Postagem original de CVL em 6 de março de 2009, revalidado por Carlinus em 12 de agosto de 2012, com links restaurados por Vassily em 28 de novembro de 2015, atendendo a pedido de um leitor-ouvinte. Ah, e o codinome “Nitsuga”, que tão indígena soou aos contemporâneos, nada mais é que “Agustín” ao contrário!
Agustín Pío Barrios, que se apresentava como Agustín Barríos Mangoré (ou ainda Nitsuga Mangoré), foi o Villa-Lobos do Paraguai, inclusive na invenção de mitos de convivência com os índios. A diferença é que ele tinha sangue guarani nas artérias e falava bem o segundo idioma de seu país – o sobrenome artístico que adotou e as roupas típicas que usava em concertos completavam o universo simbólico que encarnava.
Barrios, que entrou na universidade aos 13 anos, andava muito pelo Brasil. Foi amigo de meu pai (me viu pirralho) e de João Pernambuco, entre outros. O melhor de seu repertório – que abrange formas barrocas, inspiração sacra ou folclórica e virtuosismo romântico – está aqui neste CD-tributo produzido por Turíbio Santos, músico que dispensa palavras. Não poderia faltar o monumento sonoro que é A catedral.
Vale a pena dar uma lida na vida de Barrios no verbete da Wikipédia em espanhol. Foi lá onde fiquei sabendo que o pseudônimo de Nitsuga Mangoré foi usado pela primeira vez num concerto em Salvador-BA, em 1932; que Barrios tentou tocar nos EUA (grande sonho dele) mas não o pôde porque foi negado o visto para sua mulher; e que ele foi o primeiro intérprete a gravar uma obra para violão em disco (78 rpm).
Também matei minha curiosidade de saber porque Barrios havia morrido em El Salvador: após ter um enfarte no México, o presidente salvadorenho o convidou a se recuperar em San Salvador e deu-lhe depois um posto de professor no conservatório principal do país. Anos depois, o violonista veio a falecer de outro ataque cardíaco.
Enfim, isso é só uma amostra da figura mítica que foi Agustín Barrios.
***
Deu no Valor Econômico de hoje: Café do Rato Preto vendido por 228 milhões de dólares para grupo norteamericano. Vou ver se crio uma fundação de preservação de memória da música clássica brasileira com esse dinheiro todo (eu poderia ter faturado o dobro antes da crise).
***
Turíbio Santos interpreta Agustín Barrios
1 Estudo de Concerto em Lá Maior
2 Junto a tú corazón
3 Dança Paraguaia
4 Las Abejas
5 Chôro de saudade
6 Estudo em Si Menor
7 Aconquija
8 Luz Mala
9 Oración
10 Página D´Álbum
11 Prelúdio em Sol Maior
12 Valsa op 8 nº 4
13 A Catedral
CVL (revalidado pelo Carlinus e, depois, por Vassily)
Cuidado! Segovia nunca tocou nada de Barrios, bem pelo contrário, até recomendava não tocá-lo, muito provavelmente por ter sido o paraguaio quem gravou antes que o próprio Segovia!!! Uma verdadera pena, pois como compositor deixou coisas muito mais valiosas que muitas das peças que tocava o espanhol, e que bom houvesse sido escutar o mestre Segovia na sua versão dessas maravilhosas criações de Barrios.
Realmente, Marcos.
Tenho de corrigir essa informação, em parte. Segovia pode ter tocado Barrios, sim, mas não o divulgava como pensei.
Me diga que coisas e quando Segovia tocou algo de Barrios.
De ali a dizer que Segovia eternizou a Catedral, é muito…
É justamente essa informação que vou retificar no texto.
Valeu, CVL!
Recentemente o blog Classics postou o CD que John Williams dedicou a Agustin Barrios. Há algumas peças em comum com o disco do Turíbio Santos. Ambos os discos são imperdíveis!.
http://classiclibrary.blogspot.com/search/label/Williams%20John
nossa, vocês deveriam ter colocado uma gravação melhor da obra de Barrios, como a gravação do Williams ou do Russell. O Turíbio foi importante para o violão brasileiro e talz, mas faz um bom tempo q ele é um ex-violonista em atividade. Essa gravação dele é triste.
Sinceramente, a gravação que ouvi de David Russel é que é triste. Melhor que ele se dedica a Bach, Scarlatti, Couperin e tantos outros compositores que se enquadram melhor em suas qualidades de instrumentista. Seu fraseado opaco enfraquece o sentimentalismo romântico que Barrios pretendia com suas composições.
É Bosi!
Infelimente devo concordar com você.
É até triste demais.
Um grandea abraço.
Edson
Quem quiser me mandar uma gravação melhor, pode fazê-lo. Só vou demorar um pouco a postá-la.
Oi Villa.
Tá bem. mas você não respondeu sobre a pergunta que lhe fiz sobre o Rato Preto milhonário e a Fundação menos preta e, provavelmente, mais pobre que dai poderá surgir.
Você conhece aquele casarão em Olinda que dizem ter sido de Mauricio de Nassau (mas não foi) e que aparece em quase todas as fotos de marketing turístico de Olinda?
Um grande abraço.
Edson
Oi, Edson.
Eu havia respondido no post do Mawaca, que foi onde você me perguntou (mas já lhe digo que é só na ficção). Esse casarão com certeza devo conhecer, mas não estou juntando a referência à figura.
Abraço.
Villa-Lobos do Paraguai hahahahahaha é o melhor trocadilho que já ouvi em toda minha vida, genial!!!
Olá !
O link não está funcionando? Queria tanto baixar este CD !!!
Obrigado!
Frederico
Gostaria de adquirir o CD Augustin Barrios Mangoré
Interpretado por Turíbio Santos. Tendo em Vista o Link
não está funcionando, o que é necessario para o CD
chegar as minhas mãos.
Grato
Favor verificar esse link, pois informa que o arquivo foi removido.
Olá!
Também gostaria de baixar o cd, mas o arquivo foi removido automaticamente pelo rapidshare, ao que consta por ter expirado. Será postado de novo?
Gracias!
Gisele Marie
O disco foi removido do Rapidshare, há a possibilidade de ser postado novamente?
David Russel e John Williams também gravaram discos dedicados a Barrios, vale a pena conferir outras interpretações deste grande compositor.
caiu o link :/
Estou eu aqui escafunchando a internet e me deparo com essa joia perdida, que por um milagre, pode estar ao meu alcance.
Seria possível revalidar o link para esse post? Este disco é raríssimo, quando de sua primeira tiragem, apenas 100 cópias foram produzidas, custa só £33 na amazon.
Please, please….
Tenho, e postarei em breve!
Olá Vassily
Obrigado por ter revalidado o link.
Achei o CD muito bom, apesar de umas escorregadas aqui e ali.
O Choro da Saudade já valeu o CD.