Coisa linda esse disco de Cantatas de Nicola Porpora. Ele foi mais um napolitano brilhante cuja carreira foi prejudicada pelo fato de seu estilo ter ficado fora de moda ao final de sua vida. Como nós estamos longe das questões em voga na época de Porpora, fruímos alegremente a boa qualidade de sua música. Ele foi muito conhecido e respeitado em sua época, tendo andado de corte em corte. Trabalhou em Dresden, Viena e voltou para Nápoles. Atenção para a fluência dos recitativos — coisa rara — deste homem que foi um intelectual que conhecia profundamente os livros e principalmente a poesia de sua época. Porpora, gente, foi grande.
Nicola Porpora (1686-1768): Or si m’aveggio, oh Amore – Cantatas for Soprano
Or sì m’avveggio, oh Amore, cantata for voice, cello & orchestra
1 Recitative. Or sì m’avvegio, oh Amore 1:17
2 Aria. Dolce pace, lieta calma 5:28
3 Recitative. Più che nel ciel tra’ Numi 1:18
4 Aria. S’asconde Amor nel volto 3:39
Credimi pur che t’amo, cantata for voice & orchestra
5 Sinfonia. Presto 0:46
6 Sinfonia. Andante, e spiritoso 1:30
7 Sinfonia. Allegro 1:24
8 Recitative. Credimi pur che t’amo 0:54
9 Aria. Sì, sì t’adoro ma 3:55
10 Recitative. Sarò pur nell’amarti 0:51
11 Aria. Amami e non languir 4:34
Già la notte s’avvicina (La pesca), cantata for voice & orchestra, Op. 1/4
12 Aria. Già la notte s’avvicina 4:59
13 Recitative. Lascia una volta, oh Nice 1:48
14 Aria. Non più fra sassi algosi 4:49
Or che d’orrido verno, cantata for soprano, flute, strings & continuo
15 Sinfonia 1:35
16 Sinfonia 1:02
17 Recitative. Or che d’orrido Verno 1:32
18 Aria. Lungi dal ben che s’ama 7:57
19 Recitative. Pur fra tanta mia pena 1:06
20 Aria. Nocchier che mira 4:43
Elena Cecchi Fedi: Soprano
Carlo Ipata: Flauto and Direttore
Este é um LP convertido em mp3. Existe a versão em CD, mas esta nós não possuímos. Não sou cara tarado por gravações antigas como as de Toscanini, Walter, Furtwängler, etc. Mas creio que esta aqui vale a pena. Trata-se de um registro de 1955 com os grandes Gustav Leonhardt (1928-2012), Nikolaus Harnoncourt (1929-2016) mais Lars Frydén (1927-2001). Era uma época na qual os pioneiros da música antiga com instrumentos originais — a hoje chamada “Música Historicamente Informada” — ainda engatinhavam. Muito jovens, tocam Rameau como se fosse Bach. Depois ambos fizeram gravações notáveis que podem ser ouvidas em toda sua glória, musicalidade, clareza e bom som, mas aqui… Bem, já eram grandes músicos, Rameau foi um compositor monstruoso, a junção não funcionou lá essas coisas, mas acho que vale a pena ouvir.
Rameau (1683-1764): Pièces de Clavecin en Concert
Premier Concert
1 La Coulicam – Rondement 2:29
2 La Livri-Rondeau Gracieux (Andantino) 2:53
3 Le Vezinet – Gaiment (Sans Vitesse) 2:34
Deuxième Concert
4 La Laborde – Rondement (Sans Vitesse) 3:38
5 La Boucon – Air Gracieux (Andante) 3:06
6 L’Agacante – Rondement 1:30
7 Menuets I & II 4:09
Troisième Concert
8 La Poplinière – Rondement 2:40
9 La Timide – Rondeaux I & II 6:03
10 Tambourins I & II, En Rondeau (Vif) 2:47
Quatrième Concert
11 La Pantomime – Loure Vive 3:00
12 L’Indiscrète – Rondeau (Vivement) 1:23
13 La Rameau – Rondement 3:01
Cinquième Concert
14 La Forqueray – Fugue (Animé) 2:17
15 La Cupis – Rondement (Sans Vitesse) 4:26
16 La Marais – Rondement 1:54
Gustav Leonhardt, harpsichord
Lars Frydén, violin
Nikolaus Harnoncourt, viola da gamba
Um tremendo disco. Prokofiev escreveu cinco concertos para piano e dois para violino. Trata-se de uma coleção difícil de superar. Neste CD, a grande estrela é a violinista russa Lydia Mordkovitch, uma ex-aluna de David Oistrakh. Guardo muito afeto por estes concertos. Em fevereiro deste ano, assisti a um extraordinário concerto em Londres em que era interpretado o Nº 1. Depois vinha a Sagração… E o segundo sempre foi inquilino de meu ventrículo esquerdo — que é onde o coração bate mais forte. Ambos são esplêndidos! A Sonata para Violino e Piano causou espanto em uma amiga russa: “Parece Shostakovich”. Sim, parece.
1. Violin Concerto No. 1 in D major, Op. 19: I. Andantino 9:36
2. Violin Concerto No. 1 in D major, Op. 19: II. Scherzo: Vivacissimo 3:52
3. Violin Concerto No. 1 in D major, Op. 19: III. Moderato 8:37
4. Violin Concerto No. 2 in G minor, Op. 63: I. Allegro moderato 10:28
5. Violin Concerto No. 2 in G minor, Op. 63: II. Andante assai 9:28
6. Violin Concerto No. 2 in G minor, Op. 63: III. Allegro, ben marcato 6:00
7. Violin Sonata No. 1 in F minor, Op. 80: I. Andante assai 7:05
8. Violin Sonata No. 1 in F minor, Op. 80: II. Allegro brusco 7:07
9. Violin Sonata No. 1 in F minor, Op. 80: III. Andante 8:02
10. Violin Sonata No. 1 in F minor, Op. 80: IV. Allegrissimo 7:31
Lydia Mordkovitch, violino
Gerhard Oppitz, piano
Scottish National Orchestra
Neeme Järvi
Uma das páginas mais curiosas da história da música é a fase neoclássica de Stravinsky. O Neoclassicismo é um retorno à música do passado, particularmente à música dos séculos séc. XVII e XVIII, através da adoção de seus modelos formais e estruturas melódicas e rítmicas. Não é para ser uma imitação ou recriação, seria antes a criação de um novo gênero a partir de referências anteriores. Só que não adianta, tem cara de paródia, da mais gloriosa das paródias. O Neoclassicismo surge como uma reação ao carácter exacerbadamente emocional da música do séc. XIX, voltando a modelos “mais racionais” dos períodos clássicos e barroco. Muitas obras de Stravinsky revisitam estes períodos, aos quais juntam as influências do jazz, do ragtime e ainda de compositores do séc. XIX. Pulcinella (1920), um bailado cujos cenários e figurinos foram desenhados por Picasso, revisita a música de Pergolesi, tendo o tema sido proposto por Diaghilev. Segundo Igor, o balé Apollon Musagète busca a sobriedade do barroco francês. Aqui temos um Stravinsky nada cortante nem satírico. Um baita disco. A interpretação de Suzuki e dos finlandeses é esplêndida.
