hora de dividir um deles com vocês.

Neste disco temos duas peças – um concerto para piano, música contemporânea, escrito em 2014, e uma suíte da ópera Gawain, a tal música da já mencionada capa de álbum na Gramophone.

Responses (Sweet Disorder) é uma obra comissionada pelo projeto musica viva, que reúne a Bayerischen Rundfunks, London Philharmonic Orchestra, Casa da Música Porto e Boston Symphony Orchestra. Esta é a sua primeira gravação. É um (segundo) concerto para piano (o anterior chama-se Antiphonies) e ganhou o subtítulo do livro de ensaios escrito por Robert Maxwell, amigo de Birtwistle: Sweet Disorder and the Carefully Careless.

Gawayn’s Journey é música adaptada por Elgar Howarth da ópera Gawain, na qual a parte das vozes foi adaptada para instrumentos de sopros, como o flugelhorn, cor anglais e trompete.

No livreto que se encontra junto aos arquivos, podemos ler que Birtwistle é um arquiteto do som em uma estranha geometria. Mais: ‘No teatro da imaginação orquestral de Harrison Birtwistle o concerto é um diálogo entre o indivíduo e a multidão. O indivíduo pode ser um herói sendo aclamado, um político sendo questionado, um acusado sendo julgado, um imigrante encontrado dificuldades em ser entendido, um oficial tentando manter a ordem, um investigador recebendo respostas conflitantes’.

Realmente, há um forte elemento de teatro na música de Birtwistle e através dela começo a fazer uma imagem da pessoa que ele foi – uma voz essencialmente individual.

No artigo sobre ele, escrito por Andrew Clements, que você poderá ler na íntegra aqui, descobrimos mais um pedacinho do que ele foi. Clements menciona um importante compositor que lhe teria dito: ‘Quando eu ou você olhamos por uma janela, nós vemos mais ou menos as mesmas coisas. Mas, se Harry olhasse pela janela, ele veria algo totalmente diferente’.

Sir Harrison Birtwistle (1934 – 2022)

Responses (Sweet Disorder) (2014)

Gawain’s Journey

Pierre-Laurent Aimard, piano

Symphonieorchester des Bayersichen Rundfunks

Stefan Asbury

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MP3 | 320 KBPS | 131 MB

Aimard mandou esse sorriso quando soube da postagem!

Birtwistle is a towering figure in British music. His language, though complex and modernistic, is distictive and exhilarating.

Veja o artigo aqui…

Aproveite!
René Denon

 

Birtwistle adorando os jardins da PQP Bach Foundation de Itaipuaçu

Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 4 – Les Siècles & François-Xavier Roth ֍

Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 4 – Les Siècles & François-Xavier Roth ֍

Gustav Mahler

Sinfonia No. 4

Sabine Devieilhe, soprano

Les Siècles

François-Xavier Roth

A canção Das himmlische Leben (A Vida no Céu) tem como letra um poema folclórico da coleção Des Knaben Wunderhorn e descreve a vida celestial sob a perspectiva de uma criança de tempos quase medievais: Há comida em abundância e música celestial!

Sabine Devieilhe, solista da postagem

Este texto faz contraponto à letra de uma outra canção, Das irdische Leben (A Vida na Terra), na qual a criança implora comida à mãe, que promete, mas ao fim da canção, a criança está morta. A canção da vida no céu deve ter sido uma boa inspiração para Mahler, que a compôs em 1892 e desejava usá-la como último movimento de sua Terceira Sinfonia, composta entre 1893 e 1896. É bom lembrar que Mahler era compositor apenas nas folgas, compondo nas férias de verão ou nos domingos. Sua principal atividade, que consumia seu tempo, era a regência. No entanto, para a Terceira Sinfonia, Mahler compôs um último movimento totalmente orquestral – um adagio originalmente intitulado ‘O que o amor me diz’, de proporções mais adequadas ao projeto, que terminou em uma alentada sinfonia. Ficou então a canção em busca de uma sinfonia que veio posteriormente – a Quarta – que assim como a Primeira, tem tamanho mais convencional, durando menos de uma hora e com uma orquestra menos gigantesca. Eu tenho uma afeição enorme por esta sinfonia, especialmente pelo seu terceiro movimento, um adagio deslumbrante, com seu momento de clímax espetacular – tantãs e timbales – o céu vindo abaixo e o retorno à calma, desaguando na canção da vida celestial.

Reri Grist

O segundo movimento, com seu áspero solo de violino é uma prova e tanto para os intérpretes. Há também a escolha da voz que cantará a canção do quarto movimento. É preciso uma boa dose de ingenuidade e frescor, sem desandar para sofisticação. Um dos principais divulgadores da obra de Mahler, Leonard Bernstein, gravou esta sinfonia em 1960, regendo a Filarmônica de Nova Iorque, tendo como solista Reri Grist, uma cantora soprano que estava bem no início de sua carreira. Em sua outra gravação, frente a Orquestra do Concertgebouw, de Amsterdã, gravada em 1988, o solista foi um garoto soprano, Helmut Wittek. Helmut tornou-se engenheiro de som, posteriormente.

