Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concerto nº5, in E-Flat major, op. 73 “Emperor” – Perahia, Haitink, Concertgebow Orchestra

Então chegamos finalmente àquele que muitos consideram o mais belo e mais perfeito Concerto para Piano já composto. Sua composição data de 1809, e desde sua estréia já foi aclamado e ovacionado como a obra prima que é, a suprema realização de Beethoven em seu mais caro e querido instrumento, o piano. A grandiloquência da obra, com sua abertura estonteante, deu-lhe a alcunha de “Imperador”.
E como comentei na primeira postagem desta série, considero esta gravação da dupla Perahia / Haitink contando com a cumplicidade dessa magnífica orquestra holandesa, como uma das melhores já realizadas. Serve para mim como padrão de referência para esse concerto, quando ouço alguma outra versão. O velho LP, comprado há uns trinta anos atrás, está ali na prateleira. Ele já me acompanhou em diversas mudanças, e provavelmente me acompanhará até o final de meus dias. O valor sentimental dele é muito grande para ser vendido.
Mas chega de lero-leros e óbvios ululantes e vamos ao que viemos, dando por concluído a postagem dessa magnífica integral dos Concertos para  Piano de Beethoven com esse timaço, que não canso de repetir, bate um bolão, tornando cada um destes discos facilmente classificáveis como “IM-PER-DÍ-VEIS” !!!!

P.S. Dedico essa série a nosso colega Vassilly, que confidenciou-nos certa vez que de vez em quando troca e-mails com Murray Perahia e Andre Watts. Pediria inclusive ao Vassily que assim que possível, transmitir os cumprimentos a Mr. Perahia por essa magnífica gravação, da parte de um grande admirador de seu talento.

Ludwig van Beethoven – Piano Concerto no.5 in E flat major, Op. 73, ‘Emperor’

01. Piano Concerto no.5 in E flat major, Op. 73, ‘Emperor’; I. Allegro
02. Piano Concerto no.5 in E flat major, Op. 73, ‘Emperor’; II. Adagio un poco moto
03. Piano Concerto no.5 in E flat major, Op. 73, ‘Emperor’; III. Rondo Allegro

Murray Perahia – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Bernard Haitink – Conductor

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Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos nº 3 e nº 4 – Perahia, Haitink, Royal Concertgebow Orchestra

Dando continuidade a essa integral, trago hoje os Concertos de nº 3 e 4. O intérprete é Murray Perahia, acompanhado por Bernard Haitink e a maravilhosa Concertgebow Orchestra, de Amsterdam, a melhor orquestra da atualidade, na verdade, diria que já fazem algumas décadas que ela ostenta esse título.
Como não poderia deixar de ser, a qualidade do intérprete, da orquestra e do regente, amplificam a qualidade destas obras, com Perahia totalmente a vontade, e explorando a verve mais romântica delas, sabendo-se que principalmente o Concerto nº 3 pertence a uma fase de transição nas composições de Beethoven. Prestem atenção movimento Largo do Terceiro Concerto para entenderem o que estou dizendo. Lírico, e profundamente emotivo, diria que os mais emotivos até segurariam uma lágrima ao ouvirem a forma com que Perahia se entrega em sua interpretação.

Piano Concertos nº 3 e nº 4 – Perahia, Haitink, Royal Concertgebow Orchestra

01. Piano Concerto No 3 – Allegro con brio
02. Largo
03. Rondo Allegro
04. Piano Concerto No 4 – Allegro moderato
05. Andante con moto
06. Rondo vivace

Murray Perahia – Piano
Royal Concertgebow Orchestra, Amsterdam
Bernard Haitink – Conductor

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Ludwig van Beethoven (1770-1827) – The Piano Concertos – Piano Concertos 1 & 2 – Perahia, Haitink, RCO

ESTOU REVALIDANDO ESTES LINKS EM HOMENAGEM AO GRANDE BERNARD HAITINK, UM DOS MAIORES MAESTROS DO SÉCULO XX E XXI, E, COMO COMENTOU NOSSO VASSILY , ERA , “COM SOBRAS, O MAIOR REGENTE A RESPIRAR NESTA ATMOSFERA.” NOS PRÓXIMOS DIAS REVALIDAREMOS ANTIGAS POSTAGENS, E NOVIDADES QUE NUNCA APARECERAM POR AQUI. SUA DISCOGRAFIA ERA IMENSA, MAS TENTAREMOS, NA MEDIDA DO POSSÍVEL, TRAZER AO MENOS UMA AMOSTRA DO SEU TALENTO. 

Esta foi a primeira integral dos Concertos para Piano de Beethoven que adquiri. Era muito popular e comum nas lojas de disco nos anos 80. OS velhos LPs já se foram, em uma crise financeira nos inícios dos anos 90 fui obrigado a vender muitos discos, o que lamento profundamente, nem gosto de lembrar daquela época de minha vida.
Mas foi através destas gravações de Beethoven que conheci Murray Perahia, e esta sua parceria com o imenso Bernard Haitink e a inigualável Royal Concertgebow Orchestra de Amsterdam marcou época. em minha vida. Seu Concerto Imperador é um primor de eficiência técnica e estilística, uma gravação que guardo com muito carinho e ao qual sempre recorro para fazer alguma comparação, ou até mesmo para satisfação pessoal.
Mas neste primeiro CD temos os dois primeiros concertos, e sempre que trago essas obras as defino como essencialmente mozartianas, mas já trazendo embutidos em sua alma o DNA beethovenniano. Ou ao contrário. Os senhores decidem.
P.S. Prestem atenção à cadenza do primeiro movimento, recentemente descoberta, e magistralmente interpretada por Perahia.

Nem preciso então dizer que trata-se de uma integral IM-PER-DÍ-VEL !!!.

01. Piano Concerto No 1 – I Allegro con brio
02. Cadenza
03. II – Largo
04. III – Rondo Allegro scherzando
05. Piano Concerto No 2 – I Allegro con brio
06. Cadenza
07. II – Adagio
08. III – Rondo Molto allegro

Murray Perahia – Piano
Royal Concertgebow Orchestra, Amsterdam
Bernard Haitink – Conductor

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.: interlúdio :. John McLaughlin, Elvin Jones, Joe DeFrancesco – After the Rain

Ouvi muito este CD durante alguns anos de minha vida, dentro de um ônibus, indo de uma determinada cidade do interior para a capital do mesmo estado, e vice versa, e fiz essa viagem durante quase 10 anos. Costumava embarcar no final da tarde de domingo rumo a capital, e essa música embalava o entardecer. Esse CD me proporcionou momentos muito agradáveis, que ajudavam a quebrar a rotina das viagens.

Sou fã de John McLaughlin já há bastante tempo, desde minha adolescência, e sempre admirei o músico e a pessoa por trás daquela guitarra. E quando comprei esse CD, que homenageava um dos meus ídolos, John Coltrane, fiquei muito ansioso, principalmente pela participação mais do que especial do lendário baterista Elvin Jones, que tocara com o próprio Coltrane lá nos anos 60. O terceiro nome na época me era estranho, Joe DeFrancesco, e mais estranho o instrumento que ele tocava, um órgão Hammond. Que mistura exótica de sons poderia ouvir? Claro que a satisfação foi imensa ao constatar o talento do músico, e como aquele som se encaixava à perfeição. E um outro detalhe me chamou a atenção: onde estava o baixista? Mas logo entendi que não havia necessidade de um contrabaixo, fosse elétrico, fosse acústico. O Hammond podia cumprir perfeitamente essa ‘lacuna’.

Claro que em se tratando de músicos de tal quilate e tocando Coltrane, o que se destaca aqui é a improvisação. Cada faixa é uma aula de improvisação. E ouvindo novamente esse CD, vinte anos depois daquela cansativa rotina rodoviária, continuo encontrando nele a mesma sensação de frescor e liberdade de improvisação. Sente-se que os três músicos estão totalmente a vontade, tocando com prazer. O tempo passou, fiquei mais velho, me estabeleci finalmente no interior do estado, passei em um concurso público, e hoje  posso ‘curtir’ essa estabilidade que a vida me proporciona, apesar de ainda levar uns tropeços de vez em quando.

01. Take The Coltrane
02. My Favourite Things
03. Sing Me Softly Of The Blues
04. Encuentros
05. Naima
06. Tones For Elvin Jones
07. Crescent
08. Afro Blue
09. After The Rain

John McLaughlin – Guitarra
Joe DeFrancesco – Teclado
Elvin Jones  – Bateria

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Chopin / Mozart / Liszt, por Yulianna Avdeeva

Em minha modestíssima e insignificante opinião, a russa Yulianna Avdeeva é o grande nome feminino do piano da atualidade, e uma fortíssima candidata a ocupar o trono de Martha Argerich. Seu repertório vai de Bach a Prokofiev sem maiores problemas. Não teme se expor nas redes sociais, a acompanho no Facebook, onde de vez em quando faz postagens muito interessantes sobre as obras que está estudando. Quem tiver tempo livre, procurem no Youtube suas lives sobre o Cravo Bem Temperado. Como boa filha de seu tempo, Avdeeva sente-se perfeitamente a vontade na frente de uma câmera para analisar cada um dos prelúdios e fugas e expor suas dificuldades de interpretação.

Neste CD que ora vos trago, temos obras de três compositores bem diferentes. Começando com a maravilhosa ‘Fantasia in Fá Menor, op 49’, de Chopin, que já trouxe em outra ocasião com a mesma pianista, mas em outro contexto, gravado ao vivo. Aqui Yulianna está dentro de um estúdio, então temos uma abordagem diferente, mas igualmente de altíssima qualidade, afinal estamos falando de uma vencedora do dificílimo Concurso Chopin de Varsóvia. E isso é para poucos. Para mostrar ainda mais sua versatilidade e talento, ainda temos A Sonata nº6 de Mozart e duas obras de Liszt, incluíndo a dificílima ‘Après Une lecture Du Dante’, um tour de force para a nossa intérprete.

Chopin:
1 Fantasie In F Minor Op.49

Mozart:
Piano Sonata No.6 In D Major K.284
2 Allegro
3 Rondeau En Polonaise. Andante
4 Tema Con Variazione

Liszt:
5 Après Une Lecture Du Dante – Fantasia Quasi Sonata
6 Aida Di Giuseppe Verdi – Danza Sacra E Duetto Finale S.436

Yulianna Avdeva – Piano

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FDP

Maurice Ravel (1875-1937) – Complete Works for Piano Solo – Louis Lortier

Maurice Ravel (1875-1937) – Complete Works for Piano Solo – Louis Lortier

LINK ATUALIZADO !!!

Esse belo CD duplo começa com uma obra prima de Ravel, a “Pavane pour une infante defunte”,  uma das mais belas obras compostas, não apenas sua versão para piano, aqui magnificamente interpretada por Lortier, mas também sua versão para orquestra também é belíssima, basta ouvirem a versão recém postada pelo PQP das obras orquestrais do bom e velho Maurice Ravel.
Há algum tempo atrás postei uma versão de um de meus pianistas favoritos da atualidade, Jean-Eflaim Bavouzet. Mas essa versão do canadense Louis Lortier não fica atrás. A gravadora inglesa Chandos está com dois excelente pianistas para esse repertório, Bavouzet e Lortier.

Mas enfim, esses dois cds podem ser uma excelente companhia para este domingo chuvoso e frio. Com algumas doses de delicadeza um tanto nostálgica, tenho certeza de que os senhores irão gostar.

