Lembram quando postei a gravação tcheca das Suítes de Bach com Rostropovich e mencionei que a crítica execrou a versão que ele lançou pela EMI nos anos 90?
Pois é: no encarte da execrada gravação dos anos 90, o próprio mestre execrou sua tentativa anterior com essas venerandas Suítes, feita nos anos 50 – que é a que trago agora para vocês. Nela, Slava limitou-se às Suítes nos. 2 e 5, ambas em tom menor, que ficaram curiosas com o “som Rostropovich”, tão peculiar a quem sentou à mesa com Shostakovich e Prokofiev para burilar suas obras para violoncelo, era professor nos dois mais conceituados conservatórios da União Soviética e ainda tinha tempo para ser um livre-pensador e crítico aberto ao regime, preparando o terreno para seu banimento daquele país em 1974.
Acho que vocês odiarão esta gravação, em que as Suítes estão entremeadas por dois curtos excertos à guisa de bis (digno de nota é o regente da orquestra de cordas inominada que o acompanha na “Ária”, que foi pai de Gennadi Rozhdestvensky). Fiquem à vontade, mas nunca percam de vista que este disco é raro e, até onde me consta, esta é a única fonte em que está disponível na rede – e o bom leitor-ouvinte, mesmo que os deteste, entenderá que o privilégio de escutá-lo talvez valha engavetar os resmungos que tiver guardados.
Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Suíte no. 2 para violoncelo solo, BWV 1008
01 – Prélude
02 – Allemande
03 – Courante
04 – Sarabande
05 – Menuet I-II
06 – Gigue
Da Suíte Orquestral no. 3 em Ré maior, BWV 1068:
07 – Ária (arranjo para violoncelo e orquestra)
Orquestra de cordas sob regência de Nikolai Anosov
Suíte no. 5 para violoncelo solo, BWV 1011
08 – Prélude
09 – Allemande
10 – Courante
11 – Sarabande
12 – Gavotte I-II
13 – Gigue
Toccata, Adagio e Fuga em Dó maior para órgão, BWV 564
14 – Adagio (arranjo para violoncelo e piano)
Vladimir Yampolsky, piano
Mstistlav Rostropovich, violoncelo
Gravado em Paris, França, em 1956
Grande Vassily, obrigado por esta primeira e bela postagem em 2016!
Confesso que desta vez me entusiasmei com o Rostro. Um músico deste porte só temos mesmo que admirar, mesmo que às vezes discordando de algumas coisinhas.
Feliz 20116 e que continue trazendo tanta coisa boa como em 2015, pelo que lhe somos tão gratos!
Forte abraço
É curioso porque o próprio Rostrô disse para a Gramaphone que sua integral para a EMI fez parte de um contrato com o qual ele não concordara inteiramente. Ou seja… Ele tinha uma relação muito hesitante com as Suítes de Bach. De minha parte, acho que ele deveria ter fugido delas.