Erté – Meio-dia

Esta gravação da postagem tem algo bastante especial. A orquestra Les Siècles usa instrumentos de época e suas gravações de obras do fim do século 19 e início do século 20, como Le Sacre du printemps, de Stravinsky, têm sido reveladoras, em termos de sonoridade, mas também receberam ótimas críticas do ponto de vista puramente musical. Acredito que este seja também o caso desta gravação e isso foi o que me levou a fazer esta postagem. O libreto que acompanha o arquivo musical tem uma entrevista bastante interessante com o regente François-Xavier Roth, na qual ele fala das motivações para fazer a gravação, assim como sobre planos de futuras gravações. O libreto também traz uma lista detalhada da origem dos instrumentos usados na gravação. A solista é uma ótima cantora e a questão da interpretação da canção no último movimento, buscando essa ingenuidade sem cair na armadilha da sofisticação é resultado da colaboração dela com o regente, como ele explica na entrevista. Assim, não deixe de desfrutar essa renovadora interpretação desta linda peça musical…

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Sinfonia No. 4

  1. Bedächtig. Nicht eilen
  2. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast
  3. Ruhevoll
  4. Sehr behaglich

Sabine Devieilhe, soprano

Les Siècles

François-Xavier Roth, regente

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MP3 | 320 KBPS | 127 MB

F-X Roth e S Devieilhe

O arguto Lebrecht tem alguns ótimos pitacos sobre essa particular sinfonia de Maher: The fourth is Mahler’s smallest symphony, though still requiring an orchestra of 100 and lasting almost an hour. The score is littered with tripwires. How to pace the opening sleighbells effect baffles most conductors. […] The next pitfall comes at the start of the second movement, where Mahler tells the concertmaster to set aside his expensive violin and play rough and offkey, like a gypsy fiddle. […] The third movement, one of Mahler’s great adagios, can melt ice in Alaska, and the fourth contains a soprano song about animals frolicking in heaven, before they are eaten for lunch. Mahler wants it sung naively, ‘without irony’. (Arrisco uma tradução traiçoeira: A quarta é a menor das sinfonias de Mahler, mesmo assim demanda uma orquestra de 100 e demora quase uma hora. A partitura está repleta de armadilhas. O andamento do efeito dos sininhos de trenós na abertura atrapalha (confunde) a maioria dos regentes. A próxima armadilha está no início do segundo movimento, no qual Mahler diz ao primeiro violino para deixar de lado seu violino caríssimo e tocar fora do tom e com aspereza, como um violinista cigano. O terceiro movimento, um dos maiores adágios de Mahler, pode derreter gelo no Alasca, e o quarto tem uma canção para soprano que fala de animais brincando alegremente no céu, antes de serem comidos no almoço. Mahler quer que ela seja cantada com ingenuidade, ‘sem ironia’.)

O resumo da crítica de John Quinn para a MusicWeb International, que pode ser lida na íntegra aqui, também é reveladora: Perhaps in time I’ll become more attuned to François-Xavier Roth’s energetic way with the first movement. But even if I don’t, this is still a compelling, provocative and stimulating account of Mahler’s Fourth to which I’m certain I shall return in the future. The attractions of hearing Mahler’s music played on instruments of his time are manifold and it seems to me that Roth and his colleagues here offer many insights into the score. Mahler’s Fourth is one of the most popular of his works but perhaps that’s because some listeners – and conductors too – tend to overlook the troubled, unsettling nature of the music and focus instead on the surface charm. There’s little danger of such seduction here, I suggest.

The performance has been recorded in excellent sound. That, allied to the spare textures, allows for a great deal of inner detail to emerge very naturally. The documentation, in French, English and German, is good.

This is a thought-provoking rendition of the Fourth which all Mahlerians should hear.

Richard Fairman também faz uma crítica ‘fair’, no Financial Times: Think of this as a fascinating alternative to the many fine recordings already on the market. It will be interesting to see how Roth and Les Siècles fare if they press on to the more challenging peaks on Mahler’s symphonic journey.

Um artigo mais longo sobre a experiência de gravar a Quarta Sinfonia de Mahler usando instrumentos de época, na famosa Gramophone

A crítica pode ser lida aqui: ‘I absolutely adored this performance.’

François-Xavier ao saber das críticas de sua gravação…

Está esperando o que? Aproveite!

René Denon

Vivaldi (1678 – 1741): Le Quattro Stagioni – Kati Debretzeni e Orchestra of the Age of Enlightenment ֍

Antonio Vivaldi

As Quatro Estações

Kati Debretzeni

Orchestra of the Age of Enlightenment

 

Giunto è la Primavera, e festosetti

La salutan gl’augei con lieto canto

I fonti allo spinzar de zefiretti

Com dolce mormorio scorrono intanto…

É chegada a Primavera e festivamente os pássaros a saúdam com alegres canções… Assim começa o poema que acompanha o Primeiro Concerto da coleção publicada por Antonio Vivaldi em Amsterdã, em 1725, com o justo nome Il cimento dell’armonia e dell’inventione. Os quatro primeiro concertos da coleção ganharam uma identidade própria e Vivaldi, para muitos é o compositor das quatro estações. Nada mais justo.

Eu não ouço esses concertos com frequência, pois diversidade musical é algo essencial para mim, mas sempre que, por essa ou aquela situação, ouço alguma interpretação desses cavalos de batalha do barroco, eu os aprecio.

Assim, não foi diferente no caso desse disco, que ouvi apropriadamente nos primeiros dias desta Primavera em curso, aqui no Brasil.

Kati dando umas dicas para os violinistas da PQP Bach Orchestra…

O nome Kati Debretzeni pode não ser muito conhecido, a menos que você goste de ler a formação das orquestras. Ela assumiu a posição de líder violinista do English Baroque Soloists, sob a regência de Sir John Eliot Gardiner, em 2000. Ela atua em inúmeros grupos musicais que adotam as práticas de instrumentos antigos e, desde 2008, é uma das líderes no conjunto de violinos da Orchetra of the Age of Enlightenment.

