Obs. de PQP: Neste ano de 2016, o mundo falará muito em Florence Foster Jenkins. Afinal, Stephen Frears acaba de finalizar a cinebiografia desta absurda, patética e desafinadíssima cantora com Meryl Streep no papel principal. Ela é simplesmente hilariante. As plateias desenvolveram uma curiosa convenção. Quando ela chegava em momentos particularmente horríveis em que eles tinham que rir, eles explodiam em aplausos e assobios para poderem rir livremente, sem machucar tanto a auto-estima — na verdade uma inabalável fortaleza — da pobre cantora. Ouçam o que ela consegue fazer nesta que é sua melhor gravação (não estou ironizando). Ouvir ‘A Faust Travesty’ é algo só para os fortes, mas ‘A Rainha da Noite’, ‘Biassy’ e ‘Like a Bird’ também quase me mataram. Mas deixemos a palavra para Das Chucruten.
Hoje vou postar uma pérola da indústria fonográfica do século XX, que de vez em quando deixa escapar suas máculas de maneira muito divertida. Esta é o que podemos chamar de raridade humorística da música.
Florence Foster Jenkins foi uma moça da alta sociedade americana, nascida ainda no final do séc.XIX, casada durante pouco tempo com um médico, e depois com um ator que virou seu empresário. Ao que parece sua família era muito rica e lhe permitiu manter-se de forma extravagante mesmo depois de uma separação. Consta que ela sempre quis ser cantora, mas nem seus pais nem seu marido deram bola, então ela resolveu seguir por conta própria. O resultado é que ela se autopromoveu e começou a organizar apresentações de canto às próprias custas.
Chamou a atenção dos críticos porque era totalmente desprovida de qualquer musicalidade mínima: não entendia a pulsação rítmica, era incapaz de manter-se no ritmo; não conseguia afinar-se minimamente e tinha uma pronúncia de língua estrangeira que beirava o ridículo. Não obstante, suas apresentações se tornaram “cult”, e, mesmo sabendo que o público ia assisti-la para o escárnio, dizia que os risos eram “inveja profissional”.
Pouco antes de morrer, em 1944, conseguiu apresentar-se no Carnegie Hall e gravou seu único disco de 78 rotações (aos 70 anos de idade!), que é a pérola que aqui vos apresento. O mérito do pianista acompanhador é grande, um verdadeiro malabarista que consegue, com maestria, seguir um motorista bêbado. O CD ainda tem umas faixas bônus com uma sátira ao Fausto de Gounod, cantado de forma invertida, e muito propriamente, chamado “A Faust Travesty”. Agradeço à minha amiga Ana Lucia pela introdução desta Diva na minha discografia
Abraços.
FLORENCE FOSTER JENKINS – THE GLORY (???) OF HUMAN VOICE / A FAUST TRAVESTY
01 Mozart: Die Zauberflöte, K 620 – Queen Of The Night Aria
02 Lyadov: Die Musikdose, Op. 32
03 Cosme McMoon: Like A Bird
04 Delibes: Lakme – Ou Va La Jeune Hindoue_
05 Cosme McMoon: Serenata Mexicano
06 David: La Perle Du Bresil – Charmant Oiseau
07 Bach,J.S. / Pavlov: Biassy
08 Strauss, Jr.: Die Fledermaus – La Chauve-Souris_ Adele’s Laughing Son – Air D’adele – ‘mein Herr Marquis’
09 Gounod: A Faust Travesty: Valentine’s Aria (Ere I Leave My Native Land)
10 Gounod: A Faust Travesty: Jewel Song (O Heavenly Jewels)
11 Gounod: A Faust Travesty: Salut, Demeure Chaste Et Pure (Emotions Strange)
12 Gounod: A Faust Travesty: Final Trio (My Heart Is Overcome With Terror)
Florence Foster Jenkins, Soprano
Cosme McMoon, pianist
Jenny Williams – Thomas Burns, singing the Faust parody
Chucruten
Repostado por PQP
Trepostado por Bisnaga
Quadripostado por PQP
Prezado Chucruten,
Com sinceridade, me pergunto o que tal tipo de post acrescenta ao conteúdo excepcional deste blog, o qual difunde Música da mais alta qualidade.
Nilton Maia
Não, não, não, não, quanto mau humor.
Gosto de pensar no PQP como um local de cultura, alguma beleza e descanso. Não perca tempo respondendo a mim. Acho o post engraçadíssimo e por isso repostei-o. De resto, maracugina.
(Nossa, é com “g” mesmo!!!)
Ccncordo e adorei. Mal posso esperar pelo lançamento do filme.
Seu blog é o máximo!!!
Concordo e adorei. Mal posso esperar pelo lançamento do filme.
Seu blog é o máximo!!!
Ó PQP!!!!! deveras…eu com uma corda vocal só dava um baile nessa Foster.
Horripilante…inadmissivel…
manuel
Fantasticamente tragicômico! É coisa de cinema mesmo, nunca pensei que isso seria verdade. Agora vejam vocês, em tempos de Wesley Safadão e Mulheres frutas e bundudas do Funk, têm coisas horripilantes em todas as épocas!
Não vejo a hora de ver o filme… Alguém sabe quando vai chegar no Brasil? Meryl é simplesmente DEMAIS!! Uma das maiores atrizes da história.
Perdi esse imperdível post na ocasião original, mas nunca é tarde para recuperar o tempo perdido…
HAHAHAHAHAHAHA