Ah, há um erro perfeitamente suportável no Moderato da Sonata para Piano N° 2 e o Quarteto Nº 9 comento mais quando chegarmos ao 10º e ao 11º.
CD 22
Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 40 (1934)
A Sonata em Ré Menor Op. 40 foi composta em 1934, no período em que Shostakovitch apaixonara-se por uma jovem estudante, o que ocasionou um efêmero divórcio de sua esposa Nina. O compositor dedicou esta sonata ao violoncelista Victor Lubatski e ambos a estrearam em Moscou, no dia 25 de dezembro de 1934.
O primeiro movimento (Allegro non troppo) é escrito em forma sonata. O primeiro tema, bastante extenso, é apresentado pelo violoncelo, acompanhado por arpeggios do piano e depois desenvolvido por este até seu clímax; o segundo tema, muito mais delicado, é, contrariamente, apresentado pelo piano e imitado pelo violoncelo. Durante o desenvolvimento o primeiro tema ganha motivos rítmicos, mas logo o afetuoso segundo tema reaparece. Tudo parece em ordem, encaminhando-se para o final do movimento, mas Shostakovitch nos surpreende ao inserir alguns acordes em staccato do piano, acompanhados por notas sustentadas pelo violoncelo, o que faz com que a música torne-se quase estática. É uma estranha preparação para o que se ouvirá no segundo movimento (Allegro) o qual é um scherzo típico de Shostakovitch. Trata-se de um frenético ostinato que é interrompido por um tema apresentado pelo piano que, apesar de mais tranqüilo, é também muito pouco contemplativo. O terceiro movimento (Largo) faz-lhe intenso contraste, pois é uma melodia tranquila e vocal, acompanhada pelo piano de forma introspectiva, dissonante e um tanto fúnebre. O Allegro final é um rondó bastante irônico no qual o tema principal é apresentado três vezes, ligados, a cada intervalo, por estranhas e vertiginosas cadenzas.
Cello Sonata in D minor Op. 40
1. Allegro non troppo 11:18
2. Allegro 3:14
3. Largo 7:00
4. Allegro 3:49
5. Piano Sonata No. 1 Op. 12 12:24
Piano Sonata No. 2 Op. 61
6. Allegretto 7:31
7. Largo 7:22
8. Moderato 11:55
Total: 64:23
Timora Rosler, cello
Klára Würtz, piano (1-4)
Colin Stone, piano (5-8)
CD 23
Quarteto de Cordas Nº 2, Op. 68 (1944)
Este trabalho em quatro movimentos foi escrito em menos de três semanas. A abertura é uma melodia de inspiração folclórica, tipicamente russa. O grande destaque é o originalíssimo segundo movimento, Recitativo e Romance: Adagio. O primeiro violino canta (ou fala) seu recitativo enquanto o trio restante o acompanha como se estivessem numa ópera ou música sacra barroca. O Romance parece música árabe, mas não suficientemente fundamentalista a ponto que a Al Qaeda comemore. Segue-se uma pequena valsa no mesmo estilo. O quarto movimento é um Tema com variações que fecha brilhantemente o quarteto.
É curioso que neste quarteto, talvez por ter sido composto rapidamente, há uma musicalidade simples, leve e nada forçada. Talvez nem seja uma grande obra como os Quartetos Nros. 8 e 12, mas é dos que mais ouço. Afinal, esta é uma lista pessoal e as excentricidades valem, por que não?