CD 1

01. Pavane pour une infante defunte
02. Le Tombeau de Couperin – I. Prelude
03. Le Tombeau de Couperin – II. Fugue
04. Le Tombeau de Couperin – III. Forlane
05. Le Tombeau de Couperin – IV. Rigaudon
06. Le Tombeau de Couperin – V. Menuet
07. Le Tombeau de Couperin – VI. Toccata
08. Serenade grotesque
09. Jeux d’eau
10. Valses nobles et sentimentales – I. Adelaide
11. Valses nobles et sentimentales – II. Assez lent–Avec une expression intense
12. Valses nobles et sentimentales – III. Modere
13. Valses nobles et sentimentales – IV. Assez anime
14. Valses nobles et sentimentales – V. Presque lent–Dans un sentiment intime
15. Valses nobles et sentimentales – VI. Vif
16. Valses nobles et sentimentales – VII. Moins vif
17. Valses nobles et sentimentales – VIII. Epilogue. Lent
18. La Valse – Poeme choregraphique pour orchestre

CD 2

01. Gaspard de la nuit – I. Ondine
02. Gaspard de la nuit – II. Le Gibet
03. Gaspard de la nuit – III. Scarbo
04. Menuet antique
05. Menuet sur le nom d’Haydn
06. A la maniere de…Borodine
07. A la maniere de…Chabrier
08. Prelude in A minor
09. Miroirs – I. Noctuelles
10. Miroirs – II. Oiseaux tristes
11. Miroirs – III. Une barque sur l’ocean
12. Miroirs – IV. Alborada del gracioso
13. Miroirs – V. La Vallee des cloches
14. Sonatine – I. Modere
15. Sonatine – II. Mouvement de menuet
16. Sonatine – III. Anime

Louis Lortier – Piano

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Lortie-Louie-full
Lortier: esse cara sabe o que faz e faz muito bem…

FDP

Sergei Rachmaninov – Duo Genova and Dimitrov Piano Duo – Rachmaninoff: Complete Works for Piano

Talvez eu esteja exagerando, ou então é meio cedo para afirmar isso, mas este é um dos mais belos CDs que tive a oportunidade de ouvir nesse ano. Reconheço que até então estas obras me eram desconhecidas, talvez por falta de oportunidade, de tempo, ou até mesmo desinteresse. A obra de Rachmaninov para mim até então se resumia a seus três primeiros concertos para piano, e os admirava antes de tudo por seu romantismo exacerbado, o conheci na juventude, primeiro romance adolescente, essas coisas.

Mas veio a idade, e com ela a maturidade, e então, eis que de repente este CD magnífico me cai em mãos em momento mais que oportuno, um momento de transição em minha vida, e fez com que eu percebesse que nem tudo é exatamente como eu queria, ou melhor, como eu então imaginava. Conceitos existem para serem derrubados, ou melhorados, melhor dizendo, e preciso reconhecer que sim, existe vida na obra de Rachmaninov além de seus indefectíveis Segundo e Terceiro Concertos.

Ah, mas o FDPBach sempre foi um romântico às antigas, alguns de nossos leitores podem sem dúvida comentar, mas entendam que não estou negando isso, e jamais o farei. O que quero dizer é que, ao ouvir esta Barcarolle do op. 11 algo mudou, como se portas até então fechadas tivessem sido abertas. E não apenas este movimento da Suite merece nossa atenção, mas sim todo o disco.  As ‘Fantasie-Tableaux’ são algo que estão além de nossa primeira impressão, é preciso atenção desde os primeiros compassos, nada ali está por acaso, nada sobra nem falta. Acho que poucas obras fazem tão jus ao nome quanto as Fantasias. Elas nos remetem a um mundo onírico, de sonhos, onde tudo é tênue e se desfaz como seu fosse uma névoa .

A primeira vez que ouvi esta obra foi com o Duo Louis Lortie e Helène Mercier, em um belo registro ao vivo, disponível abaixo no link do Youtube. Em comum com a dupla Genova and Dimitrov, temos aqui uma parceria de mais de vinte e cinco anos, então o nível de cumplicidade é muito alto.

O Duo Genova and Dimitrov está muito a vontade neste repertório. Vale e muito a audição deste belíssimo CD, que faço questão de mostrar para os senhores. Se acharem que exagero nos adjetivos entendam por favor que somos seres volúveis e que estamos sempre a mercê das ondas desse mar que é a vida. E neste momento sinto que a maré virou a meu favor e está me empurrando novamente em direção à praia.

CD 1

01 – 5 Morceaux de fantaisie, Op. 3 No. 2, Prélude in C-Sharp Minor (Version for Piano Duo)
02 – Russian Rhapsody in E Minor
03 – Suite No. 1 in G Minor, Op. 5 Fantaisie-tableaux I. Barcarolle
04 – Suite No. 1 in G Minor, Op. 5 Fantaisie-tableaux II. Oh Night, Oh Love
05 – Suite No. 1 in G Minor, Op. 5 Fantaisie-tableaux III. Tears
06 – Suite No. 1 in G Minor, Op. 5 Fantaisie-tableaux IV. Easter
07 – The Rock, Op. 7 (Version for Piano Duo)
08 – Suite No. 2 in C Major, Op. 17  I. Introduction
09 – Suite No. 2 in C Major, Op. 17  II. Waltz
10 – Suite No. 2 in C Major, Op. 17  III. Romance
11 – Suite No. 2 in C Major, Op. 17  IV. Tarantella
12 – Romance for Piano 4-Hands in G Major
13 – Polka italienne

CD 2

01 – 6 Morceaux, Op. 11 No. 1, Barcarolle
02 – 6 Morceaux, Op. 11 No. 2, Scherzo
03 – 6 Morceaux, Op. 11 No. 3, Thème russe
04 – 6 Morceaux, Op. 11 No. 4, Valse
05 – 6 Morceaux, Op. 11 No. 5, Romance
06 – 6 Morceaux, Op. 11 No. 6, Glory
07 – Capriccio on Gypsy Themes, Op. 12 (Version for Piano Duo)
08 – Symphonic Dances, Op. 45 (Version for Piano Duo) I. Non allegro
09 – Symphonic Dances, Op. 45 (Version for Piano Duo) II. Andante con moto. Tempo di valse
10 – Symphonic Dances, Op. 45 (Version for Piano Duo) III. Lento assai – Allegro vivace

Aglika Genova & Liuben Dimitrov – Pianos

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Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concertos para Piano – Zimerman, Rattle, LSO

Kristian Zimerman me foi apresentado exatamente por seu belíssimo Beethoven gravado com o imenso Leonard Bernstein, já no final da vida do maestro, lá no final dos anos 80. Infelizmente, Lenny veio a falecer antes da conclusão do ciclo, gravado ao vivo em Viena, e Zimerman assumiu a direção da orquestra nos dois primeiros concertos.

Essa antiga gravação, trinta e poucos anos se passaram, foi a minha favorita durante alguns anos, baixei os vídeos inclusive, dirigidos por Humphrey Burton, e estes vídeos estão disponíveis no Youtube, para quem quiser procurar. O que me chamou a atenção na época, e ainda me chama a atenção até hoje, pois de vez em quando ainda volto a elas, enfim, é a tremenda musicalidade que praticamente exala de Zimerman, então um jovem e promissor pianista, recém ganhador do prestigioso Concurso Chopin, de Varsóvia (detalhe: venceu o Concurso com meros 19 anos de idade). Mesmo sem a presença de Bernstein, ele se destacava pelo domínio e destreza em dirigir a famosa orquestra e ainda tocar piano. Tudo bem que se tratava da Filarmônica de Viena, que nem precisa de maestro para executar estas obras, mas mesmo assim me agradou bastante, e também à crítica da época.

Mas trinta e poucos anos se passaram, e Zimerman resolveu voltar a este repertório. Hoje é um sóbrio e discreto senhor de barbas brancas, que dá aulas na destacada universidade suíça da Basiléia (ou Basel, como preferem alguns), mas não tem uma discografia muito grande. Cada disco seu é comemorado e celebrado, pois a maturidade se impõe e o talento, a técnica apurada e o virtuosismo continuam intactos, e convenhamos, não precisa provar mais nada para ninguém.

Para a empreitada chamou o renomado maestro inglês Sir Simon Rattle, em seus últimos dias de Sinfônica de Londres, depois de vários anos à frente da Filarmônica de Berlim (currículo para poucos, certeza). Como os dois tem quase a mesma idade – Rattle é de 1955 e Zimerman de 1956 – creio que a química deu certo.  Os senhores poderão conferir se deu certo ou não.

Não vou mais perder tempo com detalhes. Vamos portanto, ao que viemos: a mais recente integral dos Concertos para Piano de Beethoven, gravados por um dos maiores selos de música clássica de todos os tempos, nas mãos experientes de Kristian Zimerman e de Simon Rattle.

Vou trazer esta integral de uma só vez, para nelhor poderem apreciá-la.

01 Piano Concerto No. 1 in C Major Op. 15 I. Allegro con brio
02 Piano Concerto No. 1 in C Major Op. 15 II. Largo
03 Piano Concerto No. 1 in C Major Op. 15 III. Rondo. Allegro
04 Piano Concerto No. 2 in B Flat Major Op. 19 I. Allegro con brio
05 Piano Concerto No. 2 in B Flat Major Op. 19 II. Adagio
06 Piano Concerto No. 2 in B Flat Major Op. 19 III. Rondo. Molto allegro
07 Piano Concerto No. 3 in C Minor Op. 37 I. Allegro con brio
08 Piano Concerto No. 3 in C Minor Op. 37 II. Largo
09 Piano Concerto No. 3 in C Minor Op. 37 III. Rondo. Allegro
10 Piano Concerto No. 4 in G Major Op. 58 I. Allegro moderato
11 Piano Concerto No. 4 in G Major Op. 58 II. Andante con moto
12 Piano Concerto No. 4 in G Major Op. 58 III. Rondo. Vivace
13 Piano Concerto No. 5 in E Flat Major Op. 73 Emperor I. Allegro
14 Piano Concerto No. 5 in E Flat Major Op. 73 Emperor II. Adagio un poco mosso
15 Piano Concerto No. 5 in E Flat Major Op. 73 Emperor III. Rondo. Allegro

Kristian Zimerman – Piano
London Simphony Orchestra
Sir Simon Rattle – Conductor

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Richard Wagner (1813-1883): Das Rheingold – Fischer-Dieskau, Stolze, etc., Karajan, BPO

NOVOS LINKS, HOSPEDADOS NO ONEDRIVE. E TAMBÉM PARA NOS LEMBRARMOS DO COLEGA AMIRATTORE, QUE PARTIU TÃO PRECOCEMENTE. LEMBRO COMO ELE ESTAVA NERVOSO ENQUANTO PREPARAVA O TEXTO.  

Por um incrível capricho do destino, hoje comemoram-se os 136 anos da morte de Richard Wagner. Confesso que só fui me aperceber disso depois da postagem concluída e agendada. 

Este projeto de postar as óperas wagnerianas do ciclo do ‘Anel dos Nibelungos’ está sendo feito a quatro mãos: eu, FDPBach, e Ammiratore, uma grata aquisição para o blog, um apaixonado por ópera e dono de um acervo considerável. E digo grata aquisição tanto no sentido de conhecimento e paixão pela música, quanto pela amizade que já desenvolvemos, mesmo estando a 800 quilômetros de distância um do outro e conversando apenas por email e Whattsapp.

Sempre temi postar Wagner, não apenas pela complexidade de botar no ar quatorze CDs, mas também pela paixão que o compositor suscita entre seus admiradores. Eu fazia parte de uma comunidade no antigo Orkut formada por estes wagnerianos. E os caras eram peso pesado, alguns inclusive já tinham ido a Bayreuth algumas vezes para assistir a apresentações destas óperas, e eram profundos conhecedores da obra. Devo muito a alguns destes participantes, aprendi muito com eles, infelizmente com o fim daquela rede social, perdi contato com eles.

A escolha da versão que Herbert von Karajan gravou entre 1967 e 1968 foi mais por uma questão de praticidade de minha parte, pois estes arquivos estavam mais facilmente ao alcance. Na verdade, desde o começo a opção foi por ele. Cogitamos George Solti e Karl Böhm, até mesmo uma ‘obscura’ versão do Giuseppe Sinopoli foi cogitada, gravada ao vivo em Bayreuth, mas no final das contas, o nome do velho Kaiser falou mais alto.

O texto de apresentação é do nosso especialista em Ópera, Ammiratore.