Esta gravação foi feita em fevereiro de 2013, em uma igreja nos subúrbios de Londres, e deve ser por isso que os violinos realmente tremem de frio no último concerto. Mas na memória dos músicos estava bem presente as cores, cheiros e lembranças da Primavera!

Antonio Lucio Vivaldi (1678 – 1741)

As Quatro Estações

Concerto No. 1 em mi maior Op. 8 No. 1, RV 269 – La primavera

  1. Allegro
  2. Largo e pianissimo sempre
  3. Danza pastorale: Allegro

Concerto No. 2 em sol menor Op. 8 No. 2, RV 315 – L’estate

  1. Allegro non moto
  2. Adagio – Presto
  3. Presto

Concerto No. 3 em fá maior Op. 8 No. 3, RV 293 – L’autunno

  1. Allegro
  2. Adagio molto
  3. Allegro

Concerto No. 4 in fá menor Op. 8 No. 4, RV 297 – L’inverno

  1. Allegro non molto
  2. Largo
  3. Allegro

Kati Debretzeni

Orchestra of the Age of Enlightenment

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In 1986, a group of inquisitive London musicians took a long hard look at that curious institution we call the Orchestra, and decided to start again from scratch. They began by throwing out the rulebook. Put a single conductor in charge? No way. Specialise in repertoire of a particular era? Too restricting. Perfect a work and then move on? Too lazy. The Orchestra of the Age of Enlightenment was born.

Since then, the OAE has shocked, changed and mesmerised the music world.

Period-specific instruments have become just one element of its quest for authenticity. Today the OAE is cherished more than ever. It still pushes for change, and still stands for excellence, diversity and exploration. More than thirty years on, there’s still no orchestra in the world quite like it.

Aproveite!
René Denon

Beethoven (1770–1827): Sinfonias Nos. 5 & 7 – MusicAeterna & Teodor Currentzis ֍

Beethoven (1770–1827): Sinfonias Nos. 5 & 7 – MusicAeterna & Teodor Currentzis ֍

BTHVN

Sinfonias Nos. 5 & 7

MusicAeterna

Teodor Currentzis

 

Impossível imaginar obra musical mais conhecida do que a Quinta Sinfonia de Beethoven. Desde a sua composição e estreia, em 1807, 1808, nenhuma outra obra musical permaneceu mais continuamente nos concertos e, posteriormente, nas gravações das grandes e pequenas orquestras. Nunca saiu de moda, mas suas interpretações sofreram com modismos ao longo do tempo.

Foi uma das primeiras peças que ouvi à exaustão, nos discos da Editora Abril, gravação com Otto Klemperer. Não a versão granítica, com a Philharmonia Orchestra, selo EMI, mas uma mais antiga, como som mais fuleiro, mas tempos mais ágeis. E vieram muitas outras gravações. Algumas mais notáveis, como a do Carlo Maria Giulini regendo a Orquestra de Los Angeles, a inabalável do Carlos Kleiber regendo a Filarmônica de Viena, posteriormente emparelhada com também magnifica gravação da Sétima Sinfonia.

DG e suas lindas capas…

Depois vieram as orquestras com instrumentos de época e a maneira como ouvimos Beethoven não mais seria a mesma. Não consigo deixar de comparar o efeito que o movimento HIP teve na maneira como ouvimos música barroca e clássica à retirada de muitas mãos de verniz que escureciam algumas luminosas pinturas de mestres tais como Rembrandt e Vermeer.

Como o tempo é implacável com tudo e todos, um certo refluxo ocorreu nesse movimento e as grandes orquestras incorporaram as lições do movimento das práticas de época e o fluxo de inúmeras gravações dessas obras continuam a invadir o mercado, agora também pelas plataformas de streaming e pelos audazes blogs de divulgação da boa música. Tanto que há até um certo fastio. Eu, por exemplo, tenho no estoque de possíveis audições a gravação do ciclo das sinfonias do Ludovico na gravação do Yannick Nézet-Séguin regendo a Chamber Orchestra of Europe, mas não me animei para ouvir. Provavelmente usarei o meu tempo para ouvir a gravação do Harnoncourt regendo a mesma orquestra.

Pois então, eu já ouvi essas duas sinfonias muitas vezes e para que uma nova gravação chegue a me tentar, custa. Já estava com esses arquivos em estoque no pen drive há um bom tempo, mas não havia entrado na sintonia de ouvir. Sempre há uma pilha de novidades me tentando e açoitando minha curiosidade que essas obras do repertório mais tradicional ficam um pouco de lado. Pois foi que numa viagem que deveria ser de um ou dois dias, mas que levou bem mais do que isso, para um lugar longe do meu acesso ao enorme arquivo de novidades que o PQP Bach Vault sempre me coloca à disposição que precisei me contentar com o que havia à mão por lá. Foi assim que ouvi o primeiro movimento da Sétima, enquanto caminhava em torno do lago, pois que lá havia um lago. Achei a interpretação arrojada, diferente das que lembrava ter ouvido, talvez por estar caminhando, com as endorfinas fluindo e fiquei ainda mais feliz. No outro dia foi a vez da Quinta Sinfonia e, de novo, a sensação de reencontro, de ‘puxa, por que não ouvi isso antes e mais vezes’…

Você sabe, Beethoven compôs estas obras com a clara intenção de chocar, de impactar os ouvintes, como realmente o fez. E é isso que eu ouvi nestas arrojadas gravações. Você pode ter suas versões preferidas, como as do Gunter Wand, Bernard Haitink, David Zinman, Charles Mackerras, Thomas Adès, especialmente se você, como eu, não liga tanto para o número de acessos no Spotify na hora de escolher o regente das sinfonias, e poderá voltar às essas gravações depois de ouvir estas, com o Teodor Currentzis regendo a MusicAeterna. Aposto que fará indulgências ao meu entusiasmo por elas. Não deixe de ouvi-las, especialmente se for caminhar… leve a Sétima!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia No. 5 em dó menor, Op. 67

