Dois erros seguidos – no link e com a gravação – fizeram-me por esta postagem atrás de tapumes e republicá-la só depois de conferir várias vezes se tudo estava certo. Peço desculpas aos leitores-ouvintes, enquanto agradeço pela gentileza dos que souberam apontar os problemas com a civilidade que tanto apreciamos.
Juro que lhes queria trazer essa gravação para mostrar-lhes a tremenda musicalidade de Gidon Kremer a serviço do concerto de Beethoven na companhia dum conjunto quase camerístico, a Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob o comando daquele que sempre deixa tudo melífluo e redondinho, o Neville Marriner. Só que a cadenza de Schnittke, esse fascinante espantalho, é meu verdadeiro, e ademais confesso motivo para trazer-lhes hoje Kremer e Marriner.
Nota-se, pelo incomum anúncio da cadenza tanto no título da postagem quanto na própria capa do CD, que ela não é tão só uma vinheta inserida para o virtuose demonstrar um tanto boçalmente suas malandragens. Essa nota de advertência, como se uma tarja preta fosse sobre entorpecentes, ou um tapa-sexo a cobrir as vergonhas do bom-gosto, a exercer marotamente o efeito contrário sobre aqueles atraídos por tudo que é maldito, tornou-se necessária pelo escândalo que ela causou, quando de sua primeira audição. À parte de algum interesse meio constrangido, devido mais à projeção de Schnittke como o mais conhecido compositor soviético pós-Shostakovich e como notório dissidente do regime que caminhava para o colapso, essa estranha criatura foi execrada, odiada e esculachada a ponto de “pichação!” ser uma das coisas mais gentis que se escreveu sobre ela. Encomendada ao compositor pelo próprio Kremer, foi aqui gravada uma vez e, salvo um que outro estrebucho ou gravação, abandonada ao oblívio.
A vida é curta, a Arte é longa e, ainda bem, aberta. O poliestilismo de Schnittke aqui está, cru e escarrado, sem dúvidas incongruente com a serenidade clássica do Beethoven que envolve suas cadenze, e recheada de citações explícitas de várias obras. Na minha desimportante opinião, ela comenta e transforma o concerto duma maneira sensacional, o que justifica a inclusão desta gravação em nosso repositório pequepiano. Se a odiarem, como ademais quase todo o resto do planeta, restar-lhes-á ao menos o passatempo de, ao passar o pente fino na pelagem da besta schnittkeana, identificar as obras citadas e mencioná-las nos comentários.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61
Composto em 1806
Publicado em 1808
Dedicado a Stephan von Breuning
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghett0
3 – Rondo: Allegro
Gidon Kremer, violino
Academy of St. Martin-in-the-Fields
Neville Marriner, regência
Vassily
Buenos días, Vassily querido:
hay un error, porque el archivo corresponde a la 4ª sinfonía de Beethoven dirigida por Chailly.
Gracias,
Julio
Buenos días, querido Julio! Gracias otra vez por apuntarnos el error, que ya fue corregido!
O Link leva a Sinfonia nr. 4 com Riccardo Chailly…
Acabei de corrigir o erro, Marco. Grato por apontá-lo!
Sim! Foi simultâneo! 🙂 Obrigado!
Gosto demais de ouvir as diversas cadenzas, cheguei até comprar o CD do Ricci com 14 delas, além de outro CD com o Josef Suk tocando a do Vasa Prihoda (violinista pouco falado, mas segundo relatos, um monstro no violino).
Dá para se divertir um bocado.
Perdón si soy molesto, pero al primer movimiento le faltan unos 7 minutos.
Gracias,
Julio
Nunca eres molesto, Julio. Voy a chequear y corregir el problema. Siempre agradecido por su amable atención!
La delicadeza de tu aclaración de hoy confirma mi idea de que PQP Bach es la mejor página de música de toda la web.
¡Muchas gracias, Vassily!