“Adoro Wagner, achei importante antes de comentar as obras da tetralogia citar algumas nuances para compreender a excelência do trabalho do compositor. Então vamos lá: “O Anel do Nibelungo”, drama musical que Richard Wagner (1813 – 1883) escreveu durante 26 anos (1848 a 1874), constitui um ciclo de quatro óperas épicas, com cerca de 15 horas de duração. A primeira apresentação de todo o ciclo aconteceu em Bayreuth em 13 de agosto de 1876. Das Rheingold já havia estreado em Munique em 1869, a contragosto do autor.
Wagner criou a história do anel ao fundir elementos de diversas histórias e mitos das mitologias germânica e escandinávia. Em 1851 Wagner escrevia aos amigos: “os meus estudos levaram-me através da Idade-Média até aos antigos Mitos Germânicos fundadores…Aí descobri o Homem Verdadeiro (der wahre Mensch)”. Os Eddas (nome dado a duas coletâneas distintas de textos do séc. XIII, encontradas na Islândia, e que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias referentes aos deuses e heróis da mitologia nórdica e germânica) forneceram material para Das Rheingold, enquanto Die Walküre é amplamente baseada na Saga dos Volsungos (saga islandesa, escrita por volta de 1300, com base na tradição germânica, os eventos reais que inspiraram a narração fantasiosa da saga ocorreram na Europa Central nos séculos V e VI dC). Siegfried contém elementos dos Eddas, da Saga dos Volsungos e da Saga Thidreks (saga nórdica.) A ópera final, Götterdämmerung, é baseada no poema do século XII Nibelungenlied (poema épico escrito na Idade Média por volta de 1200, baseada em motivos heróicos germânicos pré-cristãos) que foi a inspiração original para o Anel. O ciclo é modelado assim como os dramas do teatro grego em que eram apresentadas três tragédias e uma peça satírica. A história do Anel propriamente dita começa com Die Walküre e termina com Götterdämmerung, de forma que Das Rheingold serve como um prólogo. Ao agregar tais fontes numa história concisa, Wagner também acrescentou diversos conceitos modernos. Um dos principais temas do ciclo é a luta do amor, associada à natureza, e liberdade, contra o poder, que está associada à civilização e à lei.
Para realizar a montagem desta saga épica, seria também necessário inovar, Wagner concebeu um arrojado projeto: a construção de um teatro dotado de características imprescindíveis para a apresentação das suas óperas; o teatro da ópera de Bayreuth, na Alemanha. Favoreceu as circunstâncias e os fatores que facultassem ao público uma completa submersão ao tema do espetáculo. Utilizou efeitos sonoros, escureceu a sala de espetáculo, tornou a orquestra invisível ao espectador e realinhou a plateia para que o espectador melhor se envolvesse na performance. Vale lembrar que até meados do séc. XIX, o comportamento do espectador durante um espetáculo de ópera era completamente distinto do dos dias de hoje: entrava-se e saía-se da sala arbitrariamente para comer, ler jornais ou revistas, conversar, jogar às cartas ou falar de política. Só as famosas árias cantadas por artistas de renome eram escutadas com atenção. Wagner pretendia que a arte passasse por um processo de reeducação do público através dos modelos da Grécia antiga. Isto não seria feito através de uma transposição da tragédia grega para o século XIX, mas sim, através de uma releitura do passado. Consciente desta realidade, inspirado na estrutura da tragédia grega e defendendo valores intrinsecamente românticos, o compositor propunha a junção entre diferentes formas ou linguagens artísticas, pretendendo produzir um espetáculo abrangente, pleno e absoluto. A ópera de Wagner requer uma atitude específica por parte do espectador que terá que mergulhar na obra para que a mágica se complete e tenha efeito. Foram transformações invulgares para a época. Atualmente, porém, são lugar comum nos espetáculos de ópera e de bailado contemporâneos, possibilitando uma unificação entre o público, a orquestra e a cena propriamente dita. O impacto das ideias de Wagner ainda pode ser sentido em muitas manifestações artísticas ao longo de todo o século XX (sobretudo no cinema com “leitmotiv” caracterizando personagens na telona).
Vamos tentar deixar a política e as tretas envolvidas de lado e focar na arte; na noite de 13 de agosto de 1876 inaugurava-se em Bayreuth, na Baviera, um teatro sem similar no mundo. Havia, além do imenso auditório, cercado de colunas em estilo grego, um extraordinário conjunto de recursos técnicos que permitiam encenações muito mais ricas e complexas. Para alicerçar a grandiosidade do Anel, Wagner empregou uma orquestra gigantesca. E porque pretendia obter certos efeitos especiais, abriu lugar, na orquestração, a instrumentos que ele próprio inventou: as tubas wagnerianas ou tubas de Bayreuth – como são hoje conhecidos esses produtos híbridos da trompa tradicional e do trombone. Wagner julgava seu timbre ideal para certos momentos bem específicos, como os temas principais do Walhalla e o tema dos Walsungos. Então ali, entre monarcas e demais convidados ilustres, Wilhelm Richard Wagner, realiza o velho sonho: finalmente,
seria levado à cena, por completo, o ciclo de quatro dramas musicais que formava a sua maior obra – O Anel do Nibelungo. A 17 de agosto, encerrava-se com êxito a primeira apresentação integral, sob a regência de Hans Richter; e o espetáculo iria repetir-se por mais duas vezes consecutivas. Diversas são as opiniões sobre a monumental tetralogia, a que gostei mais foi dada pelo compositor e viajante inveterado o francês Saint – Saens: “Mil críticos, escrevendo cada qual mil linhas, durante dez anos, danificaram esta obra tanto quanto a respiração de uma criança poria em risco a estabilidade das pirâmides do Egito”.

Resumo: O ouro do Reno (Das Rheingold)
Nas águas serenas do Reno, três moças nadam com movimentos ágeis. As ondinas, filhas do velho rio, parecem apenas divertir-se – seu canto alegre assim faz crer – mas ali estão com tarefa bem precisa: são as guardiãs do ouro oculto e protegido no fundo da corrente. Woglinde, Wellgunde e Flosshilde surpreendem-se com o aparecimento de Alberich, o anão que vive com seus iguais em Nibelheim, lugar de escuras cavernas. Chegam a assustar-se, ao se verem perseguidas pelo anão, cujos olhos as cobiçam e desejam. Mas a apreensão dos primeiros momentos logo acalma e passam a rir-se, entre acenos de estímulo e rápidas esquivas, enquanto Alherich vocifera por não realizar seus intentos. Exasperado, êle as maldiz, e as ondinas tornam a afastar-se por entre as rochas. E quando intensa, fulgurante luminosidade se insinua por entre as águas, fazendo o anão deter-se em tensa expectativa. Que significaria aquele clarão? Respondem-lhe as jovens que é o ouro do Reno a refulgir. “E para que serve esse ouro?” pergunta ainda Alberich. Fica sabendo, então, que o valioso metal é fonte de todo poder: será senhor do mundo quem com ele fundir um anel, adorno que imediatamente concentrará incomensurável força de sortilégio. Há um pormenor, porém: somente será capaz de moldar o anel aquele que renunciar ao amor. E isso tranquiliza as ondinas, que fazem a sedutora revelação sem recear pela segurança do tesouro. Afinal, parece-lhes evidente que Alberich não optaria jamais por aquela hipótese. Enganavam-se: ele, agora, deseja ardentemente o poder sem medida. E, com um grito, expressa a escolha inesperada – “Eu maldigo o amor!” -, enquanto se lança em direção ao ouro, do qual se apossa, para desaparecer em seguida nas profundezas que o levariam de volta a Nibelheim. Em vão as filhas do Reno clamam por socorro. Esvai-se a luz. Desce uma névoa cinzenta, que se transforma depois em nuvens sempre mais claras. Ao dissolver-se, permite ver uma região montanhosa. Ao fundo, domina majestosa construção, de contornos cintilantes, a cujos pés corre o Reno, num vale profundo. Há pouco despertados, Wotan, pai dos deuses, e sua mulher, Fricka, deusa da virtude e da fecundidade, extasiam-se com a visão da morada divina, levantada pelos gigantes Fasolt e Fafner. Dura pouco, no entanto, este despreocupado embevecimento. Fricka lembra a Wotan o preço que devem pagar aos construtores: a virgem Freia. Que farão os deuses quando,sem ela, que é a deusa do amor e da eterna juventude, começarem a envelhecer e se forem aproximando irremediavelmente da hora extrema? Wotan responde-lhe com palavras de otimismo: que não se aflija, pois, na verdade nunca pensou realmente em entregar Fréia e está certo de poder convencer os gigantes a aceitarem outra recompensa qualquer. Para tanto, conta sobretudo com a astuciosa inventividade de Loge, deus do fogo. Mas Fasolt e Fafner já cuidam de apossar-se da virgem. Perseguida por ambos, ela corre espavorida junto: de Wotan. Este tenta ganhar tempo,mas apenas enfurece os gigantes quando diz, a princípio, não se lembrar da promessa, argumentando depois que nela consentira apenas por brincadeira. Providencialmente, aparecem Donner, deus da tempestade e do trovão, e Froh, deus do sol, que arremetem contra os irados gigantes. É o próprio Wotan, todavia, quem se empenha em apartar os contendores, curvando-se, finalmente, à evidência de que, sendo também o deus dos tratados, não lhe resta alternativa senão cumprir o acordo. Eis então que chega o astuto Loge; mas sua presença, para desencanto de Wotan, em nada contribui para tirá-lo da difícil situação. Bem pelo contrário: o deus do fogo admite que os giganta realmente merecem Fréia, tão portentosa é a obra que concluíram. Procurou muito – diz – nada encontrou que, em substituição a virgem, pudesse servir de recompensa à altura do empreendimento. E, aparentando indiferença relata a Wotan o roubo do ouro pelo anão Alberich, agora dotado de infinitos poderes, já que deve ter moldado o anel mágico. Fasolt e Fafner mostram-se interessados, pedem detalhes, principalmente porque sempre temeram os homenzinhos de Nibelheim. Wotan, por sua vez ouve, imerso em sonhos de grandeza inspirados pela possibilidade de ficar de posse do anel fabuloso. Não concorda, por isso, quando os gigantes exigem que o anel lhes seja entregue, para desistirem de Fréia. Além do mais, como pode dispor de algo que não possui? Ante a relutância de Wotan, Fasolt agarra a virgem e declara-se disposto a aguardar somente até a noite por uma decisão. Wotan que escolha:
conseguir o anel e entregá-lo, ou perder para sempre a juventude. Os gigantes se afastam, arrastando Fréia. A medida que se distanciam, os deuses vão-se transfigurando, para ganharem aparencia de velhos cansados. Wotan não pode perder sequer outro minuto: descerá com Loge ao reino de Nibelheim.
Dono do ouro, Alberich é agora senhor de todos os anões que vivem em Nibelheim, servos que devem entregar-lhe os objetos preciosos que fabricam. Nas profundezas da Terra, o reino dos anões vive em terror, sob o jugo daquele que se apossou do ouro do Reno e moldou o anel mágico. É Mime, irmão de Alberich, quem retrata a Wotan e Loge a desdita de seu povo. E mais: usando um elmo (o Tarnhelm), que lhe ordenara fabricar com o mesmo ouro, Alberich ganhou ainda o poder de tornar-se invisível ou transformar-se no que bem entender, para mais facilmente exercer seu domínio. Nesse momento surge Alberich. Pergunta aos deuses o que fazem ali. Tem uma resposta que mexe com sua vaidade: diz Wotan que vieram apreciar de perto as maravilhas que, ouviram falar, vêm-se processando em Nibelheim sob seu comando. O anão desfia seguidas bravatas, escarnece mesmo da condição inferior dos interlocutores ante seus poderes. Loge prossegue no jogo: e como faz Alberich para se precaver contra possíveis tentativas de lhe tomarem o anel, quando está dormindo? O anão explica que, graças ao elmo, pode tornar-se invisível. Por isso, adormece tranquilo. Loge pede-lhe uma prova concreta dessa capacidade. Alberich o atende de imediato, transformando-se em dragão. E seria ele capaz de transmudar-se num ser de tamanho bem pequeno para, se fosse o caso, mais facilmente escapar numa emergência? Ainda uma vez Alberich se deixa ludibriar e comprova a versatilidade do poder mágico: em segundos, é apenas um sapo. Imediatamente, Wotan o prende sob o pé, enquanto Loge lhe arrebata o elmo. Voltando à sua forma natural, Alberich procura resistir, mas é amarrado e levado para a superfície. Ali, os deuses obrigam-no a entregar todo o tesouro, se quiser reaver a liberdade. Sem alternativa, Alberich lhes faz a vontade e, sob ameaças, abre mão também do anel, que Wotan coloca no próprio dedo. Lança, no entanto, tanto, feroz maldição:” Assim como o anel deu a mim poder ilimitado, do mesmo modo vitime pela sua magia aqueles que o possuírem!”
Chegam os gigantes, que renovam a oferta de acordo. Exigem, porém – é Fasolt quem fala -, tanto ouro quanto seja necessário para ocultar de suas vistas toda a formosura da virgem. Os deuses atendem, vendo-se por fim privados do próprio anel e até do elmo, apesar dos protestos de Wotan.
Os gigantes libertam Fréia, que, jubilosa, se reúne a seus pares, de novo jovens e imortais. Agora, porém, os dois discutem, Fafner querendo a parte maior do tesouro. Termina por matar Fasolt. Ouvem-se trovoadas ensurdecedoras, relâmpagos cortam o céu. Não demora a surgir esplêndido arco-íris, verdadeira ponte que se estende do altiplano, onde se encontram os deuses, ao rochedo, no qual se ergue o castelo deslumbrante. Guiados por Wotan, todos se dirigem para o Walhalla, magnífica morada.”