  1. Allegro con brio
  2. Andante con moto
  3. Allegro
  4. Allegro

Sinfonia No. 7 em lá maior, Op. 92

  1. Poco sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto
  4. Allegro con brio

MusicAeterna

Teodor Currentzis, regente

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Teodor Currentzis

Veja parte da crítica da BBC Music Magazine, que você poderá ler na íntegra aqui e aqui: Where appropriate, they generate a rapier-like thrust that sweeps aside conventional thinking. It’s an exhilarating helter-skelter ride, which finds Currentzis (as if in full meditative flow) focusing on the music’s emotional narrative with electrifying powers of single- minded concentration.

musicAeterna

Sobre a orquestra: The musicAeterna Orchestra and the musicAeterna Choir are among the most sought-after Russian ensembles, constantly seeking to extend themselves creatively, whether in terms of their historically informed performances, their new interpretations of 19th- and 20th-century works or their premieres of contemporary compositions. Their members hail from 15 countries.

Momento em que Teodor sutilmente encoraja os metais da PQP Bach Orchestra…

Vários Compositores: Murray Perahia – Dois álbuns incomuns! ֍

Vários Compositores: Murray Perahia – Dois álbuns incomuns! ֍

 

 

 

 

 

 

Entre 1973 e 1989 os colecionadores de LPs e, posteriormente CDs, especialmente aqueles que apreciavam música para piano, puderam colecionar uma série de ótimos discos, lançados pelo selo CBS Masterworks e, posteriormente Sony. Eram álbuns trazendo o solista Murray Perahia, que ficava melhor a cada disco, mas sempre em repertório bastante clássico: Schumann, Chopin, Schubert, Mozart (a série de Concertos para Piano, com a ASMF). Havia também Mendelssohn (incluindo os Concertos para Piano) e, um pouco depois, Beethoven. Algumas Sonatas para Piano e a série dos Concertos para Piano, acompanhado pela Orquestra do Concertgebouw, regida por seu titular – Bernard Haitink. Além desses, esporádico Bartók, um Quarteto com Piano de Brahms, com o Quarteto Amadeus, e a dobradinha de Concertos para Piano de Schumann e Grieg. Aqui, a Orquestra da Rádio Bávara regida por Sir Colin Davis.

Este fluxo de belezuras, que seguiria depois com mais outras maravilhas, como o disco das Baladas de Chopin, o das Sonatas para Piano de Mozart, e de algumas tantas parcerias, foi turbilhonado em 1990 e 1991 por dois discos fora da curva – não em qualidade técnica ou beleza sonora, mas sim na escolha do repertório. Em 1990 foi lançado o disco The Aldeburgh Recital, com as Variações em dó menor, de Beethoven, o Carnaval de Viena, de Schumann e … tá dam… Liszt e Rachmaninov. E em 1991, um disco com o Prelúdio, Coral e Fuga, de César Franck e mais Liszt. Muito bem, são estes os discos da postagem.

Depois, o fluxo retomou sua regularidade, com bons discos de parcerias. Aliás, quando se juntava em parceria era sempre de nível excelente – Sir Georg Solti e Radu Lupu, ao piano, acompanhou Dietrich Fischer-Dieskau em uma gravação do Winterreise, o remake do Concerto de Schumann, agora com Claudio Abbado regendo a Berliner Philharmoniker. Aí vieram os discos com música mais antiga. Primeiro o maravilhoso álbum com música de Handel e Scarlatti, depois Bach – Suítes Inglesas, Variações Goldberg, Concertos para Piano, Partitas! Ah, as Partitas! E, para não dizer que tenha deixado de lado os clássicos, um e outro disco de Beethoven (ainda na Sony), o espetacular disco dos Estudos de Chopin e o tremendo disco com música de Brahms – Variações sobre um tema de Handel. Houve a mudança de casa, as Suítes Francesas, de Bach, inaugurando o selo amarelo, e finalmente o disco com a Hammerklavier e a Ao Luar. A qualidade sempre muito alta, mas os hiatos passaram a ser grandes – houve o ferimento no dedo com as complicações que seguiram. Mas essa lengalenga toda é para enfatizar o quanto os dois discos desta postagem são estranhos no ninho. A música de César Franck, Rachmaninov e Liszt não mais voltaram a frequentar os discos de Murray Perahia. Como essas peças foram para aí? A resposta tem a ver com Vladimir Horowitz.

Murray Perahia tinha 17 anos quando Horowitz bateu na porta de sua casa e disse: Poderia falar com o Sr. Perahia? Murray respondeu: Vou chamar meu pai. Não, respondeu Volodya, eu quero falar com Murray Perahia. Eu sou o Sr. Horowitz. O jovem Perahia ainda não havia realmente entendido de quem se tratava. A casa ficava em Nova Iorque, no bairro do Bronx, com muitos judeus. Todo o mundo se chamava Horowitz lá, disse Perahia na entrevista em que contou esta história.

Murray Perahia ainda não havia se decidido completamente pela carreira de pianista e enrolou. Horowitz esperou mais treze anos para finalmente aproximar-se de Murray Perahia, ganhar a sua amizade e tornar-se seu professor. Neste tempo, ele já era famoso e tinha uma carreira estabelecida. Era o pouco que faltava para definitivamente estabelecer Perahia como o pianista especialíssimo que ele tem sido.