Igor Stravinsky (1882-1971): Pulcinella Suite, Apollon Musagète & Concerto for Strings
1 Pulcinella Suite: I. Overture: Sinfonia 1:59
2 Pulcinella Suite: II. Serenata 2:50
3 Pulcinella Suite: III. Scherzino – Allegro – Andantino 4:19
4 Pulcinella Suite: IV. Tarantella 1:59
5 Pulcinella Suite: V. Toccata 0:57
6 Pulcinella Suite: VI. Gavotta – Variation No. 1 – Variation No. 2 3:51
7 Pulcinella Suite: VII. Vivo 1:31
8 Pulcinella Suite: VIII. Minuetto 2:23
9 Pulcinella Suite: IX. Finale 1:58
10 Apollon musagète, Tableau I: Tableau I: Prologue: The Birth of Apollo 4:55
11 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Apollo’s Variation 3:02
12 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Pas d’action: Apollo and the Muses 4:24
13 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Variation of Calliope 1:32
14 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Variation of Polymnia 1:23
15 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Variation of Terpsichore 1:42
16 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Variation of Apollo 2:22
17 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Pas de deux: Apollo and Terpsichore 3:48
18 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Coda: Apollo and the Muses 3:24
19 Apollon musagète, Tableau II: Tableau II: Apotheosis: Apollo and the Muses 3:14
20 Concerto for Strings in D Major: I. Vivace 5:49
21 Concerto for Strings in D Major: II. Arioso: Andantino 2:57
22 Concerto for Strings in D Major: III. Rondo: Allegro 3:42
Trata-se de verdadeiro crime cultural o fato destes LPs com as Partitas para teclado de Bach, com Tatiana Nikolayeva (1924-1993), serem tão raros que nem se encontram completos em CD na Amazon. São gravações que não ficam nada a dever a qualquer pianista ocidental, tais como Schiff, Gould ou malufista Martins. Talvez ela perca apenas para a inacreditável Angela Hewitt. Resquícios da guerra fria, a qual nos deixou sem o fraseado peculiar desta grande pianista, aliás, a preferida de Shostakovich. Em 1993, ela foi finalmente reconhecida ao vencer o Gramophone Award por sua terceira gravação dos 24 Prelúdios e Fugas de Shosta. Encontrei estas joias convertidas para mp3 — muito bom mesmo, com poucos ruídos — aí pela rede e elas merecem receber tranquilamente o galardão de IM-PER-DÍ-VEIS !!!!.
Side 1
Partita No.1 in B-flat, BWV 825
1. Praeludium
2. Allemande
3. Courante
4. Sarabande
5. Menuet I & II
6. Gigue
Side 2
Partita No.2 in C minor, BWV 826
1. Sinfonia
2. Allemande
3. Courante
4. Sarabande
5. Rondeau
6. Capriccio
Tatiana Nikolayeva, piano
Recorded in 1980
J.S.Bach (1685-1750)
Side 1
Partita No.4 in D, BWV 828
3. Courante
4. Aria
5. Sarabande
6. Menuett
7. Gigue
Side 2
Partita No.5 in G minor, BWV 829
1. Praeambulum
2. Allemande
3. Courante
4. Sarabande
5. Tempo di Minuetto
6. Passepied
7. Gigue
Tatiana Nikolayeva, piano
Recorded in 1980
J.S.Bach (1685-1750)
Side 1
Partita No.6 in E minor, BWV 830
1. Toccata
2. Allemande
3. Courante
4. Air
Side 2
5. Sarabande
6. Tempo di Gavotta
7. Gigue
Tatiana Nikolayeva, piano
Recorded in 1980
J.S.Bach (1685-1750)
Side 1
French Overture (Partita No.7) in B minor BWV 831 <— Sete? Tá bom…
1. Ouverture
2. Courante
3. Gavotte I & II
4. Passepied I & II
Side 2
5. Sarabande
6. Bourree I & II
7. Gigue
8. Echo
Tatiana Nikolayeva, piano
Recorded in 1980
Esse disco é muito original, talvez uma excentricidade. O esplêndido grupo vocal The Hilliard Ensemble junta-se ao não menos esplêndido violinista Christoph Poppen para fazerem um disco que é uma colagem de movimentos de diferentes obras de Bach para violino solo e para coro, separados. Por alguma razão que não pesquei, há uma certa fixação pelo texto medieval Christ lag in Todes Banden (Cristo estava em ânsias de morte), mas que deve dar respaldo ao título do CD. As vozes do Hilliard são lindíssimas — poderia ouvir seus timbres por horas –, Poppen é ótimo, mas não posso declarar amor eterno ao resultado, apenas uma boa amizade. O ponto alto do disco ocorre quando eles decidem pela ousadia das faixas 20 (Den Tod…), 21 (Ciaccona, accompanied by chorale fragments) e 22 (Den Tod…). Nossa, ficou legal pacas, provando que as loucuras e a experimentação valem muito para Bach, o que não chega a ser uma descoberta. Mas por que relacionar a Chacona com a morte? Bem, talvez eu seja um ignorante apenas.
Numa noite fria do século XVIII, Bach escrevia a Chacona da Partita Nº 2 para violino solo. A música partia de sua imaginação (1) para o violino (2), no qual era testada, e daí para o papel (3). Anos depois, foi copiada (4) e publicada (5). Hoje, o violinista lê a Chacona (6) e de seus olhos passa o que está escrito ao violino (9) utilizando para isso seu controverso cérebro (7) e sua instável, ou não, técnica (8). Do violino, a música passa a um engenheiro de som (10) que a grava em um equipamento (11), para só então chegar ao ouvinte (12), que se desmilingúi (?) àquilo.
Na variação entre todas essas passagens e comunicações, está a infindável diversidade das interpretações. Mas ainda faltam elos, como a qualidade do violino – e se seu som for divino ou de lata, e se ele for um instrumento original ou moderno? E o calibre do violinista? E seu senso de estilo e cultura? E o ouvinte? E… as verdadeiras intenções de Bach? Desejava ele que o pequeno violino tomasse as proporções gigantescas e polifônicas do órgão? Mesmo? E quando se coloca um coral em cima?
Que o mundo seja dominado pelas mulheres! A violinista Chiara Zanisi trabalha com os melhores conjuntos de música barroca e antiga, principalmente com a Amsterdam Baroque Orchestra de Ton Koopman, com quem acaba de terminar uma longa turnê tocando os Brandeburgo. Ela agora dedica sua primeira gravação solo às seis sonatas de Johann Sebastian Bach para cravo e violino. Junto com ela está Giulia Nuti, uma das mais brilhantes cravistas da Itália, cujo CD solo Les Sauvages: Harpsichords in pre-Revolutionary Paris (DHM) ganhou um Diapason d’Or, entre outros prêmios. Zanisi e Nuti demonstram a riqueza estilística e de invenção dessas peças, além de deixar intocada a magia de Bach. Uma leitura elegante e quente. O violino de Zanisi é um Gagliano de 1761 e adorei a inclusão do Cantabile, un poco Adagio da versão inicial da Sonata VI. Que o mundo seja dominado pelas mulheres!