Após esta breve descrição da ópera, Ammiratore faz uma análise mais detalhadas dos solistas envolvidos:

Como poderíamos esperar, Karajan interpreta “ O ouro do Reno “ como música de um cosmos lírico, com uma clareza radiante, virtuosidade de som, contrastes altamente eficazes, beleza vocal e instrumental. O que se destaca especialmente é o cuidado que Karajan leva para ser sempre mais atencioso com seus cantores, e isso ele certamente é. Para assegurar a beleza vocal e instrumental da tetralogia é necessário invocar as forças dos deuses da música e Karajan as possui. Karajan sempre em sinergia com a Orquestra Filarmônica de Berlim e seu admirável elenco de cantores. Um ótimo exemplo da unidade orquestral está no início do Preludio, o som que Karajan tira dos contrabaixos é envolvente, imergimos imediatamente na atmosfera do drama musical. Os “efeitos” usados na gravação como o som dos martelos e dos gritos dos Nibelungos estão na medida certa, sem exageros. Fischer-Dieskau, um barítono leve é um Wotan que nos leva a sua origem divina, voz muito bonita e Karajan dá um tratamento em que podemos apreciar plenamente sua performance verdadeiramente distinta. Gerhard Stolze interpreta Loge e da um relato malicioso e astucioso do desprezo pelos outros deuses. Como Martin Cooper diz no livreto desta gravação, Loge é “o único ser claro e racional em todas as personagens do Anel, os outros são os escravos de suas paixões, suas ambições ou emoções”. Stolze usa uma extraordinária variedade de tom de um mero sussurro – às vezes quase inaudível – para a denúncia, e gerencia as frases líricas que lhe são dadas muito bem. Este é um desempenho virtuoso. Zoltan Kelemen é um Alberich que preenche os seus momentos de ódio e indignação muito bem. Erwin Wohlfahrt é um Mime bem cantado. O baixo enorme de Martti Talvela como Fasolt é vocalmente extraordinário e sua abordagem romântica sugere um jovem gigante romântico mais interessado em Freia do que no ouro. Karl Ridderbusch como Fafner, também uma bela voz, demosntra frieza convincente. Entre as cantoras Josephine Veasey se destaca como Fricka e dá outro excelente desempenho nesta gravação.
Em suma, esta série do Anel que postaremos com o Karajan e sua turma é soberbo, interpretação extraordinariamente fiel, nunca excêntrica, nunca intrusiva, lírica, sem nunca tornar-se frouxa ou lenta, dramática sem nunca ser arrogante, uma abordagem sutil, sem ser agressiva – elegante. Gravações esplêndidas.

Dietrich Fischer-Dieskau barítono – Wotan
Zoltán Kelemen baixo – Alberich
Josephine Veasey mezzo – Fricka
Gerhard Stolze tenor – Loge
Erwin Wohlfahrt tenor – Mime
Martti Talvela baixo – Fasolt
Karl Ridderbusch baixo – Fafner
Donald Grobe tenor Froh
Simone Mangelsdorff soprano – Freia
Helen Donath soprano – Woglinde
Edda Moser soprano – Wellgunde
Anna Reynolds mezzo – Flosshilde
Berlin Philharmonic Orchestra / Herbert von Karajan

CD 1

1 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A – Vorspiel
2 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Weia! Waga! Woge du Welle!”
3 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “He he! Ihr Nicker!”
4 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Garstig glatter glitschriger Glimmer!”
5 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Lugt, Schwestern! Die Weckerin lacht in den Grund”
6 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Nur wer der Minne Macht entsagt”
7 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Der Welt Erbe gewänn’ ich zu eigen durch dich?”
8 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Erste Szene – “Haltet den Räuber!”
9 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – Einleitung
10 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Wotan! Gemahl! Erwache!”
11 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “So schirme sie jetzt”
12 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Sanft schloss Schlaf dein Aug'”
13 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Was sagst du? Ha, sinnst du Verrat?”
14 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Du da, folge uns!”
15 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Endlich, Loge! Eiltest du so”
16 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Immer ist Undank Loges Lohn!”
17 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Ein Runenzauber zwingt das Gold zum Reif”
18 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Hör’, Wotan, der Harrenden Wort!”
19 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Schwester! Brüder! Rettet! Helft!”
20 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – “Wotan, Gemahl, unsel’ger Mann!”
21 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Zweite Szene – Verwandlungsmusik
22 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Hehe! hehe! hieher! hieher! Tückischer Zwerg!”
23 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Nibelheim hier”
24 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Nehmt euch in acht! Alberich naht!”

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Disc 2
1 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Zittre und zage, gezähmtes Heer”
2 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Die in linder Lüfte Wehn da oben ihr lebt”
3 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Ohe! Ohe! Schreckliche Schlange”
4 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Dritte Szene – “Dort die Kröte! Greife sie rasch!”
5 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Da, Vetter, sitze du fest!”
6 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Wohlan, die Niblungen rief ich mir nah”
7 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Gezahlt hab’ ich, nun lasst mich ziehn”
8 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Ist er gelöst?”
9 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Lauschtest du seinem Liebesgruß?”
10 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Lieblichste Schwester, süsseste Lust!”
11 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Gepflanzt sind die Pfähle nach Pfandes Mass”
12 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Weiche, Wotan, weiche! Flieh des Ringes Fluch!”
13 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Soll ich sorgen und fürchten”
14 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Halt, du Gieriger! Gönne mir auch was!”
15 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Nun blinzle nach Freias Blick”
16 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “He da! He da! He do! Zu mir, du Gedüft!”
17 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Bruder, hieher! Weise der Brücke den Weg! … Zur Burg führt die Brücke”
18 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Abendlich strahlt der Sonne Auge”
19 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “So grüss’ ich die Burg”
20 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A / Vierte Szene – “Rheingold! Rheingold!”
21 Wagner: Das Rheingold, WWV 86A – Vorspiel

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Ammiratore e FDPBach

Yuliana Avdeeva – Chopin – 16th International Fryderyck Chopin Piano Competition in Warsaw 2010

A pianista russa Yulianna Avdeeva nasceu em 1985, em Moscou. Já aos cinco anos de idade sentava-se ao piano, e com vinte e cinco anos vencia o prestigioso Concurso Chopin de Varsóvia. As gravações destes Cds que trarei para os senhores são registros daquelas apresentações do Concurso. As consegui em algum antigo blog já há alguns anos. Detalhe: Yulianna foi a primeira mulher a ganhar este Concurso desde Martha Argerich, que foi a vencedora em 1965 (trinta e cinco anos antes !!!).
Considerando o nível altíssimo destas competições, não é de admirar a qualidade destas interpretações. Avdeeva é uma pianista perfeccionista, como venho observando quase que semanalmente em suas lives no Facebook. Ali, durante algumas semanas, ela analisou e interpretou os dois Cadernos do Cravo Bem Temperado de Bach, peça por peça. Um trabalho minucioso, que demonstra a total dedicação e respeito da artista tanto à obra quanto ao compositor.
Mas aqui tratamos de Chopin, senhores. E Avdeeva se encontra totalmente a vontade quando interpreta petardos como a Fantasia, op. 49, ou a imensa Balada em Fá Menor, op. 52, ou o meu amado Concerto nº 1 para piano, acompanhado pelo experiente maestro Antoni Witt, três obras extremamente difíceis onde a entrega do músico tem de ser total.
Vou trazer alguns cds desta incrível pianista para os senhores. É com imenso prazer que apresento Yulianna Avdeeva para quem não a conhece, para poderem desfrutar do talento de um artista em formação, mas já completamente ciente de sua capacidade e talento.  Não foi apenas pela sua beleza que o grande maestro belga Frans Brüggen gravou com ela os dois Concertos para Piano de Chopin, que vou trazer para os senhores assim que possível.

01 – Fantasy in F minor Op.49
02 – Nocturne in D-flat major Op.27 No.2
03 – Ballade in F minor Op.52
04 – Piano Concerto No.1 in E Minor Op.11 I – Allegro Maestoso
05 – Piano Concerto No.1 in E Minor Op.11 II – Romance. Larghetto
06 – Piano Concerto No.1 in E Minor Op.11 III – Rondo. Vivace

Yulianna Avdeeva – Piano
Warsaw Philharmonic Orchestra
Antoni Witt – Conductor

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Nicolò Paganini (1782-1840) – 24 Caprices, op. 1 – Alina Ibragimova

Não se deixe enganar pela aparência de menina de Alina Ibragimova. A violinista russa completa trinta e seis anos de idade agora em setembro. E por trás desta aparência de menina se esconde uma excepcional intérprete, com uma técnica apuradíssima e uma virtuose no violino já há bastante tempo reconhecida pela crítica especializada. E é figurinha carimbada aqui no PQPBach, o que demonstra o quanto somos seus fãs.

A nova investida da moça são ‘apenas’ os Caprichos para Violino de Paganini, um terror para os intérpretes, que tem de se desdobrar para dar conta das armadilhas e dificuldades das peças. Não trouxemos muito essas obras aqui pro blog, alguns colegas as consideram um monte de notas dispersas, sem eira nem beira, outros dizem que não é bem assim, elas tem sua importância, não são apenas exercícios vazios e sem conteúdo. Enfim, resolvi trazê-las novamente pois afinal de contas, antes de tudo, trata-se de um CD da Alina Ibragimova. E fresquinho, recém saído do forno.

1 No 1 In E Major Andante
2 No 2 In B Minor Moderato
3 No 3 In E Minor Sostenuto – Presto
4 No 4 In C Minor Maestoso
5 No 5 In A Minor Agitato
6 No 6 In G Minor [Adagio]
7 No 7 In A Minor Posato
8 No 8 In E Flat Major Maestoso
9 No 9 In E Major Allegretto
10 No 10 In G Minor Vivace
11 No 11 In C Major Andante – Presto
12 No 12 In A Flat Major Allegro
13 No 13 In B Flat Major Allegro
14 No 14 In E Flat Major Moderato
15 No 15 In E Minor Posato
16 No 16 In G Minor Presto
17 No 17 In E Flat Major Sostenuto – Andante
18 No 18 In C Major Corrente: Allegro
19 No 19 In E Flat Major Lento – Allegro Assai
20 No 20 In D Major Allegretto
21 No 21 In A Major Amoroso
22 No 22 In F Major Marcato
23 No 23 In E Flat Major
24 No 24 In A Minor Tema Con Variazioni: Quasi Presto

Alina Ibragimova – Violin

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Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

Riccardo Chailly já gravou duas integrais das Sinfonias de Johannes Brahms. A primeira, em  1988, ele gravou com a Orquestra do Concertgebouw, de Amsterdam. Em 2013, encarou novamente o desafio, desta vez com a Gewandhausorchester Leipzig, que é a que trago para os senhores hoje.