Sobre essa experiência, Murray disse: Nós exploramos o piano ‘virtuoso’. Quando se aprende as cores que o piano pode oferecer, se descobre também o escopo do que se pode alcançar ao tocar o piano.

Horowitz lhe disse: Se você quer ser mais do que um virtuoso, primeiro você precisa se tornar um virtuoso!

Creio que esses dois discos são resultado dessa experiência, de chegar lá e depois ir além…

The Aldeburgh Recital

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

32 Variações para piano em dó menor, WoO 80

Robert Schumann (1810 – 1856)

Carnaval de Viena, Op. 26

Franz Liszt (1811 – 1886)

Rapsódia Húngara No. 12

Consolação No. 3

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Etude-Tableaux Op. 33, No. 2 em dó maior

Etude-Tableaux Op. 39, No. 5 em mi bemol menor

Etude-Tableaux Op. 39, No. 6 em lá menor

Etude-Tableaux Op. 39, No. 9 em ré maior

Murray Perahia, piano

Faixas Extras

Consolação No. 3

(do álbum Horowitz em Moscou)

Etude-Tableaux Op. 33, No. 2 em dó maior

Etude-Tableaux Op. 39, No. 5 em mi bemol maior

Etude-Tableaux Op. 39, No. 5 em mi bemol menor

Etude-Tableaux Op. 39, No. 9 em ré maior

(do Álbum Horowitz plays Rachmaninov & Liszt)

Vladimir Horowitz, piano

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Volodya avistando a turma do PQP Bach na plateia de um de seus concertos…

Murray Perahia plays Franck & Liszt

César Franck (1822 – 1890)

Prelúdio, Coral e Fuga

Franz Liszt (1811 – 1886)

Valsa Mefisto No. 1

Soneto No. 104 de Petrarca (Anos de Peregrinação – Itália)

Estudo de Concerto No. 1 ‘Waldesrauschen’

Estudo de Concerto No. 2 ‘Gnomenreigen’

À Beira de Uma Fonte (Anos de Peregrinação – Suíça)

Rapsódia Espanhola

Murray Perahia, piano

Extra:

Valsa Mefisto No. 1

(do álbum Horowitz em Moscou)

Soneto No. 104 de Petrarca (Anos de Peregrinação – Itália)

(do álbum Horowitz plays Liszt)

Vladimir Horowitz, piano

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De uma entrevista dada à Bruce Duffie:

BD:    Do you play differently for the microphone than you do for a live audience?

MP:    I think yes.  There’s an excitement that goes into a live concert that’s very hard to capture in a recording.  Sometimes it works; sometimes it goes.  It’s not to say that it’s impossible, but I do find that it’s different to play for an audience.

Vivaldi (1678 – 1741): L’estro armonico, Op. 3 – Concerto Italiano & Rinaldo Alessandrini ֍

Vivaldi (1678 – 1741): L’estro armonico, Op. 3 – Concerto Italiano & Rinaldo Alessandrini ֍

VIVALDI

L’estro armonico, Op. 3

(mais os arranjos de Bach)

Concerto Italiano

Rinaldo Alessandrini

Antonio Vivaldi é mais conhecido pelos quatro primeiros concertos de seu Opus 8, Il cimento dell’armonia e dell’inventione, chamados ‘As Quatro Estações’. Mas, o primeiro conjunto de concertos de sua autoria a ser publicado em Amsterdam, em 1771, foi seu Opus 3, L’estro armonico – um conjunto com quatro concertos para um violino, quatro para dois violinos e quatro para quatro violinos.

Vivaldi foi um mestre da propaganda, nomeando maravilhosamente suas publicações. Il cimento dell’armonia e dell’inventione pode ser traduzido como A mistura amalgamada da harmonia e da invenção e L’estro armonico, algo como O fantástico espírito criativo e a harmonia

Rinaldo Alessandrini

O regente e cravista desta maravilhosa gravação da postagem explica em uma entrevista o sentido da palavra: ‘Estro is an attitude. You could translate it as a combination of fantasy and skill. In Italian, to be estroso is to be someone who has imaginative ideas, and lots of them’. Arriscando uma tradução: ‘Estro é uma atitude (essa parte foi mole…). Você poderia traduzir esta palavra como uma combinação de fantasia e habilidade. Em italiano, ser estroso é ser alguém com ideias imaginativas, muitas delas’.  Ah, no Dicionário de Palavras Cruzadas, estro significa ‘veia artística’!!

Este conjunto de concertos chamou a atenção do mundo musical da época para a inventividade do padre e, em especial, a atenção de Johann Sebastian Bach, que além de genial, estava muito atento ao que acontecia ao seu redor. Ele tanto estudou e provavelmente interpretou estes concertos que arranjou seis deles em diferentes combinações de instrumentos. Três concertos para um violino foram transcritos para cravo solo, dois concertos para dois violinos (um deles também um violoncelo) foram transcritos para órgão e o mais espetacular deles, para quatro violinos, foi transcrito para quatro cravos e cordas.

Esta gravação, além de nos apresentar os concertos de Vivaldi em uma estrosa gravação com instrumentos de época e com um instrumento para cada parte, também traz as transcrições feitas por Bach, em seguida de cada um dos respectivos concertos originais de Vivaldi.

Sobre a inventividade que o padre veneziano exibiu na composição destes maravilhosos concertos, veja o que o Alessandrini disse: ‘All these ideas coming one after another creates a suspense – nobody can say what’s coming in the next bar’. (Todas essas ideias surgindo uma após a outra cria um suspense – ninguém consegue dizer o que virá na próxima barra’.)

