Tenho profunda admiração pela obra de Bertolt Brecht, talvez o maior dramaturgo do século XX. Obras como Mãe Coragem, Galileu, Ópera dos Três Vinténs, Ascensão e queda da cidade de Mahagony são clássicos que costumo reler e ouvir neste período de vacas magras do mundo teatral. Mas o nome de Brecht é indissociável do compositor Kurt Weill. A dupla foi uma sensação na Alemanha e em outros países da Europa na década de 1920, e algumas de suas canções tornaram-se célebres na America como, por exemplo, “Alabama Song” e “Ballad of Mack the Knife”. Mas “Die Dreigroschenoper” (ópera dos três vinténs) foi sem dúvida o maior sucesso da dupla. Escrita em 1928, a peça recebeu milhares de apresentações na Alemanha e logo por todo o mundo. Ganhou uma versão cinematográfica pouco depois, em 1931. O filme dirigido por Georg Pabst é uma beleza. Não sei se é possível encontrar este filme em DVD no Brasil, mas é um clássico obrigatório. A sensação após o filme é muito estranha: ver uma Alemanha tão despudorada, irônica, criativa e ainda influenciadora do mundo artístico, cair, anos depois, num retrocesso trágico que só agora, várias décadas depois, parece mudar (falo apenas do recente e ótimo cinema alemão, pois nas outras artes não tenho conhecimento de nada).
Mas na verdade posto aqui apenas a versão da “Ópera dos Três Viténs” feita pelo próprio Weill para um ensemble de sopros (no futuro pretendo postar a ópera completa). No entanto esta pequena suíte é tão prazerosa que vai entreter todos os ouvintes da boa música. Ótima mistura das estruturas clássicas com a música de cabaret alemão.
A outra fantástica obra presente aqui é a ópera-ballet Die sieben Todsünden (Os Sete Pecados Capitais), parceria também com Brecht. Essa peça foi escrita em 1933, logo após a fuga de Kurt Weill da alucinação nazista na Alemanha. Cada movimento desta pequena ópera trata um determinado pecado capital no qual passa a heroína, Anna (aliás, interpretada esplendidamente por Julia Migenes). A história se passa nos Estados Unidos e conta basicamente as aventuras de uma garota a procura de trabalho. Ela sonha em comprar uma casinha pra sua família próxima do rio Mississipi. Mas de cidade em cidade, Anna vive um pecado diferente. Mas isso feito por Brecht-Weill de maneira muito irônica e divertida.
A gravação é ótima e já ouvida umas 300 vezes por mim.
Kurt Weill (1900 – 1950): Die sieben Todsünden (Os sete pecados capitais), Die Dreigroschenoper (Ópera dos três vinténs) (London Symphony Orchestra, Tilson Thomas)
The Seven Deadly Sins
Prologue 3:20
Sloth 4:28
Pride 4:29
Anger 4:07
Gluttony 3:30
Lust 5:15
Avarice 2:58
Envy 4:17
Epilogue 1:29
Little Threepenny Music
Overture 1:56
The Ballad Of Mack The Knife 1:57
The Instead-Of-Song 1:54
The Ballad Of The Easy Life 3:08
Polly’s Song 2:45
Tango-Ballad 2:45
Cannon Song 2:35
Threepenny Finale 4:13
Performed by London Symphony Orchestra
with Julia Migenes, Robert Tear, Alan Opie, Stuart Kale, Roderick Kennedy
Conducted by Michael Tilson Thomas
CDF
Gosto. Muito.
CDF, você tem alguma coisa do alemão oriental Hanns Eisler, do americano Henry Cowell e dos Neuemusiker brasileiros Damiano Cozzella, Rogério Duprat e Willy Corrêa de Oliveira?
Eu não tenho nada, estou querendo descobrir em virtude de umas leituras de que estou dando conta no momento.
CVL,
Infelizmente não, mas fiquei curioso.
O livro é esse aqui: http://www.algol.com.br/produtos.asp?produto=71
Muito bom.
olá pqp bach (com todo o respeito, me veio em mente puta que pariu bach na primeira vez que entrei no seu blog e não consegui descobrir o que queria dizer pqp, até hoje nunca mais saí do blog heheh) . Realmente não achei nada sobre filho morto de js bach. o senhor deve ter visto isto em algum livro especializado biográfico.
Vim somente para sugerir musicas de http://en.wikipedia.org/wiki/Sylvius_Leopold_Weiss pois não achei nada. Não sei se não se encaixa com musica classica já que é musica de alaúde esse tal weiss. Mas fica a sugestão para a abrangência. Sugiro também criar um torrent com essas caixas de bach, ou coisas absurdamente gigantescas. Estou baixando e montando já que amo musica. O senhor presta um grande serviço à musica. Obrigadíssimo!!
Show de bola! Alguns anos atrás participei de uma montagem de estudantes aqui no Theatro São Pedro – SP da Ópera dos Três Vinténs. Foi algo fantástico fazer aquilo, da música a cada ironia do texto, tudo é muito bom! Das cinco montagens que participei com o grupo NUO, esta foi a única que esgotou ingressos em todas as apresentações, muita gente do meio teatral foi conferir.
Mais uma vez obrigado, desta vez ao CDF. Estou baixando e ansioso para ouvir. 🙂
Ah, revalidação do PQP… obrigado!!
Agradeço a ótima postagem. Valeu, CDF e PQP !!
Dica: Mack the Knife is a 1989 romantic comedy musical film written and directed by Menahem Golan, a film adaptation of the 1928 Brecht/Weill musical The Threepenny Opera.[1][2][3][4] The film stars Raúl Juliá as Captain Macheath (reprising his Tony-nominated role from Richard Foreman 1974 revival of Opera), Richard Harris as Mr. Peachum, Julia Migenes as Jenny Diver, Julie Walters as Mrs. Peachum, and Roger Daltrey as the Street Singer. Brecht and Weill’s score and libretto was adapted by Golan, Marc Blitzstein, and Dov Seltzer.
O filme A Ópera dos Três Vinténs, de Pabst foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo na caixa “Brecht no Cinema”, que conta com outras adaptações de sua obra. Está esgotada no site da Versátil, talvez seja encontrada no Mercado Livre.