É difícil escolher qual delas é a melhor, nem sei se vem ao caso discutir isso. São gravações realizadas em dois momentos distintos, vinte e poucos anos de experiência adquirida, maturidade, enfim.  O que posso dizer que ambas foram bem recebidas pela crítica.

Também não vem ao caso discutir as obras, de tantas vezes que elas já apareceram por aqui. Já escrevemos várias linhas sobre elas, principalmente sobre a primeira. Procurem ali na lupa postagens lá dos primórdios do PQPBach, ainda antes da virada da primeira década do século.

Riccardo Chailly também dispensa apresentações, é figurinha carimbada por aqui. Lembro que minha primeira postagem com ele foi da incendiária gravação com Martha Argerich do Terceiro Concerto para Piano de Rachmaninov, um primor em todos os seus detalhes.

Sempre digo por aqui que Brahms não deve ser ouvido apenas como música ambiente, música de fundo. Para uma melhor apreciação é necessária uma certa concentração, assim conseguimos distinguir o que há nas entrelinhas. Para o meu gosto, nesta gravação que ora vos trago Chailly acelerou um pouco os tempos, mas isso não atrapalha o conjunto da obra. Vale e muito a audição, principalmente por causa da espetacular orquestra de Leipzig.

Espero que apreciem.

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

CD 1

Symphony No. 1 In C Minor, Op. 68
1 I Un Poco Sostenuto, Allegro
2 II Andante Sostenuto
3 III Un Poco Allegretto E Grazioso
4 IV Adagio, Allegro Non Troppo Ma Con Brio

Symphony No. 3 In F Major, Op. 90
5 I Allegro Con Brio
6 II Andante
7 III Poco Allegretto
8 IV Allegro

CD 2

Symphony No. 2 In D Major, Op. 73

1 I Allegro Non Troppo
2 II Adagio Non Troppo
3 III Allegretto Grazioso
4 IV Allegro Con Spirito

Symphony No. 4 In E Minor,
5 I Allegro Non Troppo
6 II Andante Moderato
7 III Allegro Giocoso
8 IV Allegro Energico E Passionato
9 Symphony No. 4 In E Minor, Op. 98: Alternative Opening

CD 3

1 Tragic Overture, Op. 81: Allegro Ma Non Troppo – Molto Più Moderato – Tempo Primo Ma Tranquillo
2 Intermezzo, Op.116 No.4: Adagio
3 Intermezzi, Op.117: Andante Moderato

Variations On A Theme By Joseph Haydn, Op.56a
5 Tema: Chorale St. Antoni. Andante
6 Var.1: Poco Più Animato
7 Var.2: Più Vivace
8 Var.3: Con Moto
9 Var.4: Andante Con Moto
10 Var.5: Vivace
11 Var.6: Vivace
12 Var.7: Grazioso
13 Var.8: Presto Non Troppo
14 Finale: Andante

9 Liebeslieder-Walzer From Opp.52 & 65

15 Op.52 No.1
16 Op.52 No.2
17 Op.52 No.3
18 Op.52 No.4
19 Op.52 No.5
20 Op.65 No.9
21 Op.52 No.11
22 Op.52 No.8
23 Op.52 No.9

24 Symphony No.1 In C Minor, Op. 68: II Andante (Original First Performance Version)
25 Academic Festival Overture, Op. 80 (Allegro – Maestoso – Animato – Maestoso)

3 Hungarian Dances
26 No.1 In C Minor: Allegro Molto
27 No.3 In F: Poco Più Animato
28 No.10 In F: Presto

Gewandhausorchester Leipzig
Riccardo Chailly – Conductor

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PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Violin & Viola Sonatas – Oscar Shumsky & Leonid Hambro

Cá estou novamente fuçando e esmiuçando a obra de Brahms, este compositor que me é tão caro, que me suscita tantas emoções. Fiz uma brincadeira há alguns anos, postei dois cds com as Sonatas para Violino e deixei a responsabilidade para nossos leitores – ouvintes para tentarem chegar a uma decisão de qual era a melhor gravação. Era um embate peso pesado, Viktoria Mullova x Anne-Sophie Mutter, e nem lembro qual foi o placar, mas o que importa?

Hoje, passados mais de dez anos, retorno a estas sonatas com outros olhos, ou melhor, outros ouvidos. Ainda sou um caçador de discos, e ainda procuro o Santo Graal dentre tantas opções que existem no mercado. Hoje também me sinto mais maduro e sensível, mas trata-se de uma maturidade e sensibilidade diferentes, o peso da idade se faz sentir, se é que consigo me expressar. Nem consigo definir qual destas três sonatas é a minha preferida, mas nem quero definir. Cada uma delas tem seu momento único que me comove. Curioso, a obra de Brahms tem esse efeito sobre mim. Seja em suas sinfonias, ou em seus concertos, sempre estou no aguardo deste momento.

E é exatamente a maturidade de Oscar Shumsky que me atraiu para este CD duplo. Como é a famosa frase? “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”, como já dizia Heráclito há dois mil anos .. é assim que entendo quando um intérprete encara novamente uma determinada obra depois de muito anos. Sua sensibilidade está mais aguçada e isso vai ser fundamental já a partir dos primeiros acordes. Claro que sei que é tudo fruto da experiência, da repetição, da análise, do estudo. A prática leva à perfeição, com o perdão do clichê.

Eu não conhecia Oscar Shumsky até ter acesso ao belo CD em que interpreta as Danças Húngaras de Brahms, que trouxe dia destes. E logo em seguida, tive acesso a este CD em que toca as Sonatas para Violino e para Viola. O violinista norte americano, nascido de pais russos – judeus, já estava com setenta e quatro anos quando gravou este CD, acompanhado pelo pianista Leonid Hambro. E já desde os primeiros momentos podemos sentir que o que estamos ouvindo são os anos de prática e de estudo, aliados a maturidade técnica e artística.  Uma curiosidade sobre esse violinista: era também fotógrafo amador, também muito reconhecido por seu trabalho, vindo a se especializar em fotos do mundo microscópico, autodidata, por sinal.  Uma personalidade única, com certeza.

Espero que apreciem, como diria nosso querido Carlinus.

Johannes Brahms (1833-1897) – Violin & Viola Sonatas – Oscar Shumsky & Leonid Hambro

CD 1

Violin Sonata No. 1 In G Major, Op. 78
1-1 I Vivace Ma Non Troppo
1-2 II Adagio
1-3 III Allegro Molto Moderato

Violin Sonata No. 2 In A Major, Op. 100
1-4 I Allegro Amabile
1-5 II Andante Tranquillo – Vivace – Andante – Vivace di Più – Andante Vivace
1-6 III Allegretto Grazioso (Quasi Andante)

Violin Sonata No. 3 In D Minor, Op. 108
1-7 I Allegro
1-8 II Adagio
1-9 III Un Poco Presto E Con Sentimento
1-10 IV Presto Agitato

CD 2
Viola Sonata No 1 In F Minor, Op. 120, Op. 120, No 1
2-1 Allegro Appassionato
2-2 Andante Un Poco Adagio
2-3 Allegretto Grazioso
2-4 Vivace

Viola Sonata No 2 In E-Flat Major, Op. 120, No 2
2-5 Allegro Amabile
2-6 Appassionato, Ma Non Troppo-Allegro
2-7 Andante Con Moto

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Robert Schumann (1810-1853) – 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102, Cesar Franck (1822-1890) – Violin Sonata in A major (arranged for Cello), Peter Ruzicka (*1948) Recitativo for Cello and Piano, Camille Saint-Saëns (1835–1921) Introduction and Rondo capriccioso – Radutiou, Runberg

Chove já há alguns dias aqui em minha cidade. É uma chuva intermitente, teimosa. Dizem que tem um sistema de alta pressão agindo sobre o estado, aliado a um ciclone extra tropical que está sobre o oceano, por isso o tempo está nublado e chuvoso em todo o sul do país.
O teclado de meu notebook está com problemas, na verdade é um problema de fábrica. O saudoso Ammiratore, um mestre na administração de dezenas de computadores em seu serviço, comentou que o problema não estaria no teclado, que por sinal já foi trocado, e sim na placa mãe. Ou seja, a solução seria comprar um novo. E isso, meus caros, está totalmente fora de cogitação.
Quem também é um mestre em seu instrumento é o violoncelista Valentin Radutiu, que nos traz uma das mais belas versões que já ouvi da maravilhosa Sonata de Cesar Franck, em sua versão para o irmão maior do violino. O rapaz é um grande expoente do seu instrumento neste começo de século XXI, e este belíssimo Cd é uma prova disso, levando em conta que é sua estréia no mercado fonográfico, o rapaz tinha 25 anos na época em que o gravou. Mas ele não se deixa intimidar, e encara com muita energia e coragem a Sonata de Franck e outras duas outras obras igualmente técnicas e muito difíceis, o “Recitativo para Violoncelo e Piano” de Peter Ruzicka e ‘Introduction and Rondo capriccioso in A Minor, op. 28” de Saint-Säens.
Estes dias chuvosos são um tanto quanto melancólicos, talvez por este motivo escolhi Franck e Schumann para iniciar os trabalhos do dia. E foi uma escolha apropriada.  Espero que apreciem.

01. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 1. Mit Humor
02. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 2. Langsam
03. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 3. Nicht schnell, mit viel Ton zu spielen
04. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 4. Nicht zu rasch
05. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 5. Stark und markiert
06. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) I. Allegro ben moderato
07. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) II. Allegro
08. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) III. Recitativo – Fantasia Ben moderato – Largamento con fantasia
09. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) IV. Allegro Moderato
11. Introduction et rondo capriccioso in A minor, Op. 28 (arr. V. Radutiu for cello and piano)

Valentin Radutiu – Cello
Per Rundberg – Piano

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Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Isaac Stern Plays Mozart

Havia um tempo, não muito tempo atrás, em que a Terra era dominada por excepcionais violinistas, mestres supremos e soberanos de seus instrumentos: David Oistrakh, Jascha Heifetz, Henryk Szering, Nathan Milstein, Isaac Stern, entre outros. E todos eles eram contemporâneos, habitavam o planeta ao mesmo tempo, e dominavam os palcos do mundo todo.

Dentre estes acima citados, Isaac Stern era o mais novo. Morreu em 2001, aos 81 anos. Apesar de ter nascido na Ucrânia, ainda bebê seus pais imigraram para os Estados Unidos, se estabelecendo em San Francisco.

Estas gravações dos concertos de Mozart valem cada minuto de sua audição. Nomes como George Szell, Pinchas Zukerman, Jean Pierre Rampal e Daniel Barenboim estão entre os maestros que o acompanham, então a qualidade está garantida.

Espero que apreciem.

