Ocupadíssimo e, pior, febril, peço ajuda à web:
Filipe Salles escreveu:
A antítese da Quinta é a Sexta, sinfonia que começa nos mesmos moldes, mas que não termina na resolução dos conflitos propostos, conservando as tensões harmônicas até o final, sendo por isso, conhecida como Sinfonia Trágica. Mahler a escreveu em 1905, quando descobriu que era portador de uma doença genética no coração, e que iria matá-lo em breve. Poucas obras musicais revelam com tamanha perfeição o conflito pessoal que o sufocava, tomando consciência de maneira bastante dura e irrevogável de sua condição humana, e, portanto, mortal. É uma sinfonia pesada, de orquestração maciça, harmonias fortes, mas também não sem encantos, sendo seu Andante uma das páginas mais apaixonadas de Mahler. De qualquer modo, não é uma sinfonia facilmente digerível; o clima angustiante de um herói às voltas com seu próprio limite permeia toda a sinfonia, incessantemente. Ao terminá-la, apesar de estar passando por um período relativamente tranqüilo de vida, viu expurgados anseios íntimos, antigas preocupações lhe afloraram.
FDP Bach escreveu:
Gosto muito desta sinfonia, principalmente de seu primeiro movimento, de caráter marcial. Nas mãos de Bernstein torna-se ainda mais incrível.
Ah, existe uma pequena controvérsia referente ao Scherzo e ao andante, melhor detalhada aqui. A opção de Bernstein será a primeira adotada por Mahler, a saber, primeiro o Scherzo, depois o andante. Outros regentes, farão a inversão dos movimentos, como Abbado.
Com relação ao tempo de duração, esta gravação tem 1h e 27 min. Ou seja, não caberia em apenas 1 cd, algo que outros regentes já conseguiram fazer, como o próprio Bernstein, em seu registro de 1967 com a Filarmônica de New York. Só para efeito de comentário, nesta versão que ora posto, o último movimento dura 33:16, enquanto que na versão anterior dura 28m:38s. É uma diferença considerável… mas, enfim, são detalhes referentes às escolhas que são feitas pelos regentes e seus produtores, e sobre isso já fiz outra comparação, que se vai encontrar nos comentários da postagem da sinfonia nº 5.
Estranho, acho o segundo movimento muito superior… Coisas!
Os cinco Kindertotenlieder de Mahler formam o primeiro verdadeiro ciclo de canções com acompanhamento orquestral da História da Música. São poemas de Rückert, inspirados pela morte de seus filhos.
Sobre os Kindertotenlieder, Jorge Forbes escreveu:
O casal Mahler (Gustav e Alma Mahler) teve duas filhas, Maria (1902-1907) e Anna (1904 -1988). Maria faleceu de difteria em 1907. No mesmo ano Mahler descobriu que sofria de endocardite.
Deprimida com a morte de sua filha, Alma escreveu em seu diário: “nada foi frutificado em mim, nem minha beleza, nem meu espírito, nem meu talento.” Perde o desejo de viver. Mahler escapava do sofrimento afastando-se de Alma e, na sua tristeza, lembrava-se de outra cena:de sua infância sofrida, de seus oito irmãos mortos e da imensa tristeza de sua mãe. Compôs nessa época em homenagem póstuma as “Canções das Crianças Mortas” (Kindertotenlieder). Disse Mahler delas: não gosto de escrevê-las e não gosto que o mundo tenha que ouvi-las algum dia. São tão tristes!
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 6 e Kindertotenlieder (CDs 8 e 9 de 16)
CD1
Symphonie No. 6
01. I. Allegro energico, ma non troppo. Heftig, aber markig
02. II. Scherzo. Wuchtig
03. III. Andante moderato
CD2
01. Symphony No. 6 – IV. Finale Allegro moderato – Allegro energico
Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein
Kindertotenlieder
02. Kindertotenlieder – I. Nun will die Sonn’ so hell aufgehn
03. Kindertotenlieder – II. Nun seh’ ich wohl, warum so dunkle Flammen
04. Kindertotenlieder – III. Wenn dein Mütterlein
05. Kindertotenlieder – IV. Oft denk’ ich, sie sind nur ausgegangen
06. Kindertotenlieder – V. In diesem Wetter, in diesem Braus
Thomas Hampson: baritone
Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein
PQP
Alma perderia outra filha posteriormente quando então casada com Walter Groupius, um dos fundadores da Bahaus, motivo pelo qual foi feito o ”Concerto à memória de um anjo” de Berg ,para Violino. O Concerto se chamaria ”Manon” Requiém nome da filha deles( O Anjo) morta então com 18 anos e acabou sendo também o Réquiem de Berg morto quando fazia a obra…
Alma Mahler….toc,toc,toc…três vezes na madeira e debaixo para cima como manda o figurino…eu hein!
Sim, Cesário. E para profunda vergonha deste blog, nunca postamos À Memória de um Anjo…
Acontece.
Hmm, a Sexta talvez seja minha sinfonia mahleriana favorita, apesar de ouvi-la tao pouco. Acho que é preciso um estado de espírito especial para aguentar o tranco e nem sempre estou tao bem disposto.
E caro PQP, estou tentando comprar entradas para um concerto da Magdalena Kožená no final desse ano. Vamos ver se ela nao dá bola pra mim e larga o velho e bom Rattle.
Abração!
Odiava Mahler. Mas nunca tinha ouvido. Odiava por causa do “romantismo exagerado”. Nunca houve argumento consistente. Hoje Mahler tornou-se meu compositor favorito. Tb não tenho argumentos consistentes. Mas sei o que senti naquela noite em que ouvi a 6ª no Municipal do Rio tocada pela GMJO em agosto do ano passado. Eu me contorcia e chorava. Me contorci e chorei durante 1h e meia. Saindo do local não consegui proferir uma palavra sequer. Um turbilhão tinha se apossado da minha cabeça. Turbilhão este que nunca mais me abandonou graças a esta 6ª sinfonia deste grande maestro! Excelente postagem!
Tenho a impressão de que esta sinfonia foi escrita antes dessas tragédias que ocorreram com Mahler (este fragmento do Filipe Salles dá a entender que foi depois). Alma teria até dito, de forma bem surpersticiosa, que esta sinfonia atraira todos esses acontecimentos negativos que se seguiram.
Talvez alguém possa confirmar a história e tirar minha dúvida.
Um abraço a todos!
Concordo com Mateus,salvo engano é claro…rs
Postem Berg!!! Que tal um concerto pra violino?
Belo post, PQP! Desejo melhoras, que essa febrezinha vá embora em breve. Se cuida!!
turminha pqpiana, não sei se seguem em busca de bons servidores, mas já ouviram falar/tentaram usar aquele russo maluco chamado NAROD? com o tradutor do chrome dá pra decifrar, e é o que o (excelente como o vosso) blog http://i-bloggermusic.blogspot.com.br/ vem usando. rápido pra começar o download, rápido pra finalizá-lo. sei lá, FIKDIK. abraços
Após anos e anos de viagens pelos sete mares, vejo o Narod (Pequod) como o único adversário decente para o Rapidshare (Cachalote Branco). Sua desvantagem é o fato de ser novo. Mas, porra, é bom pra caralho.
todo mundo já notou que essa gravação do bernstein foi feita debaixo d’água né?