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Seis Sonatas para Violino e Cravo
Sonata I in B minor BWV 1014
1 Adagio 3:18
2 Allegro 2:55
3 Andante 3:11
4 Allegro 3:19
Sonata II in A major BWV 1015
5 Dolce 2:39
6 Allegro assai 3:05
7 Andante un poco 3:24
8 Presto 4:19
Sonata III in E major BWV 1016
9 Adagio 3:32
10 Allegro 3:01
11 Adagio ma non tanto 4:36
12 Allegro 3:42
Sonata IV in C minor BWV 1017
1 Largo 4:03
2 Allegro 4:18
3 Adagio 2:42
4 Allegro 4:31
Sonata V in F minor BWV 1018
5 [No Title] 5:38
6 Allegro 4:34
7 Adagio 3:04
8 Vivace 2:41
Sonata VI in G major BWV 1019
9 Allegro 3:23
10 Largo 1:42
11 Allegro 4:30
12 Adagio 3:03
13 Allegro 3:18
Sonata VI BWV 1019a
14 Cantabile ma un poco adagio 6:13
Sei, há Beethoven, Mozart, Bruckner, Mahler e Shostakovich, mas, em minha humilde opinião, esta sinfonia é a melhor que conheço. Brahms era visto como o sucessor de Beethoven e estava muito preocupado em ser digno da tradição sinfônica do mestre. Tão preocupado estava que preparou sua primeira sinfonia ao longo de mais de 20 anos. Sua composição iniciou-se em 1854 e sua finalização só ocorreu em 1876.
O maestro Hans von Bülow apelidou-a de “A Décima de Beethoven”, o que é apenas uma frase de efeito. Não pretendo desconsiderar que há uma citação da Nona de Beethoven no último movimento, porém os fatos obrigam-me a encarar isto como uma demonstração de gratidão a seu antecessor, ao qual tanto devia – ou, corrigindo, ao qual tanto devemos… Depois de anos e anos como ouvinte, afirmo tranquilamente que, até mais do Beethoven, o que há aqui é Schumann, principalmente na forma inteligente como foram desenvolvidos os elos entre os movimentos que parecem brotar logicamente um do outro. No mais, a Primeira de Brahms é uma derivação autêntica, exclusiva e original do estilo empregado por Brahms em sua música de câmara. Ademais, Brahms – que estreou sua sinfonia quarenta e nove anos após a morte de Beethoven – aborda o gênero de forma diversa, dando, por exemplo, extremo cuidado à orquestração e chegando a verdadeiros achados no segundo movimento e na introdução ao tema do último tema: aquele esplêndido solo de trompa, seguido da flauta e do arrepiante trio de trombones. Tais cuidados orquestrais evidentemente não revelam um compositor maior que Beethoven, apenas revelam que o tempo tinha passado, que Brahms já tivera contato com as orquestrações de Rimsky-Korsakov, Berlioz, Wagner, Liszt (os dois últimos eram seus inimigos), que Mahler tinha 16 anos de idade e que a Sinfonia Titã estaria pronta dali a 12 anos…
Seria idiotice dizer que tenho certeza de que tudo o que ouço nesta sinfonia está realmente lá? É que em minha opinião, Brahms resolveu apresentar nela todas as suas armas como compositor. A solidez da intrincada estrutura do primeiro movimento (Un poco sostenuto – Allegro) vem diretamente de alguns outros notáveis “primeiros movimentos” de sua música de câmara. Sua complicada estrutura rítmica e aparente rispidez causa certo desconforto a ouvintes mais acostumados a gentilezas. Sua estrutura não é nada beethoveniana, os temas são mostrados logo de cara, sem as lentas introduções de nosso homem de Bonn e nada de motivos curtos e afirmativos. Afinal, estamos ouvindo nosso homem de Hamburgo! Se o primeiro movimento demonstra toda a maestria do compositor ao lidar com diversas vozes e linhas rítmicas, o próximo é um arrebatador andante (Andante sostenuto) que parece pretender mostrar “vejam bem: além daquilo que ouviram, eu também faço melodias sublimes”. A melodia levada pelo primeiro violino ao final do andante é belíssima e inesquecível. O terceiro movimento (Un poco Allegretto e grazioso) nos diz que “além daquilo que ouviram, eu também faço scherzi divertidíssimos, viram?”. Claro que não chegamos à alegria demonstrada nos scherzi de Bruckner, porém, para um sujeito contido como foi Brahms, a terceira parte da sinfonia chega a ser uma galinhagem.
O último movimento é um capítulo à parte. É a música perfeita. Há a já citada introdução de trompas e trombones, mas há principalmente um dos mais belos temas já compostos. Meus livros estão dentro de caixas esperando por uma mudança e não posso conferir o que direi a seguir: no livro Doutor Fausto, de Thomas Mann, o personagem principal Adrian Leverkühn vende sua alma ao demônio em troca da glória e da imortalidade como compositor. Feito o negócio – no mais belo capítulo já escrito: o diálogo entre Adrian e o Demônio, que deverá estar figurando como papel de parede no lavabo de minha nova casa -, Adrian vai compor e… bem, ele acaba escrevendo uma peça muito parecida com o tema a que me refiro e a abandona. Seria este um sinal de Mann, indicando que seu personagem partiria do ponto mais alto existente para a construção de uma obra estupefaciente? Creio que sim, creio que sim. Mas, sabem?, não vou gastar meu latim descrevendo o tema que aparece aos 5 minutos do último movimento da sinfonia para ser transformado e retorcido até seu final.
Afinal, ele está aqui. A sinfonia completa está. Há versões melhores do que esta, mas o registro de Haitink é ótimo. Abbado — com uma abordagem de rispidez muito mais prussiana do que Karajan, em minha opinião por demais respeitoso – , Bernstein — que a aborda com o mais desbragado romantismo — são os campeões, em minha opinião. Os registros de Böhm e de, surpresa!, Riccardo Muti também não são nada desprezíveis.
Não é música para diletantes leigos como eu. Como a ouço há anos, posso avaliar como deve ser difícil equilibrar a rigidez formal e a imaginação melódica de uma sinfonia de orquestração complexa e que – inteiramente dentro da tradição de contrastes das sinfonias – parece pretender abarcar o mundo, mostrando-se ora imponente, ora delicada; ora jocosa, ora séria.
Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonia Nº 1 e Abertura Trágica
1. Symphony No. 1 in C minor, Op. 68: I. Un poco sostenuto – Allegro 13:42
2. Symphony No. 1 in C minor, Op. 68: II. Andante sostenuto 8:38
3. Symphony No. 1 in C minor, Op. 68: III. Un poco allegretto e grazioso 4:43
4. Symphony No. 1 in C minor, Op. 68: IV. Adagio – Allegro non troppo ma con brio 17:17
Sofrendo um grave crise de hipocantatemia bachiana, ontem botei este CD para tocar aqui em casa. Olha, que coisa maravilhosa! São cantatas solo e obras esparsas de Bach para soprano. A orquestra de Hogwood está impecável e Kirkby… O que dizer de Dame Emma Kirkby? Ela é perfeita, mas não devo elogiá-la muito porque meu colega FDP Bach morre de ciúmes.