CD 1

01-Concerto No 1 in B-flat Major for Violin – I. Allegro moderato
02-Concerto No 1 in B-flat_Major_for_Violin –  II. Adagio
03-Concerto No 1 in B-flat Major_for_Violin – III. Presto

Columbia Symphony Orchestra
George Szell – Conductor
Isaac Stern – Violin

04-Concerto No 2 in D Major for Violin – I. Allegro moderato
05-Concerto No 2 in D Major for Violin – II. Andante
06-Concerto No 2 in D Major for Violin – III. Rondo. Allegro

English Chamber Orchestra]
Alexander Schneider – Conductor

07-Concerto No 3 in G Major for Violin – I. Allegro
08-Concerto No 3 in G Major for Violin – II. Adagio
09-Concerto No 3 in G Major for Violin – III. Rondo. Allegro

Members of Cleveland Orchestra

CD 2

1. Concerto Nº 4 in D Major for Violin I. Allegro
2. II. Andante cantabile
3. III. Rondeau. Andante grazioso

English Chamber Orchestra
Alexander Schneider – Conductor

4. Concerto No 5 in A Major for Violin I. Allegro aperto
5. II. Adagio
6. III. Rondeau – Tempo di Menuetto

Columbia Symphony Orchestra
George Szell – Conductor

7. Adagio for Violin and Orchestra in E Major, K. 261
8. Rondo for Violin and Orchestra in C Major, K. 373

English Chamber Orchestra
Alexander Schneider – Conductor

Disc: 3
1. Concertone in C Major for Two Violins I. Allegro spiritoso
2. II. Andantino grazioso
3. III. Tempo di Menuetto – Vivace
4. Sinfonia Concertante for_Violin Viola I. Allegro maestoso
5. II. Andante
6. III. Presto

Pinchas Zukerman – Violin, Viola
English Chamber Orchestra
Daniel Baremboim – Conductor

7. Serenade No6 in D Major K239 I. Marcia. Maestoso
8. II. Menuetto
9. III. Rondeau. Allegretto

Franz Liszt Chamber Orchestra

CD 4
01-March in D Major K.249
02. Serenade in D Major K.250 248b Haffner I. Allegro maestoso – Allegro molto – Jean-Pierre Rampal
03. II. Andante
04. III. Menuetto
05. IV. Rondeau. Allegro
06. V. Menuetto galante – Trio
07. VI. Andante
08. VII. Menuetto
09. VIII. Adagio – Allegro assai

Franz Liszt Chamber Orchestra
Jean Pierre Rampal – Conductor

10. Adagio for Violin and Orchestra in E Major, K. 261
11. Rondo for Violin and Orchestra, K. 373

Franz Liszt Chamber Orchestra

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Johannes Brahms (1833-1897) – As Danças Hungaras em diversas opções

A história da composição destas ‘Danças Húngaras’ é meio nebulosa, desde acusações de plágio até desconfianças sobre como Brahms as compôs se nunca foi até aquele país, nem teve contato direto com sua cultura. Isso remete ao excepcional trabalho de resgate que o colega Vassily Genrikhovich vem fazendo da obra de Bártok, quando trouxe alguns cds da obra etnográfica do genial compositor húngaro, coletada após anos de pesquisa, material que poderíamos chamar de ‘raiz’, afinal, o compositor gravou diretamente dos camponeses húngaros. Mas afinal, como Brahms se inspirou para compor estas danças? Malcolm McDonald assim nos explica:

“(…) essas datam de muito tempo, desde seu encantamento inicial com as melodias ciganas que ficou conhecendo por meio de Reményi. A atração exercida por estas melodias exóticas, com a sua conexão supostamente direta com uma tradição folclórica viva, foi aumentada pela amizade com Joachim –  que era húngaro e compositor de pelo menos uma obra extremamente ambiciosa “à maneira húngara”.

(…) Brahms considerava as ‘Danças’ arranjos e, embora algumas das melodias possam de fato ser originais, a maior parte se origina de músicas ciganas populares do tipo czarda, muitas das quais podem ser encontradas em edições húngaras. (…) Brahms, na realidade, foi acusado de certo plágio dessas fontes, embora seja provável que ele tenha anotado a maioria das melodias de ouvido a partir do repertório de Reményi (…).

Ainda baseado em McDonald:

“Tudo isso de lado, as formas e intensificações que Brahms impôs ao seu material preferido são indiscutivelmente suas. As Danças são composições legítimas, mesmo que ele não tenha composto o material básico. (…). Brahms tira o máximo partido da liberdade rítmica, das oportunidades para ritmo cruzado e rubato, do estilo melódico popular e das cadências exoticamente moduladas que o meio de expressão oferecia”.

Ao contrário de outras ocasiões em que trouxe essas obras, hoje às ofereço em três versões : para dois pianos, com as divinas irmãs Labèque, a versão orquestral imortalizada por Claudio Abbado em sua passagem pela Filarmônica de Viena, e uma versão muito especial, nas mãos do excepcional violinista Oscar Shumsky acompanhado por piano. Estas transcrições foram realizadas pelo próprio Joseph Joachim, violinista húngaro muito amigo de Brahms. Até ter acesso a este CD, só conhecia algumas destas danças tocadas neste formato em discos solos de violinistas, nunca em sua íntegra.

A pergunta é: qual a minha versão favorita? Poderia citar a versão para dois pianos imediatamente, pois foi meu primeiro contato com estas obras, e foi o CD que me apresentou as Irmãs Labèque, mas o colorido orquestral da Filarmônica de Viena e a riqueza melódica e rítmica extraída do violino de Shumsky tornam minha decisão mais difícil, por isso prefiro dizer que são as três, cada uma delas traz sua magia. Por isso recomendo as três.

P.S. Citações extraídas de McDonald, Malcolm. Brahms. Tradução Mario e Claudia Martinelli Gama. Jorge Zahar Editor, 1993.

01. Hungarian Dances: No.1 in G minor (Allegro molto)
02. Hungarian Dances: No.2 in D minor (Allegro non assai – Vivace)
03. Hungarian Dances: No.3 in F major (Allegetto)
04. Hungarian Dances: No.4 in F sharp minor (Poco sostenuto – Vivace)
05. Hungarian Dances: No.5 in G minor (Allegro – Vivace)
06. Hungarian Dances: No.6 in D major (Vivace)
07. Hungarian Dances: No.7 in F major (Allegretto – Vivo)
08. Hungarian Dances: No.8 in A minor (Presto)
09. Hungarian Dances: No.9 in E minor (Allegro ma non troppo)
10. Hungarian Dances: No.10 in F major (Presto)
11. Hungarian Dances: No.11 in D minor (Poco Andante)
12. Hungarian Dances: No.12 in D minor (Presto)
13. Hungarian Dances: No.13 in D major (Andantino grazioso – Vivace)
14. Hungarian Dances: No.14 in D minor (Un poco Andante)
15. Hungarian Dances: No.15 in B flat major (Allegretto grazioso)
16. Hungarian Dances: No.16 in F major (Con moto)
17. Hungarian Dances: No.17 in F sharp minor (Andantino – Vivace)
18. Hungarian Dances: No.18 in D major (Molto vivace)
19. Hungarian Dances: No.19 in B minor (Allegretto)
20. Hungarian Dances: No.20 in E minor (Poco Allegretto – Vivace)
21. Hungarian Dances: No.21 in E minor (Vivace)

Katia & Marielle Labèque – Pianos
Orquestra Filarmônica de Viena
Claudio Abbado – Condutor
Oscar Shumsky – Violino
Frank Maus – Piano

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Pietro Locatelli (1695-1764): L´Art del Violin, op. 3 – Carmignola, Venice Baroque Orchestra, Andrea Marcon

“L’arte del violino é uma composição musical notável e influente do violinista e compositor barroco italiano Pietro Locatelli. Os doze concertos foram escritos para violino solo, cordas e baixo contínuo e foram publicados em 1733 como a terceira obra do compositor. O estilo virtuoso e a arte presentes no trabalho influenciaram fortemente o violino no século XVIII e cimentaram a reputação de Locatelli como pioneira na técnica moderna de violino.”

Assim esta obra nos é apresentada na Wikipedia: Uma coleção de concertos para violino onde se exploram todos os recursos do instrumento. Pouco conhecidas, se comparadas com seu contemporâneo Antonio Vivaldi, estas obras não são muito interpretadas quanto as do veneziano ilustre, mas nos mostram o que acontecia na Europa naquelas primeiras décadas do século XVIII. Locatelli foi um cidadão do mundo, morou em diversas cidades na Europa, até se estabalecer em Amsterdam, onde veio a falecer, e foi ali que lançou esta coleção. Não as colocaria no mesmo nível das obras de Vivaldi, mas há de se destacar o virtuosismo e a evolução da técnica violinística que eles nos apresentam.

“Cada um dos doze concertos em L’arte del violino contém os três movimentos tradicionais, com a progressão típica de dois movimentos mais rápidos em torno de um movimento médio mais lento e mais contemplativo. Em cada concerto, os dois movimentos externos contêm o que é conhecido como capriccio. Esses capricci, geralmente com duração de vários minutos, podem ser descritos como uma espécie de cadência de violino tocada extemporaneamente, durante a qual o solista tem ampla oportunidade de mostrar sua habilidade com o instrumento. Os intervalos capricci contradizem o formato esperado do concerto solo, ocorrendo antes do ritornello final dos tutti. São esses 24 extraordinários intervalos capricci pelos quais L’arte del violino alcançou sua fama, pois são descritos como “as passagens de violino mais difíceis de toda a literatura barroca”.(Wikipedia)”

Para nos apresentar alguns destes concertos,  temos aqui um dos maiores especialistas em violino barroco da atualidade, Giuliano Carmignola, que creio dispensar apresentações.  O trio Carmignola / Venice Baroque Orchestra / Andrea Marcon já nos proporcionou ótimos momentos com seus já históricos registros das obras de Vivaldi.

Espero que apreciem, e aguardem, pois vem mais Locatelli por aí.

Pietro Locatelli (1695-1764): L´Art del Violin, op. 3 – Carmignola, Venice Baroque Orchestra, Andrea Marcon

01. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – I. Allegro
02. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – Capriccio
03. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – II. Largo Andante
04. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – III. Andante
05. Concerto in F Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.10 – Capriccio

06. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – I. Allegro
07. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – Capriccio
08. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – II. Largo
09. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – III. Andante
10. Concerto in A Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.11 – Capriccio

11. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – I. Andante
12. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – Capriccio
13. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – II. Largo
14. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – III. Andante
15. Concerto in C Minor for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.2 – Capriccio

16. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – I. Allegro
17. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – II. Largo
18. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – Capriccio
19. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – III. Allegro
20. Concerto in D Major for Violin, Strings and Continuo, Op.3, No.1 – Capriccio

Giuliano Carmignola – Baroque Violin
Venice Baroque Orchestra
Andrea Marcon – Conductor

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Robert Schumann (1810-1853) – Cello Concerto in A Minor, op. 129, Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63 – Queyras, Faust, Melnikov, Freiburger Barockorchester, Heras-Casado

Concluo essa série com uma dor no coração mas feliz, era um projeto antigo, que finalmente vingou, nestas idas e vindas que a vida dá.

O responsável aqui é o ótimo violoncelista Jean-Guillén Queyras, um dos nossos favoritos. É a juventude trazendo novos ares a estas obras tão batidas e gravadas, um sopro de novidade e vitalidade. Amo esse Concerto, já o conheço a incontáveis eras, já o trouxe com medalhões como Pierre Fournier, János Stárker, Rostropovich, e sei lá quantos mais. Mas volto a lembrar-lhes que muito tempo se passou desde que aqueles velhos mestres nos deixaram e ao mesmo tempo deixaram a responsabilidade sobre os ombros dessa nova geração (bem, nem tão nova assim, Queyras nasceu em 1967). Mas sua versatilidade, talento e virtuosismo se destacam e nos trazem um Schumann revitalizado. Vale a pena conferir.

A Freiburger Barockorchester traz uma nova dinâmica aos concertos que eu trouxe nessa série, nos fazendo mudar de perspectiva, acostumados que estamos aos grandes conjuntos orquestrais. Meu comentário na postagem anterior do Concerto para Piano, sobre a falta de sangue, suor e lágrimas mais do que nunca também se aplica aqui, afinal trata-se de uma obra que é do ápice do Romantismo. Mas ao mesmo tempo, tento esquecer os grandes conjuntos orquestrais por um momento, e me concentro mais na narrativa linear, segura e correta que o espanhol Heras – Casado (nome cuja sonoridade pode remeter a algumas interpretações irônicas em nosso idioma) imprime à orquestra. Não por acaso é um dos grande nomes da regência na atualidade.