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

L’estro armonico, Op. 3

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Seis concertos para diferentes combinações de instrumentos

Vivaldi – Concerto No.1 para quatro violinos em ré maior RV 549

Vivaldi – Concerto No.2 para dois violinos em sol menor RV 578

Vivaldi – Concerto No.3 para violino em sol maior RV 310

Bach – Concerto cravo solo em fá maior BWV 978 (arranjo do Concerto RV 310)

Vivaldi – Concerto No.10 para quatro violinos em si menor RV 580

Bach – Concerto para quatro cravos lá menor BWV 1065 (arranjo do Concerto RV 580)

Vivaldi – Concerto No.11 para dois violinos e violoncelo em ré menor RV 565

Bach Concertor para orgão (solo) em ré menor BWV 596 (arranjo do Concerto RV 565)

Vivaldi – Concerto No.12 para violino em mi maior RV 265

Bach – Concerto cravo solo BWV 976 em dó maior (arranjo do Concerto RV 265)

Vivaldi – Concerto No.4 para quatro violinos em mi menor RV 550

Vivaldi – Concerto No.5 para dois violinos em lá maior RV 519

Vivaldi – Concerto No.6 para violino em lá menor RV 356

Vivaldi – Concerto No.7 para quatro violinos em fá maior RV 567

Vivaldi – Concerto No.8 para dois violinos em lá menor RV 522

Bach – Concerto para orgão (solo) em lá menor BWV 593 (arranjo do Concerto RV 522)

Vivaldi – Concerto No.9 para violino em ré maior RV 230

Bach – Concerto para cravo solo em ré maior BWV 972 (arranjo do Concerto RV 230)

Andrea Buccarella,

Salvatore Carchiollo,

Ignazio Schifani, cravos

Lorenzo Ghielmi, órgão

Concerto Italiano

Rinaldo Alessandrini, cravo e regência

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FLAC | 856 MB

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MP3 | 320 KBPS | 372 MB

Alessandrini de olho no número de acessos da postagem…

Sobre o conjunto, os solistas e a gravação, a crítica na Gramophone não poupa elogios: ‘I can’t remember when I last enjoyed a Vivaldi album as much as this’.

Having previously tackled Vivaldi’s operas, a vibrant sense of theatre clings to Alessandrini’s every interpretative decision; and while he’s typically all over the detail, he never loses sight of how movements relate to one another. BBC Music Magazine

Of particular note is the organ playing by Lorenzo Ghielmi, who has a great knack for picking vibrant registrations, and the lovely integrated harpsichord playing by Alessandrini, Andrea Buccarella, Salvatore Carchiolo, and Iganzio Schifani. All in all, this set of discs ranks right up among the best renditions of the concertos. Fanfare

Aproveite, este é ‘papa fina’!

.: interlúdio :. Raphael Rabello & Dino 7 Cordas – Vibrações (Jacob & Época de Ouro) ֍

.: interlúdio :. Raphael Rabello & Dino 7 Cordas – Vibrações (Jacob & Época de Ouro) ֍

 

 

Raphael Rabello & Dino 7 Cordas

 

 

 

 

Vibrações

Jacob do Bandolim

Época de Ouro

 

Postagem dupla com (o melhor da) música brasileira! Uma pergunta irrespondível: o que é música brasileira? Ah, mas é música que pode ser reconhecida imediatamente, isso sim! Uma frase que pesquei por aí: ‘Rica em sonoridade, criatividade e elementos rítmicos, a música brasileira talvez seja uma das mais conhecidas no exterior’.

Gosto do ‘talvez seja’. Mostra um certo cuidado, pois que não precisamos ser arrogantes nem ultra categóricos. E do fim da frase: uma das mais conhecidas no exterior… Para quem sofre de complexo de vira-lata, a afirmação que vem do ‘exterior’ é imediatamente acatada. Considerações assim agora deixadas de lado, vamos à postagem!

Adorei esse disco do Raphael Rabello e Dino Sete Cordas,  tanto que decidi postá-lo. Na busca sobre mais informação para essas mal traçadas linhas, descobri que em 31 de outubro deste ano (2022), Raphael faria sessenta anos! Pois ele que se revelou um virtuose ainda muitíssimo jovem e teve de Herondino José da Silva, o Dino Sete Cordas, uma grande influência. Foi por isso que iniciou sua carreira musical tocando este instrumento. Assim, o primeiro disco da postagem é um encontro do aluno e do mestre, mas de certa forma é o encontro de dois mestres. O disco é uma pérola e precisa ser reconhecido.

Dino experimentando um violão de 7½ cordas do acervo do PQP Bach do bairro Santo Cristo, no Rio de Janeiro

Buscando informações sobre ele encontrei muitas louvações no Amazon e uma resenha interessante da qual ouso transcrever um pedacinho: Reza a lenda que o Raphael, com 10 anos de idade, teria escutado o Vibrações até o disco ficar imprestável, tentando imitar tudo o que o Dino fazia. Reza a lenda que o Raphael imitava até os óculos e o jeito de se vestir do Dino. Reza a lenda que o Dino inclinava o violão quando fazia uma baixaria pra o Raphael não ver.