Baita CD. Ouçam imediatamente, tá? Atenção para a primeira ária da Cantata 202. Não parece o lento caminhar de uma noiva? Alíás toda a 202 é fantástica, além do restante.
Johann Sebastian Bach (1685-1750) – The Wedding Cantatas
Cantata BWV 202, “Weichet nur, betrübte Schatten” [19:38]
01 – Arie – Weichet nur, betrübte Schatten
02 – Rezitativ – Die Welt wird wieder neu
03 – Arie – Phoebus eilt mit schnellen Pferden
04 – Rezitativ – Drum sucht auch Armor sein Vergnügen
05 – Arie – Wenn die Frühlingslüfte streichen
06 – Rezitativ – Und dieses ist das Glücke
07 – Arie – Sich üben im Lieben
08 – Rezitativ – So sei das Band der keuschen Liebe
09 – Gavotte – Sehet in Zufriedenheit
Aria “Bist Du bei mir”, BWV 508 (attrib. G.H. Stolzen) [2:21]
10 – Bist Du bei mir (Stolzen)
Ótimo disco antiguinho da Apex. Tanto a Abertura como Quinteto de Prokofiev estão entre suas peças mais inusitadas. A Abertura é muito popular, embora sua simplicidade não soe nada como Prokofiev. E o Quinteto, Op. 39, escrito para um grupo de dança para a improvável combinação de oboé, clarinete, violino, viola e contrabaixo, mostra-nos Prokofiev em seu modo experimental, como na Segunda Sinfonia. Esta peça deixa-o muito próximo do mundo sonoro de Pierrot Lunaire e L’histoire du Soldat, e é possivelmente a peça mais singular em toda a sua produção. Já o Octeto de Hindemith fica dentro do habitual do compositor, o que é muito bom! Mas eu recomendo o disco pelos Prokofiev mesmo!
Prokofiev (1891-1953): Abertura Sobre Temas Hebreus (1919) e Quinteto / Hindemith (1895-1963): Octeto
1 Sergei Prokofiev — Overture On Hebrew Themes, Op. 34 In C Minor — 8:51
Paul Hindemith — Octet
2 – Breit. Mäßig Schnell 8:01
3 – Varianten: Mäßig Bewegt 2:25
4 – Langsam 7:47
5 – Sehr Lebhaft 2:18
6 – Fuge Und Drei Altmodische Tänze: Walzer, Polka, Galopp 5:55
Sergei Prokofiev — Quintet, Op. 39 In G Minor
7 – Moderato 5:45
8 – Andante Energico 3:13
9 – Allegro Sostenuto, Ma Con Brio 2:04
10 – Adagio Pesante 4:12
11 – Allegro Precipitato, Ma Non Troppo Presto 2:46
12 – Andantino 4:16
Florian Heyerick é um regente de coro. Mas que regente, meu povo! Neste CD dedicado à família Scarlatti, temos 6 obras sacras saídas da lavra familiar dos Scarlatti. Alessandro — patriarca deste núcleo siciliano — é o craque da família e não faria feio em time nenhum. Domenico jogaria a segunda divisão com certo garbo. Já Francesco seria reserva no time de Domenico. Porém, mais do que as obras, o que encanta neste CD é a performance do coral e dos solistas vocais. É realmente algo maravilhoso o Ex Tempore de Florian Heyerick.
Alessandro, Francesco e Domenico Scarlatti:
Música Polifônica na Família Scarlatti
Domenico Scarlatti
3 Magnificat Anima Mea: I. Magnificat 4:21
4 Magnificat Anima Mea: II. Fecit Potentiam 1:38
5 Magnificat Anima Mea: III. Esurientes Implevit Bonis 4:27
6 Magnificat Anima Mea: IV. Gloria Patri et Filio 3:12
Francesco Scarlatti
8 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): I. Miserere Mei, Deus 3:11
9 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): II. Amplius Lava Me 2:39
10 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): III. Ecce Enim 2:11
11 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): IV. Asperges Me 1:44
12 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): V. Cor Mundum 1:34
13 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): VI. Ne Proicias Me 1:46
14 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): VII. Redde Mihi 1:08
15 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): VIII. Docebo Iniquos 3:09
16 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): IX. Sacrificium Deo 2:23
17 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): X. Benigne Fac Domine 1:21
18 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): XI. Tunc Acceptabis 1:16
19 Miserere Mei, Deus (Psalm 50): XII. Gloria Patri 2:37
Domenico Scarlatti
20 Missa Quatuor Vocum (di Madrid): Sanctus – Benedictus 2:31
21 Missa Quatuor Vocum (di Madrid): Agnus Dei 2:31
Nos estertores do vinil, toda uma geração de melômanos teve seus primeiros contatos com a música antiga através da Coleção Reflexe, da EMI. A qualidade das gravações era tão grande que o jovem grupo de artistas responsáveis por elas estão aí até hoje, na música antiga e no barroco. Um deles chamava-se Jordi Savall com seu grupo Hespèrion XX. Este disco é lindo de chorar. (A gravação original em vinil era Quadraphonic, lembram disso?) Pois bem, a voz de Montserrat Figueras e o grupo de Savall jamais consideraram válidas as interpretações mecânicas de alguns equivocados. A coisa é de alta temperatura emocional e bonito, bonito, bonito. A música reflete a profunda influência árabe na península ibérica nos idos de 1200. Acho que você deve ouvir.
Cansós de Trobairitz: Songs of the Women Troubadours c. 1200
1 Vos Que’m Semblatz Dels Corals Amadors
Lyrics By – Condesa De Provenza, Gui De Cavalhon
Music By – Gaucelm Faidit
2 Estat Ai En Greu Cossirier
Lyrics By – Condesa De Dia*
Music By – Raimon De Miraval
3 Na Carenza Al Bel Cors Avinen
Lyrics By – Alais, Na Yselda I Na Carenza*, Carenza, Iselda
Music By – Arnaut De Maruelh
4 Si Us Quer Conselh, Bel’ami’Alamanda
Music By, Lyrics By – Guiraut De Bornelh
5 Ab Joi Et Ab Joven M’apais
Lyrics By – Condesa De Dia*
Music By – Bernart De Ventadorn
6 A Chantar M’er De So Q’ieu No Voldria
Music By, Lyrics By – Condesa De Dia
7 S’anc Fui Belha Ni Prezada
Music By, Lyrics By – Cadenet
A alemã de Munique, violinista e pianista, a verdadeira gênia que é Julia Fischer, dá-nos esta maravilhosa versão dos 24 Caprichos de Paganini, provavelmente sua única obra realmente boa. Fischer tira de letra este repertório criado pelo mais brilhante dos virtuoses. O fascínio que Paganini exercia era de tal ordem que se chegou a suspeitar que tivesse um pacto com o demônio. Imagina isto no início do século XIX… E todos os grandes virtuoses — não apenas do violino, mas do piano romântico — foram estimulados à tentação de rivalizar com ele. Paganini revolucionou a arte de tocar violino. Deixou a sua marca como um dos pilares da moderna técnica do instrumento. O seu Capricho em Lá menor, Op. 1 No. 24 está entre suas composições mais conhecidas e serviu de inspiração para outros proeminentes compositores como Johannes Brahms e Sergei Rachmaninov, que o reutilizaram em importantes obras de variações.
