Dmitri Shostakovich (1906-1975) / Alfred Schnittke (1934-1998): Quintetos para Piano (Vermeer Quartet, Boris Berman)

Shostakovich e Schnittke são dois compositores russos do século XX que são frequentemente comparados e apresentados juntos, pois ambos documentaram de forma poderosa a turbulência e a luta do período soviético. Embora tenham estilos diferentes, a influência de Shostakovich é clara na obra de Schnittke, que foi um estudioso e admirador de seu trabalho e chegou a compor em memória dele, como em seu “Praeludium in memoriam Dmitri Shostakovich”. Schnittke via Shostakovich como uma figura central do século XX, comparando sua capacidade de absorver influências ao seu próprio trabalho, assim como a Stravinsky. Schnittke também compôs peças para homenagear Shostakovich, demonstrando admiração e um senso de “genealogia artística”. O Quinteto para Piano em Sol menor, Op. 57, de Dmitri Shostakovich, é uma das obras de câmara mais importantes do século XX. Composta em 1940, ela revela o compositor no ápice de sua maturidade criativa, equilibrando emotividade, estrutura clássica e ironia sutil. Shostakovich escreveu o quinteto após o trauma do Grande Expurgo de Stalin (1936–1938), mas antes da Segunda Guerra Mundial. Foi uma encomenda do Quarteto Beethoven (um dos maiores grupos instrumentais da URSS), e o próprio Shostakovich o estreou ao piano. Diferente de suas obras “polêmicas” (como a ópera Lady Macbeth), aqui ele adota um estilo mais acessível, sem abrir mão de sua voz. O quinteto equilibra como poucas obras o clássico e o moderno. A escrita é clara, transparente, quase mozartiana em certos momentos; mas por baixo dessa superfície vive a tensão emocional típica de Shostakovich. Ele parece dizer: “Posso sorrir, mas meu sorriso conhece a sombra.” Porque consegue ser profundamente humana: alterna rigor e lirismo, inteligência e emoção, luz e sombra. É música que acolhe, mas também inquieta. Música que não grita, mas que permanece. É, talvez, o momento em que 0 compositor mais se aproxima da ideia de consolação — sem ilusões, mas com coragem. Se o Quinteto de Shostakovich é um drama humano sob o regime soviético, o de Alfred Schnittke (1934-1998) é como entrar em um universo paralelo onde Bach, Schoenberg e um circo grotesco se encontram em um beco escuro. Prepare-se para uma viagem sonora alucinante. Sério! Composto em 1972-1976, o Quinteto para Piano e Cordas de Schnittke é um manifesto de seu estilo “poliestilístico” – uma colagem de referências que vai do barroco ao serialismo, passando por tangos distorcidos e citações sombrias. Schnittke escreveu a obra após um ataque cardíaco (aos 40 anos!), o que explica sua atmosfera de morte. O Quinteto de Schnittke rompe com toda a tradição sem perder a referência a ela (um paradoxo típico de Schnittke). Não é uma obra para relaxar. É para ser vivida – como um terremoto que rearruma sua percepção de música. Se Shostakovich é o desespero com dignidade, Schnittke é o desespero com alucinações.

Dmitri Shostakovich (1906-1975) / Alfred Schnittke (1934-1998): Quintetos para Piano (Vermeer Quartet, Boris Berman)

Shostakovich, Dmitry
Piano Quintet in G Minor, Op. 57
1 Prelude 04:21
2 Fugue 09:14
3 Scherzo 03:22
4 Intermezzo 06:48
5 Finale 07:16

Schnittke, Alfred
Piano Quintet
6 Moderato 05:41
7 In Tempo di Valse 05:05
8 Andante 05:55
9 Lento 04:35
10 Moderato pastorale 04:08

Vermeer Quartet
Boris Berman

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Chega de fotos de Shostakovich! Este é Alfred Schnittke.

PQP

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