Jonas, César, Carlinhos, Dino e Jacob

Daí a motivação para a segunda postagem: o clássico Vibrações! Baixei do You Tube, para começar, e mandei vir o disco pelo Mercado Livre – tudo usando nosso riquíssimo orçamento do PQP Bach! E está aí, outro disco maravilhoso! A faixa ‘Lamento’ está tocando exatamente agora! Jacob Pick Bittencourt, o Jacob do Bandolim, era famoso e foi inovador acrescentando algumas novidades ao Choro. Esse disco tem a primeira formação do conjunto Época de Ouro e foi gravado em 1967, pouco tempo antes da morte de Jacob. Os integrantes do conjunto eram: Dino Sete Cordas (Horondino José da Silva), tocando violão de sete cordas (😉), César Faria (Benedito Cesar Ramos de Faria) e Carlos Leite (Carlos Fernandes de Carvalho Leite), nos violões, Jonas Silva (Jonas Pereira da Silva), no cavaquinho, Gilberto d’Ávila, no pandeiro, e Jorginho (Jorge José da Silva), ritmista. César Faria é pai do Paulinho da Viola!

Sobre a música, basta ouvi-la e desfrutar! E se puder, divulgue! É muito boa para ficar esquecida…

Raphael Rabello & Dino 7 Cordas

  1. Conversa De Botequim (Noel Rosa e Vadico)
  1. Jongo (João Pernambuco)
  1. Escovado (Ernesto Nazareth)
  1. Alma De Violinos (Lamartine Babo e Alcyr Pires Vermelho)
  1. “1 X 0” (Um A Zero) (Pixinguinha e Benedito Lacerda)
  1. Odeon (Ernesto Nazareth e Hubaldo)
  1. Sons De Carrilhões (João Pernambuco)
  1. Segura Ele (Pixinguinha e Benedito Lacerda)
  1. Desvairada (Garoto)
  1. Graúna (João Pernambuco)
  1. Sonho De Magia (João Pernambuco)

Raphael Rabello, violão

Herondino José da Silva (Dino Sete Cordas), violão 7 cordas

Nas faixas Segura Ele, Conversa de Botequim, Graúna e 1 x 0, participação especial de Jorginho do Pandeiro, Neco do Cavaquinho e Celso Silva, na cacheta, tamborim, agogô e reco-reco

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FLAC |189 MB

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MP3 | 320 KBPS | 90 MB

Vibrações

  1. Vibrações (Jacob Bittencourt)
  1. Receitas de Samba (Jacob Bittencourt)
  1. Ingênuo (Benedito Lacerda & Pixinguinha)
  1. Pérolas (Jacob Bittencourt)
  1. Assim Mesmo (Luiz Americano)
  1. Fidalga (Ernesto Nazareth)
  1. Lamento (Pixinguinha)
  1. Murmurando (Fon-Fon)
  1. Cadência (Joventino Maciel)
  1. Floraux (Ernesto Nazareth)
  1. Brejeiro (Ernesto Nazareth)
  1. Vesper (Ernesto Nazareth)

Jonas Pereira da Silva, cavaquinho

Carlos Fernandes de Carvalho Leite,

Benedito Cesar Ramos de Faria,

Horondino José da Silva, violões

Jacob Pick Bittencourt, bandolim

Gilberto d’Avila, pandeiro

Jorge José da Silva, percussão

Quizz: Who is who?

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FLAC |231 MB

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MP3 | 320 KBPS | 97 MB

Sobre o primeiro disco, de um entusiasta, no Amazon: Listen to the great contrapuntal back-and-forth. On your first few times through, you’ll be blown away by Raphael’s technique, but when you’ve listened to it twenty times you’ll keep listening to hear how Dino plays the 7 string. Wonderful music. ‘Must have’ for any guitar player.

Sobre o outro disco, veja aqui, aqui e aqui!

Aproveite (muito)!

René Denon

O fotógrafo do PQP Bach conseguiu uma brechinha durante a gravação do clássico Vibrações!

Debussy (1862 – 1918): Préludes – Steven Osborne – Michel Beroff – Ivan Ilic – Pierre-Laurent Aimard – Melvyn Tan – Yukio Yokoyama ֍ #DEBUSSY160

Debussy (1862 – 1918): Préludes – Steven Osborne – Michel Beroff – Ivan Ilic – Pierre-Laurent Aimard – Melvyn Tan – Yukio Yokoyama ֍ #DEBUSSY160

 

Debussy

Préludes

Osborne – Beroff – Ilic

Aimard – Tan – Yokoyama

 

Eu gosto imensamente dos Prelúdios, as peças de Debussy que eu mais ouço. Procuro ouvir a cada gravação que cruza o meu caminho – a curiosidade nos faz agir de modos estranhos. Umas são notáveis, outras apenas interessantes. Com o passar do tempo, acumulei um bocado delas e nesses dias de #DEBUSSY160, andei revisitando meu acervo e selecionei estas gravações para mais uma postagem…

Steven Osborne – Se me torcessem o braço para escolher uma única gravação para viver daqui para frente, poderia ser essa! Não, silly, calma, é apenas retórica, que aqui no PQP Bach vivemos um ambiente de plena liberdade, até ouvir Berlioz e Rachmaninov pode, só não relatem ao boss! Steven Osborne é um virtuose capaz de tocar ‘quaquer coisa’, o que pode ser um pouco perigoso em certos repertórios. Aqui, com a produção da Hyperion, assim como no seu outro disco com música de Debussy, ele acertou em cheio! Veja o que o Penguin Guide disse: Even in a crowded Debussy catalogue where competition is abundant, Steven Osborne is an artist to be reckoned with. He has a real feeling for keyboard colour, a keen imagination and na effortless technique. A very well-balanced recording from the Henry Wood Hall. E eu acrescento que a produção é de Andrew Keener!