Niccolò Paganini (1782-1840) : 24 Caprichos Op. 1
1 No. 1 In E Major 1:47
2 No. 2 In B Minor 2:50
3 No. 3 In E Minor 3:19
4 No. 4 In C Minor 6:14
5 No. 5 In A Minor 2:46
6 No. 6 In G Minor 5:59
7 No. 7 In A Minor 3:51
8 No. 8 In E Flat 3:01
9 No. 9 In E Major 3:11
10 No. 10 In G Minor 2:17
11 No. 11 In C Major 4:32
12 No. 12 In A Flat 3:18
13 No. 13 In B Flat Major 2:27
14 No. 14 In E Flat 1:18
15 No. 15 In E Minor 2:47
16 No. 16 In G Minor 1:37
17 No. 17 In E Flat Major 3:47
18 No. 18 In C Major 2:33
19 No. 19 In E Flat Major 3:10
20 No. 20 In D Major 3:53
21 No. 21 In A Major 2:59
22 No. 22 In F Major 2:48
23 No. 23 In E Flat Major 4:44
24 No. 24 In A Minor 4:28
Em 2013, o grande maestro inglês Simon Rattle anunciou, para surpresa geral, que deixaria a orquestra ao fim de seu contrato, em meados de 2018. Seu sucessor, já eleito pelos músicos (como é o correto), é o russo Kirill Petrenko. “A decisão não foi fácil para mim”, afirmou a seus músicos o regente Simon Rattle, predileto do público, com sua cabeleira de cachos grisalhos. “Em 2018, terei trabalhado durante 16 anos na Filarmônica de Berlim. Antes, passei 18 anos como titular em Birmingham. Além disso, estarei prestes a comemorar 64 anos”. E com o charme que lhe é peculiar, acrescentou com uma ponta de humor: “Como alguém natural de Liverpool, não se pode passar por esse aniversário sem a pergunta dos Beatles: Will you still need me, when I’m 64?”
Esta gravação de sinfonia de Mozart — com origem em um DVD — é uma perfeição. Sim, Sir Simon, quem não precisaria de você?
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Sinfonias Nº 39, 40 e 41
01. Symphony No. 39 in E-Flat Major, K. 543_ I. Adagio-Allegro
02. Symphony No. 39 in E-Flat Major, K. 543_ II. Andante con moto
03. Symphony No. 39 in E-Flat Major, K. 543_ III. Menuetto. Allegretto-Trio
04. Symphony No. 39 in E-Flat Major, K. 543_ IV. Finale. Allegro
05. Symphony No. 40 in G Minor, K. 550_ I. Molto allegro
06. Symphony No. 40 in G Minor, K. 550_ II. Andante
07. Symphony No. 40 in G Minor, K. 550_ III. Menuetto. Allegretto-Trio
08. Symphony No. 40 in G Minor, K. 550_ IV. Allegro assai
09. Symphony No. 41 in C Major, K. 551 _Jupiter__ I. Allegro vivace
10. Symphony No. 41 in C Major, K. 551 _Jupiter__ II. Andante cantabile
11. Symphony No. 41 in C Major, K. 551 _Jupiter__ III. Menuetto. Allegretto-Trio
12. Symphony No. 41 in C Major, K. 551 _Jupiter__ IV. Molto allegro
Um disco agradabilíssimo, onde temos o extraordinário Trio Nº 39 – e três outros –tocado da forma como se deve: bem cigana, conforme indica a capa do CD de Minasi e sua turma. Homem simpático, organizado e querido por todos, Haydn, o pai do classicismo musical vienense, é muitas vezes considerado “menor”. Erro. Vamos a uma historinha contada pelo pessoal da Deutsche Welle?
Ao falecer aos 77 anos de idade, em 31 de maio de 1809, em Viena, Joseph Haydn era o mais popular e, sem dúvida, também um dos mais abastados compositores da Europa. Sua música era executada em todo o continente, o público aclamava cada nova obra com entusiasmo. Altezas imperiais convidavam à sua mesa o filho de um artesão e de uma cozinheira. Como os tempos eram de instabilidade política, somente duas semanas após seu sepultamento, em 1º de junho, no cemitério de Hundsthurm, pode ser realizada uma cerimônia na igreja Schottenkirche. A missa foi solenemente acompanhada pelo Réquiem de Mozart.
O CRÂNIO FURTADO
No entanto, o que aconteceria em seguida com os restos mortais de Haydn pertence à categoria do grotesco. Um conhecido seu, Joseph Carl Rosenbaum, era adepto da frenologia, doutrina criada pelo médico alemão Franz Joseph Gall. Entre outros aspectos, ela se baseava na forma craniana para analisar o talento e a inteligência de uma pessoa.
Naquele junho mesmo, Rosenbaum abriu o túmulo do compositor e roubou sua cabeça. Somente em 1820, quando os Esterházy se propuseram a transferir os restos mortais, deu-se por sua falta. Descoberto em 1895, o crânio do venerável compositor foi guardado como relíquia durante décadas pela Sociedade dos Amantes da Música de Viena.
Não foi antes de 1954 que a cabeça pôde unir-se ao corpo, num magnífico sarcófago, no mausoléu mandado construir pela família de seus empregadores, os nobres Esterházy, na Bergkirche de Eisenstadt.
Pois é. Haydn perdeu a cabeça por séculos.
F. J. Haydn (1732-1809): Trios para Piano
1 Piano Trio No. 39 in G Major, Hob. XV:25, “Gypsy”: I. Andante
2 Piano Trio No. 39 in G Major, Hob. XV:25, “Gypsy”: II. Poco adagio
3 Piano Trio No. 39 in G Major, Hob. XV:25, “Gypsy”: III. Rondo a l’Ongarese. Presto
4 Piano Trio No. 13 in B-Flat Major, Hob. XV:38: I. Allegro moderato
5 Piano Trio No. 13 in B-Flat Major, Hob. XV:38: II. Menuetto
6 Piano Trio No. 13 in B-Flat Major, Hob. XV:38: III. Finale. Presto
7 Piano Trio No. 26 in C Minor, Hob. XV:13: I. Andante
8 Piano Trio No. 26 in C Minor, Hob. XV:13: II. Allegro spiritoso
9 Piano Trio No. 5 in G Minor, Hob. XV:1: I. Moderato
10 Piano Trio No. 5 in G Minor, Hob. XV:1: II. Menuetto
11 Piano Trio No. 5 in G Minor, Hob. XV:1: III. Finale. Presto
Riccardo Minasi, violino
Maxim Emelyanychev, piano
Federico Toffano, violoncelo
Top Classical Albums of 2014 These excellent musicians, including the pianist Alexander Melnikov performing on a restored 1828 Graf piano, offer a powerful and insightful interpretation of Beethovens marvelous Archduke Trio.