Quarteto de Cordas Nº 8, Op. 110 e Sinfonia de Câmara, Op. 110a – Arranjo de Rudolf Barshai (1960)
Na minha opinião, o melhor quarteto de cordas de Shostakovich. Não surpreende que tenha recebido versões orquestrais que até hoje são gravadas, como a que coloco à disposição abaixo. Trata-se de uma obra bastante longa para os padrões shostakovichianos de quarteto; tem cinco movimentos, com a duração total ficando entre os 20 minutos (na versão para quarteto de cordas) e 26 (na versão orquestral). O quarteto abre com um comovente Largo de intenso lirismo, o qual é seguido por um agitado Allegro molto, de inspiração folclórica e que fica muito mais seco na versão para quarteto. O terceiro movimento (Allegretto) é uma surpreendente valsinha sinistra a qual é respondida por outra valsa, muito mais lenta e com um acompanhamento curiosamente desmaiado. O quarteto é finalizado por dois belos ; o primeiro sendo pontuado por agressivamente por um motivo curto de três notas e o segundo formado por mais uma fuga a quatro vozes utilizando temas dos movimentos anteriores.
Quarteto Nº 13, Op. 138 (1970)
Um pouco menos funérea que a Sinfonia Nº 14, este quarteto foi escrito nos intervalos do tratamento ortopédico que conseguiu devolver-lhe do parte do movimento das mãos e antes do segundo ataque cardíaco. O décimo-terceiro quarteto é um longo e triste adagio de cerca de vinte minutos. O quarteto foi dedicado ao violista Vadim Borisovsky, do Quarteto Beethoven, e a viola não somente abre o quarteto como é seu instrumento principal. Trata-se de um belo quarteto em que a tranqüilidade só é quebrada por um pequeno scherzando estranhamente aparentado do bebop (sim, isso mesmo).
String Quartet No. 2 in A major Op. 68 (1944)
1. Overture (moderato con moto) 8:03
2. Recitative & Romance (adagio) 10:53
3. Waltz (allegro) 5:59
4. Theme & variations (adagio) 10:47
String Quartet No. 8 in C minor Op. 110 (1960)
5. Largo 4:40
6. Allegro molto 2:45
7. Allegretto 4:16
8. Largo 4:33
9. Largo 4:04
String Quartet No. 13 in B flat minor Op. 138 (1970)
10. Adagio 20:44
Total: 77:05
Rubio Quartet
Dirk van de Velde, violin I
Dirk van den Hauwe, violin II
Marc Sonnaert, viola
Peter Devos, cello
CD 24
Quarteto de Cordas Nº 7, Op. 108 (1960)
Mais um quarteto de Shostakovich com um lindíssimo movimento lento, desta vez baseado no monólogo de Boris Godunov (ópera de Mussorgski baseada em Puchkin), e mais um finale construído em forma de fuga, utilizando temas do primeiro movimento. Uma pequena e curiosa joia de onze minutos.
String Quartet No.3 in F major Op.73 (1946)
1. Allegretto 6:40
2. Moderato con moto 4:54
3. Allegro non troppo 4:01
4. Adagio 5:41
5. Moderato 10:40
String Quartet No.7 in F sharp monor Op.108 (1960)
6. Allegretto 3:33
7. Lento 3:36
8. Allegro 6:03
String Quartet No.9 in E flat major Op.117 (1964)
9. Moderato con moto 4:20
10. Adagio 4:34
11. Allegretto 3:47
12. Adagio 3:32
13. Allegro 9:54
Total: 71:38
Rubio Quartet
Dirk van de Velde, violin I
Dirk van de Hauwe, violin II
Marc Sonnaert, viola
Peter Devos, cello
PQP
A trilha sonora para terminar de corrigir as últimas provas do ano e se preparar para longas sessões de pesca na plataforma de pesca de cidreira. Muito Obrigado PQP ^__^
PQP, tens aí um album do Keith Jarret com, se não me engano, 24 preludios de shostakovich?
Maravilhoso esse quarteto número 2!!! Seu segundo movimento me fez relaxar de uma maneira tão estranha: ao mesmo tempo em que estava tranquilo, sentia que podia acontecer algo extraordináriamente inquietante. Seu terceiro movimento é a Valsa mais interessante que já escutei até agora. Enfim, não tenho palavras. Muito bom. Vou escutar o número oito mais tarde. Abraços.