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MP3 | 320 KBPS | 188 MB

Veja esta postagem aqui:

Claude Debussy (1860 – 1911) • ∾ • Peças para Piano • ∾ • Steven Osborne ֍

Michel Béroff – Estas gravações são de 1977, quando o pianista era bastante jovem. Temos uma abordagem mais impetuosa do que a média, digamos assim. Veja o que nos disse um crítico: Beroff’s playing is very masculine with huge dynamic range and pushing technical boundaries, and yet artistically and aesthetically very mature. He also possesses keenest sense for tonal colouring and delicacy (listen to Preludes Book 1&2). I do not agree with his judgment of tempo in Clair de lune (played too fast) and in some other slower pieces, but this set is by far the most satisfying complete set for me and stands repeated listening.

A crítica trata de um conjunto de gravações que incluem outras peças, como os Estudos, que aparecerão em outras postagens, por esses dias. Atenção, portanto!

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MP3 | 320 KBPS | 166 MB

Ivan Ilic – Ouvi esta gravação dos Prelúdios há pouco tempo e fiquei muito bem impressionado. O virtuosismo e precisão assim como a gravação me chamaram logo a atenção. Outra coisa a observar é a ordem que ele escolheu para apresentar os Prelúdios, diferente da usual. Quando estamos esperando um prelúdio, surge outro… Veja algumas críticas ao disco, que é de 2008: Ilic can join the best exponents of these evocative and sound-conscious pieces. He plays with admirable poise and clearly relishes both the evocative and expressive powers within each one. He also commands a wide range of colour and dynamics, both essential to painting pictures…There is no shortage of imagination in Ilic s playing but he doesn t overdo the imagery or the potential for sentimentality; nor does he force the more dramatic numbers and his articulation (as throughout) is impressive…Ilic brings individuality to his task that makes for persuasive listening and this is a release that I am pleased to have and recommend. –Classical Source, UK, August 6th 2008

There is much in American pianist Ivan Ilic’s performances of Debussy’s Book 1 and 2 Preludes to draw fresh responses from such well-known works. The clarity in his playing, and minimal use of pedal, gives sharp definition where others prefer a more reverberant haze…[in] character pieces [such] as General Lavine eccentric, Ilic’s personality is at its most decisive. –The Scotsman, UK, August 29th 2008

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MP3 | 320 KBPS | 177 MB

Pierre-Laurent Aimard – é um pianista francês que estudou com Yvonne Lorid e Maria Curcio. Ganho primeiro prêmio no Olivier Messiaen Competition e foi membro fundador do Ensemble InterContemporain, a convite de Pierre Boulez. Como pianista se dedica à música mais atual. Apesar disso, também gravou música mais antiga, como os Concertos para Piano de Beethoven, a convite de Harnoncourt, assim como a Arte da Fuga, de Bach. Suas interpretações dessas obras tem um olhar mais moderno, um viés mais racional, por assim dizer. Pois foi esse aspecto que me levou a ouvir suas interpretações da música de Debussy e de incluir suas gravações dos Prelúdios nesta postagem. Aqui temos trechos [positivos] de duas críticas sobre elas: As you’d expect, Aimard’s accounts of the 24 pieces are technically impeccable, whether articulating every rhythmic detail in La Danse de Puck, or perfectly layering the chordal accumulations of La Cathédrale Engloutie, but there is something matter of fact about it all, a lack of character and colour, and certainly very little humour, whether in La Sérénade Interrompue or Hommage à S Pickwick Esq. The Guardian

For him [Aimard], Debussy must always be allowed his own voice and few performances on record have proceeded with so little impediment or with greater transparency and lucidity. DG’s sound is of demonstration quality… Gramophone

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MP3 | 320 KBPS | 183 MB

Melvyn Tan – nasceu em Singapura, mas ainda muito jovem mudou-se para a Inglaterra para estudar piano, primeiro na Yehudi Menuhin School e, depois, no Royal College of Music. Durante seus estudos, interessou-se pelo cravo e por instrumentos antigos, como o pianoforte. Com este instrumento fez conhecidas gravações dos Concertos para Piano de Beethoven, assim como algumas das sonatas e alguns Concertos para Piano de Mozart. Foi, portanto, com alguma surpresa que conheci estas suas gravações dos Prelúdios de Debussy usando um moderno (grand) piano. E concordo plenamente com o que o Penguin Guide diz sobre elas: The intelligence and sensitivity that made his fortepiano playing so vivid and alive are well in evidence here, and his Debussy has refinement and imagination that will not disapoint his many admirers.

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MP3 | 320 KBPS | 191 MB

Yukio Yokoyama – é um destes talentos que se revelam na mais tenra infância. Começou seus estudos no Japão e em 1986 foi estudar no Conservatório de Paris com bolsa do governo francês. Estudou com Jacques Rouvier e Vlado Perlemuter. Ganhou muitos prêmios internacionais e é um pianista fenomenal. Ficou famoso por interpretar em concertos ao longo de um período de dez meses não só todas as sonatas para piano de Beethoven como também todas as variações e as bagatelas. Eu já tenho ouvido seu disco com os Prelúdios de Debussy muitas vezes nesses últimos dois ou três anos e convido você a fazer o mesmo…

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MP3 | 320 KBPS | 175 MB

A essa coleção, acrescente as ótimas gravações disponíveis na postagem das Integrais da Obra para Piano de Debussy, com os pianistas François Chaplin, François-Joel Thiollier, Jean-Efflam Bavouzet, Jean-Yves Thibaudet, Martino Tirimo, Noriko Ogawa e Théodore Paraskivesko!

Aproveite!

René Denon

Debussy pronto para ir ao rega-bofes preparado para ele pelo pessoal do PQP Bach…