–The New York Times
Best Classical Recordings of 2014 Exceptional. An A-team ensemble plays period instruments on this alluring disc, making for some ravishing textures.
–ArkivMusic
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Piano Trios Op.70 No.2 & Op.97 ‘Archduke’
Trio for piano, violin and cello No. 6 in E Flat Major, No. 2, Op. 70
1 I. Poco sostenuto – Allegro ma non troppo 10:18
2 II. Allegretto 5:16
3 III. Allegretto ma non troppo 6:32
4 IV. Finale – Allegro 7:57
Trio for piano, violin and cello No. 7 in B Flat Major, Op. 97
5 I. Allegro moderato 12:57
6 II. Scherzo – Allegro 6:16
7 III. Andante cantabile, ma pero con moto 11:18
8 IV. Allegro moderato – Presto 6:55
Alexander Melnikov, piano
Isabelle Faust, violino
Jean-Guihen Queyras, violoncelo
Um disco para sua discoteca básica. Haydn tinha 24 anos quando Mozart nasceu. Foram amigos, chegaram a tocar lado a lado Quintetos do segundo e, bem, Haydn sobreviveu ao amigo. Haydn foi professor de Beethoven. Era uma pessoa super deboas. Achava os dois jovens muito melhores do que ele. Aqui, temos o mestre que consolidou a forma sonata no primeiro movimento, depois um movimento lento, minueto e allegro final. O “Poco adagio” do Quarteto Imperador é apenas o hino da Alemanha. É um tremendo quarteto, grande música. O Sunrise também é belíssimo — melhor minueto ever. E depois temos seu talentoso pupilo no melhor Quarteto dos seis do notável Op. 18. As concepções do Quartetto Italiano (ativos entre 1945 e 1980) envelheceram um bocado, mas, puxa, ainda estão em ótimo estado.
Haydn (1732-1809) e Beethoven (1770-1827): Quartetos de Cordas
Haydn — String Quartet No. 62 in C major (‘Emperor’), Op. 76/3, H. 3/77:
1. Allegro
2. Poco adagio, cantabile
3. Menuetto (Allegro)
4. Finale (Presto)
String Quartet No. 63 in B flat major (‘Sunrise’), Op. 76/4, H. 3/78:
5. Allegro con spirito
6. Adagio
7. Menuetto (Allegro)
8. Finale (Allegro ma non troppo)
Beethoven — String Quartet No. 5 in A major, Op. 18/5:
9. Allegro
10. Menuetto
11. Andante cantabile
12. Allegro
Temos outras duas joias dos escoceses do Dunedin Consort em nosso blog, aqui e aqui. Hoje vim trabalhar com eles em meus ouvidos. Só depois de uns quinze minutos me dei conta de que caminhava sorrindo, graças à bela compreensão que a turma de Butt demonstrava dos atléticos e felizes concertos de Bach, escritos em seu período de Koethen. Não há infelicidade que sobreviva a isto. É melhor do que qualquer autoajuda. É como ir para Pasárgada. Para ter a mulher que quiser na cama que escolher. Fui-me embora pra Pasárgada.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Concertos para Violino
Concerto for violin and oboe in C minor, BWV 1060R
1 Allegro 4:50
2 Adagio 4:46
3 Allegro 3:30
Violin Concerto in E major, BWV 1042
4 Allegro 7:40
5 Adagio 5:31
6 Allegro assai 2:48
Ich hatte viel Bekümmernis, BWV 21
7 Sinfonia 2:46
Violin Concerto in A minor, BWV 1041
8 [Allegro] 3:48
9 Andante 6:04
10 Allegro assai 3:40
Concerto for two violins in D minor, BWV 1043
11 Vivace 3:40
12 Largo ma non tanto 6:17
13 Allegro 4:33
O romance Doutor Fausto de Thomas Mann, além de ser uma indiscutível obra-prima, possui capítulos que tornaram-se famosos por si só e que são citados separadamente do restante da obra. É célebre o capítulo em que Adrian Leverkühn dialoga com o demônio e também o oitavo, onde o imaginário professor Kretzschmar dá uma extraordinária aula sobre o tema “Por que Ludwig van Beethoven não escreveu o terceiro movimento da Sonata Op. 111?”.
Houve um certo músico de sobrenome Schindler que perguntou a Beethoven sobre razão da inexistência do terceiro movimento. A resposta do compositor foi típica de seu habitual mau humor: ora, não tive tempo de escrever um! Mann explorou a história da inexistência do terceiro movimento ao máximo, e só quem leu o Fausto de Mann sabe do ritmo frenético da aula de Kretzschmar e a profunda impressão causada pelo lição em nós, leitores, e em Adrian Leverkühn, personagem principal do livro.
Pois o incrível é que descobri casualmente que há um esboço de terceiro movimento para esta sonata, mas Beethoven parece tê-lo destruído. Inclusive no manuscrito onde está o primeiro movimento há uma anotação: segundo movimento – Arietta; terceiro movimento – Presto. Não encontrei referências de que a Arietta (segundo movimento) fosse algum tipo de adeus, conforme disse o professor de Thomas Mann. Creio que isto seja apenas uma liberdade poética do ultra-entusiasmado Kretzschmar. Está bem, foi a última sonata para piano de Beethoven, porém ao Op. 111 seguiram-se obras até o Op. 137 e dentre estas há todos os últimos quartetos, a Nona Sinfonia (Op. 125), as Variações Diabelli (Op.120) , as Bagatelas (Op. 126), a Missa Solemnis (Op. 123), etc. Ou seja, quando Beethoven escreveu o Op. 111, era um compositor em plena atividade e com vários projetos diferentes por desenvolver, não obstante a doença.
Acho que o que mais interessa é tentar dizer porque esta obra é tão inquietante, porque ela provoca tanto e a tantas pessoas. Isto é o mais difícil. O fato é que a linguagem inacreditavelmente abstrata que Beethoven alcançou em suas últimas obras nos perturba profundamente, tanto aqui como nos últimos quartetos. A imaginação de quem criou a Arietta é inconcebível. O professor Kretzschmar tem toda a razão ao proclamar que tudo aquilo vem de um simples dim-da-da, ou seja, de três notas que não despertariam a atenção de nenhum artista comum, e é sobre este quase nada que Beethoven cria uma catedral imensa, onde há lugar para a delicadeza, para o religioso, para o sublime e até para a explosão de uma desenfreada dança semelhante ao jazz que os negros inventariam 100 anos depois. Ele sempre foi dado à utilização de temas curtos e afirmativos, mas convenhamos, aquele dim-da-da curtíssimo está mais para um balbucio de criança… Não seria isto o que nos surpreende tanto? A Arietta inicia-se como um balbucio, depois deixa-se crescer quase que por livre associação e retorna lenta e quase silenciosa ao início. Será esta a despedida a que Kretzschmar se refere? Nascimento, vida e morte? Ou, simplesmente, após um movimento lento tão profundo e expressivo, Beethoven concluíra que o mesmo prescindiria de seu contraponto rápido?
