A Sinfonia n.º 4 de Dmitri Shostakovich (Op. 43) foi composta entre setembro de 1935 e maio de 1936. É uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.
Dmtri Shostakovich (1906-1975) – Sinfonia No.4 em Dó menor, Op.43
01. Allegro poco moderato
02. Presto
03. Moderato con moto
04. Largo
05. Allegro
Philadelphia Orchestra
Myung-Whun Chung, regente
PQP
Coisa estranha: ontem ouvi esta sinfonia e pertendo postá-la brevemente numa versão de Eliahu Inbal.
O livro de Lauro Machado Coelho é excelente pela riqueza de informações, mas o autor deixou-se tomar pelo anticomunismo das publicações que rodeiam Shosta. Nada que prejudique gravemente a leitura, mas alguns trechos são tão exagerados que a gente chega a pensar que tudo no autor é sociológico e nada é ontológico, o que acaba sendo uma, digamos, mentira.
Acho que Shosta seria deprimido e sarcástico, incomensuravelmente triste e loucamente feliz em qquer lugar do mundo. Se fosse brasileiro, argentino, romeno ou lapão, encontraria fora de si todos os motivos para ser dramático.
PQP
Adoro o Shosta… Gosto demais. Confesso que ultimamente tenho me dedicado muito na audição de músicas barrocas… Mas Shosta é Shosta! Vou aproveitar e fazer um pedido que cedo ou tarde será atendido… A versão que encontrei no blog para as Sonatas para Cello de Shosta são legais… Mas eu não consigo gostar dessa versão com a Timora Rosler… Não gosto mesmo… Ficarei na expectativa de ver (ouvir!) alguma versão diferente aqui que possa satisfazer meus ouvidos… ^^
Um grande abraço!
Ei Carlinus, PQP, FDP, e cia, eu ainda acompanho muito o blog, mais ultimamente tenho tido pouco tempo… to estudando pra fazer o vestibular… Mas aparecerei sempre que possível! Abraço! Felicidades!
Não sei por quê, mas essa sinfonia dele não me atrai.
Caro Carlinus,
Como nem sempre é comum ver mulheres segurando a batuta na frente de grandes orquestras, vale a pena comentar: Myung-Whun Chung é uma sul-coreana, uma das três irmãs Chung (as outras a violinista Kyung-Wha Chung, e a violoncelista Myung-Wha Chung). Ela é pianista, quem procurar no youtube acha ela tocando o Concerto 3 de Bartók 😀 .
Muito obrigado pelo post! Shosta é sensacional mesmo…
Myung-whun Chung é homem.
Ops, é verdade. Erro meu.