Gustav Mahler
Sinfonia No. 6 – Trágica
musicAeterna
Teodor Currentzis
No dia 20 de maio de 1906 Gustav Mahler estava preocupado quando se pôs a caminho de Essen para a preparação da primeira apresentação de sua Sexta Sinfonia. Ele sabia que, apesar de ter composto uma sinfonia sem coro, sem solos vocais e com quatro (clássicos) movimentos, a convencionalidade parava aí e o trabalho seria difícil. Como a orquestração da Sinfonia era enorme, grande parte do efetivo da Orquestra de Utrecht havia sido requisitada para completar o conjunto necessário para a apresentação, que ocorreria como parte do Festival Anual da Allgemeiner Deutscher Musikverein, que prometia um total de 110 membros na orquestra.
Eterno perfeccionista, Mahler não ficou feliz com os ensaios nem com a apresentação. Segundo relatos de seu ciclo mais íntimo, ficou particularmente desolado com um comentário feito pelo desligado e ‘sincero’ amigo músico Richard Strauss, de que a sinfonia toda, especialmente o último movimento, ficara excessivamente instrumentada. Talvez ele estivesse se referindo ao arsenal percussivo empregado por Mahler, incluindo o martelo de Mahler! Ah, pois depois que você conhecer o martelo de Mahler, poderá esquecer até o martelo de Thor!
Gustav Mahler, sempre em dúvidas e insatisfeito tanto com suas obras como com suas interpretações teria comentado como era diferente de Strauss que sempre conseguia fazer com que suas próprias obras tivessem com alguma facilidade boas apresentações.
E não foi diferente com a Sexta, Mahler tinha dúvidas em manter o nome – Trágica – e mesmo com a ordem dos movimentos internos. O Scherzo, que vem em segundo lugar, tem um padrão rítmico parecido com o primeiro (lembrando o Lied Revelge). Mahler já imaginava os críticos e a audiência falando que ele estaria já se repetindo. Assim, talvez fosse melhor que o Adagio viesse em segundo, depois o Scherzo. E o número de marteladas? As tais representariam as pancadas do destino na vida do herói (trágico!) e eram inicialmente 5. Depois 3, e depois… Pois bem, bom quizz para o atento ouvinte é contar o número de marteladas no último movimento da gravação da postagem. Pois é, um desafio para a orquestra musicAeterna, com instrumentos de época (de Mahler), sob a direção de Teodor Currentzis. E para você, uma proposta de ouvir uma grande obra numa interpretação muito especial, mesmo que você já tenha uma gravação que considera ideal.
Eu ouvi algumas outras gravações para a preparação da postagem, entre elas as duas do Bernstein, a primeira com a New York Philharmonic (CBS-Sony) e a outra com a Wiener Philharmoniker (DG). Ouvi também as duas deixadas pelo Claudio Abbado, a primeira com a Chicago Symphony Orchestra (DG, capa deslumbrante) e a segunda com a Berliner Philharmoniker (DG, Adagio antes do Scherzo). Ouvi outras, mas vamos para por aqui pois vão achar que estou me exibindo. Posso dizer que a gravação do Currentzis me agradou muito e voltarei a ouvi-la outras vezes.
Gustav Mahler (1860 -1911)
Sinfonia No. 6 em lá menor “Trágica”
- Allegro energico, ma non troppo. Heftig, aber markig
- Scherzo. Wuchtig
- Andante moderato
- Finale. Sostenuto – Allegro moderato – Allegro energico
musicAeterna
Teodor Currentzis
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FLAC | 409 MB
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MP3 | 320 KBPS | 194 MB
Aqui está a turma da gravação acompanhando o cantor Florian Boesch em uma apresentação do Lied Revelge, para que você compare com o correspondentes movimentos da sinfonia.
Momento ‘the book is on the table…’: I really enjoyed this performance, a difficult symphony offering clarity and somber beauty.
This is a powerful and compelling performance. Currentziz brings fire and tenderness to this symphony in equal measure.
Aproveite!
René Denon