Ora, não há verdades absolutas sobre algo tão genial e aberto. Se somarmos a isto o volátil de toda música, que consiste numa série de símbolos que é interpretada por um músico, que a passa para o piano obedecendo a sua habilidade e experiências, e que nos chega através dos ouvidos, onde baterá contra outras experiências e que, de concreto, no caso do segundo movimento do Op. 111, só possui a instrução Arietta: Adagio Molto Semplice e Cantabile…
Se tivesse que classificar o Op. 111, o colocaria entre as músicas que não são somente belas e perfeitas, mas que, além disto, são demonstrativas de grande inteligência e engenhosidade. Outras do mesmo gênero seriam os quartetos de Béla Bártok, alguns dos últimos quartetos de Beethoven (principalmente o Op. 132), as Variações Goldberg, a Oferenda Musical de J.S. Bach e outras raríssimas. Não sei se me faço entender, mas acredito que o espírito mozartiano – que amo tanto – não poderia entrar aqui. São músicas por demais cerebrais. Há uma tremenda e implacável lógica interna nelas, há intenções que parecem escapar a nós, pobres e limitados ouvintes.
O CD duplo de Maurizio Pollini Die Späten Klaviersonaten ou The Late Piano Sonatas é uma das várias formas que a fugidia felicidade pode tomar. Se vocês passarem perto desta caixa de CDs, agarrem-na e não soltem.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): As Últimas Sonatas (CD 2 de 2)
Piano Sonata No. 30 in E major, Op. 109
1. Sonate No. 30 E-dur op.109: Vivace, ma non troppo
2. Sonate No. 30 E-dur op.109: Prestíssimo
3. Sonate No. 30 E-dur op.109: Gesangvoll, mit innigster Empfindung (Andante molto cantabile ed espressivo)
Piano Sonata No. 31 in A flat major, Op. 110
4. Sonate No. 31 As-dur op.110: 1. Moderato cantabile molto espressivo
5. Sonate No. 31 As-dur op.110: 2. Allegro molto
6. Sonate No. 31 As-dur op.110: 3. Adagio ma non troppo – fuga, ma non troppo
Piano Sonata No. 32 in C minor, Op. 111
7. Sonate No. 32 c-mol op.111: 1. Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
8. Sonate No. 32 c-mol op.111: 2. Arietta. Adagio molto semplice e cantabile
Às vezes, há a obra e seu intérprete perfeito. Tudo bem, alguns malucos preferirão Brendel, Arrau, Schnabel, Uchida, Brautigam, Goode ou mesmo Kempff, assim como outros esquecem Ulisses em pleno 16 de junho e declaram que a literatura argentina é inferior à brasileira… Problema deles!
Quando adolescente e jovem, ia todo o sábado pela manhã a uma loja de discos freqüentada por alguns conhecedores de música erudita. Conhecedores mesmo, parece que hoje não se faz mais daquele tipo, perdeu-se a fôrma, sei lá. A figura central era o Dr. Herbert Caro e o assunto principal, sua coluna publicada sempre aos sábados, no Correio do Povo. Então, eu lia a coluna cedinho enquanto tomava café e depois seguia para a loja. Era um ouvinte daquelas discussões, não me metia muito, mas ganhava alguns discos, pois tratavam de me atrair para suas teses… Aprendi muito.
Vi muitas brigas. Brigas em discussões duríssimas que acabavam com sorrisos muitas vezes contrafeitos. Uma delas era o debate sobre o melhor pianista para as Sonatas de Beethoven. Porém, num dia de 1977, apareceu a gravação de Pollini para as cinco últimas. A discussão cessou. Um deles disse que ouvira a gravação imbatível, algo surpreendente por sua qualidade e novidade. Todos nós a ouvimos durante aquela semana. Eu não consegui ultrapassar a Hammerklavier para chegar ao segundo disco, devo ter escutado aquela sonata umas 20 vezes naquele período. Era uma revelação, estava apaixonado. No sábado seguinte, alguém disse que achara bom, muito bom, mas sem emoção. Foi vaiado, quase apanhou dos restantes. Outro falou que havia muitas formas de se alcançar o pico do Everest, mas, antes de ser ridicularizado, completou dizendo que Pollini chegara ao pico real, desconhecido até então. Resultado: Pollini acabara com a discussão sobre sonatas, ao menos a discussão das cinco últimas…
Ainda hoje, 30 anos após conhecer a interpretação de Pollini, fico paralisado pelo último movimento do Op. 111, pela fuga do Op. 110 e pelo estarrecedor Hammerklavier. O que dizer dele? Como ele conseguiu todas aquelas nuances?
São estes dois CDs, no dizer da própria Deutsche Grammophon, que mereceriam o topo da sua coleção “The Originals”. Vou publicá-los aqui, um hoje, outro amanhã.
Mas vamos às sonatas. A certidão de nascimento da última fase de Beethoven foi passado quando da conclusão em 1818, da Sonata Op. 101 e principalmente, da monumental Sonata Op. 106, Hammerklavier, uma sinfonia para piano solo. “Eis uma obra que dará trabalho aos pianistas”, escreveu o mestre. Sua opção estava definida: não criava mais para seus contemporâneos, mas para a humanidade futura. Era incrível a certeza que tinha de sua imortalidade. Estava certo. E recusava a acomodar-se. Durante a última fase, compôs, além dos quartetos de cordas e outras obras como a Nona Sinfonia, as três últimas Sonatas para Piano Op. 109, 110 e 111 (1820-1822), concebidas como uma trilogia autobiográfica, as Variações Diabelli (1823) e a desconhecida obra-prima das seis Bagatellen Op. 126 (1824).
Ludwig van Beethoven (1770-1827): As Últimas Sonatas (CD 1 de 2)
Piano Sonata No. 28 in A major, Op. 101
1. Sonate No. 28 A-dur, op. 101: Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
2. Sonate No. 28 A-dur, op. 101: Lebhaft, marschmässig. Vivace alla Marcia
3. Sonate No. 28 A-dur, op. 101: Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto – attacca
4. Sonate No. 28 A-dur, op. 101: Geschwinde, doch nicht zu sehr und mit Entschlossenheit. Allegro
Piano Sonata No. 29 in B flat major (“Hammerklavier”), Op. 106
5. Sonate No. 29 B-dur, op. 106 – Grosse Sonate Fur Das Hammerklavier: 1. Allegro
6. Sonate No. 29 B-dur, op. 106 – Grosse Sonate Fur Das Hammerklavier: 2. Scherzo. Assai vivace
7. Sonate No. 29 B-dur, op. 106 – Grosse Sonate Fur Das Hammerklavier: 3. Adagio sostenuto. Appassionato e con molto sentimento
8. Sonate No. 29 B-dur, op. 106 – Grosse Sonate Fur Das Hammerklavier: 4. Largo – Allegro risoluto
Clérambault faz uma estreia opaca no PQP Bach. Com efeito, não curti tanto assim, prova de que às vezes o mar barroco não está pra peixe. Clérambault veio de uma família de músicos. Seu pai e dois de seus filhos também abraçaram a profissão. Era violinista, cravista e organista. Como organista, trabalhou de igreja e em igreja, de corte em corte, assim como eu vou de bar em bar em algumas noites vagabundas. William Christie e seu Les Arts Florissants são sensacionais. Mas Clérambault pouco os auxiliou na tarefa de fazer um bom CD. Indicado apenas aos absolutamente tarados pela sonoridade barroca, garantida brilhantemente pelo notável grupo de músicos.