Minha opinião sobre o conjunto da obra? Podem baixar, mas se preparem para alguns sustos, principalmente os de minha geração, já que, exatamente por sermos de outra geração, nossos ouvidos se acostumaram a outras sonoridade e técnicas de interpretação. Mas a essência continua ali.

01. Cello Concerto in A minor, Op. 129- I. Nicht zu schnell
02. Cello Concerto in A minor, Op. 129- II. Langsam
03. Cello Concerto in A minor, Op. 129- III. Sehr lebhaft

Jean-Guilhen Queyras – Cello
Freiburger Baroqueorchester
Pablo Héras-Casado – Condutor

04. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- I. Mit Energie und Leidenschaft
05. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- II. Lebhaft, Doch nicht zu rasch
06. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- III. Langsam, mit inniger Empfindung
07. Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63- IV. Mit Feuer

Isabelle Faust – Violin
Alexander Melnikov – Piano
Jean-Guilhen Queyras – Cello

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Jean-Guilhen Queyras, Isabelle Faust e Alexander Melnikov no salão de Ensaios do PQPBach Hall em Hamburgo.

Robert Schumann (1810-1853) – Concerto para Piano in A Minor, Op. 54, Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80 – Melnikov, Faust, Queyras, Heras-Casado, Freiburger Barockorchester

Dando prosseguimento a esta bela e interessante série do selo Harmonia Mundi, hoje trago o maravilhoso Concerto para Piano em Lá Menor, op. 54, uma das obras mais gravadas e executadas na história da indústria fonográfica. E também um dos Concertos para Piano mais conhecidos. Adoro seu movimento final, sua força, seu brilho, um legítimo Allegro vivace. Já ouvi este Concerto dezenas, quiçá centenas de vezes, e meus intérpretes favoritos são Rubinstein dentre os Jurássicos, como René Denon classifica as gravações com mais de cinquenta anos, a divina Martha Argerich, que nosso incansável mestre Vassily postou dia destes,  e o introspectivo Radu Lupu. Estes músicos tem como característica principal uma total e completa entrega, se jogando de corpo e alma, extraindo da obra toda a sua intensidade.

Em minha modesta opinião, Alexander Melnikov peca neste quesito, talvez por entender que em uma interpretação historicamente informada não caberia se expor tanto. Ouçam o que qualquer um dos pianistas citados acima fazem no Allegro vivace citado. E a orquestra idem. É uma explosão de energia, de vitalidade. Aqui, o resultado me soou um tanto quanto mecânico, sem a vitalidade necessária. Mas se trata de uma opinião pessoal. Há quem prefira este tipo de interpretação.

Schumann compôs seu concerto meio que aos trancos e barrancos, e sua estreia ocorreu em 4 de dezembro de 1845, sendo sua esposa Clara a solista e Ferdinand Hiller, a quem o Concerto seria dedicado, o condutor. Imediatamente a obra foi saudada como a principal já composta por Schumann, e já considerada uma obra prima.

Em se tratando de gravação do selo Harmonia Mundi, a qualidade da gravação sempre é excepcional, e o booklet altamente informativo. Recomendo fortemente sua leitura.

Robert Schumann (1810-1853) – Concerto para Piano in A Minor, Op. 54, Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80 – Melnikov, Faust, Queyras, Heras-Casado, Freiburger Barockorchester

01 – Piano Concerto in A Minor, Op. 54- I. Allegro affetuoso
02 – Piano Concerto in A Minor, Op. 54- II. Intermezzo. Andantino grazioso
03 – Piano Concerto in A Minor, Op. 54- III. Allegro vivace

Alexander Melnikov – Piano
Freiburger Barockorchester
Pablo Heras-Casado – Condutor

04 – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80- I. Sehr lebhaft
05 – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80- II. Mit innigem Ausdruck
06 – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80- III. In mäßiger Bewegung
07 – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80- IV. Nicht zu rasch

Alexander Melnikov – Piano
Isabelle Faust – Violino
Jean-Guihen Queyras – Violoncelo

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Robert Schumann (1810-1856) – Concerto para Violino, WoO 1, Trio para Piano nº3, op. 110 – Faust, Melnikov, Queyras, Heras-Casado, Freiburger Barockorchester

Era desejo deste que vos escreve postar esta série já há muito anos, porém, pelos mais diversos  motivos, acabei esquecendo, e os CDs se perderam na bagunça de meu acervo. Lembro como fiquei entusiasmado com este projeto, afinal, três jovens instrumentistas se reuniam para apresentar uma nova leitura principalmente dos Concertos para Piano e para Violoncelo, interpretados sob a ótica das interpretações historicamente informadas. Não que fosse uma novidade para mim, lembrando da gravação que Phillippe Herreweghe fez destes dois concertos com dois outros experientes nomes desta escola, Christopher Coin e Andreas Staier, CD que também postei já  há mais de uma década.

Começo trazendo o primeiro CD da série, com uma de minhas violinistas favoritas, Isabelle Faust, interpretando o Concerto para Violino, que tem uma história incrível, que contarei mais abaixo. Faust se estabeleceu nos últimos anos como uma das principais violinistas da atualidade, realizando gravações altamente elogiosas, que sempre que posso, trago para os senhores. Lembro aqui dos Concertos para Violino de Mozart que já na primeira audição identifiquei como uma das melhores gravações que já escutara daquelas obras, e tanto acertei que ela ganhou diversos prêmios, entre eles, o da prestigiosa revista Gramophone. Recentemente lançou mais um volume da série de Sonatas para Violino do mesmo Mozart, ao lado de seu parceiro Alexander Melnikov, CD que pretendo trazer assim que possível. E sempre pelo selo ‘Harmonia Mundi’, o que por si só já é garantia de qualidade.

Joseph Joachin

Mas vamos contar a história do Concerto, muito curiosa, por sinal. Sabe-se que Robert Schumann era muito amigo de Joseph Joachim, o maior violinista de seu tempo, e também amigo de Brahms, mas isso é outra história. Conhecedor do talento de Robert, Joachim encomendou-lhe um Concerto para Violino, que gostaria de estrear. Eis um trecho da carta que o violinista mandou:

“Que o exemplo de Beethoven o inspire a produzir de sua ampla loja uma obra para os pobres violinistas, que, além da música de câmara, tão cruelmente carecem de composições edificantes para seu instrumento, ó maravilhoso guardião dos tesouros mais ricos!’

Schumann à época estava envolvido na composição de uma Fantasia também para Violino e Orquestra, porém aceitou a encomenda. Concluiu a respectiva Fantasia, e sua estreia foi um sucesso. E logo se envolveu na composição do Concerto, que concluiu e entregou a Joaquin, que já não demonstrava o mesmo interesse e entusiasmo anteriores. O texto abaixo foi livremente traduzido do booklet que acompanha o CD:

“Mas desta vez Joachim mostrou menos entusiasmo: embora ele tenha empreendido alguns ensaios com sua orquestra da corte de Hanover na presença do compositor, ele finalmente abandonou o projeto quando Schumann renunciou ao cargo de regente em Düsseldorf no final de outubro de 1853 em resposta à pressão da orquestra. A longa história de estigmatização fatal começou. Após a morte de Schumann, e em acordo com os desejos de sua viúva Clara, que se opôs firmemente à publicação do concerto como parte da edição completa de suas obras, o manuscrito foi transferido para a posse de Joachim. Mas ele também continuou a retê-lo, supostamente por acreditar que poderia detectar nele sinais de fraqueza composicional, que indicavam a incipiente doença psicológica de Schumann, um “certo cansaço” onde ele identificou um “contraste perturbador” com o resto da produção de seu amigo. Com a intenção, sem dúvida, bem intencionada de proteger a reputação artística de Schumann, Joachim deu um passo além e deixou instruções em seu testamento de que a peça não deveria ser executada nem publicada nos próximos cem anos. (…)”

Enfim, a obra ficou guardada com um editor, porém em 1937 foi publicada sob os auspícios de Joseph Goebbels, o temido chefe da GESTAPO, lembrando que os nazistas haviam banido o conhecidíssimo Concerto de Mendelssohn, pois esse  tinha sangue judeu. A idéia era usar esse Concerto de Schumann como um elo de ligação entre o Concerto de Beethoven e o de Brahms, ignorando desta forma o de Mendelssohn. A obra foi estreada em novembro de 1937 pelo violinista Georg Kulenkampff, acompanhado pela Filarmônica de Berlim dirigida por Karl Böhm. Yehudi Menuhin a estreou em 1938, junto à Filarmônica de Nova Iorque, dirigida pelo maestro inglês John Barbirolli.

Não sou muito fã deste Concerto, o considero inconcluso, com muitas ideias esparsas, e nenhum norte, mas enfim, para quem não o conhece, ei-lo aí, nas mãos muito bem treinadas de Isabelle Faust, acompanhada pela Freiburger Barockorchester. A atitude de Joachin foi correta ao esconder a partitura? Não sei se após quase 170 anos possamos julgá-lo, nem a própria Clara, que melhor que ninguém conhecia as composições do marido. Com certeza, ao lado dos Concertos para Violoncelo e para Piano podemos considerar obra de menor qualidade.

PAra compensar, temos o Trio para Piano nº3, este sim, uma obra prima. Isabelle Faust tem como parceiros nesta obra o pianista Alexander Melnikov e o violoncelista Jean-Guilhen Queyras. Um trio de respeito, diga-se de passagem.

1. Violin Concerto in D Minor – I. In kräftigem, nicht zu schnellem  Tempo
2. Violin Concerto in D Minor – II. Langsam
3. Violin Concerto in D Minor – III. Lebhaft, doch nicht schnell
4. Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110 – I. Bewegt, doch nicht zu rasch
5. Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110 – II. Ziemlich langsam
6. Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110 – III. Rasch
7. Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110 – IV. Kräftig, mit Humor

Isabele Faust – Violino
Alexander Melnikov – Piano
Jean-Guilhen Queyras – Violoncelo
Freiburger Barockorchester
Pablo Heras-Casado – Condutor

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Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 7 a 9 de 9 – Mitsuko Uchida, Jeffrey Tate, English Chamber Orchestra

Vamos concluir mais uma integral dos Concertos para Piano de Mozart, com a dupla Mitsuko Uchida, sempre acompanhada por Jeffrey Tate, que dirige a English Chamber Orchestra,.

Aqui temos a fina flor dos Concertos, como os de nº 21, 25, 26 e 27. Obras fundamentais no repertório pianístico, nem precisam de apresentação. E sempre é um imenso prazer ouvir estas obras tocadas por Uchida. Creio que o prazer será compartilhado pelos senhores.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 7 a 9 de 9 – Mitsuko Uchida, Jeffrey Tate, English Chamber Orchestra

CD 7

01. Concerto in E Flat, K. 482, nº 22 – Allegro
02. Concerto in E Flat, K. 482, nº 22 – Andante
03. Concerto in E Flat, K. 482, nº 22  – Allegro – Andante cantabile – Tempo I
04. Concerto in A, K. 488, nº 23 – Allegro
05. Concerto in A, K. 488, nº 23 – Adagio
06. Concerto in A, K. 488, nº 23 – Allegro assai

CD 8

01. Concerto in C Minor, KV. 491, nº 24 – Allegro
02. Concerto in C Minor, KV. 491, nº 24 – Larghetto
03. Concerto in C Minor, KV. 491, nº 24 – Allegretto
04. Concerto in C, K. 503, nº 25 – Allegro maestoso
05. Concerto in C, K. 503, nº 25 – Andante
06. Concerto in C, K. 503, nº 25 – Allegretto

CD 9

01. Concerto in D, K. 537, nº 26 – Allegro
02. Concerto in D, K. 537, nº 26 – Larghetto
03. Concerto in D, K. 537, nº 26 – Allegro
04. Concerto in B Flat, K. 595, nº 27 – Allegro
05. Concerto in B Flat, K. 595, nº 27 – Larghetto
06. Concerto in B Flat, K. 595, nº 27 – Allegro

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Mitsuko Uchida – Piano
English Chamber Orchestra
Jeffrey Tate – Conductor

