“Ravel é um relojoeiro suíço” – Stravinsky (língua de trapo)
Ravel nasceu há 150 anos, mas sua música soa bastante ‘moderna’ aos meus ouvidos amantes do barroco e do clássico.
Dos compositores que atuaram no século XX, Ravel foi o que me cativou primeiro. Deve ter sido por causa do seu Concerto para Piano.
Esta postagem tem a música de Ravel, mas algumas peças estão sendo apresentadas numa outra roupagem, numa forma diferente da qual estamos acostumados, pelo menos a maioria delas. Eu gostei tanto das ‘adaptações’ que resolvi trazê-las para os visitantes do blog.
No primeiro disco-arquivo temos o Trio com Piano na sua glória e roupagem tradicional, interpretado ao piano, violino e violoncelo, acompanhado de duas outras obras, e apresentadas em transcrições para trio com piano. A famosa Pavane pour une infante défunte e a suíte Le tombeau de Couperin.
A Pavane nasceu no finzinho do século XIX em versão para piano solo, quando Ravel ainda estudava. Ganhou uma versão orquestral em 1910. A transcrição apresentada aqui foi feita pelos membros do Linos Piano Trio que interpretam as peças do primeiro arquivo. Eles também são os trans(gre)tores da suíte Le tombeau de Couperin, composta também para piano solo, mas entre 1914 e 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Cada uma das ‘danças’ da suíte é dedicada à memória de um amigo que morreu durante o conflito. Foi um período bastante difícil na vida de Ravel.

Os membros do Linos Piano Trio têm cinco nacionalidades. Só em um mundo globalizado como o que vivemos tal coisa é possível:
O músico tailandês radicado em Londres, Prach Boondiskulchok, desfruta de uma carreira singularmente diversificada como pianista, pianista forte e compositor. Igualmente à vontade improvisando ornamentos do século XVIII e compondo com harmonias micro tonais, suas apresentações o levaram a palcos e festivais internacionais.
Com seu estilo de performance vibrante e talento natural para o entretenimento, o violinista teuto-brasileiro nascido em Londres, Konrad Elias-Trostmann, quebra a barreira frequentemente encontrada entre o público e o intérprete. Apresentações de música de câmara o levaram a locais como o Carnegie Hall, o Wigmore Hall, o Melbourne Recital Centre, o Seoul Arts Centre e a Sala Cultural Itaím, em São Paulo. Recentemente, Konrad foi nomeado segundo violino principal da Essener Philharmoniker e é regularmente convidado como segundo violino principal ou spalla assistente por orquestras de renome mundial.
O músico multifacetado francês radicado em Berlim, Vladimir Waltham, se sente igualmente à vontade com violoncelo, violoncelo barroco e todos os tamanhos de instrumentos da gamba. Elogiado por seu “tom luminoso” pela Gramophone, Vladimir é apaixonado por compartilhar a mais ampla paleta musical possível, em um repertório que abrange da Idade Média a colaborações com compositores e estreias mundiais, bem como tudo entre eles.
Numa entrevista eles explicaram brevemente como o trio se formou: Sempre foi um fascínio para cada um de nós desafiar os limites musicais, por isso é muito apropriado que a “história de origem” do nosso conjunto seja centrada em uma obra que transcende os limites do gênero trio para piano. Em 2007, quando peças obscuras ainda não eram amplamente digitalizadas, lembro-me de descobrir com entusiasmo que uma das minhas peças favoritas, “Verklärte Nacht” de Schönberg para sexteto de cordas, também existia em uma transcrição para trio para piano de Eduard Steuermann. Logo, colegas que compartilham esse entusiasmo se juntaram a mim para tocá-la, e esse foi o conjunto que se tornou o Linos Piano Trio.
Quatro das peças de Le tombeau de Couperin foram magistralmente orquestradas por Ravel para pequena orquestra. O segundo disco-arquivo tem uma transcrição dessa versão orquestral para quinteto de sopros – flauta, oboé, clarinete, fagote e trompa, feita por Mason Jones. Eu não consegui verificar com absoluta certeza, mas acredito que o arranjador Mason Jones foi o principal trompista da Philadelphia Orchestra por muito tempo, atuando durante os período de Leopold Stokowsky e Eugene Ormandy.

Os intérpretes aqui são os membros do Pacific Quintet, Aliya Vodovozova (flauta), Fernando José Martínez Zavala (oboé), Liana Leßmann (clarinete), Kenichi Furuya (fagote) e Haeree Yoo (trompa). Veja como o primeiro disco deles foi anunciado: O álbum de estreia do Pacific Quintet reflete a diversidade de seus integrantes e seu foco principal. Também homenageia o compositor que inspirou o conjunto: Leonard Bernstein. Indo além do repertório clássico tradicional, o premiado quinteto (clarinete, trompa, flauta transversal, oboé e fagote) apresenta música de seus países de origem: Japão, Honduras, Coreia do Sul, Alemanha e Ucrânia/Turquia, em um programa que transcende suas culturas, línguas e tradições.
Maurice Ravel (1875 – 1937)
Piano Trio in A minor
- Modéré
- Pantoum. Assez vif
- Passacaille. Très large
- Final. Animé
Pavane pour une infante défunte
- Pavane
Le Tombeau de Couperin
- Prélude
- Fugue
- Forlane
- Rigaudon
- Menuet
- Toccata
Linos Piano Trio
Prach Boondiskulchok (piano)
Konrad Elias-Trostmann (violin)
Vladimir Waltham (cello)
Recorded: 2022-09
Recording Venue: Hans-Rosbaud-Studio, Baden-Baden
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 138 MB
Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:
Tidal
Maurice Ravel (1875 – 1937)
Le tombeau de Couperin, M. 68 (Arr. for Wind Quintet by Mason Jones)
- Prélude
- Fugue
- Menuet
- Rigaudon
Pacific Quintet:
Aliya Vodovozova,flute
Fernando Martinez Zavala, oboe
Liana Leßmann, clarinet
Kenichi Furuya, bassoon
Haeree Yoo, horn
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 34 MB
Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:
Tidal

Sobre o Pacific Quintet: “Making music with friends is one of the most wonderful things about our job and this is just what the Pacific Quintet do. They are talented and dedicated musicians who are also great friends and they take much pride and joy in making music together. I have watched them develop into a world class quintet […] and I am so proud of their success.” Sarah Willis (French horn player & member of the Berlin Philharmonic Orchestra)

Sobre a gravação do Linos Piano Trio: It’s a great pleasure to hear Ravel’s majestic and technically demanding Piano Trio without insertions of meaningless rubato, and with every note in place. The only thing I was left wishing for was a more scrupulous observation of his dynamic markings. BBC Music Magazine
The Linos Piano Trio’s performances feature string vibrato, as well as occasional portamento. The superb execution, intensity, flexibility, and tonal richness of the ensemble’s performances would, I think, gratify audiences of any era. Fanfare
Aproveite!
René Denon