Louis-Nicolas Clérambault (1676-1749): Cantatas
Pyrame Et Tisbé
1 Prélude. “Pirame, Pour Tisbé, Dès La Plus Tendre Enfance”. Simphonie 4:49
2 “Tisbé, Pour Résister À L’Ardeur De Ses Voeux” 2:35
3 Simphonie. Air: “Vole, Vole, Dit-Elle Avec Amour” 1:16
4 “Elle Cherchoit L’Amant Qui La Tient Asservie”. Plainte 3:47
5 Prélude : “Venez Monstres Affreux” 2:33
6 Air : “Amour, Qui Voudra Désormais” 2:41 La Muse De L’Opéra Ou Les Caractères Lyriques
7 “Mortels, Pour Contenter Vos Désirs Curieux” 5:18
8 Tempeste : “Mais Quel Bruit Interrompt Ces Doux Amusements” 1:35
9 “Non, Les Dieux Attendris” 2:59
10 Sommeil : “Vos Concerts Heureux Oyseaux” 2:18
11 Prélude Infernal. “Ne Craigons Rien” 2:43
12 Air : “Ce N’Est Qu’Une Belle Chimère” 2:42 La Mort D’Hercule
13 “Au Pied Du Mont Eta” 4:13
14 “Voy Périr Ce Vainqueur” 2:21
15 “Au Seul Nom De L’Amour” 2:51
16 “Il Dit, Et Se Livrant Au Transport Qui L’Anime” 4:56 Orphée
17 “Le Fameux Chantre De La Thrace” 3:06
18 “Mais Que Sert À Mon Désespoir” 1:20
19 “Allez Orphée” 3:02
20 “Cependant Le Héros Arrive” 7:28
21 “Pluton Surpris D’Entendre Des Accords” 3:08
Mais uma estreia de compositor no PQP Bach! Já temos mais de 1300!
Scheibe é um daqueles compositores que foram relegados para o fundo baú da história da música. Mas, ao ouvirmos este CD, só podemos concluir que esta é MAIS UMA injustiça, porque sua música é melodiosa, bem trabalhada e belamente orquestrada. OK, Scheibe pode não ser memorabilíssimo, mas certamente merece ter seu repertório visitado. É elegante e dá prazer ouvi-lo. Logo da cara, há uma Sinfonia bem bachiana. Parece que vai iniciar uma desconhecida Suíte Orquestral de papai. Quanto à execução… Olha, que perfeição, que cordas, que sopros! Manze e seus dinamarqueses fizeram um trabalho de alto nível. Gostei.
Johann Adolph Scheibe (1708-1776): Sinfonias
1. Sorgesange over Kong Frederik V (Songs of Mourning for King Frederik V): Introduzzione 6:48
2. Sinfonia a 4 in B-Flat Major: I. Allegro assai 3:51
3. Sinfonia a 4 in B-Flat Major: II. Andante 2:16
4. Sinfonia a 4 in B-Flat Major: III. Presto 1:45
5. Sorge- og Klagesange over Dronning Lovise (Songs of Mourning and Lament for Queen Lovise): Sinfonia: I. Andante e maestoso 6:09
6. Sorge- og Klagesange over Dronning Lovise (Songs of Mourning and Lament for Queen Lovise): Sinfonia: II. Molto adagio 2:46
7. Sorge- og Klagesange over Dronning Lovise (Songs of Mourning and Lament for Queen Lovise): Sinfonia: III. Poco presto 2:15
8. Sinfonia a 16 in D Major: I. Allegro assai 4:38
9. Sinfonia a 16 in D Major: II. Andante 2:48
10. Sinfonia a 16 in D Major: III. Presto 3:12
11. Sinfonia a 4 in B-Flat Major: I. Allegro 2:58
12. Sinfonia a 4 in B-Flat Major: II. Adagio, amoroso molto 2:32
13. Sinfonia a 4 in B-Flat Major: III. Presto 2:57
14. Sinfonia a 4 in A Major: I. Allegro 3:01
15. Sinfonia a 4 in A Major: II. Adagio 3:06
16. Sinfonia a 4 in A Major: III. Presto 2:08
17. Der Tempel des Ruhmes (The Temple of Fame): Sinfonia in D Major: I. Allegro assai 3:33
18. Der Tempel des Ruhmes (The Temple of Fame): Sinfonia in D Major: II. Larghetto 2:50
19. Der Tempel des Ruhmes (The Temple of Fame): Sinfonia in D Major: III. Presto 2:00
O elegante e contido Mendelssohn foi um grandíssimo mestre, mas viu-se prejudicado pelo descabelamento romântico da Europa continental. O mais clássico dos românticos tornou-se moda foi na Inglaterra vitoriana que acolheu compreensivamente sua música em meio ao fog. Esta gravação é um primor, captando perfeitamente o clima inspirado e emocional de que o compositor tanto prezava. Essas peças são bem mais simples e menos densas do que as sonatas de Brahms e podem ser tocadas por amadores talentosos. Parecem pertencer ao domínio da música doméstica, sem se esforçar para obter grandes efeitos. Como não gostar de Mendelssohn?
Felix Mendelssohn (1809-1847): Complete music for cello and piano
Cello Sonata No 1 in B flat major Op 45[21’44]
1 Allegro vivace[9’09]
2 Andante[6’09]
3 Allegro assai[6’26]
4 Variations concertantes Op 17[9’21]
Cello Sonata No 2 in D major Op 58[25’40]
5 Allegro assai vivace[8’10]
6 Allegretto scherzando[5’52]
7 Adagio[4’34]
8 Molto allegro e vivace[7’04]
Neste concerto de estreia de Gustavo Dudamel como regente da Filarmônica de Los Angeles, temos um maestro comedido, todo lento, espécie de mau Celibidache. Resolveu fazer diferente e não ficou bom. Acentuou o judaísmo da música de tal forma como nem Mahler, nem todos os regentes judeus que já regeram a Titã quiseram fazer. Exagerou. Deixou tudo lento. Olha, depois de ouvir Bernstein, Tilson Thomas e Haitink, ficou difícil alcançar o Olimpo nesta sinfonia. É território minadíssimo. Aguardemos que Duda amadureça.
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 1
1. Langsam. Schleppend. Wie ein Naturlaut (Slow. Dragging. Like a sound of nature) 17:01
2. Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell (Vigorous, agitated, but not too fast) 8:48
3. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen (Solemn and measured, without dragging) 11:47
4. Stürmisch bewegt (Passionate, agitated) 20:49