FDP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 4 – 6 de 9 – Mitsuko Uchida, Jeffrey Tate, Englisch Chamber Orchestra

Vamos dar continuidade a esta integral dos Concertos para Piano de Mozart, sempre nas competetentes mãos de Mitsuko Uchida e de seu fiel parceiro, Jeffrey Tate, que dirige a sempre ótima English Chamber Orchestra. Uma curiosidade sobre este maestro: também se formou médico, e especializou-se em cirurgia ocular. Infelizmente veio a falecer em 2017.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 4 – 6 de 9 – Mitsuko Uchida, Jeffrey Tate, Englisch Chamber Orchestra

CD 4

Concerto in D, K. 451, nº 16 – Allegro Assai
Concerto in D, K. 451, nº 16 – Andante
Concerto in D, K. 451, nº 16 – Rondeau (Allegro di molto)
Concerto in G, K. 453, nº 17 – Allegro
Concerto in F, K. 423, nº 17 – Andante
Concerto in F, K. 423, nº 17 – Allegretto
Rondo in D, KV. 382 – Allegretto grazioso
Rondo in D, KV. 382 – Adagio
Rondo in D, KV. 382 – Allegro

CD 5

01. Concerto in B Flat, KV. 456, nº 18 – Allegro Vivace
02. Concerto in B Flat, KV. 456, nº 18 – Andante un poco sotenuto
03. Concerto in B Flat, KV. 456, nº 18 – Allegro Vivace
04. Concerto in F, K. 459, nº 19 – Allegro Vivace
05. Concerto in F, K. 459, nº 19 – Allegretto
06. Concerto in F, K. 459, nº 19 – Allegro Assai\

01. Concerto in D Minor, K. 466, nº 20 – Allegro
02. Concerto in D Minor, K. 466, nº 20 – Romance
03. Concerto in D Minor, K. 466, nº 20 – Allegro Assai
04. Concerto in C, K. 467, nº 21 – Allegro
05. Concerto in C, K. 467, nº 21 – Andante
06. Concerto in C, K. 467, nº 21 – Allegro vivace assai

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Mitsuko Uchida – Piano
English Chamber Orchestra
Jeffrey Tate – Conductor

FDP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 1 a 3 de 9 – Mitsuko Uchida, Jeffrey Tate, English Chamber Orchestra

Assim como eu, muitos foram apresentados aos Concertos de Mozart pelas hábeis e talentosas mãos da pianista Mitsuko Uchida, ali por meados da década de 80. Os bolachões, ou LPs, como quiserem, estavam sempre a venda nas lojas de discos, mas os preços não eram muito acessíveis, podíamos comprar um ou dois por mês, e olha lá. Não cheguei a concluir a coleção, nem lembro quantos discos comprei. Mas era Mozart, e tremendamente bem tocado. Emocionante lembrar daqueles períodos de vacas magras (não que elas tenham conseguido engordar muito), quando fazíamos muitos sacrifícios para termos acesso a música de qualidade. O velho 3×1 da Philips tocava sem parar.

Mitsuko Uchida é uma reconhecida pianista japonesa, porém cidadã britânica, e que gravou muito entre os anos 80 e 90, sempre pelo selo Philips.  Hoje, já adentrada nos setenta e poucos anos, ainda grava e se apresenta em recitais. Recentemente postei uma integral dos concertos para piano de Beethoven com ela e com Sir Simon Rattle ainda nos tempos de Filarmônica de Berlim, creio que foi uma das últimas gravações do maestro frente à sua ex-orquestra.

Em pleno ano dedicado às comemorações dos 250 anos de nascimento de Beethoven, impossível deixarmos Mozart de lado. Esse compositor é fundamental, talvez tão necessário quanto o ar que respiramos. Mesmo em obras da mais terna juventude, ou até mesmo infância, a genialidade do gênio de Salzburg é algo que se manifesta a todo momento, impossível negar tal fato. Por isso achei interessante, e oportuno, esta série de postagens.

Uchida se uniu ao maestro Jeffrey Tate para realizar a empreitada. Mozartiano de mão cheia, muito experiente nesse repertório, ele nos entrega um Mozart robusto, coerente, e sua cumplicidade com a solista se sobressai ao não permitir que a orquestra se sobreponha ao piano. Com certeza esta série é uma referência nesse repertório.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 1 a 3 de 9 – Mitsuko Uchida =, Jeffrey Tate, English Chamber Orchestra

CD 1

01. KV 175 in D, (1) Allegro
02. KV 175 in D, (2) Andante ma poco adagio
03. KV 175 in D, (3) Allegro
04. KV 238 in B flat, (1) Allegro aperto
05. KV 238 in B flat, (2) Andante un poco adagio
06. KV 238 in B flat, (3) Rondeau (Allegro)
07. KV 271 in E flat, Jeunehomme (1) Allegro
08. KV 271 in E flat, Jeunehomme (2) Andantino
09. KV 271 in E flat, Jeunehomme (3) Rondo (Presto)

CD 2

01. Concerto in C, KV 246 Lutzow (1) Allegro aperto
02. Concerto in C, KV 246 Lutzow (2) Andante
03. Concerto in C, KV 246 Lutzow (3) Rondeau (Tempo di menuetto)
04. Concerto in F, KV 413 (1) Allegro
05. Concerto in F, KV 413 (2) Larghetto
06. Concerto in F, KV 413 (3) Tempo di menuetto
07. Concerto in A, KV 414 (1) Allegro
08. Concerto in A, KV 414 (2) Andante
09. Concerto in A, KV 414 (3) Rondeau (Allgretto)

CD 3

01. Concerto in C, KV 415 1. Allegro
02. Concerto in C, KV 415 2. Andante
03. Concerto in C, KV 415 3. Rondeau (Allegretto )
04. Concerto in E flat, KV 449 1. Allegro vivace
05. Concerto in E flat, KV 449 2. Andantino
06. Concerto in E flat, KV 449 3. Allegro ma non troppo
07. Concerto in B flat, KV 450 1. Allegro
08. Concerto in B flat, KV 450 2. Andante
09. Concerto in B flat, KV 450 3. Allegro

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Mitsuko Uchida – Piano
English Chamber Orchestra
Jeffrey Tate – Conductor

FDP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – Radu Lupu, André Previn, Leif Andsnes

Hoje trago uma postagem um pouco diferente para os senhores. O mesmo compositor, a mesma obra, mas interpretadas por músicos e em épocas diferentes.

Tenho um grande apreço muito grande por dois destes concertos que trago hoje, o de nº 20 e o de nº 21. Os considero os melhores, dentre todos o que Mozart compôs.

Importante salientar que são três CDs que foram gravados em períodos bem distintos, quarenta anos se passaram entre um e outro. Mas ambos conseguem extrair aquela magia da música de Mozart que apenas os grandes músicos conseguem extrair. O da dupla Previn / Lupu foi gravado lá no início da década de 80, enquanto que o do pianista norueguês Leif Ove Andsnes foi recém lançado agora mesmo neste mês de maio de 2021. Muita água passou sob a ponte, o Planeta Terra é muito diferente daquele dos anos 80. Não posso dizer que aqueles eram tempos mais liberais (Tatcher / Reagan, Afeganistão), talvez mais intensos, e a interpretação precisa de Lupu demonstra isso, se comparados com este sombrio período que vivemos, em plena Pandemia. Mas a música de Mozart continua fresca, única e muito atual. Existe algo mais delicado e belo que o tema do Andante do Concerto de nº 21? Alguns podem considerar a interpretação de Andsnes um tanto quanto fria, calculista, metódica, mas creio que ele apenas reflete os tempos em que vivemos. A essência continua ali, presente, nas notas extraidas do piano. Cabe a nós localizá-la  …

Como diria Mestre Carlinus, uma boa apreciação e que melhores tempos venham pela frente … a trilha sonora o PQPBach vem fornecendo para os senhores.

01. Concerto for 2 Pianos No. 10 in E-Flat Major, K. 365-316a- I. Allegro
02. Concerto for 2 Pianos No. 10 in E-Flat Major, K. 365-316a- II. Andante
03. Concerto for 2 Pianos No. 10 in E-Flat Major, K. 365-316a- III. Rondo. Allegro
04. Piano Concerto No. 20 in D Minor, K. 466- I. Allegro (Cadenza by Beethoven)
05. Piano Concerto No. 20 in D Minor, K. 466- II. Romance
06. Piano Concerto No. 20 in D Minor, K. 466- III. Rondo. Allegro assai (Cadenza by Previn)

Radu Lupu – Piano (Concerto nº20)
André Previn Piano (Concerto nº 10) e Condutor
London Symphony Orchestra

CD 1
01 Piano Concerto No. 20 in D minor K. 466 I. Allegro
02 Piano Concerto No. 20 in D minor K. 466 II. Romanze
03 Piano Concerto No. 20 in D minor K. 466 III. Rondo Allegro assai
04 Piano Concerto No. 21 in C Major K. 467 I. Allegro maestoso
05 Piano Concerto No. 21 in C Major K. 467 II. Andante
06 Piano Concerto No. 21 in C Major K. 467 III. Allegro vivace assai

 

CD 2

01 Fantasia in C Minor K. 475
02 Piano Quartet in G Minor K.478 I. Allegro
03 Piano Quartet in G Minor K.478 II. Andante
04 Piano Quartet in G Minor K.478 III. Rondo
05 Maurerische Trauermusik (Masonic Funeral Music) in C Minor K. 477 (K. 479a)
06 Piano Concerto No. 22 in Es-Dur Major K. 482 I. Allegro
07 Piano Concerto No. 22 in Es-Dur Major K. 482 II. Andante
08 Piano Concerto No. 22 in Es-Dur Major K. 482 III. Allegro

Leif Ove Landsnes – Piano e Condutor
Mahler Chamber Orchestra

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Max Bruch (1838-1920) – Concerto for Clarinet & Viola in E, Op. 88, etc. – Meyer, Caussé, Duchable, Nagano, Orchestre de L´Opéra de Lyon

Este foi um dos mais belos Cds que ouvi neste ano, com certeza. Não apenas pelo timaço de músicos envolvidos mas principalmente pelas belíssimas obras nele gravadas. E olha que esse registro já foi feito há mais de trinta anos, quando este que vos escreve era apenas um garoto do interior morando na cidade grande.

Max Bruch foi um grande melodista e, além do magnífico Concerto para Violino, deixou também outras obras igualmente belas, porém desconhecidas e pouco gravadas. Eu particularmente não conhecia este Concerto para Viola e para Clarinete até há alguns meses, quando escolhi por acaso algo para ouvir em uma destas plataformas de streaming, e fiquei encantado. Repassei para o grupo e um dos colegas, que comentou: mas este Concerto Duplo é lindo demais… concordo. Talvez o único ‘pecado’ dele seja sua curta duração, uma pena, realmente. Nesta obra também podemos idenficar a forte influência que Bruch teve de Brahms, é inegável em alguns trechos das obras.

Além do Concerto Duplo, podemos também ouvir as 8 peças para Clarinete, Piano e Viola, peças igualmente belas e sensíveis.

Os músicos envolvidos são o clarinetista Paul Meyer, o violista Gérard Caussé, o pianista François-René Duchâble e o maestro Kent Nagano dirige a Orquestra da Ópera de Lyon. Não por acaso, os clientes da amazon foram unânimes em dar cinco estrelas para este CD.

Konzert Für Klarinette Viola Und Orchester Opus 88
1.  Andante Con Moto
2. Allegro Moderato
3. Allegro Molto

Acht Stücke Für Klarinette, Viola Und Klavier Opus 83
4. № 1 Andante
5. № 2 Allegro Con Moto
6. № 3 Andante Con Moto
7. № 4 Allegro Agitato
8. № 5 Andante
9. № 6 Andante Con Moto
10. № 7 Allegro Vivace Ma Non Troppo
11. № 8 Moderato

Paul Meyer – Clarinete
Gerard Caussé – Viola
François-René Duchâble – Piano
Orchestre de L´Opéra de Lyon
Kent Nagano – Condutor

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